Um colaborador de nossa
revista dirigiu-nos a
seguinte pergunta:
Há articulistas que
costumeiramente escrevem as
palavras “Espírito” e
“Espiritismo” grafando-as
com a inicial minúscula:
“espírito” e “espiritismo”.
Na revista “O Consolador”
temos visto que a forma
adotada é a primeira,
sobretudo nas matérias de
autoria da equipe de
redação. Afinal, qual é o
procedimento correto?
A pergunta, cujo conteúdo já
foi examinado nesta revista,
veio a propósito, porque uma
das tarefas mais repetitivas
executadas por nossos
revisores é exatamente
corrigir os textos de
articulistas e
entrevistadores que grafam
“espírito” e “espiritismo”,
com inicial minúscula.
Trata-se de um equívoco que
não se justifica na conduta
de quem já leu Allan Kardec.
Observe o leitor as questões
abaixo reproduzidas,
constantes d´O Livro dos
Espíritos:
27. Há então dois elementos
gerais do Universo: a
matéria e o espírito? “Sim e
acima de tudo Deus, o
criador, o pai de todas as
coisas. Deus,
espírito e matéria
constituem o princípio de
tudo o que existe, a
trindade universal.(...)”
76. Que definição se pode
dar dos Espíritos? “Pode
dizer-se que os Espíritos
são os seres inteligentes da
criação. Povoam o Universo,
fora do mundo material.”
Nota de Kardec: A palavra
Espírito é empregada
aqui para designar as
individualidades dos seres
extracorpóreos e não mais o
elemento inteligente do
Universo. (Grifamos.)
A grafia de Espírito, quando
empregada para designar os
seres extracorpóreos, foi
utilizada pelo Codificador
do Espiritismo sempre dessa
forma, com a inicial
maiúscula, com o objetivo
evidente de distinguir
“Espírito” (ser
extracorpóreo) de “espírito”
(elemento inteligente,
referido na questão n. 27
acima transcrita).
Estabelecida pelo
Codificador e fundada numa
necessidade real, decorrente
da pobreza da linguagem
humana, que utiliza uma
mesma palavra para designar
coisas diferentes, não há
motivo real para que não
observemos tal proposta. E é
exatamente por isso que
nesta revista os seres
inteligentes da Criação são
sempre designados desta
forma: Espíritos.
*
No tocante à palavra
Espiritismo, são as normas
da Academia que determinam
seja ela grafada com inicial
maiúscula. Em qualquer livro
que reproduza tais normas,
leremos:
Emprega-se a letra inicial
maiúscula nos seguintes
casos:
a) Nos substantivos próprios
(nomes de pessoas,
topônimos, denominações
religiosas e políticas,
nomes sagrados e ligados a
religiões, entidades
mitológicas e astronômicas,
altos conceitos
nacionalistas). Exemplos:
Igreja Católica Apostólica
Romana, Igreja Ortodoxa
Russa, Partido Verde, União
Nacional dos Estudantes,
Cristo, Buda, Alá; Apolo,
Zeus, Afrodite, Terra, Via
Láctea, Nação, Estado,
Pátria etc.
b) Nos nomes que designam
artes, ciências, ou
disciplinas, bem como nos
que sintetizam, em sentido
elevado, as manifestações do
engenho e do saber.
Exemplos: Agricultura,
Arquitetura, Educação
Física, Filologia
Portuguesa, Direito,
Medicina, Engenharia,
História do Brasil,
Geografia, Matemática,
Pintura, Arte, Ciência,
Cultura etc.
Seja com base na regra “a”,
seja com base na regra “b”,
a palavra Espiritismo se
enquadra perfeitamente nas
normas da Academia, não
existindo razão nenhuma para
que inventemos um modo
próprio de grafá-la.
Perguntamos certa vez a
Luciano dos Anjos, conhecido
escritor e jornalista, por
que insistia ele, nos seus
artigos, grafar
“espiritismo” assim, com
inicial minúscula.
Luciano respondeu-nos nestes
termos:
Você está certo. Espiritismo
deveria ser grafado com
maiúscula. No entanto, houve
sempre uma “rebelião” dos
jornalistas profissionais
que, na quase totalidade,
não aceitavam essa regra,
rebelião estendida a alguns
outros vocábulos, como
títulos honoríficos,
autoridades políticas e
religiosas, patentes
militares e pronomes de
tratamento (dr. general,
brigadeiro, professor,
etc.), nomes de logradouros
(rua, praça, largo, avenida,
beco, etc.), de correntes
religiosas, filosóficas,
etc. Atualmente, com esse
último acordo (que, de minha
parte, reputo horroroso), a
imprensa resolveu seguir
mais as regras; ainda assim,
com algumas exceções, em
particular quando se trata
de texto assinado por
colunistas. (Luciano dos
Anjos, em 8 de fevereiro de
2012.)