A leitora Ester Rodrigues,
do Rio de Janeiro (RJ), em
carta enviada a esta revista
pergunta-nos quais as
doenças que são consideradas
espirituais e que podem ser
curadas no centro espírita.
Diz-se que uma doença é
considerada espiritual
quando afeta a alma e nada
há no corpo físico que a
justifique. Em muitos casos,
quando não tratada, os
efeitos da doença podem
estender-se ao organismo
material e a pessoa buscará
então, como ocorre
usualmente, o concurso da
medicina humana. Ocorre que,
se a causa é espiritual, o
tratamento terá de visar não
apenas ao corpo, mas também
à alma.
Quanto à cura, dependerá ela
de vários fatores.
Conforme é minuciosamente
explicado no Especial “O
passe magnético e suas
limitações”, publicado na
edição 101 desta revista, há
quatro causas ou fatores que
limitam a ação fluídica
curadora.
As causas ou fatores
mencionados no artigo são
estes:
-
Falta de fé ou de
receptividade do
paciente.
-
Comportamento do
enfermo.
-
A natureza do problema
ou da enfermidade.
-
A lei de causa e efeito.
Como o espaço aqui não
comporta reproduzir o
desenvolvimento dos quatro
fatores citados,
recomendamos à leitora que
leia o artigo a que nos
reportamos. Eis o link
que remete o interessado à
matéria:
http://www.oconsolador.com.br/ano2/101/especial.html
*
Em artigo publicado na
Revista Espírita de 1866,
págs. 349 e 350, Allan
Kardec diz que a mediunidade
curadora não veio suplantar
a medicina e os médicos; vem
simplesmente provar a estes
que há coisas que eles não
sabem e convidá-los a
estudá-las, porquanto o
elemento espiritual, que
ignoram, não é uma quimera
e, bem considerado, pode
abrir novos horizontes à
ciência.
Dois anos depois, na
Revista Espírita de 1868,
no texto intitulado “Ensaio
teórico das curas
instantâneas”, Kardec tece
várias considerações que
podem contribuir para
esclarecer as dúvidas
mencionadas pela leitora.
Eis uma síntese do que o
Codificador escreveu:
1 – De todos os fenômenos
espíritas, um dos mais
extraordinários é o das
curas instantâneas.
Pergunta-se então: Como o
fluido pode operar uma
transformação súbita no
organismo? E mais: Por que o
indivíduo que possui essa
faculdade não tem acesso
sobre todos os que são
atingidos pela mesma
moléstia?
2 – A explicação seguinte,
deduzida das indicações
fornecidas por um médium em
sonambulismo espontâneo,
parece jogar luz nova sobre
a questão, mas – adverte
Kardec – “não a damos como
absoluta” e sim a título de
hipótese e como forma de
estudo.
3 – Na medicação terapêutica
são necessários remédios
apropriados ao mal; eis por
que não existe um remédio
universal. Ocorre a mesma
coisa com o fluido curador,
verdadeiro agente
terapêutico, cujas
qualidades variam conforme o
temperamento físico e moral
dos indivíduos que o
transmitem.
4 – A cura depende, pois, em
princípio, da adequação das
qualidades do fluido à
natureza e à causa do mal, o
que muitos não compreendem.
Além disso, existe uma outra
causa, inteiramente moral,
que nos é revelada pelo
Espiritismo: a maioria das
moléstias, como todas as
misérias humanas, são
expiação do presente ou do
passado, ou provações para o
futuro, cujas consequências
devem ser suportadas até que
tenham sido resgatadas.
(Revista Espírita de 1868,
págs. 84 a 86.)
Na sequência, o Codificador
escreveu:
1 – Em um grande número de
doenças, a origem é devida
aos fluidos perniciosos de
que é penetrado o organismo.
Para obter a cura, basta
expulsar o corpo estranho
que o incomoda. Afastada a
causa do mal, o equilíbrio
se restabelece e as funções
retomam o seu curso.
2 – Concebe-se que em
semelhantes casos os
medicamentos comuns,
destinados a agir sobre a
matéria, não tenham
eficácia. É por isso que a
medicina ordinária é
inoperante em todas as
doenças causadas por fluidos
viciados, e elas são
numerosas. À matéria pode
opor-se a matéria, mas a um
fluido mau há que opor um
fluido melhor e mais
poderoso.
3 – A medicina tradicional
naturalmente falha contra os
agentes fluídicos, mas, do
mesmo modo, a medicina
fluídica falha nos casos em
que é preciso opor matéria à
matéria. A medicina
homeopática parece ser o
intermediário, o traço de
união entre esses dois
extremos e deve
particularmente ter êxito
nas afecções que poderiam
chamar-se mistas.
4 – A causa pela qual o
tratamento por vezes pode
ser instantâneo, ao passo
que em outros casos exige
uma ação continuada, se deve
à natureza e à origem do
mal.
5 – Duas afecções que
apresentam, na aparência,
sintomas idênticos podem
resultar de causas
diferentes. Uma pode
decorrer da alteração das
moléculas orgânicas e neste
caso é precisar reparar,
substituir, as moléculas
deterioradas. A outra
afecção pode ter origem na
infiltração nos órgãos sãos
de um fluido mau, que os
perturba. Neste caso não se
trata de reparar, mas de
expulsar. Os dois casos
requerem, no fluido curador,
qualidades diferentes. No
primeiro é preciso um fluido
mais suave que violento,
rico em princípios
reparadores. No segundo, um
fluido enérgico, mais
próprio à expulsão do que à
reparação.
6 – Esta teoria pode
resumir-se assim: Quando o
mal exige a reparação de
órgãos alterados,
necessariamente a cura é
lenta e requer uma ação
contínua e um fluido de
qualidade especial; quando
se trata da expulsão de um
mau fluido, ela pode ser
rápida e, mesmo,
instantânea.
7 – Para simplificar a
questão consideramos apenas
os dois pontos extremos, mas
entre os dois há nuanças
infinitas, isto é, uma
multidão de casos em que as
duas causas existem
simultaneamente em
diferentes graus e em que,
por consequência, é
necessário ao mesmo tempo
expulsar e reparar.
8 – A cura só será completa
após a destruição das duas
causas, e esse é o caso mais
comum. Eis por que os
tratamentos médicos
ordinários necessitam muitas
vezes ser completados por
tratamento fluídico, e
reciprocamente.
(Revista Espírita de 1868,
págs. 86 a 90.)
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