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Estudando as obras de Manoel Philomeno de Miranda
Ano 7 - N° 326 - 25 de Agosto de 2013
THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br
 
Curitiba, Paraná (Brasil)  
 

 

Painéis da Obsessão

Manoel Philomeno de Miranda 

(Parte 26)

Damos continuidade ao estudo metódico e sequencial do livro Painéis da Obsessão, de Manoel Philomeno de Miranda, obra psicografada por Divaldo P. Franco.

Questões preliminares

A. Argos poderia ter evitado a recidiva da tuberculose?

Sim. Segundo Dr. Froebel, a recidiva não estava prevista, pelo menos para aquele período. Houvesse Argos vigiado convenientemente e tê-la-ia adiado ou mesmo evitado. "Enquanto o homem não aprender a comandar a mente sob o império de uma vontade bem direcionada – asseverou Dr. Froebel –, ser-lhe-á vítima contínua." "A acomodação mental responde por muitos males que esfacelam os planos ideais de muitos corações. Através dos fios invisíveis do pensamento movimentam-se forças de difícil catalogação pela linguagem convencional, que fomentam reações equivalentes às emissões iniciais... É através delas que se canalizam as vibrações obsessivas, que as utilizam ou as fomentam, dando gênese aos estados de desequilíbrio psíquico, de início, e físico, mais tarde..." (Painéis da Obsessão, cap. 29, pp. 242 e 243.)

B. A presença da morte leva as pessoas a pensar em mudança de vida e atitudes? 

Sim. A presença da morte é sempre uma proposta de imediata reforma íntima. Quando o homem a pressente, valoriza a roupagem carnal e a oportunidade que, invariavelmente, desconsidera. Em tais momentos, não raro, fazem promessas e negociam com a Divindade, em vãs pechinchas, que denotam a infância moral em que estagiam, irresponsáveis. Quando o perigo passa e a saúde retorna, modificam as paisagens mentais e arrojam-se aos mesmos programas de insensatez, com raras exceções, mais ávidos, mais petulantes, mais imprudentes... Chega o momento, porém, em que não mais podem adiar o retorno e são colhidos entre prantos e lamentos, igualmente insensatos, rogando compaixão e apoio, que não quiseram ou não pretenderam dar-se ou doar aos outros. (Obra citada, cap. 29, pp. 244 e 245.)

C. É correto afirmar que compromisso que não se atende é dívida que se assume? 

É o que Irmã Angélica disse a Argos. O compromisso da reencarnação não é viagem ao país da futilidade, especialmente para os que estão muito comprometidos com tarefas interrompidas e têm, no passado, o caminho juncado de vítimas. Devemos agir no bem, com menos palavras e mais serviço. "Os teus atos próximos serão os teus advogados futuros... A consciência anestesiada, quando desperta, faz-se juiz severo, se nos surpreende em gravame ou queda", disse-lhe Irmã Angélica.(Obra citada, cap. 29, pp. 246 e 247.)

Texto para leitura

114. Felipe acusa Áurea e esta lhe pede perdão - Desejando inteirar a esposa dos acontecimentos, Argos sintetizou, num lamento, exclamando: "Quem nos dera, que pudéssemos ter um filho, recebendo Felipe em nossos braços, a fim de nos reabilitarmos!" Irmã Angélica, teleguiando Áurea, fê-la responder: "Filho, não é somente o rebento carnal que se desdobra do nosso corpo. Poderemos buscá-lo, onde quer que a Divina Misericórdia o situe e não o amaremos menos por isso". Num gesto espontâneo, inspirada pela Benfeitora, Áurea aproximou-se de seu antigo marido e arrojou-se-lhe aos pés, em atitude de humildade, suplicando: "Não sabes quanto temos sofrido e o que ainda nos aguarda... Perdoa-nos a leviandade desventurada e vem, com a permissão de Deus, viver outra vez conosco. Tudo será diferente. Se não nos puderes amar, compreenderemos, tudo fazendo para reabilitar-nos, ajudando-te a crescer para Deus. Preocupo-me com o amanhã. Sou frágil e ele também o é. Dá-nos a tua força de vida e deixa-nos amar-te novamente..." A emoção impossibilitou-a de prosseguir e Felipe replicou-lhe: "Por que o aceitaste, então, esquecendo-te de mim? Se foste forçada, e me amavas, deverias tê-lo morto por amor de mim". Áurea, ainda comovida, mas fortemente teleconduzida por Irmã Angélica, esclareceu: "O problema, examinado a uma distância de tempo tão larga, é fácil de ter solução simplista. Ignoras o que padeci, dilacerando todas as fibras do meu sentimento de mulher e de esposa. Prisioneira em um castelo retirado da cidade, no campo, por muitos dias sob sonífero vigoroso, não podia raciocinar. Vigiada todo o tempo, inteirei-me, a frações de conhecimento, de tudo quanto havia acontecido. Desde o rapto de que fui vítima até a lucidez total passaram-se muitos dias. Nem matar-me eu podia... Ao saber da tua morte, chorei-te toda a vida..." "Mas o aceitaste!", censurou-a, irado. "Desconheces como foi difícil – anuiu a jovem mulher, mais dorida – diante das circunstâncias. A princípio, vivi para vingar-te... Com o tempo, no entanto, acompanhando-lhe a vida desditosa, terminei por apiedar-me dele, na sua inenarrável infelicidade. Apesar de violento para com as outras pessoas, era terno comigo e dizia que eu poderia responder pela desgraça ou felicidade de muitos se o recusasse ou não, tornando-o mais ou menos impiedoso, ou se tentasse matá-lo... O tempo oferece solução para as mais difíceis situações e foi o que ocorreu comigo... Terminei por estimá-lo, sem esquecer-me jamais de ti, que guardei na memória como um relicário dos mais preciosos." Dito isso, Áurea acrescentou: "Sou eu agora quem te interroga, já que me exiges tanto. Como provar-me que me amavas? Necessito de que me demonstres esse amor, em nome do qual justificas a tua sanha criminosa. Se ainda restou algo daquele sentimento, volta, pois que te espero na condição de um filho que, não sendo da carne, é do coração saudoso e triste, que anela por paz". Fez-se silêncio no recinto. Argos asserenou-se um pouco e Irmã Angélica aproximou-se de Felipe, ainda agitado, abraçando-o. O desditoso hussita, envolvido pela imensa ternura e pelos fluidos daquele amplexo, cedeu, afirmando: "Estou vencido, mas não convencido... Que Deus tenha misericórdia de nós!..." Ato contínuo, dominado por um vágado, foi amparado pelos enfermeiros e conduzido a lugar apropriado. Argos, em espírito, recebeu passes e adormeceu. Estava encerrada a importante reunião (Cap. 28, pp. 239 a 241)

115. A importância da mente equilibrada - No dia seguinte, em casa de Argos, Dona Anaide, sua genitora desencarnada, demonstrava no júbilo da face as melhoras do filho. A febre havia amainado e ele passara uma noite de regular repouso, o que lhe propiciou um despertar menos atormentado, com os primeiros sinais orgânicos de renovação. A ausência obsessiva de Felipe era-lhe francamente benéfica, já que não sofria a ingestão dos fluidos venenosos, nem experimentava a nefasta ação mental do adversário que lhe perturbava expressivamente os centros de força do perispírito. Dr. Froebel examinou o doente e confirmou: "Não há dúvida quanto à recidiva da tuberculose pulmonar, agravada pela presença dos vibriões mentais que ainda se encontram na faina destrutiva das células, facilitando o campo vibratório para a multiplicação dos vorazes bastonetes de Koch". Segundo o especialista, a recidiva não estava prevista, pelo menos para aquele período. Houvesse Argos vigiado convenientemente e tê-la-ia adiado ou mesmo evitado. "Enquanto o homem não aprender a comandar a mente sob o império de uma vontade bem direcionada – asseverou Dr. Froebel –, ser-lhe-á vítima contínua." "A acomodação mental responde por muitos males que esfacelam os planos ideais de muitos corações. Através dos fios invisíveis do pensamento movimentam-se forças de difícil catalogação pela linguagem convencional, que fomentam reações equivalentes às emissões iniciais... É através delas que se canalizam as vibrações obsessivas, que as utilizam ou as fomentam, dando gênese aos estados de desequilíbrio psíquico, de início, e físico, mais tarde..." (Cap. 29, pp. 242 e 243)

