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Clássicos do Espiritismo
Ano 7 - N° 318 - 30 de Junho de 2013
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 


A Personalidade Humana

Fredrich Myers

(Parte 43)

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Personalidade Humana, de Fredrich W. H. Myers, cujo título no original inglês é Human Personality and Its Survival of Bodily Death. 

Questões preliminares 

A. Existe a chamada possessão diabólica?  

Segundo Myers, não. O diabo não é uma criatura cuja existência independente esteja reconhecida pela ciência; e todos os relatos concernentes ao comportamento de diabos invasores parecem ditados pela autossugestão. (A Personalidade Humana. Capítulo IX – Possessão, arrebatamento, êxtase.)

B. Quem então produziria os fenômenos de possessão?  

Myers entende que, em casos assim, achamo-nos na presença de Espíritos que foram, em outra época, homens iguais a nós e que estiveram sempre inspirados pelos mesmos motivos que nós. (Obra citada. Capítulo IX – Possessão, arrebatamento, êxtase.) 

C. Nesses fenômenos pode o sujeito, ou seja, o sensitivo, falar uma língua que jamais aprendeu?  

Não. Razão alguma temos de esperar que um Espírito exterior que assumiu a direção do organismo seja capaz de facilmente modificá-lo, a ponto de fazer com que o sujeito fale uma língua que jamais aprendera. O funcionamento do cérebro se parece com o da máquina de escrever e de calcular. Exemplificando: as palavras alemãs não são mero conjunto de letras, senão fórmulas específicas; só com muita dificuldade podemos reproduzi-las numa máquina que não tenha sido projetada para esse fim. (Obra citada. Capítulo IX – Possessão, arrebatamento, êxtase.)

Texto para leitura 

1048. Veremos a seguir as condições que estado de possessão cria no espírito do sujeito. No que concerne ao organismo, a invasão parece completa e indica uma potência com certeza telepática no verdadeiro sentido da palavra, mas não no sentido que demos até agora. Começamos representando a telepatia como a comunicação entre duas pessoas, enquanto no caso presente trata-se antes de uma comunicação entre o espírito e o corpo, cujo espírito é externo e alheio a respeito do corpo.

1049. Não há comunicação aparente entre o espírito desencarnado e o espírito do autômato; antes há uma espécie de contato entre o primeiro e o cérebro do autômato, o espírito desencarnado perseguindo os seus próprios fins e servindo-se de certa maneira das capacidades acumuladas pelo cérebro do autômato, enquanto, por outro lado, é molestado pelas suas incapacidades.

1050. O elemento mais característico da telepatia parece ter desaparecido, pois não há comunhão perceptível entre o espírito do sujeito e outro espírito. O sujeito está possuído, mas inconsciente, e não recupera jamais a memória daquilo que disse durante a crise.

1051. Mas será que explicamos destarte todos os fenômenos relacionados com a telepatia? Será que eles não encerram um elemento mais real, mais centralmente telepático?

1052. Voltando às primeiras etapas das experiências telepáticas, vemos que o processo experimental encerra dois diferentes fatores. O espírito do sujeito deve, de uma maneira ou de outra, receber a impressão telepática, e não podemos dar a essa percepção nenhum corolário físico definido; e os centros motores e sensoriais do sujeito devem receber uma excitação que pode ser provocada, como já sabemos, pelo próprio espírito do sujeito e pelos processos comuns, ou pelo espírito do agente, e isso de forma mais ou menos direta, que eu chamaria telérgica, dando assim um sentido mais exato à palavra que eu sugerira há longo tempo como correlato da palavra telepático.

1053. Isto significa que pode haver nesses casos, simples na aparência, inicialmente uma transmissão do agente para o sujeito no mundo espiritual, e depois uma ação sobre o cérebro físico do sujeito, do mesmo gênero da possessão espiritual. Esta ação sobre o cérebro físico pode ser devida tanto ao espírito do próprio sujeito, como diretamente à ação do espírito do agente.

1054. Pois devo repetir que os fenômenos de possessão parecem indicar que o espírito alheio age sobre o organismo do sujeito exatamente da mesma maneira que o próprio espírito do sujeito. Podemos, pois, considerar o corpo como um instrumento que o espírito toca, antiga metáfora que é na atualidade a mais próxima da verdade.

1055. O mesmo caráter duplo, os mesmos vestígios dos dois elementos misturados, em proporções diversas, se manifestam em aparições telepáticas ou verídicas. Do ponto de vista espiritual, pode existir o que chamamos as visões clarividentes, as imagens manifestamente simbólicas e não localizadas pelo observador, no espaço comum das três dimensões. Parecem análogas às visões do mundo espiritual de que desfruta o sujeito durante o êxtase. Vem, a seguir, a categoria mais numerosa de aparições verídicas em que a imagem parece ter sido projetada fora do espírito do sujeito por algum estímulo aplicado ao centro cerebral apropriado.

