E a Vida Continua...
André Luiz
(Parte
11)
Continuamos nesta edição
o
estudo da obra
E a Vida Continua,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1968 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Em nosso retorno à
vida espiritual, o maior
ou menor aproveitamento
do tempo durante a
existência finda é um
item a ser considerado?
Sim. Na palestra o
ministro referiu-se ao
assunto. "A Divina
Providência não pergunta
o que fostes – disse ele
–, porque nos conhece a
cada um em qualquer
tempo... Entretanto, é
justo investigue sobre o
que fizestes dos
tesouros do tempo,
concedido a nós todos em
parcelas iguais..." "Não
vos iludais!..." –
prosseguiu o orador.
(E a Vida Continua, cap.
12, pp. 92 a 94.)
B. De volta à vida
espiritual, em que nos
aproveita o fato de
termos tido na Terra
títulos e propriedades
de cunho material?
Na palestra, o orador
falou disso, lembrando
que palácios ou
casebres, títulos
convencionais ou
qualificações
pejorativas, privilégios
ou cativeiros, vantagens
ou prejuízos – tudo
isso desapareceu no dia
em que o corpo físico
recebeu na Terra o
atestado de óbito. "Qual
ocorreu a nós outros, os
que habitamos atualmente
o Plano Espiritual desde
longas décadas,
trouxestes para cá o que
efetuastes de vós
mesmos... Aprendestes o
que estudastes, mostrais
o que fizestes,
entesourais o que
distribuístes!... Em
suma, atravessada a
Grande Fronteira, somos
simplesmente o que
somos!"
(Obra citada, cap. 12,
pp. 92 a 94.)
C. O ministro destacou
também a importância da
caridade e do amor na
vida post mortem?
Sim. Disse ele que, no
plano em que se
encontravam, estavam
eles cercados, através
de quase todos os
flancos, por multidões
de companheiros
dementados, a rogarem
amor e paciência para
que se refizessem. "Na
arena física – explicou
o orador –,
multiplicávamos apelos a
que se pusessem mesas
dedicadas aos famintos e
se acumulassem agasalhos
para o socorro à
nudez... Aqui, somos
desafiados à formação e
sustentação do
devotamento e da
tolerância, para que a
harmonia e a compreensão
se estabeleçam na alma
sofrida e conturbada dos
nossos irmãos
tresmalhados nas sombras
de espírito." A caridade
e o amor para com o
próximo eram, pois,
essenciais.
(Obra citada, cap. 12,
pp. 94 e 95.)
Texto para leitura
41. "Não
julgueis", ensinou-nos
Jesus - Em dado
instante, qual se
materializasse
inesperadamente na
tribuna, um homem,
envergando uma túnica
lirial, surgiu e saudou
a assembleia. Em
seguida, ergueu-se para
o Alto e, em oração
comovedora, rogou as
bênçãos de Jesus para os
ouvintes expectantes,
lendo, logo após, os
versículos números 1 a 4
do capítulo 7 do
Evangelho de Mateus:
"Não julgueis para não
serdes julgados, pois,
com o critério com que
julgardes, sereis
julgados; e, com a
medida com que tiverdes
medido, vos medirão
também. Por que vês tu o
argueiro no olho de teu
irmão, sem notares,
porém, a trave que está
no teu próprio? Ou como
dirás a teu irmão:
deixa-me tirar o
argueiro do teu olho,
quando tens a trave no
teu?" Terminada a
leitura, o ministro
deteve-se em dilatada
concentração, mas
Ernesto e Evelina viram,
surpresos, que o
pensamento dele se
exteriorizava, em forma
de larga auréola de luz,
que se lhe alteava da
cabeça, à maneira de
chama, elevando-se cada
vez mais. A espaço de
segundos, clarões
jorravam de cima,
lembrando as chamadas
línguas de fogo do dia
de Pentecostes, e o
sacerdote iniciou a
pregação da noite,
examinando o tema
previamente anunciado.
Lembrou o pregador que,
despojados agora do
corpo de matéria mais
densa que nos acalentava
as ilusões, aprendemos
"que todos somos
consciências
deficitárias perante a
Lei" e que "apenas o
Senhor dispõe de
recursos para
avaliar-nos
consideradamente,
porque, em verdade,
ser-nos-á possível
tão-somente examinar a
nós próprios". "O que
tenhamos sido no imo do
sentimento, enquanto na
existência do corpo
terrestre, somos aqui",
asseverou o ministro.
