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Crônicas e Artigos

Ano 7 - N° 355 - 23 de Março de 2014

ALTAMIRANDO CARNEIRO
alta_carneiro@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)
 

 
 
 

O homem e seus opostos


Muitas atitudes e determinações humanas continuam a desafiar a inteligência e o bom senso de todos os Espíritos lúcidos, no século 21.

Relacionamos algumas delas:

O Ser Humano, predador deliberado e implacável da Natureza, devasta matas, derruba árvores, extermina, aos poucos, os animais, quando se sabe que o Planeta Terra é a nossa casa planetária e, como tal, devemos ter respeito a ela, que nos acolhe e nos abriga.

Retrocedamos  no tempo:

Na abertura  dos Jogos Olímpicos de Pequim, a chinesinha Yan Peiyi, de sete anos, empresta a voz (por sinal, uma belíssima voz) a Lin Maioke, de nove anos. Motivo: Yan Peiyi foi considerada “feia” para apresentar-se ao público, como se a beleza, a feiura, a simpatia, a antipatia etc. sejam determinadas pela beleza do rosto e não pelas qualidades de cada um.

A Rússia invade a Geórgia com seus tanques, como se os governos tivessem que resolver suas diferenças  pela violência  e não pela  diplomacia, pela conversação, pelo entendimento.

Num exemplo claro do “faça o que eu digo e não faça o que eu faço”, o ex-presidente dos Estados Unidos George W. Bush exigiu que a Rússia retirasse suas tropas da Geórgia e a então Secretária de Estado americana, Condolezza Rice, disse que “A Rússia não pode fazer o que quiser, invadir um país e sair impune”.

No Brasil e no mundo todo, os que são flagrados pela Justiça têm como reação inicial a tradicional frase: “Não fui eu!”

Esses altos e baixos da conduta humana indicam que  ainda não evoluímos o suficiente, durante todos esses séculos de marcha reencarnatória. Pois o progresso humano se faz lentamente.

No que diz respeito ao progresso tecnológico, estamos bem servidos. A inteligência humana alcançou altos voos e já mostrou do que é capaz. Mas a moral deixa muito a desejar. Sendo o progresso completo o alvo a atingir, só chegaremos a ele passo a passo. Até que se tenha desenvolvido completamente o senso moral, o homem serve-se da inteligência para a satisfação de suas conveniências. A moral e a inteligência só se equilibram com o tempo.

O homem não pode permanecer eternamente na ignorância, pois deve chegar a um fim determinado pela Providência Divina. As revoluções morais e sociais se infiltram pouco nas ideias, desenvolvendo-se ao longo dos séculos e explodindo subitamente, fazendo ruir o comportamento do passado, já em desacordo com as novas necessidades e aspirações.

Nesses acontecimentos o homem não percebe senão a desordem e a confusão momentâneas, que o atingem nos seus interesses materiais. Mas os que, nas atitudes, elevam-se acima dos interesses pessoais, identificam-se com os desígnios de Deus, que do mal faz surgir o bem.

O progresso intelectual avança sempre. O orgulho e o egoísmo são os maiores obstáculos ao progresso moral. É por isso que nos parece ver o progresso intelectual duplicando a intensidade dos vícios, desenvolvendo a ambição e o amor às riquezas, que, por outro lado, impulsiona o homem às pesquisas e ao estudo, que lhe esclarecem o Espírito. Esse estado de coisas durará  somente algum tempo e melhorará à medida que o homem compreender que, além do gozo dos bens da Terra, é importante ajuntar tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, nem os ladrões minam ou roubam.

Complementando a resposta dos Espíritos à questão 785 de O Livro dos Espíritos sobre os maiores obstáculos ao progresso, conforme  comentamos no parágrafo anterior, Allan Kardec explica:

“Há duas espécies de progresso que mutuamente se apoiam e entretanto não marcham juntos: o progresso intelectual e o progresso moral. Entre os povos civilizados, o primeiro recebe em nosso século todos os estímulos desejáveis, e por isso atingiu um grau até hoje desconhecido. Seria necessário que o segundo estivesse no mesmo nível. Não obstante, se compararmos os costumes sociais de alguns séculos passados com os de hoje, teremos de ser cegos para negar que houve progresso moral. Por que, pois, a marcha ascendente moral deveria mostrar-se mais lenta que a da inteligência? Por que não haveria entre o décimo nono século e o vigésimo quarto tanta diferença nesse terreno como entre o décimo quarto e o décimo nono? Duvidar disso seria pretender que a Humanidade tivesse atingido o apogeu da perfeição, o que é absurdo, ou que ela não é moralmente perfectível, o que a experiência desmente.”

Convenhamos que a Humanidade Terrestre já está madura para uma atitude mais responsável, que revolucionará a sua história, nesta marcha incessante rumo a um mundo de regeneração. Conscientizemo-nos de que o homem já está mais apto a uma integração plena com o mundo espiritual, implantando uma era de avanços significativos, visando não apenas à tecnologia científica, mas a preservação de valores em que sobressaem os ideais de solidariedade, numa regra única de conduta, levando os Seres Humanos a um patamar elevado e estável de felicidade.

Como diz  J. Herculano Pires, no comentário de abertura do livro Cristianismo redivivo, de Bruno Bertocco (Edigraf – 1972):

“Estamos na era do Espírito, na fase apocalíptica em que um novo Céu e uma nova Terra nascem ao nosso redor. As mentes se abrem para novas dimensões da realidade, facilitando o acesso ao absoluto através do relativo. Temos diante de nós a escada de Jacob, com amigos descendo e subindo no trânsito do infinito. Paralelamente a essa escada invisível temos a escada visível do Céu pelos astronautas. O mundo se alarga e o Céu se abre em caminhos siderais diante de todos nós...”

 

 

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita