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Crônicas e Artigos

Ano 7 - N° 350 - 16 de Fevereiro de 2014

CHRISTINA NUNES
meridius@superig.com.br
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)

 
 

O nosso Montségur


Este ano, minha viagem de férias vem sendo andar de um lado para outro, para resolver pequenos assuntos domésticos empurrados para depois pela correria do dia a dia ao longo do ano. Mas como da correria sobram os preciosos momentos para descanso e reflexão, aproveitei uma dessas paradas para me deixar atrair por uma viagem realizada de modo diferente, e a um lugar para onde, por razões de ordem espiritual, meu íntimo vem se sentindo magnetizado a cada semana e com maior intensidade: Montségur, no sul da França.

Ontem, por um acaso aparente, diante da internet ligada no meu laptop, dei com o ícone do Google Earth e, obedecendo a um impulso inusitado, cliquei e abri a ferramenta, digitando para pesquisa, sem pensar, o nome do legendário lugar do Languedoc onde, outrora, a melhor qualidade de cristãos existentes há cerca de setecentos anos floresceu, na longínqua região francesa, tendo sido, literalmente, incinerados pelas cruzadas católicas, apenas por compreender Jesus e Sua mensagem do modo mais simples como todos deveríamos entender até aos dias de hoje.

Viviam naqueles lugares verdejantes, pacificamente, em harmonia cotidiana com uma variegada vertente do pensamento humano; com respeito por todos, sem discriminar as mulheres no exercício da fé cristã; desprezando as pompas e sacramentos católicos, já totalmente discrepantes para com a essência da Mensagem do Cristo; e, assim despojados das excrescências dogmáticas vigentes no poder religioso daqueles dias, atraíam para a sua causa, por consequência natural, a simpatia e adesão espontânea de representantes de todas as camadas da sociedade, das mais humildes até as que, e embora de forma sutil, os acolhiam e adotavam seu exercício de fé nas rodas da nobreza.

Sabiam, pois, da realidade da reencarnação, e dela falavam com naturalidade às suas crianças. Recusavam o batismo tradicional católico e vários dos sacramentos mais importantes de sua ritualística. Viviam, portanto, e em meio aos aromas montanheses de uma vida simples, a amorosa, harmônica simplicidade original da doutrina que, séculos antes, nos fora legada como joia preciosa por Jesus. Mas, naturalmente, por conseguinte, e tendo aos poucos cativado um círculo crescente de adeptos, terminaram por atrair, da parte do alto clero católico, de início, uma desconfiança vigilante, que desaguou em crescente hostilidade, temerosa da perda de um poder temporal e material do qual a Igreja não tinha a menor intenção de barganhar com qualquer rival, mesmo que fosse no território da fé - embora não tivessem, estes cristãos humildes, muitos deles tecelões, trovadores, gente do povo, e em nenhum momento declarado alguma intenção de disputa política ou religiosa. A igreja cátara possuía crentes e os denominados parfaits, homens e mulheres, os exemplificadores e doutrinadores de sua fé. E somente que se recusavam a dobrar sua conduta às imposições rígidas de uma Igreja que, ostensivamente, favorecia os que lhes serviam aos vultosos interesses materiais, distanciados, de forma completa, daquilo que outrora fora a Mensagem original de Jesus, sustentada nos primeiros tempos do apostolado cristão.

Refiro-me, aqui, portanto, a esses cátaros - uma civilização dotada de valores e parâmetros espirituais preciosos que, por infelicidade, teve ceifada de maneira brutal o seu hálito do amor genuinamente cristão inerente a uma compreensão de vida que, tivesse florescido como merecia ao longo do tempo, e teríamos, talvez, hoje, um pensamento e conduta mais condizentes com aquilo que Jesus almejava para o mundo durante a sua rápida passagem nos cenários terrestres.

Este generoso e avançado povo, portanto, vivia nesta região do sul da França onde, até hoje, como ícone sagrado, permanece a fortaleza retratada acima, neste artigo - em Montségur -, naqueles dias, refúgio dos mártires, que, às centenas, mulheres, homens e crianças foram incinerados vivos em fogueiras ardentes pela selvageria dos exércitos cruzados, sob o patrocínio ideológico do Papa Inocêncio III.

Diante do laptop ligado, portanto, ocorreu-me inusitadamente que, se por enquanto não posso ver satisfeito meu anseio interior de visitar este lugar de significado sagrado ao meu coração e repertório evolutivo, poderia atendê-lo parcialmente, recorrendo a esta ferramenta útil da tecnologia atual, lançando-me a uma viagem virtual que me situasse diante deste monumento representativo da mais genuína cristandade, outrora presente no repertório histórico da humanidade. E a iniciativa não poderia ter sido mais bem-sucedida! Porque me bastou principiar, pela Street View, a visita contemplativa dos caminhos ascendentes que contornam a serra monumental - para minha grande surpresa, de vez que não a supunha tão elevada com base nas fotografias conhecidas de algumas semanas para cá! - para que sensações de ordem íntima despertassem com espontânea intensidade!