"Neste pouso de luz que
o Senhor nos faculta por
moradia temporária,
percebemos, sem qualquer
constrangimento de ordem
exterior, que todos os
petrechos mantenedores
das aparências que nos
disfarçavam no mundo,
para o desempenho do
papel que nos cabia na
ribalta humana, nos
foram retirados, a fim
de que sejamos aqui, na
esfera da realidade
espiritual, quem nos
propusemos ser, com
tudo o que tenhamos
ajuntado em nós de bem
ou de mal, durante o
estágio na escola
física!..." (Cap. 12,
pp. 90 e 91)
42. Entesouramos o
que distribuímos
- O pregador lembrou que
muitos que ali estavam
carregavam ainda hábitos
e enganos da experiência
carnal que,
gradativamente,
perderiam por não
encontrarem naquele meio
nenhuma significação.
Palácios ou casebres,
títulos convencionais ou
qualificações
pejorativas, privilégios
ou cativeiros, vantagens
ou prejuízos – tudo
isso desapareceu no dia
em que o corpo físico
recebeu na Terra o
atestado de óbito. "A
Divina Providência não
pergunta o que fostes –
disse o ministro –,
porque nos conhece a
cada um em qualquer
tempo... Entretanto, é
justo investigue sobre o
que fizestes dos
tesouros do tempo,
concedido a nós todos em
parcelas iguais..." "Não
vos iludais!..." –
prosseguiu o orador. –
"Qual ocorreu a nós
outros, os que habitamos
atualmente o Plano
Espiritual desde longas
décadas, trouxestes para
cá o que efetuastes de
vós mesmos...
Aprendestes o que
estudastes, mostrais o
que fizestes,
entesourais o que
distribuístes!... Em
suma, atravessada a
Grande Fronteira, somos
simplesmente o que
somos!" Ali, no
domicílio das realidades
excelsas, os disfarces
terrenos se extinguem
naturalmente e cada
Espírito se revela por
si, não sendo mais
possível nenhum recurso
à simulação.
"Patenteando de todo o
que somos e o que temos,
nos recessos do ser –
acentuou o ministro –,
terá chegado para cada
um de nós a hora do
julgamento, porquanto a
Divina Misericórdia do
Senhor nos oferece
ainda, aqui como em
tantas outras estâncias
da Espiritualidade,
esta cidade-lar, como
sendo antecâmara de
estudo e serviço,
possibilitando-nos
valiosos aprestos para a
ascensão à Vida Maior,
em cujas províncias nos
aplicaremos à conquista
de dons inefáveis, na
continuação da luta
bendita pelo
aperfeiçoamento próprio.
Quantos, porém,
desprezarem as sublimes
oportunidades do tempo,
no clima de recomposição
a que nos acolhemos
agora, decerto que, por
eles mesmos, recuarão
para os distritos
vizinhos, onde se afinam
os agentes da
perturbação e das trevas
– doentes voluntários,
seviciando-se, em
lamentável regime de
reciprocidade – até
que, fatigados de
rebeldia, roguem à
piedade das Leis Eternas
a preciosa dádiva das
reencarnações de
sofrimento regenerativo
para o retorno a estes
sítios, Deus sabe
quando!..." (Cap. 12,
pp. 92 a 94)
43. Um convite ao
trabalho - O
pregador explicou que o
renascimento no campo
físico nem sempre
constitui cadinho de
reparação dos delitos
praticados, pois
milhares de
companheiros, após longo
e honesto esforço pela
própria corrigenda, com
larga quota de tempo
naquela colônia de
trabalho, volvem ao
corpo físico, para
realizar tarefas de
abnegação e heroísmo
obscuro, junto de alguém
ou ao lado de grupos
afins, granjeando, em
louvável anonimato,
concessões e vitórias
dignas de apreço que,
embora às vezes
permaneçam ignoradas
pelos homens, se lhes
erigem, no plano
espiritual, em
passaportes de
libertação e
acrisolamento para as
Esferas Superiores.
