O leitor Jorge Luís
Rodrigues, em carta
publicada nesta mesma
edição, diz-nos o seguinte:
Olá, lendo o último número
da revista, na seção
"Questões vernaculares”, o
professor Astolfo Olegário
coloca como correta a
seguinte frase:
10. Positivamente falta
clareza e seriedade na
condução dos negócios
públicos.
No entanto, o sujeito da
frase é "clareza e
seriedade", ou seja, é um
sujeito composto, que pede
plural do verbo faltar,
porém a frase com o verbo no
singular é colocada como
correta; por que isso
acontece? o correto não
seria "Positivamente, faltam
clareza e seriedade na
condução dos negócios
públicos"?
O entendimento entre os
especialistas de nosso
idioma estabelece que, se os
sujeitos da oração
apresentarem gradação entre
si e forem sinônimos ou
quase sinônimos, o verbo
poderá ficar no singular ou
no plural, de acordo com a
intuição, o estilo e o
desejo de quem a escreve.
Vejamos estes exemplos
colhidos na obra
Gramática Aplicada, de
Paulo Sérgio Rodrigues (8ª
edição, p. 294):
Um grito, uma palavra, um
movimento, um simples olhar
causava-lhe medo.
Um século, um ano, um mês
não fará diferença.
A ira e a raiva prejudicava
(ou prejudicavam) a
saúde.
O castigo, a repreensão
torna-se (ou tornam-se)
necessários.
A questão proposta faz-nos
lembrar um dos versos de
Os Lusíadas, do notável
e sempre admirado Camões:
As armas e os barões
assinalados,
Que da Ocidental praia
Lusitana,
Por mares nunca dantes
navegados,
Passaram ainda além da
Taprobana,
Em perigos e guerras
esforçados,
Mais do que prometia a força
humana,
E entre gente remota
edificaram
Novo Reino, que tanto
sublimaram;
E também as memórias
gloriosas
Daqueles Reis, que foram
dilatando
A Fé, o Império, e as terras
viciosas
De África e de Ásia andaram
devastando;
E aqueles, que por obras
valerosas
Se vão da lei da morte
libertando;
Cantando espalharei por toda
parte,
Se a tanto me ajudar o
engenho e arte. (Os
Lusíadas, Canto I, 1-2.)
(O grifo é nosso.)
*
Você sabe o que significa
parassematografia?
Muito pouco utilizada e
conhecida, parassematografia
é o mesmo que heráldica
(do francês héraldique, der.
do lat. med. Heraldus), que
significa: arte ou ciência
dos brasões; o conjunto dos
emblemas de brasão.
Brasão,
que designa insígnia ou
distintivo de pessoa ou
família nobre, conferidos,
em regra, por merecimento, é
também o nome que se dá ao
conjunto de peças, figuras e
ornatos dispostos no campo
do escudo ou fora dele, e
que representam as armas de
uma nação, de um soberano,
de uma família, de
corporação, cidade etc.