Em carta publicada nesta
mesma edição, o confrade
Fausto Fabiano diz-nos o
seguinte:
No livro Nosso Lar,
capítulo Amor, Alimento da
Almas, há uma passagem onde
está escrito: "não podemos
prescindir dos concentrados
fluídicos, tendo em vista os
serviços pesados que as
circunstâncias impõem.
Despendemos grande
quantidade de energias. É
necessário renovar provisões
de força". No entanto no
Livro dos Espíritos,
questão 254, encontramos: “E
a fadiga, a necessidade de
repouso, experimentam-nas? –
Não podem sentir a fadiga,
como a entendeis;
conseguintemente, não
precisam de descanso
corporal, como vós, pois que
não possuem órgãos cujas
forças devam ser reparadas.
O Espírito, entretanto,
repousa, no sentido de não
estar em constante
atividade. Ele não atua
materialmente. Sua ação é
toda intelectual e
inteiramente moral o seu
repouso. Quer isto dizer que
momentos há em que o seu
pensamento deixa de ser tão
ativo quanto de ordinário e
não se fixa em qualquer
objeto determinado. É um
verdadeiro repouso, mas de
nenhum modo comparável ao do
corpo. A espécie de fadiga
que os Espíritos são
suscetíveis de sentir guarda
relação com a inferioridade
deles. Quanto mais elevados
sejam, tanto menos
precisarão de repousar."
Alguns espíritas contrários
às obras de André Luiz se
utilizam desta questão do
Livro dos Espíritos para
afirmar que André Luiz se
contradiz com a Doutrina
Espírita pois se os
Espíritos não sentem fadiga,
não precisariam de alimentos
espirituais para repor
alguma coisa. O que os
senhores têm a dizer a
respeito?
Antes de examinar o que
dizem outros autores a
respeito do assunto,
chamamos a atenção do leitor
para as palavras sublinhadas
neste trecho por ele
indicado: “A espécie de
fadiga que os Espíritos são
suscetíveis de sentir
guarda relação com a
inferioridade deles. Quanto
mais elevados sejam, tanto
menos precisarão de
repousar".
A principal obra do
Espiritismo, mencionada pelo
leitor, não nega, pois, mas
sim ressalta a existência de
relação entre fadiga
(e a consequente necessidade
de repouso) e a
inferioridade dos
Espíritos. Ora, se é dito
que menos precisarão de
repousar quando mais
elevados, é evidente que os
menos elevados podem
necessitar de repouso.
É exatamente isso que se
ensina na obra de André Luiz
e, igualmente, na obra A
Crise da Morte, de
Ernesto Bozzano.
Ademais, como já lembramos
anteriormente neste mesmo
espaço, as questões tratadas
em O Livro dos Espíritos
apresentam, de ordinário,
regras gerais, aplicáveis à
generalidade dos casos, sem
a especificação que alguns
Espíritos trouxeram
posteriormente à
codificação.
Não custa também lembrar que
a doutrina espírita é fruto
dos ensinamentos e das
informações que os Espíritos
nos trouxeram e nos trazem,
e não somente uma elaboração
humana fundamentada somente
naquilo que nós, encarnados,
imaginamos.
As questiúnculas que algumas
pessoas buscam nas obras de
André Luiz e Emmanuel, com o
objetivo de as colocar
contra a obra kardequiana,
não resistem a uma análise e
demonstram, em verdade, seu
desconhecimento do conjunto
integral da doutrina
espírita.
Eis uma síntese, a propósito
da alimentação no plano
espiritual, dos ensinamentos
contidos na obra Evolução
em Dois Mundos, de
autoria de André Luiz:
Desde a experiência carnal,
o homem se alimenta muito
mais pela respiração,
colhendo o alimento de
volume simplesmente como
recurso complementar de
fornecimento plástico e
energético, para o setor das
calorias necessárias à massa
corpórea e à distribuição
dos potenciais de força nos
variados departamentos
orgânicos. Abandonado o
envoltório físico na
desencarnação, se o
psicossoma está
profundamente arraigado às
sensações terrestres,
sobrevém ao Espírito a
necessidade inquietante de
prosseguir atrelado ao mundo
biológico que lhe é
familiar, e, quando não a
supera ao preço do próprio
esforço, no
autorreajustamento, provoca
os fenômenos da simbiose
psíquica, que o levam a
conviver, temporariamente,
no halo vital daqueles
encarnados com os quais se
afine, quando não promove a
obsessão espetacular.
Na maioria das vezes, os
desencarnados em crise dessa
ordem são conduzidos pelos
agentes da Bondade Divina
aos centros de reeducação do
Plano Espiritual, onde
encontram alimentação
semelhante à da Terra, porém
fluídica, recebendo-a em
porções adequadas até que
se adaptem aos sistemas de
sustentação da Esfera
Superior, em cujos
círculos a tomada de
substância é tanto menor e
tanto mais leve quanto maior
se evidencie o enobrecimento
da alma, porquanto, pela
difusão cutânea, o corpo
espiritual, através de sua
extrema porosidade, nutre-se
de produtos sutilizados ou
sínteses
quimioeletromagnéticas,
hauridas no reservatório da
Natureza e no intercâmbio de
raios vitalizantes e
reconstituintes do amor com
que os seres se sustentam
entre si.
Essa alimentação psíquica,
por intermédio das projeções
magnéticas trocadas entre
aqueles que se amam, é muito
mais importante que o
nutricionista do mundo possa
imaginar, de vez que, por
ela, se origina a ideal
euforia orgânica e mental da
personalidade. Daí porque
toda criatura tem
necessidade de amar e
receber amor para que se lhe
mantenha o equilíbrio geral.
De qualquer modo, o corpo
espiritual, com alguma
provisão de substância
específica, ou sem ela,
quando já consiga valer-se
apenas da difusão cutânea
para refazer seus potenciais
energéticos, conta com os
processos da assimilação e
da desassimilação dos
recursos que lhe são
peculiares, não prescindindo
do trabalho de exsudação dos
resíduos, pela epiderme ou
pelos emunctórios normais.
Compreende-se, porém, que
pela harmonia de nível, nas
operações nutritivas, e pela
essencialidade dos
elementos absorvidos, não
existem para o veículo
psicossomático determinados
excessos e inconveniências
dos sólidos e líquidos da
excreta comum.(Evolução
em dois Mundos, 2a
Parte, cap. I, pp. 168 a
170.)
(Os grifos são nossos.)
As informações de André Luiz
são em tudo semelhantes ao
que Ernesto Bozzano coletou
em suas investigações,
baseadas em mensagens
trazidas pelos Espíritos por
intermédio de um número
grande de médiuns. Eis um
resumo do que Bozzano
escreveu a propósito do
assunto:
Citando o livro Raymond,
escrito pelo professor
Oliver Lodge, Bozzano lembra
que os Espíritos
recém-desencarnados não
encontram no meio espiritual
a mesma satisfação de antes,
nos hábitos voluptuosos
adquiridos no mundo dos
vivos, e até os perdem.
Todavia, quando chegam ao
mundo espiritual,
influenciados pelas
tendências que os dominavam
na Terra, há os que pedem de
comer e outros que querem um
gole de uísque. Existe,
porém, um meio de
contentá-los,
fornecendo-se-lhes qualquer
coisa que se assemelhe ao
que reclamam. Desde, porém,
que hajam saboreado uma ou
duas vezes a coisa desejada,
não mais sentem dela
necessidade e a esquecem.
(A Crise da Morte, p. 78)
Foi uma grande dor que, de
súbito, atingiu a existência
ditosa da Sra. Dawson Scott:
seu marido, doutor em
Medicina, voltara da guerra
em estado de esgotamento
nervoso, agravado pelo fato
de haver na sua família uma
forma hereditária de
hipocondria. Certo dia, no
meio de uma dessas crises, o
dr. Scott se suicidou e, em
consequência disso, sua
esposa passou a
interessar-se pelas
experiências mediúnicas
realizadas pelas irmãs
Shafto. Eis os detalhes
colhidos na mensagem do
esposo suicida: a) a
informação de que o aspecto
das coisas que o cercavam
havia mudado: tudo era
diferente e os objetos
tinham uma aparência
evanescente, além de serem
penetráveis; b) o
comunicante transportava-se
no meio espiritual sem
caminhar; c) as coisas de
que o Espírito necessitava
podiam ser criadas pela
força do seu pensamento: ao
pensar na roupa que trajava,
ele se via vestido daquele
modo, tendo até no bolso os
objetos costumeiros; d) ele
se transportava com rapidez
no meio espiritual: ao
pensar em determinado lugar,
no mesmo instante ali se
encontrava; e) o
reavivamento progressivo, no
meio espiritual, das
faculdades espirituais.
O Espírito do dr. Scott
explicou ainda, em sua
comunicação, que o seu
alimento era espiritual:
“A causa principal de tantos
crimes no mundo dos vivos –
isto é, a necessidade que
cada um tem de alimentar-se
– não existe aqui. Ou, com
maior exatidão, não temos
mais necessidade de
alimentar-nos, no sentido
preciso do termo, se bem
que aqueles dentre nós, que
ainda queiram satisfazer ao
prazer de se alimentarem,
possam proporcionar a si
mesmo a sensação de que o
fazem...” (A Crise da
Morte, pp. 99 a 103.)
(Os grifos são nossos.)
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