Nesse ponto, Evelina e
Ernesto se entreolharam
e perceberam que dezenas
de rostos se banhavam de
lágrimas. O ministro
pediu-lhes, porém, que
ninguém se sentisse ali
num tribunal de justiça,
pois se achavam numa
casa de fé.
"Aceitemo-nos quais
somos – asseverou o
orador –, reconheçamos
o montante de nossas
dívidas e coloquemos
mãos fiéis no arado do
serviço ao próximo, sem
olhar para trás... A
cidade que nos reúne
está repleta de
instituições beneméritas
com as portas
descerradas ao
voluntariado de quantos
queiram colaborar no
socorro aos que chegam
até nós, em posição de
angústia ou necessidade,
todos os dias... Na
Crosta Planetária, onde
as criaturas irmãs da
retaguarda travam dura
batalha de evolução,
entes queridos, ainda
encarnados, exigem-nos
os mais entranhados
testemunhos de ternura
humana, através do
concurso espiritual que
lhes possamos
administrar, nos
domínios da compreensão
e do amor, a fim de que
continuem a viver na
experiência terrestre
que lhes é necessária,
tranquilos e felizes
sem nós... Todo um
apostolado de renúncia
construtiva, abnegação,
carinho e entendimento
se descortina para a
maioria de vós outros,
no lar terrestre, onde
quase todos estais ainda
vinculados de
pensamento e
coração!..." O ministro
informou ainda que ali
estavam eles cercados,
através de quase todos
os flancos, por
multidões de
companheiros
dementados, a rogarem
amor e paciência para
que se refizessem... "Na
arena física – explicou
o pregador –,
multiplicávamos apelos a
que se pusessem mesas
dedicadas aos famintos e
se acumulassem agasalhos
para o socorro à
nudez... Aqui, somos
desafiados à formação e
sustentação do
devotamento e da
tolerância, para que a
harmonia e a compreensão
se estabeleçam na alma
sofrida e conturbada dos
nossos irmãos
tresmalhados nas sombras
de espírito." A caridade
e o amor para com o
próximo eram, pois,
essenciais, de vez que o
serviço de alguns dias
pode endossar-nos
valioso empréstimo de
energias e meios para as
empresas de recuperação
e elevação que nos
requisitam o esforço de
muitos anos. (Cap. 12,
pp. 94 e 95)
44. No serviço do
bem - No momento
em que o sacerdote
encerrou a pregação, do
teto do templo pendiam
estrias de safirina luz,
quais pétalas
minúsculas que se
desfaziam ao tocar a
cabeça dos presentes, ou
desapareciam, de leve,
atingindo o chão.
Fantini estava comovido,
mas Evelina, como
sucedia a muitos dos
companheiros ali
congregados, não
conseguiu conter o
pranto que lhe vinha em
onda crescente do
coração aos olhos.
Sensibilizados com as
apreciações ouvidas no
templo, ambos
solicitaram admissão à
caravana socorrista que
Irmão Cláudio presidia,
em visita semanal à
região dos companheiros
perturbados e
sofredores. O grupo
contava também com irmã
Celusa Tamburini. Na
peregrinação de
fraternidade, a equipe
descia na direção de
vale extensíssimo, mas
naquele dia o grupo
destinava-se
especialmente à
realização do culto do
Evangelho no lar de
Ambrósio e Priscila,
casal que desempenhava o
encargo de guardiães,
dentre os muitos
sediados na fronteira,
que assinala os pontos
iniciais da zona
conflagrada pelas
projeções mentais dos
irmãos em
desequilíbrio. Logo que
se lhes descortinou mais
ampla faixa da paisagem,
Ernesto e Evelina não
conseguiram sopitar as
expressões de assombro.
Densa névoa, a
patentear-se por
diversas tonalidades de
cinza, barrava a
província em toda a
linha divisória. E pela
primeira vez, enxergaram
nos céus máquinas
voadoras que se dirigiam
da cidade para o
território sombrio,
semelhantes a grandes
borboletas silenciosas
refletindo o sol que
lhes punha à mostra as
asas, como que
estruturadas em pedaços
de arco-íris. (Cap. 12 e
13, pp. 95 a 98)
(Continua na próxima
semana.)