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O Espiritismo responde
Ano 7 - N° 338 - 17 de Novembro de 2013
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 
BLOG
ESPIRITISMO SÉCULO XXI
 


 
A leitora Lucia Batista, de Vitória (ES), em carta publicada nesta revista, enviou-nos o seguinte questionamento: 

Eu gostaria de sanar uma dúvida sobre algumas partes do livro "A Caminho da Luz". Fiquei confusa com a explicação de Emmanuel sobre "os primeiros habitantes da Terra" onde ele fala sobre a condensação da massa (protoplasma) dando origem ao núcleo (?) e iniciando-se as primeiras manifestações de vida. O que ele quis dizer com "núcleo"? É uma afirmação de que os primeiros seres seriam nucleados? O aparecimento dos seres menos complexos (anucleados, ex. bactérias) não seria o caminhar mais lógico da evolução? Esse texto não se contradiz com o seguinte, "A elaboração paciente das formas"? Desculpem-me pela ignorância e recorrer a este site, mas tentei pessoas próximas (espíritas) e cada uma tinha sua própria leitura e entendimento pessoais e, isto, só me confundiu mais ainda.

A leitora tem razão, porque se percebe com clareza que no texto de Emmanuel ocorre uma espécie de “salto” no tempo, quando ele alude à formação do núcleo celular, dando a entender que tal fato se deu antes do surgimento das primeiras manifestações de vida em nosso globo. O núcleo celular é, como se sabe, parte essencial da célula, limitada por uma membrana que contém o suco nuclear, a cromatina (substância corável) e os importantes elementos denominados cromossomos, portadores dos genes (pelos quais se assegura a transmissão da maior parte dos caracteres hereditários).

Eis o texto de Emmanuel mencionado pela leitora:

Daí a algum tempo, na crosta solidificada do planeta, como no fundo dos oceanos, podia-se observar a existência de um elemento viscoso que cobria toda a Terra. Estavam dados os primeiros passos no caminho da vida organizada. Com essa massa gelatinosa, nascia no orbe o protoplasma e, com ele, lançara Jesus à superfície do mundo o germe sagrado dos primeiros homens. (A Caminho da Luz, cap. I.)

Dizíamos que uma camada de matéria gelatinosa envolvera o orbe terreno em seus mais íntimos contornos. Essa matéria, amorfa e viscosa, era o celeiro sagrado das sementes da vida. O protoplasma foi o embrião de todas as organizações do globo terrestre, e, se essa matéria, sem forma definida, cobria a crosta solidificada do planeta, em breve a condensação da massa dava origem ao surgimento do núcleo, iniciando-se as primeiras manifestações dos seres vivos. (A Caminho da Luz, cap. II.)

Há no texto referência a um fato inquestionável: o papel do protoplasma como embrião de todas as organizações do globo. Ressalte-se que o termo “embrião” usado por Emmanuel significa causa, começo, origem, princípio.

Com efeito, lemos em A Evolução Anímica, de Gabriel Delanne:

Foi no seio tépido dos mares primitivos, sob a ação da luz, do calor e de uma pressão hoje difícil de reproduzir, que se formou uma massa viscosa, a que chamamos protoplasma, primeira manifestação da vida inteligente que se desenvolveu progressiva e paralelamente, dando origem a inumerável multidão de formas vegetais e animais, antes da aparição do homem. (A Evolução Anímica, pág. 238.)

A partir do protoplasma, dotado do indispensável material genético, surgiu a vida; mas a formação do núcleo celular deu-se algum tempo depois, tempo esse que não podemos, evidentemente, calcular nem estimar.

Consultamos a respeito do assunto vários colaboradores de nossa revista, dois deles com formação na área da Biologia.

Em síntese, com fundamento nos subsídios que colhemos, eis o que podemos dizer com relação à questão suscitada pela leitora:  

1. Na atmosfera primitiva existiam gases (carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio). Esses gases, sob a ação dos fenômenos atmosféricos (raios, relâmpagos, chuvas, variações de temperatura extremas), se juntaram e caíram na água sob a forma de uma gelatina (protoplasma) que continha material genético. Embora envolvido por uma membrana e contendo material genético, que lhe permitisse a reprodução, o protoplasma não tinha ainda um núcleo.

2. Ao longo dos milênios, o protoplasma foi emitindo prolongamentos, formando-se assim uma outra camada mais externa que passou a envolver todo o material anterior. Quando se formou a membrana mais externa, o material genético foi envolvido pela membrana inicial e deu-se então a formação do que hoje se chama núcleo.

3. Os primeiros seres vivos eram, portanto, anucleados de acordo com a concepção de núcleo que temos hoje. Contudo, apesar de não terem um núcleo, continham em si, graças ao protoplasma, material genético indispensável à sua existência.

4. Segundo o que se sabe hoje na Biologia, os primeiros seres vivos eram desprovidos de membrana nuclear. Continham material genético, graças ao protoplasma, mas não um núcleo celular verdadeiro.

5. Do protoplasma inicial ao surgimento do núcleo, como se vê, verificar-se-ia um longo processo, que não se dá nem poderia se dar da noite para o dia.

Esperamos que as explicações acima solucionem a dúvida proposta pela leitora.

 


 
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