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Crônicas e Artigos

Ano 7 - N° 348 - 2 de Fevereiro de 2014

ALESSANDRO VIANA VIEIRA DE PAULA
vianapaula@uol.com.br
Itapetininga, SP(Brasil)

 
 


Genética sem alma


Analisando os avanços da ciência nas últimas décadas, identificamos a existência de inúmeras descobertas que contribuíram para a melhoria da qualidade de vida, seja no campo da longevidade, seja na área da erradicação e do controle de doenças, sendo que a ciência atual tem oferecido um leque enorme de opções para a criatura humana, inclusive na área da genética. 

Sabe-se que a genética é o ramo da biologia que estuda a hereditariedade e tudo que esteja relacionado com a mesma.

Nesse aspecto em particular, o Espiritismo, em razão de seu conteúdo moral e por tratar das questões do Espírito, permite-nos uma avaliação mais profunda dos avanços científicos, orientando-nos acerca do que nos é lícito escolher, sem que haja comprometimento com as leis divinas.

Assisti um documentário sobre a possibilidade da escolha do sexo do bebê, que é oferecida por uma clínica médica existente nos Estados Unidos. Aliás, afirmou-se que essa escolha também se estende a outros aspectos da hereditariedade, tais como, corpo saudável, cor dos olhos, da pele e do cabelo. Parece-me que, nos próximos anos, tais escolhas estarão acessíveis a todos.

Um dos cientistas que foi entrevistado chegou a afirmar que: “Temos que eliminar o acaso”.

 A clínica também coleta espermas e óvulos, que são previamente analisados, afastando-se aqueles que podem gerar corpos doentes, e após a fecundação em laboratório, vendem esses embriões saudáveis para casais interessados.

Anote-se que essas ofertas da ciência geram uma expectativa imensa à criatura humana e causam um impacto emocional, induzindo-nos a fazer essas escolhas por eliminar o “acaso” e as nossas inseguranças.

Entretanto, à luz da religião espírita, essas ofertas genéticas desconsideram a pré-existência do Espírito, a lei de causa e efeito, e o perispírito como agente modelador do corpo físico.

O Espírito, após ser criado por Deus e através da lei divina da reencarnação, estagia por milhares de anos nos reinos inferiores da criação (mineral, vegetal e animal) e chega ao reino hominal, onde adquire consciência e racionalidade, passando, paulatinamente, a entender a meta da vida, que é a busca da perfeição relativa através do desenvolvimento dos potenciais divinos que jazem dentro dele.

Dessa forma, percebe-se que o Espírito, ao reencarnar-se, vinculando-se ao corpo físico no momento da concepção, já possui uma vasta história pautada por conquistas positivas e desacertos, por luzes e trevas, tanto no campo da intelectualidade como na área da moralidade, notadamente em razão das vivências no reino hominal, de tal sorte que suas escolhas em relação à próxima vida no corpo, nos períodos que antecedem as reencarnações, na erraticidade, visam seu progresso espiritual e a conquista da verdadeira felicidade.

Registre-se que o planejamento reencarnatório algumas vezes é feito por benfeitores espirituais, quando o Espírito que vai reencarnar não tem lucidez e maturidade para fazer as escolhas, sendo que em outras situações, quando o Espírito tem estrutura emocional para deliberar sobre as questões relevantes que dizem respeito às ocorrências que surgirão no cenário físico, ele faz as escolhas auxiliado por amigos espirituais mais evoluídos.

O fato é que, tanto na primeira como na segunda situação, são feitas diversas escolhas visando o melhor para o processo educacional do Espírito que irá reencarnar.

Essas escolhas estão submetidas à lei de causa e efeito, isto é, não são livres a ponto de permitir qualquer tipo de opção. O Espírito sente a necessidade de reparar os males causados em outras vidas e faz suas escolhas expiatórias, ou deseja fomentar o fortalecimento de seu caráter que o ajudará na conquista ou na ampliação de determinada virtude, vindo a fazer escolhas provacionais.

As suas escolhas, por exemplo, podem envolver um corpo doente ou saudável; doenças que existirão desde o nascimento ou que surgirão no decorrer da vida física; experiências num corpo masculino ou feminino; e outras deliberações pertinentes ao seu processo de autoiluminação.

Enfatize-se que as escolhas do Espírito, mormente aquelas relacionadas ao sexo e as condições de saúde, serão moldadas em seu perispírito, que agirá como modelador do futuro corpo físico.

Sabemos que o perispírito liga-se ao corpo físico, célula a célula, imprimindo nele o planejamento feito na espiritualidade superior, tudo em benefício do Espírito, da sua evolução.  

Assim sendo, denota-se claramente que a expressão “eliminar o acaso” não tem o menor fundamento, porque não há acaso, mas escolhas lúcidas concretizadas em prol da evolução espiritual daqueles que regressam ao corpo físico.

Nesse sentido, mesmo com a oferta da ciência, não deveremos escolher o sexo do bebê, porque o Espírito que renascerá terá o corpo que melhor atende suas necessidades evolutivas.

Imiscuir-se nessa área será criar um risco desnecessário ao desenvolvimento espiritual daquele que está retornando ao cenário carnal, haja vista que vivenciará uma situação diversa daquela que foi planejada.

Recomendo a leitura do capítulo “Mudança de sexo” existente no livro “Dias Gloriosos”, do médium Divaldo Pereira Franco, onde a benfeitora Joanna de Ângelis assevera que:

“É natural que se tenha opção por essa ou aquela expressão sexual para o ser amado; no entanto, não deve ser tão preponderante que, em se apresentando diferente do que se deseja, o amor sofra efeitos negativos...Não obstante, porque fora da programação evolutivo do Espírito, essa mudança pode trazer-lhe prejuízos emocionais e comportamentais”.

Nessa mesma linha de raciocínio, observo que não adiantará a escolha de um embrião saudável, porque, se necessário para o Espírito, a matriz da doença estará no corpo espiritual, fazendo com que ela surja no momento adequado, gerando aprendizado para a família e para o Espírito que vivencia a enfermidade.

Conclui-se, portanto, que deveremos nos abster dessa ingerência externa oferecida pela ciência, respeitando-se as escolhas do Espírito, que pré-existe ao corpo físico, sendo que deveremos agir em nome do legítimo amor, “impulsionando o Espírito pelo rumo bem orientado, pelo qual atingirá a meta para cujo fim se encontra reencarnado” (Joanna de Ângelis).    

 

 

 

 


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O Consolador
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