Onde anteriormente já percorrera, in loco, caminhos tão absolutamente semelhantes aqui, na minha cidade natal, o Rio de Janeiro? Caminhos de beleza arrebatadora, com paradas em mirantes que dão para as paisagens citadinas, ou para colinas e montes em níveis a cada vez mais diminutos, vistos de cima; estradas bordadas por verde luxuriante, serpenteando a colossal serra rica em vegetação relvada ou florestal, ao longo das quais, em cada trecho, entrevemos, cada vez mais próximo, o vulto imponente, impressionante, de braços abertos, como se para acolher em gigantesco e confraterno abraço toda uma imensa cidade com milhões de habitante na atualidade...

Como se para acolher o país - toda uma humanidade, cujos visitantes, em todas as épocas do ano, lá comparecem a passeio turístico, para se encantar, emocionar e embevecer com a beleza imensa, indescritível do cenário paradisíaco descortinado das alturas azulíneas dos céus do Rio de Janeiro!

Cristo Redentor!...

Impressionante, às minhas impressões mais imediatas, a semelhança frontal com o trajeto da serra do Languedoc francês, não somente no quadro significativo, mas, sobretudo, das emoções experimentadas, mesmo que durante um passeio virtual!

O silêncio majestoso da estátua do Cristo nos segredando, ainda e agora, após tantos séculos, a respeito de simplicidade, de paz, de harmonia entre todos os povos, cujos representantes incessantemente se fazem presentes em visita às alturas frescas e perfumadas do morro do Corcovado! O distanciamento das agitações então mudas, inofensivas, avistadas lá embaixo, nos emprestando, tão longe, ao abrigo das energias daquele lugar, a sensação de segurança espiritual genuína, como se a nos confidenciar que, acima e para além de todos os desafios, riscos e ameaças ao longo do emaranhado confuso dos nossos caminhos, permanece o porto seguro do amparo e dos recursos da Providência divina, beneficiando, indistintamente, todos os seres de Sua Criação!

O nosso Montségur!...

Com natural espontaneidade, ontem, emergiu à minha compreensão a razão da emoção quase desarrazoada que experimentei a cada uma das visitas que fiz ao monumento do Senhor, ao longo da presente reencarnação. O porquê, que não conseguia explicar nem a mim mesma, daquelas fortes emoções, confusas, indistintas, banhadas em lágrimas por vezes quase convulsas, enquanto contemplava, das alturas daquela serra sagrada do Rio, ora o semblante pacífico, sereno do monumento crístico, ora os cenários então inofensivos, lá embaixo! Silenciosos, límpidos, em meio aos ventos frescos e perfumados de muitas manhãs ou tardes ensolaradas!

É o meu Montségur!

Era a cátara recordando, embora durante muito tempo sem compreender, paisagens espantosamente semelhantes, em aparência e, sobretudo, em significado espiritual!

N'alguma vez li em textos espíritas que centenas de milhares de franceses reencarnaram no Brasil após a revolução francesa, por acordo de ordem superior com Jesus, governador planetário, e com os mentores maiores das nacionalidades do mundo; haviam de se encaminhar a estas terras, para salvaguarda da paz e dos caminhos evolutivos de um sem-número de almas ressentidas, os Espíritos necessitados de uma renovação de rumos que os desviasse de maiores desgovernos a pulso de vingança ou de rancor em novas reencarnações nas terras do venerado mestre de Lion, veículo futuro da Doutrina dos Espíritos, assegurando, também, e desta forma, a acolhida confraterna dos planos amorosos de Jesus, no sentido de que fosse o Brasil, por sintonia espontânea, uma hospedagem amistosa aos ensinamentos do Seu prometido Consolador!

Cala-me a certeza, contudo, de que não apenas originários do capítulo difícil da Revolução, são estas almas conturbadas e necessitadas de alento para um novo impulso em seus rumos, que as distanciem das reminiscências dos episódios dolorosos sofridos ao longo da História. Penso que a migração terapêutica, curativa, com origens nas diretrizes celestes, datam de mais tempo. Datam das dores excruciantes de Montségur!

Abençoada seja, assim, esta pátria, que nos ofereceu, a tantos, a bênção da redenção, da renovação de propósitos; a chance do progresso do Espírito, e do temporário, mas medicamentoso, esquecimento!
 


 

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita