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O Espiritismo responde
Ano 7 - N° 354 - 16 de Março de 2014
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 
BLOG
ESPIRITISMO SÉCULO XXI
 


 
A leitora Ester Rodrigues, do Rio de Janeiro (RJ), em carta enviada a esta revista pergunta-nos quais as doenças que são consideradas espirituais e que podem ser curadas no centro espírita.

Diz-se que uma doença é considerada espiritual quando afeta a alma e nada há no corpo físico que a justifique. Em muitos casos, quando não tratada, os efeitos da doença podem estender-se ao organismo material e a pessoa buscará então, como ocorre usualmente, o concurso da medicina humana. Ocorre que, se a causa é espiritual, o tratamento terá de visar não apenas ao corpo, mas também à alma.

Quanto à cura, dependerá ela de vários fatores.

Conforme é minuciosamente explicado no Especial “O passe magnético e suas limitações”, publicado na edição 101 desta revista, há quatro causas ou fatores que limitam a ação fluídica curadora.

As causas ou fatores mencionados no artigo são estes:

  • Falta de fé ou de receptividade do paciente.
  • Comportamento do enfermo.
  • A natureza do problema ou da enfermidade.
  • A lei de causa e efeito.

Como o espaço aqui não comporta reproduzir o desenvolvimento dos quatro fatores citados, recomendamos à leitora que leia o artigo a que nos reportamos. Eis o link que remete o interessado à matéria: http://www.oconsolador.com.br/ano2/101/especial.html 

Em artigo publicado na Revista Espírita de 1866, págs. 349 e 350, Allan Kardec diz que a mediunidade curadora não veio suplantar a medicina e os médicos; vem simplesmente provar a estes que há coisas que eles não sabem e convidá-los a estudá-las, porquanto o elemento espiritual, que ignoram, não é uma quimera e, bem considerado, pode abrir novos horizontes à ciência.

Dois anos depois, na Revista Espírita de 1868, no texto intitulado “Ensaio teórico das curas instantâneas”, Kardec tece várias considerações que podem contribuir para esclarecer as dúvidas mencionadas pela leitora.

Eis uma síntese do que o Codificador escreveu: 

1 – De todos os fenômenos espíritas, um dos mais extraordinários é o das curas instantâneas. Pergunta-se então: Como o fluido pode operar uma transformação súbita no organismo? E mais: Por que o indivíduo que possui essa faculdade não tem acesso sobre todos os que são atingidos pela mesma moléstia?

2 – A explicação seguinte, deduzida das indicações fornecidas por um médium em sonambulismo espontâneo, parece jogar luz nova sobre a questão, mas – adverte Kardec – “não a damos como absoluta” e sim a título de hipótese e como forma de estudo.

3 – Na medicação terapêutica são necessários remédios apropriados ao mal; eis por que não existe um remédio universal. Ocorre a mesma coisa com o fluido curador, verdadeiro agente terapêutico, cujas qualidades variam conforme o temperamento físico e moral dos indivíduos que o transmitem.

4 – A cura depende, pois, em princípio, da adequação das qualidades do fluido à natureza e à causa do mal, o que muitos não compreendem. Além disso, existe uma outra causa, inteiramente moral, que nos é revelada pelo Espiritismo: a maioria das moléstias, como todas as misérias humanas, são expiação do presente ou do passado, ou provações para o futuro, cujas consequências devem ser suportadas até que tenham sido resgatadas. (Revista Espírita de 1868, págs. 84 a 86.)

Na sequência, o Codificador escreveu:

1 – Em um grande número de doenças, a origem é devida aos fluidos perniciosos de que é penetrado o organismo. Para obter a cura, basta expulsar o corpo estranho que o incomoda. Afastada a causa do mal, o equilíbrio se restabelece e as funções retomam o seu curso.

2 – Concebe-se que em semelhantes casos os medicamentos comuns, destinados a agir sobre a matéria, não tenham eficácia. É por isso que a medicina ordinária é inoperante em todas as doenças causadas por fluidos viciados, e elas são numerosas. À matéria pode opor-se a matéria, mas a um fluido mau há que opor um fluido melhor e mais poderoso.

3 – A medicina tradicional naturalmente falha contra os agentes fluídicos, mas, do mesmo modo, a medicina fluídica falha nos casos em que é preciso opor matéria à matéria. A medicina homeopática parece ser o intermediário, o traço de união entre esses dois extremos e deve particularmente ter êxito nas afecções que poderiam chamar-se mistas.

4 – A causa pela qual o tratamento por vezes pode ser instantâneo, ao passo que em outros casos exige uma ação continuada, se deve à natureza e à origem do mal.

5 – Duas afecções que apresentam, na aparência, sintomas idênticos podem resultar de causas diferentes. Uma pode decorrer da alteração das moléculas orgânicas e neste caso é precisar reparar, substituir, as moléculas deterioradas. A outra afecção pode ter origem na infiltração nos órgãos sãos de um fluido mau, que os perturba. Neste caso não se trata de reparar, mas de expulsar. Os dois casos requerem, no fluido curador, qualidades diferentes. No primeiro é preciso um fluido mais suave que violento, rico em princípios reparadores. No segundo, um fluido enérgico, mais próprio à expulsão do que à reparação.

6 – Esta teoria pode resumir-se assim: Quando o mal exige a reparação de órgãos alterados, necessariamente a cura é lenta e requer uma ação contínua e um fluido de qualidade especial; quando se trata da expulsão de um mau fluido, ela pode ser rápida e, mesmo, instantânea.

7 – Para simplificar a questão consideramos apenas os dois pontos extremos, mas entre os dois há nuanças infinitas, isto é, uma multidão de casos em que as duas causas existem simultaneamente em diferentes graus e em que, por consequência, é necessário ao mesmo tempo expulsar e reparar.

8 – A cura só será completa após a destruição das duas causas, e esse é o caso mais comum. Eis por que os tratamentos médicos ordinários necessitam muitas vezes ser completados por tratamento fluídico, e reciprocamente. (Revista Espírita de 1868, págs. 86 a 90.)


 


 
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