ORSON PETER
CARRARA
orsonpeter@yahoo.com.br
Matão, São Paulo
(Brasil)
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Poder
educativo
Outro dia ouvi
comentário na TV de um
livro educativo
(infelizmente não
consegui anotar ou
memorizar o nome do
livro e da autora), onde
há uma proposta
educativa para que
eduquemos nossos filhos
com alma de pobre. Não é
alma pobre, mas de
pobre. Não imaginem
os leitores que a
expressão tem conotação
pejorativa. Não! A
expressão tem alcance
interessante.
O comentário fez
referência à postura da
maioria dos brasileiros,
que é caracterizada pela
carência e dificuldades
financeiras e, portanto,
classificada como pobre.
Aqui me refiro mesmo às
camadas mais carentes da
população.
Pois bem. São essas
camadas mais carentes
que, quando estão de
posse de algum recurso,
estão felizes, usam dos
recursos da maneira que
mais lhes parece melhor.
Se podem se
alimentar bem,
alimentam-se bem naquele
dia. Quando não podem,
se contentam com o que
têm ou podem fazer. E
nem por isso deixam de
estar felizes e de bem
com a vida.
Muitas pessoas são
assim. Estão sempre
felizes, apesar das
carências que enfrentam.
Contentam-se com o que
possuem e não amargam
expectativas
inalcançáveis.
Alma de rico,
segundo a abordagem,
seria para caracterizar
aquelas pessoas que se
matam para manter as
aparências. Lutam
desesperadas para
adquirir coisas e estão
sempre infelizes. Se não
conseguem comprar o
carro do ano, isto vira
uma tragédia...
Afundam-se em dívidas
apenas para aparentar
aquilo que
verdadeiramente não são.
Os pobres sofrem sim as
carências, mas estão
resignados, e isto os
faz felizes.
Uma educação nesse
sentido faz ser o que
realmente somos, sem
expectativas vazias, sem
ostentação, sem aflições
de aparentar o que não
se é... Sem ilusões.
Isto não significa
acomodação. Apenas viver
a realidade da condição
em que se está.
Devemos lutar por
melhorar as condições de
vida, é óbvio. Mas
quando lutamos pelas
aparências, somos, aí
sim, almas pobres.
Estamos iludidos ou
escravizados por coisas
que passam, que podem
ser roubadas, que podem
enferrujar, como acentua
o texto evangélico.
Educando nossos filhos e
educando-nos para uma
vida sem ilusões, de
perseverança nos bons
propósitos, nas lutas
inevitáveis das
conquistas
intelecto-morais,
estaremos sempre de bem
com a vida, felizes, sem
a excessiva preocupação
com o ter,
mas na busca permanente
do ser.
Notem, são situações bem
distintas, ser e ter.
Melhor ser autêntico,
honesto, trabalhador,
digno, honrado, lutador
das boas causas, para
não ser corrupto,
desonesto, e tudo aquilo
que o leitor já sabe. E
descobrir outros
valores...
Eis o desafio de pais e
educadores: transmitir
tais noções aos novos
habitantes do planeta.
Justamente para que
formemos cidadãos
íntegros, honestos,
equilibrados, que
respeitem a vida, o
semelhante, as
instituições. A
corrupção e a violência
tão altamente em
evidência apenas
demonstram que houve um
descuido na infância, na
época exatamente
indicada para a
educação, para a
formação de hábitos e
comportamentos, na
atenção do
acompanhamento das
tendências da criança,
educando-a para os
valores do patriotismo,
da civilidade, da
dignidade em toda sua
extensão.
Esse papel cabe à
família. É no aconchego
familiar, da saudável
convivência educativa,
que aprendemos uns com
os outros. Entre
cônjuges, entre irmãos e
entre pais e filhos. Na
convivência cotidiana
aprendemos a gentileza,
aprendemos a respeitar,
aprendemos a
solidariedade.
O dia 8 de dezembro, que
passou, considerado o
DIA DA FAMÍLIA, foi uma
ótima oportunidade de
refletir sobre essa
indispensável
instituição que nos
acolhe, educa e forma
cidadãos conscientes e
responsáveis.
Amemos, pois, nossa
família e também as
famílias alheias. É
autêntico parâmetro de
bem viver, com alegria,
gratidão e exata noção
do bem e do amor.