E a Vida Continua...
André Luiz
(Parte
7)
Continuamos nesta edição
o
estudo da obra
E a Vida Continua,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1968 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Como devemos
interpretar a vida na
Terra?
Segundo o instrutor
Cláudio, a vida na Terra
deve ser interpretada
como um trabalho
especial para o
espírito. "Cada qual
nasce para determinada
tarefa, com
possibilidades de
evolver para outras,
sempre mais importantes,
e que, por isso mesmo,
não será possível
arrebatar às criaturas
os princípios religiosos
de que dispõem, sem
prejuízos calamitosos
para elas próprias",
aduziu o expositor. O
Espírito renasce no
mundo físico, tantas
vezes quantas se façam
necessárias para
aperfeiçoar-se,
lucificar-se; e, à
medida que se aprimora,
vai percebendo que a
existência carnal é um
ofício ou missão a
desempenhar, de que dará
ele a conta certa ao
término da empreitada.
(E a Vida Continua, cap.
8, pp. 61 e 62.)
B. Após a morte
corpórea, os Espíritos
registam sensações
iguais entre si?
Não. Cada qual de nós é
um mundo por si e, em
razão disso, cada
individualidade, após
largar o carro físico,
encontrará emoções,
lugares, pessoas,
afinidades e
oportunidades, conforme
desempenhou o ofício, ou
melhor, os deveres que
lhe competiam na
existência, na Terra.
"Ninguém – disse o
instrutor Cláudio – pode
conhecer o que não
estuda, nem reter
qualidades que não
adquiriu."
(Obra citada, cap. 8,
pp. 62 e 63.)
C. É verdade que Evelina
ficou lívida ao ser
informada a respeito de
sua desencarnação?
Sim. Ao ouvir tal
notícia, ela ficou
lívida e quis intervir,
mas Irmão Cláudio,
sorrindo, cortou-lhe a
palavra.
(Obra citada, cap. 9,
pp. 64 e 65.)
Texto para leitura
25. Ernesto admite
a ideia da morte
- Evelina, considerando
a hipótese da morte,
apresentou a Ernesto
outra dúvida: "Se
estamos mortos para os
entes que amamos, por
que não nos vieram ainda
buscar os seres queridos
de nossas famílias,
aqueles que nos
precederam na vida nova?
Nossos avós, por
exemplo, e os amigos
íntimos que todos vimos
morrer?!" Fantini
retrucou: "E quem disse
a você que eles já não
terão vindo?" E aduziu:
"Recorde, Evelina, as
lições elementares de
casa. Um televisor capta
imagens que não vemos e
no-las transmite com
absoluta lealdade. Um
rádio-mirim assinala
mensagens que não
escutamos e no-las
entrega com a maior
clareza. É muito
provável estejamos sendo
vistos e ouvidos, sem
que tenhamos, até
agora, despertado a
faculdade precisa de
escutar e enxergar neste
plano". Evelina
replicou: "Ernesto, e as
orações? Se somos
Espíritos libertos do
chamado corpo carnal,
alguém no mundo ter-se-á
lembrado de nós em
prece... Sua senhora,
sua filha, meus pais,
meu esposo..." "Não
conhecemos – respondeu o
amigo – o mecanismo das
relações espirituais,
nem temos qualquer
estudo de ciências da
alma. Quem afirmará que
não estaremos ambos
sendo sustentados pela
força das orações
daqueles que amamos ou
daqueles outros... que
ainda nos amem..." –
"Que quer dizer?" – "Que
contas já nos foram
apresentadas neste
hospital? a que e a quem
devemos os cuidados e
gentilezas que nos são
dispensados,
diariamente? não
compramos as nossas
roupas novas e nem as
utilidades que
usufruímos... Você,
tanto quanto eu, já
endereçamos a alguma
enfermeira aquela
conhecida pergunta
"quem paga"? A conversa
entre os dois
prosseguiu, com Fantini
mostrando que alterara
sua ideia de que
estivessem internados
num instituto de saúde
mental, devido à rapidez
com que se fazia sua
restauração.
