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Estudando as obras de Manoel Philomeno de Miranda
Ano 7 - N° 355 - 23 de Março de 2014
THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br
 
Curitiba, Paraná (Brasil)  
 
 

Loucura e Obsessão

Manoel Philomeno de Miranda

(Parte 2)

Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial do livro Loucura Obsessão, sexta obra de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco e publicada em 1988.

Questões preliminares

A. Qual era o ambiente espiritual nas imediações da casa onde seriam feitos os atendimentos espirituais?

O local transpirava agitação em ambos os planos da vida. Espíritos vadios se aglomeravam nas imediações, bulhentos e ociosos, enquanto outros, em grupos pequenos, demonstravam seus propósitos malfazejos, em conciliábulos a meia voz, exteriorizando a animosidade de que eram portadores. Odores de incenso e vela misturavam-se aos de ervas aromáticas que ardiam em vários recipientes com brasa, espalhados pelos diversos cômodos. Quando o relógio da casa assinalou vinte horas, houve breve rebuliço, logo acompanhado de um silêncio ansioso, e surgiu no recinto um cavalheiro de pouco mais de quarenta anos, visivelmente mediunizado, que convidou alguns circunstantes a que passassem à sala contígua, onde já se encontravam outros convidados e membros do grupo. (Loucura e Obsessão, cap.2, pp. 22 a 24.)

B. Pode-se dizer que para cada faixa de evolução remanescem crenças e cultos próprios e válidos para as suas necessidades?

Sim. Foi exatamente essa a informação que Dr. Bezerra de Menezes transmitiu a Miranda, acrescentando que, como o progresso é conquista de cada um, a imposição rude não vige nos códigos divinos e torna-se necessário que em toda parte se expresse o auxílio superior e que os mais esclarecidos estendam apoio e estímulo aos que permanecem na retaguarda do conhecimento. (Loucura e Obsessão, cap. 2, pp. 24 a 26.)

C. Que fato levou o médium Antenor a se dedicar com tanto empenho à tarefa naquela instituição?

Antenor, por erros graves cometidos no passado, quando foi senhor de escravos, chegara ao trabalho na mediunidade depois de um longo e doloroso processo obsessivo. Ciente das razões do mal que o afligia, sua mãe o exortava  à prática da caridade, por meio da mediunidade benfazeja, com que poderia ele resgatar os erros do passado e ajudar, como médium, aos que deixara em aflição. Marceneiro de profissão, ele vivia do serviço honesto com o qual sustentava esposa e dois filhos e dedicava quatro noites por semana aos trabalhos que a fé o impelia a realizar, no que era auxiliado pela mãezinha desencarnada, que tanto o ajudou e ainda agora o ajudava. (Loucura e Obsessão, cap. 2, pp. 26 e 27.)

Texto para leitura 

5. Um caso de catatonia - De formação católica, a senhora Catarina Viana, após a desencarnação do esposo Empédocles, vira o filho Carlos mergulhar lentamente em aparente processo de psicose maniacodepressiva, que se foi agravando com o tempo, até cair numa terrível situação diagnosticada como catatonia(1), após vividas diversas fases de desequilíbrio mental, sem que os cuidadosos tratamentos psiquiátricos, com constantes internações hospitalares, houvessem conseguido solucionar, ou, pelo menos, amenizar-lhe a situação. Mãe abnegada, era ela uma religiosa convicta, que buscava consolo e apoio na fé abraçada, sem que, não obstante isso, pudesse entender a áspera provação que a aturdia, devastando a saúde e a vida do filho. A terapia acadêmica utilizada fora até então inócua. O rapaz, que contava vinte anos de idade, oito dos quais padecendo a enfermidade, aparentemente não tinha possibilidade de retornar ao equilíbrio. Era esse o diagnóstico; contudo, a genitora jamais aceitou o fato como coisa consumada e insistia sempre em novas tentativas, com a confiança que possuem os heróis verdadeiros. Foi então que, quando os recursos médicos nada mais podiam propiciar, amigos insistiram com D. