Na semana passada publicamos
um conto escrito pelo famoso
escritor Humberto de Campos
através da mediunidade de
nosso Chico. Nesta semana
apresentaremos uma crônica
escrita pelo mesmo autor,
quando este ainda estava
encarnado, crônica essa que
foi publicada pelo “Diário
Carioca” com o título
“Poetas do outro mundo”, em
que ele fala de sua opinião
sobre o jovem médium, com
vinte e dois anos na época,
que recebeu mensagens de
vários poetas conhecidos e
consagrados, culminando com
o livro “Parnaso de
Além-Túmulo”, editado pela
Federação Espírita
Brasileira.
Vejamos dois parágrafos em
que ele trata do assunto:
“Lidando nesta vida com os
espíritos medíocres que
frequentam a casa de
comércio em que trabalha,
resolveu Francisco Cândido
Xavier tornar-se mais
exigente no reino das
sombras, buscando nele, para
conversar, inteligências
superiores, homens de letras
e especialmente poetas que
já haviam passado por este
mundo. Nessas palestras em
que a boca se mantinha em
silêncio, transmitiam-lhe os
seus novos amigos algumas
poesias elaboradas depois de
desencarnados, e que o jovem
caixeiro de Pedro Leopoldo
ia escrevendo mecanicamente,
sem esforço do braço ou da
imaginação. Esses espíritos
eram ordinariamente Guerra
Junqueiro, Antero de
Quental, Augusto dos Anjos,
Castro Alves, Casimiro de
Abreu, João de Deus, Auta de
Souza, Pedro II, Souza
Caldas, Júlio Diniz, Cruz e
Souza e Casimiro Cunha,
poeta vassourense. Às vezes
aparecia, também, um
anônimo, cuja modéstia não
desaparecera nem no outro
mundo”.
E, no final da crônica, fala
da possível autenticidade
das comunicações:
“Eu faltaria, entretanto, ao
que me é imposto pela
consciência, se não
confessasse que, fazendo
versos pela pena do Sr.
Francisco Cândido Xavier, os
poetas de que ele é
intérprete apresentam as
mesmas características de
inspiração e de expressão
que os identificavam neste
planeta. Os temas abordados
são os que os preocupavam em
vida. O gosto é o mesmo. E o
verso obedece,
ordinariamente, à mesma
pauta musical. Frouxo e
ingênuo em Casimiro, largo e
sonoro em Castro Alves,
sarcástico e variado em
Junqueiro, fúnebre e grave
em Antero, filosófico e
profundo em Augusto dos
Anjos – sente-se ao ler cada
um dos autores que veio do
outro mundo para contar,
neste instante, a inclinação
do Sr. Francisco Cândido
Xavier para descrever 'À La
manière de...', ou para
traduzir o que aqueles altos
espíritos sopraram ao seu”.
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