ALTAMIRANDO
CARNEIRO
alta_carneiro@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
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O homem e seus opostos
Muitas atitudes e
determinações humanas
continuam a desafiar a
inteligência e o bom
senso de todos os
Espíritos lúcidos, no
século 21.
Relacionamos algumas
delas:
O Ser Humano, predador
deliberado e implacável
da Natureza, devasta
matas, derruba árvores,
extermina, aos poucos,
os animais, quando se
sabe que o Planeta Terra
é a nossa casa
planetária e, como tal,
devemos ter respeito a
ela, que nos acolhe e
nos abriga.
Retrocedamos no
tempo:
Na abertura dos
Jogos Olímpicos de
Pequim, a chinesinha Yan
Peiyi, de sete anos,
empresta a voz (por
sinal, uma belíssima
voz) a Lin Maioke, de
nove anos. Motivo: Yan
Peiyi foi considerada
“feia” para
apresentar-se ao
público, como se a
beleza, a feiura, a
simpatia, a antipatia
etc. sejam determinadas
pela beleza do rosto e
não pelas qualidades de
cada um.
A Rússia invade a
Geórgia com seus
tanques, como se os
governos tivessem que
resolver suas
diferenças pela
violência e
não pela diplomacia,
pela conversação, pelo
entendimento.
Num exemplo claro do
“faça o que eu digo e
não faça o que eu faço”,
o ex-presidente dos
Estados Unidos George W.
Bush exigiu que a Rússia
retirasse suas tropas da
Geórgia e a então
Secretária de Estado
americana, Condolezza
Rice, disse que “A
Rússia não pode fazer o
que quiser, invadir um
país e sair impune”.
No Brasil e no mundo
todo, os que são
flagrados pela Justiça
têm como reação inicial
a tradicional frase:
“Não fui eu!”
Esses altos e baixos da
conduta humana indicam
que ainda
não evoluímos o
suficiente, durante
todos esses séculos de
marcha reencarnatória.
Pois o progresso humano
se faz lentamente.
No que diz respeito ao
progresso tecnológico,
estamos bem servidos. A
inteligência humana
alcançou altos voos e já
mostrou do que é capaz.
Mas a moral deixa muito
a desejar. Sendo o
progresso completo o
alvo a atingir, só
chegaremos a ele passo a
passo. Até que se tenha
desenvolvido
completamente o senso
moral, o homem serve-se
da inteligência para a
satisfação de suas
conveniências. A moral e
a inteligência só se
equilibram com o tempo.
O homem não pode
permanecer eternamente
na ignorância, pois deve
chegar a um fim
determinado pela
Providência Divina. As
revoluções morais e
sociais se infiltram
pouco nas ideias,
desenvolvendo-se ao
longo dos séculos e
explodindo subitamente,
fazendo ruir o
comportamento do
passado, já em desacordo
com as novas
necessidades e
aspirações.
Nesses acontecimentos o
homem não percebe senão
a desordem e a confusão
momentâneas, que o
atingem nos seus
interesses materiais.
Mas os que, nas
atitudes, elevam-se
acima dos interesses
pessoais, identificam-se
com os desígnios de
Deus, que do mal faz
surgir o bem.
O progresso intelectual
avança sempre. O orgulho
e o egoísmo são
os maiores obstáculos ao
progresso moral. É por
isso que nos parece ver
o progresso intelectual
duplicando a intensidade
dos vícios,
desenvolvendo a ambição
e o amor às riquezas,
que, por outro lado,
impulsiona o homem às
pesquisas e ao estudo,
que lhe esclarecem o
Espírito. Esse estado de
coisas durará somente
algum tempo e melhorará
à medida que o homem
compreender que, além do
gozo dos bens da Terra,
é importante ajuntar
tesouros no céu, onde
nem a traça nem a
ferrugem consomem, nem
os ladrões minam ou
roubam.
Complementando a
resposta dos Espíritos à
questão 785 de O
Livro dos Espíritos sobre
os maiores obstáculos ao
progresso, conforme comentamos
no parágrafo anterior,
Allan Kardec explica:
“Há duas espécies de
progresso que mutuamente
se apoiam e entretanto
não marcham juntos: o
progresso intelectual e
o progresso moral. Entre
os povos civilizados, o
primeiro recebe em nosso
século todos os
estímulos desejáveis, e
por isso atingiu um grau
até hoje desconhecido.
Seria necessário que o
segundo estivesse no
mesmo nível. Não
obstante, se compararmos
os costumes sociais de
alguns séculos passados
com os de hoje, teremos
de ser cegos para negar
que houve progresso
moral. Por que, pois, a
marcha ascendente moral
deveria mostrar-se mais
lenta que a da
inteligência? Por que
não haveria entre o
décimo nono século e o
vigésimo quarto tanta
diferença nesse terreno
como entre o décimo
quarto e o décimo nono?
Duvidar disso seria
pretender que a
Humanidade tivesse
atingido o apogeu da
perfeição, o que é
absurdo, ou que ela não
é moralmente
perfectível, o que a
experiência desmente.”
Convenhamos que a
Humanidade Terrestre já
está madura para uma
atitude mais
responsável, que
revolucionará a sua
história, nesta marcha
incessante rumo a um
mundo de regeneração.
Conscientizemo-nos de
que o homem já está mais
apto a uma integração
plena com o mundo
espiritual, implantando
uma era de avanços
significativos, visando
não apenas à tecnologia
científica, mas a
preservação de valores
em que sobressaem os
ideais de solidariedade,
numa regra única de
conduta, levando os
Seres Humanos a um
patamar elevado e
estável de felicidade.
Como diz J.
Herculano Pires, no
comentário de abertura
do livro
Cristianismo redivivo, de
Bruno Bertocco (Edigraf
– 1972):
“Estamos na era do
Espírito, na fase
apocalíptica em que um
novo Céu e uma nova
Terra nascem ao nosso
redor. As mentes se
abrem para novas
dimensões da realidade,
facilitando o acesso ao
absoluto através do
relativo. Temos diante
de nós a escada de
Jacob, com amigos
descendo e subindo no
trânsito do infinito.
Paralelamente a essa
escada invisível temos a
escada visível do Céu
pelos astronautas. O
mundo se alarga e o Céu
se abre em caminhos
siderais diante de todos
nós...”