1056. Esses casos de “automatismo sensorial” se parecem aos casos experimentais nos quais o sujeito adivinha, ou melhor, enxerga à distância os naipes do baralho. Após estes casos surgem, por ordem física, ou melhor, ultrafísica, essas aparições coletivas que, a meu ver, implicam uma modificação de natureza desconhecida de uma certa porção do espaço ocupada por nosso organismo, opondo-se às modificações que ocorrem nos centros de um cérebro determinado. Realiza-se aqui a transição gradual do subjetivo ao objetivo e a porção de espaço se modifica de forma a afetar um número cada vez maior de sujeitos.

1057. Passando dessas aparições de vivos às de mortos, encontramos, pode-se dizer, as mesmas categorias. Encontramos as visões simbólicas de pessoas falecidas e as circunstâncias nas quais parecem achar-se. Deparamo-nos com aparições exteriorizadas dos fantasmas de pessoas falecidas, o que indica que um ponto determinado do cérebro do sujeito foi estimulado por seu próprio espírito ou por outro espírito diferente.

1058. E encontramos, finalmente, como já dissemos, que em certos casos de possessões esses dois gêneros de influências foram levados, simultaneamente, ao extremo. O autômato ainda capaz de percepção, como vimos durante as primeiras fases, converte-se num autômato puro e simples, que já nada percebe, ao menos no que se refere ao seu corpo, porque seu cérebro, e não um ponto único, parece dirigido e estimulado por um espírito estranho, não se dando conta do que seu corpo escreve ou pronuncia. E durante esse tempo seu espírito, parcialmente liberto do corpo, pode ser acessível às percepções e gozar desta outra forma espiritual de comunicação, mais completamente que em qualquer dos gêneros de visão até aqui descritos.

1059. Existe outro estado que demonstra certa analogia com o de possessão. Falamos, em particular, de personalidades secundárias, de dissociações e alternativas que afetam o próprio espírito do sujeito e apresentam relações diversas com o organismo. Mas o que é que nos permite concluir que, em cada caso, o organismo do sujeito está dirigido por sua própria personalidade modificada e não por uma personalidade estranha, exterior?

1060. Aqui é fácil a confusão, e pode-se dizer, de maneira geral, que todas as vezes que o estado de êxtase não vem acompanhado da aquisição de conhecimentos novos, podemos excluir a possibilidade de uma possessão por espírito estranho. Esta regra tem uma consequência muito importante e que modifica completamente a antiga ideia da possessão: não existe, a menos que a conheçamos, qualquer prova a favor da possessão angelical, diabólica ou hostil.

1061. O diabo não é uma criatura cuja existência independente esteja reconhecida pela ciência; e todos os relatos concernentes ao comportamento de diabos invasores parecem ditados pela autossugestão. Devemos insistir sobre a regra segundo a qual só o conhecimento supranormal permite confirmar a intervenção de uma influência exterior.

1062. Pode-se-nos objetar que neste caso o caráter manifestado pelo diabo era hostil à pessoa possuída e perguntarmo-nos se é possível que o satanizador fosse, na realidade, uma fração do satanizado. Ao que responderemos que esta última suposição, longe de ser absurda, está, ao contrário, sendo confirmada pelos fenômenos conhecidíssimos da loucura e da histeria.

1063. Na Idade Média, em especial, nas autossugestões fortes e terríveis, onde o diabo era o personagem principal, essas quase-obsessões atingiam uma intensidade e uma violência que a tranquila e céptica atmosfera dos hospitais modernos dissipa e debilita. Os diabos de nomes terríveis que possuíam a sóror Angelica de Loudun figurariam, em nossos dias, na Salpêtrière, como simples manifestações de “palhaçadas” ou “atos passionais”.

1064. Atualmente, como no caso da Leonie, de Pierre Janet, essas desintegrações da personalidade parecem destruir, às vezes, até o menor vínculo de simpatia entre o indivíduo normal e uma de suas frações, donde parece resultar que nossa natureza moral está submetida às desintegrações no mesmo grau que nossa natureza intelectual, e quando uma corrente secundária de nossa personalidade toma nova direção, pode ocorrer que os vínculos, tanto os morais como os intelectuais, que a unem à personalidade principal se encontrem quebrados.

1065. Sobre as possessões diabólicas observadas entre os chineses, conta-nos Nevius, sem citar argumentos convincentes, que os diabos possessivos manifestam, às vezes, um conhecimento supranormal. Isto seria uma prova de sua existência independente, mais importante que o argumento tomado de seu caráter hostil, mas ainda insuficiente para confirmar esta existência.

1066. O conhecimento em questão não parece totalmente apropriado ao espírito que se lhe atribui. Com frequência, parece produto de um exagero da memória, acompanhado de certa aptidão às percepções telepáticas ou telestésicas. O exagero da memória é, particularmente, característica de certos estados histéricos e, inclusive, indícios possíveis de telepatia foram observados nos estados em que nada permitia o reconhecimento da intervenção de um espírito invasor.

1067. A direção temporal do organismo por um fragmento relativamente importante, separado do resto da personalidade, que degenera, em virtude de uma autossugestão, numa hostilidade para com a personalidade principal, resulta, talvez, do fato desta última alcançar e manipular certas impressões de reserva ou inclusive certas influências supranormais. Seria essa a fórmula à qual se reduziriam, provavelmente, a maioria dos casos das chamadas obsessões diabólicas. A maioria, mas talvez, não todas.

1068. Seria de fato assombroso que os fenômenos do gênero apresentado pela Sra. Piper tivessem surgido no mundo sem ter tido precedentes. Parece mais seguro reconhecer que os fenômenos do mesmo gênero produziram-se sempre esporadicamente, desde os mais remotos tempos, sem que os homens tenham tido a preocupação de analisá-los.

1069. Seja o que for, pode-se afirmar que os únicos invasores do organismo humano que até aqui fizeram valer seus títulos foram em essência humanos e de caráter amistoso. Os “diabos de Loudun” e outros não conseguiram, repito-o, justificar sua existência independente. As influências superiores que inspiraram aos “mártires de Cevennes” se confundem, à distância, com as inspirações do gênio.

1070. Todas essas considerações serão, espero-o, de natureza a fazer desaparecer essas associações toscas que se acumularam ao redor da palavra possessão. No que descrevemos, a seguir, podem existir, com frequência, motivos de perplexidade, não de terror. E, na continuidade, ver-se-á até que ponto o sentimento final está longe do terror.

1071. Reconhecendo, pois, como acredito estar agora autorizado, que nos achamos somente na presença de espíritos que foram, em outra época, homens iguais a nós e que estiveram sempre inspirados pelos mesmos motivos que nós, podemos examinar, sucintamente, a questão de saber quais os espíritos mais suscetíveis de chegar a nós e que dificuldades se antepõem à sua ação.

1072. Indubitavelmente, somente a experiência nos pode dar as respostas a estas perguntas; mas nossas antecipações podem ser modificadas utilmente, se, ao refletir sobre as mudanças da personalidade que conhecemos, tirarmos delas indicações quanto aos limites possíveis dessas substituições mais profundas. Mas que sabemos sobre a adição de uma nova capacidade nos estados alternativos? Em que medida as modificações desse gênero parecem engendrar capacidades que não nos sejam familiares?

1073. Reportando-nos aos casos já mencionados, veremos, primeiramente, que uma capacidade existente é suscetível de ser aumentada e exaltada. Pode haver exagero, tanto do poder de percepção real, como da lembrança e da reprodução do que foi percebido uma vez.

1074. Nos estados secundários existe, habitualmente, um poder de controle maior no que concerne aos movimentos musculares, que se manifesta, por exemplo, na maior segurança da mão, no caso do jogador de bilhar. Mas, à parte os fenômenos de telepatia, não existe prova alguma a favor da aquisição real de um conjunto de conhecimentos novos, como por exemplo um idioma desconhecido ou um nível desconhecido de conhecimentos matemáticos.

1075. Portanto, razão alguma temos de esperar que um espírito exterior que assumiu a direção do organismo seja capaz de facilmente modificá-lo, a ponto de fazer com que o sujeito fale uma língua que jamais aprendera. O funcionamento do cérebro se parece com o da máquina de escrever e de calcular. Exemplificando: as palavras alemãs não são mero conjunto de letras, senão fórmulas específicas; só com muita dificuldade podemos reproduzi-las numa máquina que não tenha sido projetada para esse fim.

1076. Consideremos as analogias relativas à memória. Nos casos de alternativas da personalidade a memória sucumbe e muda de uma forma que parece caprichosa. As lacunas que surgem, como já disse, assemelham-se às amnésias ou a esses espaços negros impossíveis de rememorar que, às vezes, seguem aos traumatismos da cabeça ou aos acessos de febre, quando todas as recordações relacionadas a uma pessoa determinada ou a um período da vida desapareceram, enquanto as demais permaneceram intactas. (Continua no próximo número.) 



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita