Moisés, Jesus e
Allan Kardec
Na literatura
espírita
encontramos
diversas
referências às
denominadas
“Três
Revelações”,
sendo que no
livro
“Cintilação das
Estrelas”, o
Espírito Camilo,
através da
mediunidade de
José Raul
Teixeira,
mostra-nos a
perfeita
integração que
há entre os dez
mandamentos, o
evangelho de
Jesus e o
Espiritismo.
A princípio,
Camilo nos
aponta que em
tudo há um
planejamento
divino, um
controle
superior, de
forma que Deus
jamais age de
improviso e
sempre está
presente,
inspirando a
criatura humana
para sua
plenitude
espiritual,
etapa a etapa,
sem pressa,
como, por
exemplo, ao
permitir a
reencarnação de
Espíritos
evoluídos, que
nos trazem
elevados
conceitos e
posturas nobres.
A divindade,
respeitando e
entendendo os
nossos limites,
organizou a
vinda das três
revelações de
forma notável,
havendo um
encadeamento
lógico na
cronologia
temporal.
À época de
Moisés éramos
“crianças
espirituais”,
necessitando
mais de limites
em nossas
condutas
levianas e
irresponsáveis,
de tal sorte o
que o citado
líder hebreu,
guiando um povo
indisciplinado,
tenta imprimir “as
nuanças do
respeito ao
semelhante e da
fidelidade ao
Único Senhor”.
Por essa razão,
Moisés, no Monte
Sinai, entra em
sintonia com os
Embaixadores do
Cristo, e nos
traz o Decálogo,
que, segundo
Camilo,
“constituiu-se
em bússola
segura e em
freio, impondo
normativas de
acatamento e
moderação”,
tornando-se,
assim, “a
grande carta que
traz notícias do
anseio de Jeová,
com relação aos
tutelados
humanos”.
Dos dez
mandamentos do
Decálogo, a
maioria dos
preceitos é em
tom negativo –
não ter outros
deuses, não
dizer o nome do
Senhor em vão,
não matar, não
adulterar, não
furtar, não dar
falso testemunho
e não cobiçar –
os quais, com
exceção dos dois
primeiros, estão
vinculados à
postura do
indivíduo com
seus
semelhantes.
A criança, em
seu processo
educacional,
ouve muito a
expressão “não”.
“Não faça isso”,
“não pode”, “não
é permitido”,
“não, você vai
se machucar”. É
uma forma de
impressionar e
chamar a atenção
da criança com
vigor.
Enquanto
“crianças
espirituais” na
época de Moisés,
precisávamos
ouvir o “não”,
por isso, o
Decálogo, ao
estabelecer o
princípio de
justiça, ensina
o que não
devemos fazer
com o escopo de
não
dificultarmos o
nosso processo
evolutivo.
Após séculos,
Jesus, a segunda
e maior das
revelações,
encarnou-se no
orbe terrestre,
advindo, assim,
“a juventude
espiritual do
planeta, em
condições de
ouvir o que o
Doce Nazareno
tinha a
ensinar”.
Jesus refez
variados
conceitos e
sintetiza o
Decálogo em dois
mandamentos: o
amor a Deus
sobre todas as
coisas e ao
próximo como a
si mesmo.
Na condição de
“jovens
espirituais”, já
tínhamos
condições de
saber o que
fazer. O jovem
já não necessita
ouvir tantos
“não”, está mais
carente de
informação e
diretriz, de
forma que é mais
comum dizermos:
“faça assim”,
“assim é o
correto”, “pense
nisso”, etc.
Jesus, o modelo
e guia de nossas
vidas, veio nos
ensinar o
significado
profundo do
amor, mas não
foi apenas um
teórico, viveu o
amor como
ninguém, em
regime de
plenitude,
mostrando o que
devemos fazer ao
próximo e, ao
executarmos,
realizar como se
tivéssemos
fazendo a nós.
Dessa forma, a
segunda
revelação
representa o
seguinte ensino:
“O que fazer?"
Camilo, ao dar
prosseguimento
ao seu notável
raciocínio,
acentua que “passados
dezoito séculos
nos quais Sua
mensagem e Seus
Feitos
(referindo-se a
Jesus) estiveram
trancafiados nas
masmorras
escolásticas,
empoeirados em
cofres de usura,
brilhantes e
frios sobre
pedras de
escuros altares
ou adulterados,
no verbo
interesseiro dos
maus obreiros”,
renasce, no
Ocidente, “a
personagem
gloriosa de
Rivail”.
“Hippolyte
Rivail estuda os
ensinos de
Moisés,
dedicado.
Penetra a aura
evangélica e se
emociona com a
saga do
Cristianismo,
sorvendo seu
conteúdo a
longos haustos.
Trava contato
com seres que
haviam deixado o
pouso da
matéria, pelo
fenômeno da
morte. Dialoga
com esses
imortais e se
aprofunda na
eloquência dos
raciocínios e no
sentido real da
fé impoluta e
refletida. Logra
reunir, num só
trabalho, o
questionamento
filosófico, a
busca fria da
ciência e a
lucidez que
dirige a crença,
ardorosa e
racional”.
O Espiritismo é
a terceira
revelação e,
além de repetir
as revelações
anteriores,
ensinou-nos
coisas novas (as
leis divinas),
que nos
capacitam a
entender o
sentido da vida
e a causa dos
sofrimentos.
Assim sendo, o
consolador
prometido
representa o
“Por que
fazer?”.
Ao tomarmos
contato com as
verdades
divinas,
passamos a
entender por que
temos que amar
(fazer o bem a
todos e sem
impor condições)
e por que
devemos evitar o
mal, em seus
variados
espectros
(violência,
calúnia,
indiferença,
omissão,
egoísmo, vaidade
etc.).
Lamentavelmente,
muitos de nós
ainda nem sequer
conseguimos
entender e
vivenciar o
Decálogo, isto
é, ainda
causamos danos e
sofrimento na
vida do próximo,
porque o
cobiçamos ou
desejamos seus
cônjuges,
matamos sua
dignidade e
esperança,
furtamos seus
bens ou sua
alegria de
viver, etc.
Aquele que é
capaz de,
conscientemente,
lesar ao
próximo, ainda
não tem
condições de
dimensionar o
significado e a
abrangência do
amor, esse
sentimento
sublime que nos
conduz a Deus.
Há aqueles que
são incapazes de
fazer o mal, mas
também são
impotentes para
fazer o bem,
situando-se numa
faixa de
neutralidade que
os faz
estacionar no
processo
evolutivo.
Para esses (maus
e neutros) e
para aqueles que
já conseguem
fazer o bem ao
semelhante,
ainda que de
forma modesta,
vem o
Espiritismo,
racionalizando a
nossa fé e
ensinando por
que devemos amar
(é a nossa
destinação, é a
fatalidade após
sermos criados
por Deus, por
isso, fora da
caridade não há
salvação) e nos
instruir (para
que o
conhecimento nos
liberte das
algemas da
ignorância),
revigorando as
energias e a
motivação
daqueles que,
nos dias atuais,
pensam em
desistir do bem
e da paz, ou
acomodam-se
diante das
facilidades da
vida moderna.
Por essa razão,
Camilo finaliza
seu apontamento,
afirmando que:
“Identificamos,
então, a tríade
concorde com
todos os
fundamentos:
Moisés, Jesus e
o Espírito de
Verdade, que
teve em Allan
Kardec o Seu
iluminado
Servidor. O amor
a Deus, na
projeção do amor
ao próximo, aí
está a grande
ensancha de
redenção do
gênero humano...
Na programação
celestial não há
tricotomia
particularista
ou distúrbios
entre os
mensageiros. O
que se vê é uma
integração
perfeita entre
revelações e
reveladores,
cada qual
portando sua
característica,
não obstante, em
função de cada
época e das suas
conquistas
gerais”.
Evitemos o mal,
a ociosidade e a
indiferença.
Façamos o bem e
sejamos úteis na
sociedade em que
vivemos,
espalhando a
mensagem do amor
(ser cartas
vivas do
evangelho),
cientes de que
somos filhos de
Deus, destinados
à perfeição
relativa, e
cooperadores da
construção do
mundo de
regeneração.