Salvador é palco de mais uma edição do Movimento Você e a Paz

 O evento aconteceu em quatro encontros realizados em diferentes bairros da cidade, nos dias 12, 14, 15 e 19 de dezembro

O Movimento Você e a Paz é um movimento não religioso e apolítico. Foi idealizado e colocado em prática em 1998 pelo Professor Divaldo Pereira Franco, tornando-se, onde é apresentado, em um catalisador da divulgação da paz, em uma visão de não-violência, da paz interior. No período de 12 a 19 de dezembro de 2013, esse esforço por divulgar e motivar a construção da paz aconteceu em quatro encontros nos bairros de Salvador/BA. Privilegiando grupos ou pessoas artistas da Capital, os eventos foram precedidos de atividades artísticas diversas, que pelas suas características foram preparando as mentes e corações dos que estavam presentes para os momentos posteriores, sempre revestidos de mensagens esclarecedoras e construtoras da paz na intimidade de cada indivíduo.
 

Testemunhando sua dedicação em bem divulgar o Espiritismo, Divaldo Franco, com oitenta e seis anos de idade, e recém-chegado de um profícuo roteiro doutrinário pela Espanha e pelo Marrocos, cativou e motivou, com sua eloquência, os que o escutaram. Lideranças locais, quer do Movimento Espírita, quer da comunidade, estiveram presentes dando testemunho do esforço em prol da paz. Além do público, sempre em grande número, que para o local do evento se deslocou, havia outro, incontável, assistindo ao desenrolar das atividades através das janelas dos prédios próximos. Participaram dos eventos desta 16ª edição do Movimento Você e a Paz, em Salvador, caravanas oriundas de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Suíça, Suécia, Itália e Estados Unidos da América. Cidades do interior da Bahia também estiveram presentes. O 16º Movimento Você e a Paz foi realizado no dia 12 de dezembro na Praça do Imbuí; em 14/12 na Praça da Paz Celestial, Bairro da Paz, e no dia 15, no Dique do Tororó. O encerramento, em um magno evento, aconteceu no dia 19 na Praça Dois de Julho, ou Praça do Campo Grande. O dia 19 de dezembro é data oficial em Salvador, consagrada à promoção e divulgação da paz.  Atitudes de perdão e tolerância são promotoras da paz – Lideranças locais, como Ruth Brasil Mesquita e Marcel Mariano, se destacaram com suas mensagens enaltecendo e incentivando o esforço que cada indivíduo deve empreender para pacificar-se, construindo o sentimento de cidadania, de maternidade e paternidade responsável. Atitudes de amor ao próximo, de respeito ao indivíduo e à natureza, de perdão, de tolerância são promotoras da paz. Pacificar a mente para desenvolver hábitos de não-violência, quer no lar, quer na sociedade, desarmando-se intimamente, contribui para o desenvolvimento do potencial de amor que jaz latente em todos. Exemplos de personalidades que se destacaram pela promoção do indivíduo e pela construção de uma sociedade mais justa e humana foram destacados. Divaldo Franco, o Embaixador da Paz, notável conferencista internacional, médium espírita de grande envergadura, tem legado à humanidade um trabalho notável em favor do próximo. Seja através das obras assistenciais desenvolvidas no complexo Mansão do Caminho, seja por sua postura humanitária apresentando a proposta cristã, destacando o amor como medida de ação em relação ao próximo, a si mesmo e com Deus. Salientou que as emoções em desequilíbrio são suscetíveis de desencadear a violência em todos os seus matizes. Como o ser humano ainda não aprendeu a controlar suas emoções, relaciona-se com os demais de forma desarmônica, desequilibrada, gerando violência. Fatos cruciais se apresentam na vida de todas as criaturas, porém, somente o amor possui a força necessária para deter a violência. O amor é a emoção mais edificante. É	Divaldo na Praça do Imbuí
	Visita à Mansão do Caminho
	Crianças na Mansão do Caminho
	Público no Dique do Tororó
	Divaldo no Centro Espírita Caminho da Redenção
	Divaldo entrega troféu ao prefeito Antônio Carlos Magalhães Neto
	Divaldo na Praça do Campo Grande
	Divaldo e Nando Cordel na Praça do Campo Grande
possível ser feliz em todos os lugares onde o ser humano se encontra: basta ter a paz da consciência tranquila.

Evidenciando os efeitos e benefícios que a paz proporciona, Divaldo informou que, ao finalizar o evento do dia 14 de dezembro, na Praça da Paz Celestial, foi procurado por uma jovem que lhe disse que ao retornar para o seu lar iria perdoar ao um irmão com quem estava em desavença. Uma senhora disse-lhe que, antes de ouvir os pronunciamentos ali proferidos, tinha a intenção de, naquela noite, assassinar seu marido, alcoólatra e violento. Não mais o fará, pois que tomou a decisão de sair de casa, rompendo o conflitivo relacionamento.  

O encontro culminante ocorreu na Praça Dois de Julho – Ao embarcar no veículo que o levaria de retorno à Mansão do Caminho, onde reside, foi abordado, com ênfase, por um homem a dizer-lhe que, após ouvir a proposta da construção da paz, deixará o mundo das drogas, onde se destacava traficando. Os três lhe desejaram que fosse em paz e que havia valido a pena ele ter estado ali no bairro, levando a proposta da paz, rogando-lhe que voltasse mais vezes.

Parafraseando Martin Luther King Júnior, Divaldo disse ter um sonho. Um sonho de ver as criaturas serem fraternas, amáveis e amorosas, pacíficas. Narrando histórias de vítimas que perdoaram aos seus algozes, Divaldo indagou: Se a vítima fosse você, perdoaria? Você seria capaz de perdoar?

Finalmente chegou o grande dia do Movimento Você e a Paz. O ponto culminante. Na Praça Dois de Julho os preparativos foram hercúleos. Na manhã do dia 19 de dezembro Divaldo Franco foi entrevistado, ao vivo, no local do evento, pela Rede Bahia de Televisão, para o telejornal Bahia Meio Dia. Divaldo falou sobre o Movimento Você e a Paz, a Mansão do Caminho e sobre a proposta de paz que está sendo apresentada à sociedade, dizendo que o encontro do indivíduo com a própria consciência promove a paz no lar e em todo o lugar onde possa estar.

Na hora aprazada tudo estava pronto, a praça muito bem decorada, o palco impecável, o ânimo revigorado ante a expectativa do evento que se realizaria dentro de breves instantes. Antecedendo o grande momento, diversas apresentações musicais possibilitaram a animação e a motivação do público. O ápice desse momento foi a apresentação primorosa de Nando Cordel, interagindo com os presentes através de suas canções. A Banda dos Fuzileiros Navais do 2º Distrito Naval da Marinha do Brasil, fazendo a abertura oficial do evento, executou o Hino Nacional e o da cidade de Salvador-BA.

Estavam presentes as representantes do Movimento Espírita da Suécia, Eliane Dahre; da Itália, Regina Zanella; e da Suíça, Sara Schlumph, bem como as caravanas de Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e de inúmeras cidades do interior da Bahia. O público tomou conta da praça desde cedo, ávido por ouvir e compartilhar a proposta da paz.  

A lição de Gandhi a um soldado britânico que o esbofeteou – A premiação com o Troféu Você e a Paz teve início quando Divaldo Franco ofertou-o ao Prefeito Antônio Carlos Magalhães Neto. As palavras do Prefeito foram de gratidão ao trabalho desenvolvido por Divaldo em favor da cidade de Salvador e do Estado da Bahia, construindo um futuro melhor, levando ao coração de todos a mensagem da paz. O próximo agraciado foi o Superintendente de Trânsito e Transporte de Salvador, Fabrízzio Müller Martinez, pelo lançamento da campanha A Paz no Trânsito Começa em Mim. Na área pública, ainda, foi agraciado o Secretário Ivanilson Gomes, da Secretaria Cidade Sustentável, pelo lançamento da campanha Você e a Paz no Trânsito.

Na categoria personalidade física que se doa, receberam a homenagem a Professora Leda Jesuíno dos Santos, pelos serviços prestados à educação; a Professora Cybele Amado de Oliveira, através do trabalho realizado no Instituto Chapada de Educação e Pesquisa; o Jornalista Raimundo Oliveira, pela excelência na produção jornalística; o Doutor Manoel Dias da Purificação Neto, pelo Projeto Educação e Justiça para a Paz.

Na categoria instituição que realiza, os agraciados foram: Projeto Santo Antônio de Música; a Mansão do Caminho; a Escola Mãe Hilda, do Ilê Aiyê; o Projeto Campo da Paz; o Fórum Permanente de Entidades do Bairro da Paz; e a Fábrica Atol, das Indústrias Ypê, pelo desenvolvimento do ensino na própria fábrica.

André Luiz Peixinho, Presidente da Federação Espírita do Estado da Bahia, homenageou a Nilson de Souza Pereira, recentemente desencarnado, destacando a mensagem do amor que se transforma em paz. Demonstrou sua gratidão aos promotores da paz de todas as épocas da humanidade, sublinhando Jesus, que ensinou aos homens doarem-se pelo bem do outro, do coletivo, e que de forma espetacular legou à Humanidade a mensagem da paz, do amor.

Ruth Brasil Mesquita destacou a personalidade e as ações de não-violência de Mahatma Gandhi ao narrar o episódio em que fora esbofeteado por um soldado britânico, que após lhe bater por três vezes, indagou: - Quem te ensinou a ser tão vil? Gandhi, apontando o crucifixo que o soldado carregava preso a uma corrente no pescoço, disse-lhe: Foi esse aí que tu o tens crucificado.  

O caso da enfermeira que tratou do seu algoz nazista – A paz não é bater-se contra a violência, mas o uso da não-violência. Homenageou todas as mulheres que promoveram a paz, ao passo que concitava as presentes a desenvolverem atitudes de paz em suas atividades no lar ou fora dele. Como exemplo de mulher pacífica enalteceu o trabalho desenvolvido pela baiana Amélia Rodrigues.

Marcel Mariano homenageou o Monsenhor Gaspar Sadoc, figura sempre presente em eventos anteriores do Movimento Você e a Paz, que com sabedoria e oratória eloquente apresentava a proposta da paz. Marcel conclamou os presentes a fazerem uma retrospectiva das atividades e atitudes desenvolvidas nesse ano que se finda. Almejou que o saldo possa ser de ações de paz e pacificadoras, e que a violência possa ter sido de menor intensidade, ou nula. Desejou que o ser humano possa valorizar a mensagem de Jesus, envolvendo-se em atitudes de paz.

O aguardado orador da noite, Divaldo Pereira Franco, idealizador do Movimento Você e a Paz, narrou um episódio ocorrido com Simon Wiesenthal (1908/2005) no campo de concentração Mauthausen, na Áustria, durante a Segunda Guerra Mundial. Certo dia foi procurado por uma enfermeira que lhe ordenou visitar um enfermo. Era um jovem oficial da Gestapo, coberto de ataduras, seriamente ferido. Era Karl Silberbauer, já em seus últimos dias de vida, que desejava pedir perdão a um judeu. Tendo sido educado em família cristã, Silberbauer motivou-se pela proposta de Hitler, seguindo-o. Cometera inúmeros crimes contra os judeus, narrando-os a Simon Wiesenthal, implorando-lhe o perdão. Simon não lhe respondeu, afastando-se, tão somente. Simon Wiesenthal dedicou sua vida a localizar, identificar e levar à justiça criminosos nazistas. Se você fosse Simon Wiesenthal, você perdoaria a Karl Silberbauer? - indagou o Embaixador da Paz.

Em outro episódio envolvendo algoz e vítima, Divaldo destacou a ação inversa, ou seja, a vítima que, por ter-se tornado enfermeira, cuidou zelosamente de seu algoz enfermo, que ela reconhecera, dedicando-se a fazer com que ele recuperasse a saúde. Quando o paciente deixou o hospital, por estar recuperado, ela se fez reconhecer, perdoando-o. Você perdoaria o seu algoz? - voltou a perguntar Divaldo. 

A violência começa pela falta de amor nos lares – O perdão precisa imperar no coração do ser humano. Sem ele não há paz. O homem esqueceu o endereço da própria realidade, arma-se cada vez mais, ao passo que deveria amar conforme solicita Jesus. A insensibilidade alcança níveis inimagináveis, pois que a violência já não choca, não estarrece, não escandaliza. Sempre que o homem silencia ante um ato de violência, reforça-a, dá-lhe estímulo. A não-violência não é cruzar os braços, deixando-a tomar conta de nossas vidas. É agir na prática da compreensão, da doçura, da afabilidade, do amor ao próximo e a si mesmo. A não-violência é a possibilidade de acariciar o necessitado, o excluído, o desvalido, aprendendo a amar.

A violência começa pela falta de amor nos lares. A família deve ser reforçada pela educação ético-moral, pelo desenvolvimento do amor mútuo entre seus membros. As misérias sociais, seja no campo social, político ou familiar, encontram suas raízes no desrespeito e no desamor nas famílias. Divaldo destacou, ainda, a grande importância que tem a família na construção de uma sociedade mais fraterna, pacífica. Se o ser humano desse mais atenção ao Sermão da Montanha, estaria em condições muito melhores, mais pacificado.

Entre outras considerações sobre a construção da paz, Divaldo Franco estimulou a que todos busquemos aprender a amar dentro do próprio lar, substituindo a violência pelo amor, pela afabilidade, pela ternura, pela dulcificação dos sentimentos, pelo perdão.

Assim encerrou-se mais um memorável evento em prol da paz. Todos, muito emocionados e estimulados à prática da paz, cantaram em coro com Nando Cordel, a canção Paz pela Paz. Os aplausos se fizeram presentes em muitos momentos no transcurso dos pronunciamentos, repetindo-se com muita intensidade ao final. Muitos, vertendo lágrimas, deixavam transparecer que as mensagens apresentadas encontraram eco naqueles corações e mentes, todos motivados para a prática da não-violência, pela paz. As emoções e sentimentos nobres e serenos se exteriorizavam nos olhos e nos olhares que transmitiam o desejo de abandonar as práticas beligerantes cotidianas, para construir com nobreza a paz íntima. Valeu a pena! Foi magnífico! Construamos, portanto, a paz. Com essas emoções o 16º Movimento e a Paz encerrado. Rogando bênçãos, externamos nossa gratidão à Divaldo Franco e à sua equipe laboriosa. 

Divaldo narra uma história passada na antiga Pérsia – No Centro Espírita Caminho da Redenção, às 20h, Divaldo Franco, sempre que está em Salvador, profere a conferência hebdomadária. Compuseram a mesa diretiva, além do destacado orador, o Presidente do Centro Espírita Caminho da Redenção, Demétrio Ataíde Lisboa, a representante das caravanas presentes, Nivalda Steffens, a Presidente da Federação Espírita da Suécia, Eliane Dahre, e o Dr. Marcos Alberto da Costa Machado Jr., que lançou naquela oportunidade o livro Viajando com Gaivota.

Marcos Alberto da Costa Machado Jr. é natural de Salvador-BA e sua atividade profissional é a medicina radiológica. Admirando e conhecendo Divaldo Franco, tornou-se espírita desde a sua adolescência, passando a escrever poemas e poesias. Viajando com Gaivota é a sua primeira obra, que apresenta oportunidades à reflexão sobre o viver plenamente ante a morte. Nessa obra é abordado o tema morte, assunto que muitos preferem ignorar. O autor procura fazer um alerta para a necessidade de uma preparação para receber e aceitar a morte com serenidade, resignação, fé e esperança. O autor sintetiza sua obra em uma frase: A vida é plena quando estamos prontos para a morte. A frase é, também, uma advertência.

Na palestra, Divaldo, ao narrar uma história sobre a antiga Pérsia, destacou a necessidade de o ser humano descobrir as suas riquezas íntimas, como os seus dons, suas faculdades, seus sentimentos bons, seus pendores para amar. Tais quais diamantes, elas podem fazer de todo homem alguém muito rico. Rico de virtudes nobres, de valores morais elevados. A história refere-se a Ali Hafeld, e a mina é a Golconda, a maior mina de diamantes do planeta. Ali Hafeld morava sobre os diamantes dessa mina, mas, como queria ficar rico e ser feliz, e desconhecendo a riqueza material que jazia sob seus pés, foi buscá-la, tanto quanto a felicidade que almejava, longe dali, nos grandes rios do mundo, tal qual grande número de criaturas humanas reencarnadas em nosso planeta Terra, esquecidos de que a verdadeira riqueza e a felicidade estão na intimidade de si mesmo.

Assim, incentivou a cada um esforçar-se para descobrir a fabulosa mina íntima - o coração enternecido, amoroso -, ao contrário de procurar os diamantes fora de si mesmo. A vida, disse, é uma longa viagem à intimidade de si mesmo visando encontrar a rica mina ali existente. Todo o cristão possui o mapa, por assim dizer, para encontrar o tesouro íntimo: o Evangelho de Jesus Cristo. Aprender a desapegar-se das coisas, dos prazeres humanos e mundanos facilita o autoencontro. O Evangelho segundo o Espiritismo é um tesouro incalculável. Suas letras se assemelham a fulgurantes diamantes, salientou o incansável semeador da Boa Nova. Na Doutrina Espírita estão as respostas para todas as questões da vida e, também, para tranquilizar a alma. Finalizou sua magnífica conferência advertindo-nos para não deixarmos que o mal dos maus nos faça mal, não aceitando a provocação dos maus. 

Visita à Mansão do Caminho – Num dos intervalos entre um evento e outro, Divaldo Franco recebeu no dia 14 de dezembro, na Mansão do Caminho, um grupo de visitantes oriundos de Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul e Zurique (Suíça) para um encontro informal e para um lanche, primorosamente preparado e servido por ele mesmo e pelas suas dedicadas auxiliares. O encontro transcorreu de forma animada, alegre, em uma autêntica confraternização entre amigos.

Nota do Autor: 

As fotos que ilustram esta reportagem foram feitas por Jorge Moehlecke.