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Estudando a série André Luiz
Ano 7 - N° 326 - 25 de Agosto de 2013
MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 


E a Vida Continua...

André Luiz

(Parte 11)

Continuamos nesta edição o estudo da obra E a Vida Continua, de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1968 pela Federação Espírita Brasileira.

Questões preliminares 

A. Em nosso retorno à vida espiritual, o maior ou menor aproveitamento do tempo durante a existência finda é um item a ser considerado? 

Sim. Na palestra o ministro referiu-se ao assunto. "A Divina Providência não pergunta o que fostes – disse ele –, porque nos conhece a cada um em qualquer tempo... Entretanto, é justo investigue sobre o que fizestes dos tesouros do tempo, concedido a nós todos em parcelas iguais..." "Não vos iludais!..." – prosseguiu o orador. (E a Vida Continua, cap. 12, pp. 92 a 94.)

B. De volta à vida espiritual, em que nos aproveita o fato de termos tido na Terra títulos e propriedades de cunho material?

Na palestra, o orador falou disso, lembrando que palácios ou casebres, títulos convencionais ou qualifi­cações pejorativas, privilégios ou cativeiros, vantagens ou pre­juízos – tudo isso desapareceu no dia em que o corpo físico recebeu na Terra o atestado de óbito. "Qual ocorreu a nós outros, os que habitamos atualmente o Plano Espiritual desde longas décadas, trouxestes para cá o que efetuastes de vós mesmos... Aprendestes o que estudastes, mostrais o que fizestes, entesourais o que distribuístes!... Em suma, atravessada a Grande Fronteira, somos simplesmente o que somos!" (Obra citada, cap. 12, pp. 92 a 94.)

C. O ministro destacou também a importância da caridade e do amor na vida post mortem?

Sim. Disse ele que, no plano em que se encontravam, estavam eles cercados, através de quase todos os flancos, por multidões de companhei­ros dementados, a rogarem amor e paciência para que se refizessem. "Na arena física – explicou o orador –, multiplicávamos apelos a que se pusessem mesas dedicadas aos famintos e se acumulassem agasalhos para o socorro à nudez... Aqui, somos desafiados à formação e sustentação do de­votamento e da tolerância, para que a harmonia e a compreensão se estabe­leçam na alma sofrida e conturbada dos nossos irmãos tresmalhados nas sombras de espírito." A caridade e o amor para com o próximo eram, pois, essenciais. (Obra citada, cap. 12, pp. 94 e 95.) 

Texto para leitura 

41. "Não julgueis", ensinou-nos Jesus - Em dado instante, qual se materializasse inesperadamente na tribuna, um homem, envergando uma túnica lirial, surgiu e saudou a assembleia. Em seguida, ergueu-se para o Alto e, em oração comovedora, rogou as bênçãos de Jesus para os ouvintes expectantes, lendo, logo após, os versículos números 1 a 4 do capítulo 7 do Evangelho de Mateus: "Não julgueis para não serdes julgados, pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que ti­verdes medido, vos medirão também. Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, sem notares, porém, a trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu?" Terminada a leitura, o ministro deteve-se em dilatada con­centração, mas Ernesto e Evelina viram, surpresos, que o pensamento dele se exteriorizava, em forma de larga auréola de luz, que se lhe alteava da cabeça, à maneira de chama, elevando-se cada vez mais. A espaço de se­gundos, clarões jorravam de cima, lembrando as chamadas línguas de fogo do dia de Pentecostes, e o sacerdote iniciou a pregação da noite, exami­nando o tema previamente anunciado. Lembrou o pregador que, despojados agora do corpo de matéria mais densa que nos acalentava as ilusões, aprendemos "que todos somos consciências deficitárias perante a Lei" e que "apenas o Senhor dispõe de recursos para avaliar-nos considerada­mente, porque, em verdade, ser-nos-á possível tão-somente examinar a nós próprios". "O que tenhamos sido no imo do sentimento, enquanto na exis­tência do corpo terrestre, somos aqui", asseverou o ministro. "Neste pouso de luz que o Senhor nos faculta por moradia temporária, percebemos, sem qualquer constrangimento de ordem exterior, que todos os petrechos mantenedores das aparências que nos disfarçavam no mundo, para o desem­penho do papel que nos cabia na ribalta humana, nos foram retirados, a fim de que sejamos aqui, na esfera da realidade espiritual, quem nos pro­pusemos ser, com tudo o que tenhamos ajuntado em nós de bem ou de mal, durante o estágio na escola física!..." (Cap. 12, pp. 90 e 91) 

42. Entesouramos o que distribuímos - O pregador lembrou que mui­tos que ali estavam carregavam ainda hábitos e enganos da experiência carnal que, gradativamente, perderiam por não encontrarem naquele meio nenhuma significação. Palácios ou casebres, títulos convencionais ou qualifi­cações pejorativas, privilégios ou cativeiros, vantagens ou pre­juízos – tudo isso desapareceu no dia em que o corpo físico recebeu na Terra o atestado de óbito. "A Divina Providência não pergunta o que fos­tes – disse o ministro –, porque nos conhece a cada um em qualquer tempo... Entretanto, é justo investigue sobre o que fizestes dos tesouros do tempo, concedido a nós todos em parcelas iguais..." "Não vos ilu­dais!..." – prosseguiu o orador. – "Qual ocorreu a nós outros, os que habitamos atualmente o Plano Espiritual desde longas décadas, trouxestes para cá o que efetuastes de vós mesmos... Aprendestes o que estudastes, mostrais o que fizestes, entesourais o que distribuístes!... Em suma, atravessada a Grande Fronteira, somos simplesmente o que somos!" Ali, no domicílio das realidades excelsas, os disfarces terrenos se extinguem na­turalmente e cada Espírito se revela por si, não sendo mais possível nenhum recurso à simulação. "Patenteando de todo o que somos e o que temos, nos recessos do ser – acentuou o ministro –, terá chegado para cada um de nós a hora do julgamento, porquanto a Divina Misericórdia do Senhor nos oferece ainda, aqui como em tantas outras estâncias da Espiri­tualidade, esta ci­dade-lar, como sendo antecâmara de estudo e serviço, possibilitando-nos valiosos aprestos para a ascensão à Vida Maior, em cu­jas províncias nos aplicaremos à conquista de dons inefáveis, na conti­nuação da luta bendita pelo aperfeiçoamento próprio. Quantos, porém, des­prezarem as sublimes oportunidades do tempo, no clima de recomposição a que nos acolhemos agora, decerto que, por eles mesmos, recuarão para os distritos vizinhos, onde se afinam os agentes da perturbação e das trevas – doentes voluntá­rios, seviciando-se, em lamentável regime de reciproci­dade – até que, fatigados de rebeldia, roguem à piedade das Leis Eternas a preciosa dá­diva das reencarnações de sofrimento regenerativo para o re­torno a estes sítios, Deus sabe quando!..." (Cap. 12, pp. 92 a 94) 

43. Um convite ao trabalho - O pregador explicou que o renascimento no campo físico nem sempre constitui cadinho de reparação dos delitos praticados, pois milhares de companheiros, após longo e honesto esforço pela própria corrigenda, com larga quota de tempo naquela colônia de tra­balho, volvem ao corpo físico, para realizar tarefas de abnegação e he­roísmo obscuro, junto de alguém ou ao lado de grupos afins, granjeando, em louvável anonimato, concessões e vitórias dignas de apreço que, embora às vezes permaneçam ignoradas pelos homens, se lhes erigem, no plano es­piritual, em passaportes de libertação e acrisolamento para as Esferas Superiores. Nesse ponto, Evelina e Ernesto se entreolharam e perceberam que dezenas de rostos se banhavam de lágrimas. O ministro pediu-lhes, po­rém, que ninguém se sentisse ali num tribunal de justiça, pois se achavam numa casa de fé. "Aceitemo-nos quais somos – asseverou o orador –, re­conheçamos o montante de nossas dívidas e coloquemos mãos fiéis no arado do serviço ao próximo, sem olhar para trás... A cidade que nos reúne está repleta de instituições beneméritas com as portas descerradas ao volunta­riado de quantos queiram colaborar no socorro aos que chegam até nós, em posição de angústia ou necessidade, todos os dias... Na Crosta Planetá­ria, onde as criaturas irmãs da retaguarda travam dura batalha de evolu­ção, entes queridos, ainda encarnados, exigem-nos os mais entranhados testemunhos de ternura humana, através do concurso espiritual que lhes possamos administrar, nos domínios da compreensão e do amor, a fim de que continuem a viver na experiência terrestre que lhes é necessária, tran­quilos e felizes sem nós... Todo um apostolado de renúncia construtiva, abnegação, carinho e entendimento se descortina para a maioria de vós ou­tros, no lar terrestre, onde quase todos estais ainda vinculados de pen­samento e coração!..." O ministro informou ainda que ali estavam eles cercados, através de quase todos os flancos, por multidões de companhei­ros dementados, a rogarem amor e paciência para que se refizessem... "Na arena física – explicou o pregador –, multiplicávamos apelos a que se pusessem mesas dedicadas aos famintos e se acumulassem agasalhos para o socorro à nudez... Aqui, somos desafiados à formação e sustentação do de­votamento e da tolerância, para que a harmonia e a compreensão se estabe­leçam na alma sofrida e conturbada dos nossos irmãos tresmalhados nas sombras de espírito." A caridade e o amor para com o próximo eram, pois, essenciais, de vez que o serviço de alguns dias pode endossar-nos valioso empréstimo de energias e meios para as empresas de recuperação e elevação que nos requisitam o esforço de muitos anos. (Cap. 12, pp. 94 e 95) 

44. No serviço do bem - No momento em que o sacerdote encerrou a pregação, do teto do templo pendiam estrias de safirina luz, quais péta­las minúsculas que se desfaziam ao tocar a cabeça dos presentes, ou desa­pareciam, de leve, atingindo o chão. Fantini estava comovido, mas Eve­lina, como sucedia a muitos dos companheiros ali congregados, não conse­guiu conter o pranto que lhe vinha em onda crescente do coração aos olhos. Sensibilizados com as apreciações ouvidas no templo, ambos solici­taram admissão à caravana socorrista que Irmão Cláudio presidia, em vi­sita semanal à região dos companheiros perturbados e sofredores. O grupo contava também com irmã Celusa Tamburini. Na peregrinação de fraterni­dade, a equipe descia na direção de vale extensíssimo, mas naquele dia o grupo destinava-se especialmente à realização do culto do Evangelho no lar de Ambrósio e Priscila, casal que desempenhava o encargo de guar­diães, dentre os muitos sediados na fronteira, que assinala os pontos iniciais da zona conflagrada pelas projeções mentais dos irmãos em dese­quilíbrio. Logo que se lhes descortinou mais ampla faixa da paisagem, Er­nesto e Evelina não conseguiram sopitar as expressões de assombro. Densa névoa, a patentear-se por diversas tonalidades de cinza, barrava a pro­víncia em toda a linha divisória. E pela primeira vez, enxergaram nos céus máquinas voadoras que se dirigiam da cidade para o território sombrio, semelhantes a grandes borboletas silenciosas refletindo o sol que lhes punha à mostra as asas, como que estruturadas em pedaços de arco-íris. (Cap. 12 e 13, pp. 95 a 98) (Continua na próxima semana.)



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita