A leitora Lucia Batista, de
Vitória (ES), em carta
publicada nesta revista,
enviou-nos o seguinte
questionamento:
Eu gostaria de sanar uma
dúvida sobre algumas partes
do livro "A Caminho da Luz".
Fiquei confusa com a
explicação de Emmanuel sobre
"os primeiros habitantes da
Terra" onde ele fala sobre a
condensação da massa
(protoplasma) dando origem
ao núcleo (?) e iniciando-se
as primeiras manifestações
de vida. O que ele quis
dizer com "núcleo"? É uma
afirmação de que os
primeiros seres seriam
nucleados? O aparecimento
dos seres menos complexos
(anucleados, ex. bactérias)
não seria o caminhar mais
lógico da evolução? Esse
texto não se contradiz com o
seguinte, "A elaboração
paciente das formas"?
Desculpem-me pela ignorância
e recorrer a este site, mas
tentei pessoas próximas
(espíritas) e cada uma tinha
sua própria leitura e
entendimento pessoais e,
isto, só me confundiu mais
ainda.
A leitora tem razão, porque
se percebe com clareza que
no texto de Emmanuel ocorre
uma espécie de “salto” no
tempo, quando ele alude à
formação do núcleo celular,
dando a entender que tal
fato se deu antes do
surgimento das primeiras
manifestações de vida em
nosso globo. O núcleo
celular é, como se sabe,
parte essencial da célula,
limitada por uma membrana
que contém o suco nuclear, a
cromatina (substância
corável) e os importantes
elementos denominados
cromossomos, portadores dos
genes (pelos quais se
assegura a transmissão da
maior parte dos caracteres
hereditários).
Eis o texto de Emmanuel
mencionado pela leitora:
Daí a algum tempo, na crosta
solidificada do planeta,
como no fundo dos oceanos,
podia-se observar a
existência de um elemento
viscoso que cobria toda a
Terra. Estavam dados os
primeiros passos no caminho
da vida organizada. Com essa
massa gelatinosa, nascia no
orbe o protoplasma e, com
ele, lançara Jesus à
superfície do mundo o germe
sagrado dos primeiros
homens. (A
Caminho da Luz,
cap. I.)
Dizíamos que uma camada de
matéria gelatinosa envolvera
o orbe terreno em seus mais
íntimos contornos. Essa
matéria, amorfa e viscosa,
era o celeiro sagrado das
sementes da vida. O
protoplasma foi o embrião de
todas as organizações do
globo terrestre, e, se essa
matéria, sem forma definida,
cobria a crosta solidificada
do planeta, em breve a
condensação da massa dava
origem ao surgimento do
núcleo, iniciando-se as
primeiras manifestações dos
seres vivos.
(A Caminho da Luz,
cap. II.)
Há no texto referência a um
fato inquestionável: o papel
do protoplasma como embrião
de todas as organizações do
globo. Ressalte-se que o
termo “embrião” usado por
Emmanuel significa causa,
começo, origem, princípio.
Com efeito, lemos em A
Evolução Anímica, de
Gabriel Delanne:
Foi no seio tépido dos mares
primitivos, sob a ação da
luz, do calor e de uma
pressão hoje difícil de
reproduzir, que se formou
uma massa viscosa, a que
chamamos protoplasma,
primeira manifestação da
vida inteligente que se
desenvolveu progressiva e
paralelamente, dando origem
a inumerável multidão de
formas vegetais e animais,
antes da aparição do homem.
(A Evolução Anímica,
pág. 238.)
A partir do protoplasma,
dotado do indispensável
material genético, surgiu a
vida; mas a formação do
núcleo celular deu-se algum
tempo depois, tempo esse que
não podemos, evidentemente,
calcular nem estimar.
Consultamos a respeito do
assunto vários colaboradores
de nossa revista, dois deles
com formação na área da
Biologia.
Em síntese, com fundamento
nos subsídios que colhemos,
eis o que podemos dizer com
relação à questão suscitada
pela leitora:
1. Na atmosfera primitiva
existiam gases (carbono,
hidrogênio, oxigênio e
nitrogênio). Esses gases,
sob a ação dos fenômenos
atmosféricos (raios,
relâmpagos, chuvas,
variações de temperatura
extremas), se juntaram e
caíram na água sob a forma
de uma gelatina
(protoplasma) que continha
material genético. Embora
envolvido por uma membrana e
contendo material genético,
que lhe permitisse a
reprodução, o protoplasma
não tinha ainda um núcleo.
2. Ao longo dos milênios, o
protoplasma foi emitindo
prolongamentos, formando-se
assim uma outra camada mais
externa que passou a
envolver todo o material
anterior. Quando se formou a
membrana mais externa, o
material genético foi
envolvido pela membrana
inicial e deu-se então a
formação do que hoje se
chama núcleo.
3. Os primeiros seres vivos
eram, portanto, anucleados
de acordo com a concepção de
núcleo que temos hoje.
Contudo, apesar de não terem
um núcleo, continham em si,
graças ao protoplasma,
material genético
indispensável à sua
existência.
4. Segundo o que se sabe
hoje na Biologia, os
primeiros seres vivos eram
desprovidos de membrana
nuclear. Continham material
genético, graças ao
protoplasma, mas não um
núcleo celular verdadeiro.
5. Do protoplasma inicial ao
surgimento do núcleo, como
se vê, verificar-se-ia um
longo processo, que não se
dá nem poderia se dar da
noite para o dia.
Esperamos que as explicações
acima solucionem a dúvida
proposta pela leitora.
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