116. O medo de morrer e as promessas de mudança - Antes de despedir-se, Dr. Froebel – que iria consultar o diretor Héber a respeito das providências que fossem melhores para Argos – recomendou a Bernardo que lhe aplicasse a terapia fluídica, sistematicamente, cada quatro horas, de modo a auxiliá-lo, dentro das possibilidades que os seus créditos o permitissem. Argos, lembrando vagamente os acontecimentos da véspera, mantinha-se em clima de prece e novamente se prometia regeneração, recandidatando-se ao serviço da caridade, conforme da caridade vivia. A presença da morte – diz Philomeno – é sempre uma proposta de imediata reforma íntima. Quando o homem a pressente, valoriza a roupagem carnal e a oportunidade que, invariavelmente, desconsidera. Em tais momentos, não raro, fazem promessas e negociam com a Divindade, em vãs pechinchas, que denotam a infância moral em que estagiam, irresponsáveis. Quando o perigo passa e a saúde retorna, modificam as paisagens mentais e arrojam-se aos mesmos programas de insensatez, com raras exceções, mais ávidos, mais petulantes, mais imprudentes... Chega o momento, porém, em que não mais podem adiar o retorno e são colhidos entre prantos e lamentos, igualmente insensatos, rogando compaixão e apoio, que não quiseram ou não pretenderam dar-se ou doar aos outros... A lição dos sofrimentos, no vaivém dos propósitos de Argos, mostrava claramente que devemos ter maior consideração pela bênção da fé e pela felicidade do trabalho fraternal em favor do próximo. Certamente que a ausência de Felipe não lhe modificava o quadro de débitos, porque se via que os outros inimigos a quem o hussita comandava não se haviam modificado, nem o pretendiam, e pareciam aguardar a ocasião própria para o desforço e a cobrança tresvariada... As providências fluídicas tomadas, por acréscimo da misericórdia do Senhor – não por mérito do enfermo –, evitavam que os famélicos perseguidores se lhe atirassem sobre os tecidos orgânicos desconjuntados, como se fossem chacais disputando restos... Evidentemente, Philomeno e os demais companheiros experimentavam uma grande compaixão pelo rapaz que, impensadamente, desperdiçava tantas bênçãos... (Cap. 29, pp. 244 e 245)

117. Compromisso não atendido constitui dívida nova - A nova intervenção cirúrgica a favor de Argos, devidamente autorizada por Héber, foi afinal realizada. Repetiu-se, com pequena variação, a primeira intervenção, tendo sido reaplicados maaprana, clorofila e fluidos orgânicos retirados da Natureza e do médium Venceslau, que novamente se prontificou a auxiliar o amigo enfermo. Concluído o atendimento, Irmã Angélica, não ocultando sua preocupação, advertiu Argos, em estado de semilucidez espiritual, no desprendimento parcial pelo sono: "Filho, esquece a vacuidade, antes que despertes vazio, após ser por ela abandonado. O compromisso da reencarnação não é viagem ao país da futilidade, especialmente para os que estão muito comprometidos com tarefas interrompidas e têm, no passado, o caminho juncado de vítimas. Age no bem, com menos palavras e mais serviço. Não te iludas, já que ninguém consegue enganar aos outros. Desperta, por Deus, em definitivo, para os teus deveres. Nem sempre poderemos interferir junto aos programadores das tarefas em teu favor. Os teus atos próximos serão os teus advogados futuros... A consciência anestesiada, quando desperta, faz-se juiz severo, se nos surpreende em gravame ou queda..." Após ligeira pausa, para que seu filho espiritual pudesse absorver em profundidade o conteúdo de suas palavras, Irmã Angélica informou: "Ficarás no corpo por mais tempo. Cuidado com as tuas decisões emotivas, sem amadurecimento, nascidas dos entusiasmos irrefletidos em que te vês, esquecido dos que te ajudam. Provarás o licor de outras tentações, na taça do suborno emocional à vaidade. Compromisso que se não atende é dívida nova que se assume. Ninguém te dirá como agir. Sabes para dizê-lo aos outros. Será, portanto, justo que te informes a ti mesmo, a fim de assumires inteira responsabilidade pelos resultados. Escolhe bem. Do mundo já tens as marcas. Observa quais são as do Cristo, que carregarás... Estaremos contigo, no entanto, é necessário que estejas conosco, de livre vontade, para que o nosso intercâmbio continue. De nossa parte, esperamos contar contigo para o bem, da mesma forma que tens fruído do Bem, que nunca nos é negado. Desperta, portanto, para a vida, e que Deus te abençoe!" Em seguida, Argos foi trazido de volta ao corpo, o mesmo acontecendo com o médium Venceslau. Philomeno conseguiu permissão para acompanhar o caso e as suas consequências por mais tempo, ciente de que a crença, pura e simples, não é passaporte válido na aduana da Vida, mas sim os atos, que constituem sempre e sem nenhum equívoco o salvo-conduto, de inegável valor, que libera o viajante nas diversas fronteiras da sua jornada evolutiva. (Cap. 29, pp. 246 e 247)
(Continua no próximo número.) 


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita