Dia-a-dia
mediúnico
(Parte 2)
Saí de casa pela
manhã com alguns
pensamentos
insistentes
rodopiando na
mente. E dizia
para mim mesma
que se não
conseguisse resolver
a contento
determinadas
pendências, bem
irritada
voltaria à
noite, tendo em
vista tratar-se
de questões que
dependiam dos
horários
comerciais dos
dias
úteis. Sendo, a
data, uma
véspera de
feriado,
naturalmente o
que não se
resolvesse seria
empurrado
obrigatoriamente
para
sexta-feira, o
que me faria
permanecer com
os pensamentos
presos durante
todo o dia de
amanhã nos
mesmos assuntos,
sem conseguir
relaxar, e isto
me incomodava de
forma quase
exasperante!
Em meio às
conjecturas, a
voz conhecida
das esferas
espirituais que
mais me
acompanha nos
últimos tempos
nos trabalhos
literários
espíritas, para
certa surpresa
minha, de
repente se fez
ouvir: -" Você
vai ter um dia
bom hoje, não se
preocupe... -
Avisou, como se
querendo me
prenunciar que
tudo o que me
afligia teria um
desfecho a
contento - Mas
acho que não
adianta muito
lhe dizer isso.
Está numa fase
em que sempre
duvida, ou do
que estou
dizendo, ou de
que de fato
estou aqui,
quase
batizando-me de
amigo
imaginário!..."
O comentário se
fez ouvir,
nítido, à minha
audição interna,
provocando-me
imediata vontade
de rir,
ao perceber a
habitual e
deliciosa ironia
de Iohan ao meu
lado. Reconhecia
a verdade do que
dizia! Atravesso
mesmo um período
agitado nas
rotinas diárias,
que, de maneira
quase
inevitável, me
chumba em
desagradável
descenso
vibratório que
atrapalha a
sintonia
perfeita com os
habitantes da
dimensão onde
ele se encontra!
Situação que, de
resto, lança o
médium, com
frequência,
nestas panes
transitórias de
segurança íntima
em relação aos
seus contatos
com os amigos da
vida espiritual,
mesmo os mais
constantes, como
é o caso de
Iohan, Caio e
Tarsila - os
três mentores
adoráveis que me
são mais
próximos.
Passou-se o dia
normalmente no
trabalho diário,
com as ocupações
costumeiras,
embora volta e
meia entremeadas
com o retorno
recorrente aos
meus
pensamentos das
questões que
queria resolver,
e para as quais
até certa
hora ainda não
me ofereciam
novidades, pois
se viam na
dependência de
e-mails que
viriam confirmar
a resolução a
contento do que
havia delineado
desde a semana
passada.
Em dado horário
da tarde,
todavia, para o
meu mais franco
prazer e alívio,
veio a resposta
que tanto
aguardara! E na
mesma hora,
recordando-me de
Iohan, elevei o
agradecimento ao
querido amigo
músico, que já
por incontáveis
vezes agiu desta
mesma forma em
relação a outros
impasses de
maior ou menor
importância do
meu cotidiano,
sem ter me
decepcionado,
quanto à
autenticidade de
suas
intercessões à
manutenção da
minha
tranquilidade de
espírito, nem ao
menos uma vez!
Noutra ocasião,
semanas atrás,
em casa,
conversava
mentalmente com
os três - ainda
daquela vez
comentando que
não podia me
furtar a
lamentar vez ou
outra, por não
poder tê-los
materializados
ao meu lado em
instantes nos
quais desejaria
vê-los e
tocá-los
diretamente,
para um abraço,
nem que por um
minuto fugaz que
fosse! E, do
mesmo modo, um
deles -
desconfio que
daquela vez a
Tarsila - ainda
então recorrendo
ao humor
saudável que não
me permitisse
melancolia pelo
impedimento
momentâneo da
satisfação dos
meus anseios,
desfechou
inusitado e
hilário
comentário, que
outra vez me fez
rir com vontade,
por reconhecer a
sensatez do que
dizia, de
mistura com a
verdade do que
afirmava a meu
respeito, mesmo
que em tom de
brincadeira:
"Estamos aqui,
no começo da
manhã, e, com
certeza, se
aparecêssemos
deste modo, você
não gostaria de
que a víssemos
de pijama! Mesmo
consciente de
que isto é
detalhe banal a
partir da
invisibilidade,
ter-nos de
repente à sua
frente nesta
circunstância,
no fim das
contas, a
deixaria inevitavelmente
atônita! Não
acha?!..."
Assim, portanto,
acontece a
convivência com
os amigos das
esferas
invisíveis aos
sentidos
físicos: com a
mesma
espontaneidade e
bom
humor próprios
da interação com
quem nos rodeia
aqui, na
materialidade.
Sem mistérios!
Sem solenidade e
complicações!
Convivem conosco
como entes
queridos,
benfeitores que
são
- apoiando-nos,
brincando,
destilando
energias
espirituais de
alto nível
vibratório, que
nos fazem sentir
como se saídos
de um banho de
luz, de alegria,
de autênticos
instantes
vividos num
éden! E nos
colhem com suas
reações e
respostas
inusitadas, que
provocam-nos
sorrisos justo
naqueles
momentos nos
quais porventura
estejamos sob a
pressão das
tensões
cotidianas comuns,
quanto
também das mais
críticas!
Conviver com
nossa família
espiritual maior
nos proporciona
conhecer a nós
mesmos de
maneira mais
inteira,
expandida!
Afinal, a
passagem do
tempo em sua
companhia
leva-nos a saber
um pouco mais do
nosso próprio
passado; e, a
partir disso,
compreender com
maior clareza as
causas dos
nossos pendores
e tendências
atuais. Em
autêntico
processo de
autoanálise
espontânea, de
algum modo
acessamos, de
maneira
gradativa,
suave, a
essência
do nosso
histórico
evolutivo! Quais
as nossas
afinidades? Por
que eles,
especialmente,
encontram-se
agora ao nosso
lado,
apoiando-nos?
Com base em
quais sintonias
e
tendências? Tendo
como referência
segura estas
premissas, nem
que
intuitivamente
compreenderemos
muita coisa
importante que,
noutras
circunstâncias,
apenas
acessaríamos depois
da nossa
passagem rápida
por mais um
período na
reencarnação!
Ainda bem que é
assim! Porque os
meus amigos vem
me ensinando a
não ser tão
tensa e
preocupada. A
lembrar que a
vida é eterna,
e que
temos sempre
tempo e amores a
nos fortalecer a
confiança nos
rumos de tudo
para o melhor!
Nota da autora:
A 1ª parte deste
artigo foi
publicada na
edição 254 desta
revista. Eis o
link:
http://www.oconsolador.com.br/ano5/254/christina_nunes.html