RICARDO ORESTES FORNI
iost@terra.com.br
Tupã, SP (Brasil)
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Não acertaram de novo
A revista ISTO É,
em sua edição de número
2294 de 6/11/2013, traz
uma reportagem
intitulada ALLAN
KARDEC – O papa dos
espíritas, contida
nas páginas de números
54 a 56. Só pelo título
já vemos a incorreção da
afirmativa. Deram a
Kardec um título
religioso - papa – que
nada tem a ver com o
Espiritismo. Além disso,
colocam a estampa de
Kardec diante de uma
vela acesa que, para nós
espíritas, não serve
para iluminar o caminho
de ninguém desencarnado
porque o que nos ilumina
do outro lado é o bem
que na Terra praticamos.
Junto à estampa de
Kardec, um outro erro é
acrescentado. Vejamos o
trecho: “Autor de cerca
de 20 livros e membro de
nove sociedades
científicas, o professor
Rivail era um
descrente”.
Colocação essa no mínimo
dúbia. O professor
Rivail era um descrente
acerca dos fenômenos das
mesas girantes que
serviam de brincadeira
na sociedade daquela
época, ou era um
descrente por ser ateu?
Se a referência for
sobre as mesas girantes,
a reportagem está
correta porque, no
raciocínio lúcido que o
caracterizava como um
cientista desprovido de
preconceitos, não
poderia uma mesa
responder às perguntas a
ela dirigidas já que não
dispunha de cérebro.
Em outro trecho da mesma
reportagem, assim se
expressa a revista
mencionada: “Apesar
disso, tornou-se o
criador da doutrina
espírita tal qual ela
está sistematizada hoje,
que crê, entre outras
coisas, na reencarnação
e na comunicação entre
vivos e mortos”.
Novamente o termo
absolutamente incorreto
atribuindo a Kardec a
criação da Doutrina
Espírita que é de
autoria dos Espíritos
superiores. A Kardec
coube a apresentação
didática dos
ensinamentos desses
Espíritos. Esses
ensinamentos vieram do
mundo espiritual e não
da cabeça de Allan
Kardec. Essas colocações
incorretas que se
repetem em diversas
reportagens pela
imprensa leiga é fruto
da má-fé ou da
ignorância sobre o que
seja realmente o
Espiritismo?
Acreditamos,
sinceramente, que sejam
fruto da ignorância
sobre o assunto. Mas
quem ignora deve
comentar sobre aquilo
que não conhece
adequadamente? Tem esse
direito? Mais adiante
outra afirmação
parecida, agora colocada
entre aspas: “Kardec
precisou ir além da
religião para criar uma
doutrina inteira em
apenas 13 anos, diz o
autor”. Refere-se a
revista ao jornalista
brasileiro Marcel Souto
Maior, como está no
texto. As mesas girantes
representavam alguma
religião? Qual seria?
Seja ela qual for a que
a reportagem se refere,
Kardec não criou uma
doutrina, ele, voltamos
a repetir, colocou de
forma didática os
ensinamentos dos
Espíritos superiores.
Mais adiante nos
deparamos com a seguinte
assertiva referente ao
passatempo das mesas
girantes: “Curioso,
Rivail passou a
frequentá-las em Paris”.
O professor Rivail não
foi curioso. Pelo
contrário. Seu
raciocínio lógico de um
homem afeito ao campo
das ciências refugou
a priori a
possibilidade de uma
mesa responder a
perguntas de pessoas em
torno dela. Foi
insistentemente
convidado para observar
o fato, até que cedeu.
Não partiu dele a
curiosidade.
Mais adiante outra
colocação dúbia: “Os
primeiros registros do
professor sobre o
Espiritismo viraram O
Livro dos Espíritos
(1857)”. O que Kardec
registrou, organizou e
distribuiu didaticamente
foram os ensinamentos
dos Espíritos
superiores. Aliás, o
título do livro é bem
direto: O Livro dos
Espíritos! E não de
Kardec!
Outro trecho adiante
afirma o seguinte:
“Jornais de época
mostram, por exemplo, a
briga entre o criador do
Espiritismo e a Igreja
Católica”. Kardec nunca
brigou com a Igreja
Católica. Essa é que não
aceitava e não aceita as
ideias espíritas, aliás,
um direito dela, mas
afirmar que Kardec
brigava com a Igreja não
é verdade. Esclarecer,
defender um ponto de
vista é uma coisa.
Brigar é um termo cuja
conotação lembra
agressão. Isso jamais o
professor Rivail fez.
Depois a reportagem faz
um exame necroscópico em
Kardec ao afirmar:
“Insistentemente
perseguido, começou a
demonstrar sinais de
exaustão e teve um
problema cardíaco. Daí
em diante foi uma
contagem regressiva até
sua morte”. Pelo que
sei, Kardec desencarnou
de uma rotura de um
aneurisma, subitamente,
e não progressivamente
como sugere o texto.
Temos que ir um pouco
mais além: “o kardecismo
é praticamente uma
criação brasileira”. A
expressão “kardecismo”
supõe seguidor de
Kardec. Somos espíritas
e seguidores da Doutrina
Espírita codificada por
Allan Kardec e de
autoria dos Espíritos
superiores.
Logo mais, como não
poderia deixar de ser,
sobra também para o
Chico: “..., por último,
um certo médium de
Uberaba, em Minas
Gerais”. Como se
falassem de um ser
normal, ocasional, um
apêndice do Espiritismo
e não do maior médium
encarnado de sua época.
E mais! Muito mais! Se
não o maior, um dos
maiores cristãos através
dos seus exemplos de
vida totalmente dedicada
aos necessitados que o
procuraram até o fim dos
seus anos na Terra!
Indagado Adelino da
Silveira, frequentador
assíduo da intimidade do
Chico, pelo próprio
Chico, por que o povo
procurava tanto por ele,
Chico, Adelino respondeu
magistralmente: esse
povo o procura porque
têm saudades de Jesus!
Erraram de novo na
abordagem da Doutrina
Espírita codificada por
Allan Kardec e de
autoria dos Espíritos
superiores sob o comando
do Espírito da Verdade.
Má-fé? Ignorância sobre
o que se escreve? O que
importa? Fora da
caridade não há
salvação. E essa
caridade como a entendia
Jesus, implica na
benevolência para com
todos, indulgência para
com as imperfeições
alheias, perdão das
ofensas. É o que nos
cabe fazer...