JANE MARTINS
VILELA
jane.m.v.imortal@gmail.com
Cambé, PR
(Brasil)
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Lição de simplicidade
No mês de dezembro
recém-findo, passamos
por uma experiência que
nos mostrou a
transformação que o
Espiritismo bem
vivenciado produz em
seus adeptos, a
simplicidade a que ele
conduz aqueles que o
sentem na alma. Fomos
convidados a falar numa
cidade do Paraná, num
domingo à tarde, no
encerramento das
atividades do ano. Na
estrada, uma chuva
suave. Ao lá chegarmos,
soubemos que uma chuva
muito forte havia
acabado de passar pelo
local. O centro
espírita, de grandes
proporções, fica numa
baixada. Chegamos meia
hora antes e nos
deparamos com um grande
lamaçal. A lama tinha
descido de uma área
próxima e invadiu tudo
ali, até no asfalto.
Vimos a marca de água e
barro marcando o muro,
cerca de meio metro de
altura. As pessoas que
chegavam ficavam sem
saber o que fazer.
Deveria ser cancelado o
evento? De longe,
viam-se alguns
voluntários com galochas
nos pés tentando limpar
o barro de dentro do
local. Difícil tarefa! A
lama estava demais!
Um dos confrades
comentou que estava
acostumado com estradas
de sítios e que não ia
atolar, ia entrar com o
carro lá. Entramos com
ele. Depois dele, tendo
visto que era possível,
as pessoas foram
entrando. A dirigente,
uma senhora afável e
carinhosa, nos estendeu,
no seu dizer, um “tapete
vermelho”, para não
sujarmos os pés, um
pedaço de papelão
grosso, que cumpriu bem
o papel, pois os pés
dela, de tênis, eram
pura lama e os nossos,
de sandália, não se
sujaram nada, com a sua
providência.
Os que chegavam eram
dirigidos para o andar
superior, pois no
térreo, onde tudo estava
preparado, era
impossível. Todos
estavam sujando os pés,
alguns até o tornozelo,
mas sorridentes, porque
não desistiram. Montamos
uma nova sala, com cerca
de setenta cadeiras.
Brincamos que aquilo
estava sendo bom para
quebrar qualquer
formalidade. Uma das
voluntárias, das mais
ativas na limpeza ali,
perguntou se nosso
assunto seria a
simplicidade, pois ela
estava aprendendo
naquele momento essa
grande lição.
Aproveitamos e abordamos
esse tema.
Foi bom vermos todos com
alegria, apesar dos
percalços. Jesus ama a
simplicidade e aquele
grandioso centro
espírita era um local de
simplicidade naquele
momento, com o é sempre.
A grandiosidade da obra
é evidente, mas seus
trabalhadores
demonstraram na atitude
a grande fraternidade
que ali reina.
Jerônimo Mendonça, o
Gigante Deitado, há
muitos anos,
comunicou-se conosco
através de uma médium de
confiança, que estranhou
vê-lo se aproximar de
terno branco e os pés
sujos de lama. “Ele está
me dizendo”, disse ela,
“que o verdadeiro
cristão não deve temer
sujar de lama os pés, no
trabalho edificante do
bem”. Aquilo nos fez ter
certeza que era ele. A
linguagem do Jerônimo e
um fato de que, quando
jovem, de terno branco,
num sítio aonde estava
indo fazer uma palestra,
tomava o maior cuidado
para não se sujar e caiu
numa poça de lama, tendo
que fazer a palestra com
o terno enlameado.
O Espiritismo é Jesus
conosco e Jesus é
simplicidade. Jesus ama
a simplicidade. Eram
suas as palavras. Aquele
que quiser ser meu
discípulo seja aquele
que mais ame. Aquele que
quiser ser o maior seja
o menor, o servo de
todos. Exemplificou,
ajoelhando-se diante dos
discípulos e
lavando-lhes os pés.
As pessoas que estiveram
presentes no domingo em
que falamos,
demonstraram
simplicidade. Ficaram
serenas, alegres, sem
reclamações com a
situação e todas se
ajudaram para que tudo
desse certo. A
simplicidade está nas
atitudes. O centro é
muito grande e bonito,
mas vemos ações humildes
e belas, trabalhos de
amor ali.
A simplicidade caminha
com a humildade, uma das
virtudes mais preciosas
e exemplificadas por
Jesus desde a situação
de seu nascimento. Numa
manjedoura, entre
animais. Poderia ter
sido num trono dos mais
poderosos da terra, mas
preferiu nos mostrar que
isso não é o mais
importante, mas sim o
amor.
O Espiritismo é Jesus
conosco. Aproveitemos as
lições. Tenhamos
simplicidade e que os
centros espíritas, por
mais grandiosos que
sejam, sejam simples,
sem formalidades,
amorosos, com trabalhos
de fraternidade, onde
tremule a bandeira de
Kardec: igualdade,
fraternidade,
tolerância.