O leitor Érico Santana, de
São Paulo-SP, em carta
enviada a esta revista, tece
várias considerações sobre o
tema anjo de guarda e
formula, ao final, as
seguintes indagações:
1. Por que em toda a obra de
André Luiz não aparece a
figura do anjo da guarda?
2. Qual a visão correta:
existe um Espírito superior
ligado a nós de outras vidas
que nos ampara ou a nossa
proteção é feita de uma
forma muito mais natural,
através de um ser mais
diretamente ligado a nós?
3. Quem nos ampara: o
Espírito protetor, como é
dito na Codificação
kardequiana, ou equipes
socorristas, como dizem as
obras de André Luiz?
Esclarecemos desde logo que
não existe divergência
alguma entre o que
aprendemos nas obras de
Kardec e o que lemos nos
livros de André Luiz.
Toda a dúvida – inclusive as
expressas pelo leitor –
advém do uso inadequado da
expressão “anjo de guarda”,
que em muitas ocasiões tem
sido utilizada, até mesmo
por autores espíritas, como
sinônimo e no lugar de
Espírito protetor ou
protetor espiritual.
Eis o que lemos nas questões
489 a 495 d´O Livro dos
Espíritos, que integram
o subcapítulo intitulado
“Anjos de guarda. Espíritos
protetores, familiares ou
simpáticos”, pertencente ao
cap. IX (Da intervenção dos
Espíritos no mundo
corporal):
489. Há Espíritos que se
liguem particularmente a um
indivíduo para protegê-lo?
“Há o irmão espiritual, o
que chamais o bom Espírito
ou o bom gênio.”
490. Que se deve entender
por anjo de guarda ou anjo
guardião?
“O Espírito protetor,
pertencente a uma ordem
elevada.”
491. Qual a missão do
Espírito protetor?
“A de um pai com relação aos
filhos; a de guiar o seu
protegido pela senda do bem,
auxiliá-lo com seus
conselhos, consolá-lo nas
suas aflições, levantar-lhe
o ânimo nas provas da vida.”
492. O Espírito protetor se
dedica ao indivíduo desde o
seu nascimento?
“Desde o nascimento até a
morte e muitas vezes o
acompanha na vida espírita,
depois da morte, e mesmo
através de muitas
existências corpóreas, que
mais não são do que fases
curtíssimas da vida do
Espírito.”
493. É voluntária ou
obrigatória a missão do
Espírito protetor?
“O Espírito fica obrigado a
vos assistir, uma vez que
aceitou esse encargo.
Cabe-lhe, porém, o direito
de escolher seres que lhe
sejam simpáticos. Para
alguns, é um prazer; para
outros, missão ou dever.”
a)
Dedicando-se a uma
pessoa, renuncia o Espírito
a proteger outros
indivíduos? “Não; mas
protege-os menos
exclusivamente.”
494. O Espírito protetor
fica fatalmente preso à
criatura confiada à sua
guarda?
“Frequentemente sucede que
alguns Espíritos deixam suas
posições de protetores para
desempenhar diversas
missões. Mas, nesse caso,
outros os substituem.”
495. Poderá dar-se que o
Espírito protetor abandone o
seu protegido, por se lhe
mostrar este rebelde aos
conselhos?
“Afasta-se, quando vê que
seus conselhos são inúteis e
que mais forte é, no seu
protegido, a decisão de
submeter-se à influência dos
Espíritos inferiores. Mas,
não o abandona completamente
e sempre se faz ouvir. É
então o homem quem tapa os
ouvidos. O protetor volta
desde que este o chame.”
O texto ora transcrito
distingue perfeitamente
“anjo de guarda” de
“Espírito protetor”.
Conquanto ambos tenham por
missão proteger alguém, a
expressão “anjo de guarda” é
inerente a um Espírito
protetor “pertencente a uma
ordem elevada”. Se não o
for, o correto,
doutrinariamente falando, é
designá-lo como Espírito
protetor, protetor
espiritual ou expressão
equivalente.
Segundo o Espírito de
Georges, é nas fileiras dos
Espíritos puros que são
escolhidos os anjos de
guarda. “São eles os
ministros de Deus, que regem
os mundos inumeráveis”,
explicou Georges.
(Revista Espírita de 1860,
Edicel, p. 336.)
Nas considerações que fez, o
leitor mencionou o
depoimento dado pelo
Ministro Clarêncio em
resposta a uma pergunta
feita por André Luiz,
relatada no cap. XXXIII do
seu livro Entre a Terra e
o Céu.
Falando sobre anjos de
guarda, Clarêncio disse que
os Espíritos tutelares
encontram-se em todas as
esferas. Os anjos da sublime
vigilância seguem-nos a
longa estrada evolutiva e
desvelam-se por nós, dentro
das leis que nos regem;
todavia, não se pode
esquecer que nos
movimentamos todos em
círculos multidimensionais.
"A cadeia de ascensão do
espírito vai da intimidade
do abismo à suprema glória
celeste", acentuou o
Ministro. Plasmamos nossa
individualidade imperecível
no espaço e no tempo, ao
preço de continuadas e
difíceis experiências. "A
ideia de um ente divinizado
e perfeito, invariavelmente
ao nosso lado, ao dispor de
nossos caprichos ou ao sabor
de nossas dívidas, não
concorda com a justiça",
asseverou Clarêncio. "Que
governo terrestre –
ponderou o instrutor –
destacaria um de seus
ministros mais sábios e
especializados na garantia
do bem de todos para
colar-se, indefinidamente,
ao destino de um só homem,
quase sempre renitente
cultor de complicados
enigmas e necessitado, por
isso mesmo, das mais severas
lições da vida?".
Em seguida, para clarear
melhor sua explicação,
Clarêncio disse: "Anjo,
segundo a acepção justa do
termo, é mensageiro. Ora, há
mensageiros de todas as
condições e de todas as
procedências e, por isso, a
Antiguidade sempre admitiu a
existência de anjos bons e
anjos maus. Anjo de guarda,
desde as concepções
religiosas mais antigas, é
uma expressão que define o
Espírito celeste que vigia a
criatura em nome de Deus ou
pessoa que se devota
infinitamente a outra,
ajudando-a e defendendo-a.
Em qualquer região, convivem
conosco os Espíritos
familiares de nossa vida e
de nossa luta. Dos seres
mais embrutecidos aos mais
sublimados, temos a corrente
de amor, cujos elos podemos
simbolizar nas almas que se
querem ou que se afinam umas
com as outras, dentro da
infinita gradação do
progresso".
Fica muito claro, pelas
explicações de Clarêncio,
que existem Espíritos
protetores nos mais variados
graus evolutivos, desde os
seres mais adiantados até
aqueles que, próximos de
nós, ajudam-nos em nossa
caminhada, como se vê em
inúmeras passagens da
Revista Espírita e em obras
mediúnicas diversas,
especialmente as assinadas
por André Luiz.
Três exemplos podemos citar,
para ilustração do assunto:
1. Na Revista Espírita de
1863 (Edicel, pp. 86 a
89), Kardec transcreveu a
comunicação dada em Paris
pelo Espírito de Clara
Rivier, desencarnada aos dez
anos de idade. Enferma desde
a idade de quatro anos,
Clara foi um exemplo notável
de resignação diante da dor.
“Não temo a morte – dizia
ela – porque depois me está
reservada uma vida feliz.”
Na comunicação post mortem,
Clara explicou que fora seu
protetor espiritual quem a
confortou durante toda a
enfermidade.
2. No livro No Mundo
Maior (cap. 13, pp. 174
e 175), André Luiz menciona
o caso Antonina e a visita
que lhe foi feita por duas
entidades aureoladas de
intensa luz: Mariana, que
fora mãe de Antonina, e
Márcio, iluminado Espírito
ligado a ela, desde séculos
remotos. A atuação de ambos
foi fundamental na
recuperação da jovem, que
minutos atrás estava prestes
a cometer suicídio.
3. Na obra Missionários
da Luz (cap. 13), André
Luiz relata a reencarnação
de Segismundo e informa que
Herculano permaneceria em
definitivo junto do menino,
até que ele atingisse os
sete anos, ocasião em que o
processo reencarnatório
estaria consolidado. A
partir daí, sua tarefa de
amigo e orientador seria
amenizada, visto que
seguiria o amigo em sentido
mais distante.
A ação dos protetores
espirituais é mostrada em
inúmeros outros casos
mencionados na obra de André
Luiz, como, por exemplo, no
caso Percília-Cláudio (Sexo
e Destino, cap. VII e
XII), no caso
Margarida-Gúbio (Libertação,
cap. III) e no caso
Matilde-Gregório (Libertação,
cap. XX), o que nos permite
concluir, sem dúvida
nenhuma, que somos amparados
sim, no processo
reencarnatório, por
Espíritos protetores e
também, eventualmente, por
equipes socorristas, tal
como aprendemos na obra de
Kardec e nos livros que
compõem a chamada Série
André Luiz.
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