Aproximou-se, então,
nesse momento, a senhora
Tamburini, a fim de
avisar que o encontro de
cultura espiritual
estava marcado para a
noite e urgia se
aprestassem. No horário
marcado (19 h), eles se
dirigiram ao instituto,
onde o Irmão Cláudio os
acolheu com simpatia.
Havia, no total, vinte e
três pessoas no recinto,
em que se destacava
enorme globo que seria,
por certo, o ponto de
partida do aprendizado.
Antes de iniciar a aula
dialogada, alguém
indagou: "Qual é o tema,
professor?" O
palestrante informou:
"Da existência na
Terra". (Cap. 8, pp. 59
e 60)
26. A
existência na Terra é um
ofício
- O diretor do grupo
teceu preciosos
comentários em torno das
funções do orbe
terrestre na economia
cósmica, e prosseguiu:
"Não ignoramos que a
Terra é um gigantesco
engenho no Espaço,
transportando consigo
quase três bilhões de
pessoas físicas,
conduzindo-as pelas vias
do Universo, sem que
saibamos, ainda, ao
certo, em que base de
força se dependura,
informando-nos
unicamente de que
semelhante colosso
realiza, ao redor do
Sol, uma órbita elíptica
com a velocidade média
de 108.000 quilômetros
por hora; enquanto
certas regiões do
Planeta se encontram
aprumadas perante o
zênite, em outras, as
criaturas se acham de
cabeça para baixo,
diante do nadir, sem que
ninguém dê por isso; até
ontem, qualquer pessoa
asseverava que a matéria
densa de uma paisagem se
constituía de elementos
sólidos em repouso;
hoje, porém, qualquer
jovem estudante sabe que
essas impressões são
imaginárias, de vez que
a matéria, em toda
parte, se dissolve num
misto de elétrons,
prótons, nêutrons e
dêuterons, encerrando-se
em energia e luz;
qualquer homem reside
num corpo do qual se faz
inquilino, respira e
atende aos impositivos
da nutrição, sem maior
esforço de sua parte".
"De que maneira –
indagou, então –,
dogmatizar afirmativas
sobre causas, processos,
acrisolamento e
finalidade de nossa
existência terrestre
pelos acanhados
recursos dos sentidos
comuns?" Depois de
comprida pausa, o
diretor propôs que a
vida na Terra deve ser
interpretada como um
trabalho especial para o
espírito. "Cada qual
nasce para determinada
tarefa, com
possibilidades de
evolver para outras,
sempre mais importantes,
e que, por isso mesmo,
não será possível
arrebatar às criaturas
os princípios religiosos
de que dispõem, sem
prejuízos calamitosos
para elas próprias",
aduziu o expositor. "A
ciência avançará,
desvendando segredos do
Universo, resolvendo
problemas e suscitando
desafios novos à sua
capacidade de
investigação; no
entanto, a fé sustentará
o homem nas realizações
e provas que é chamado
a atravessar. O Espírito
renasce no mundo físico,
tantas vezes quantas se
façam necessárias para
aperfeiçoar-se,
lucificar-se; e, à
medida que se aprimora,
vai percebendo que a
existência carnal é um
ofício ou missão a
desempenhar, de que dará
ele a conta certa ao
término da empreitada."
(Cap. 8, pp. 61 e 62)
27. Ninguém pode
conhecer o que não
estuda
- Evidenciando o claro
propósito de preparar os
ouvintes para a
aceitação pacífica do
novo estado espiritual
a que se haviam
transferido, Irmão
Cláudio prosseguiu: "Se
as leis do Senhor se
manifestam claras e
magnânimas, em todos os
departamentos da
experiência física,
estaríamos, acaso,
desprezados por Deus,
quando ultrapassamos as
fronteiras da morte?
Conservar-se-ia o
Senhor indiferente aos
nossos destinos, em
algum lugar do Universo?
Ele, que inspira a
graduação do alimento
para a criança e para o
adulto, relegaria ao
abandono a criatura
desencarnada, quando a
criatura vestida de
agentes físicos vive e
age numa esfera de ação,
na qual os fatores de
previsão e proteção
oferecem, todos os dias,
os mais belos
espetáculos de
grandeza?" Ninguém,
entre os ouvintes,
penetrava o caráter
sibilino daquelas
alegações, nem se
apercebia de que estavam
eles sendo adestrados,
delicadamente, a fim de
admitirem a realidade
espiritual sem barulho.
Evelina, então,
aproveitando o silêncio
que se estabeleceu,
perguntou: "Irmão
Cláudio, todas as
pessoas registarão
sensações iguais entre
si, depois da morte?" O
diretor informou: "Não.
Cada qual de nós é um
mundo por si e, em razão
disso, cada
individualidade, após
largar o carro físico,
encontrará emoções,
lugares, pessoas,
afinidades e
oportunidades, conforme
desempenhou o ofício, ou
melhor, os deveres que
lhe competiam na
existência, na Terra".
"Ninguém pode conhecer o
que não estuda, nem
reter qualidades que não
adquiriu." A tertúlia
prosseguiu por um bom
tempo e, ao final,
Ernesto e Evelina
estavam reconfortados e
felizes, ao modo de
viajantes sedentos de
valores da alma, depois
de se abeberarem numa
fonte de luz. (Cap. 8,
pp. 62 e 63)
28. Evelina não
acredita que esteja
morta - Após a
aula, os dois
conversaram
demoradamente com Irmão
Cláudio, que os recebeu
carinhosamente em sua
intimidade, a pedido da
senhora Tamburini. Ele
explicou não residir
ali, porquanto o
Instituto desdobrava
serviços em todo o
prédio, ocupando-lhe as
dependências. Dispôs-se,
no entanto, a recebê-los
em casa, junto da
esposa, onde teria
prazer em prestar-lhes
os informes desejados.
O trio conversava
animadamente, e nada
faria supor estivesse
integrando um quadro
que não fosse
essencialmente
terrestre. Por isso, não
obstante a fisionomia
cismativa de Ernesto, a
exprimir incerteza e
ansiedade, Evelina
via-se senhora de si,
absolutamente convencida
de que se achava num
recanto autêntico do
mundo que sempre lhe
fora habitual. E, assim
confiante, dirigiu-se ao
Irmão Cláudio:
"Professor, são tantos
os comentários absurdos
que já ouvimos, em
nossos poucos dias de
contacto com o novo
meio, que, de minha
parte, estimaria estar
informada se dispomos
da liberdade de
perguntar ao senhor
tudo, tudo o que nos
causa espécie..."
Cláudio colocou-se à sua
disposição e Ernesto
adiantou-se, dizendo:
"Evelina, quanto me
ocorre, tem o espírito
dominado por uma
questão capital. Isso
lhe parecerá, talvez,
uma criancice de doentes
mentais, que, às vezes,
temos ambos a impressão
de ser, mas temos
escutado, em
circunstâncias diversas,
a afirmativa de que
somos mortos em
recuperação num ambiente
que não mais pertence
aos homens de carne e
osso... A princípio,
rimo-nos francamente,
categorizando isso à
conta de grossa tolice;
entretanto, as opiniões
se avolumam. A própria
senhora Tamburini está
certa de que já cruzamos
as fronteiras da morte,
como quem vara uma noite
de sono... Que nos diz a
isso, professor?" Irmão
Cláudio esboçou
significativa expressão
facial, em que a
admiração se misturava à
piedade e ponderou, sem
cerimônia: "Estarão
vocês em condições de
acreditar em minha
palavra, se lhes
ratificar a notícia de
que respiramos em plena
Esfera Espiritual?"
Evelina, ao ouvi-lo,
ficou lívida e quis
intervir, mas Irmão
Cláudio, sorrindo,
cortou-lhe a palavra.
(Cap. 9, pp. 64 e 65)
(Continua na próxima
semana.)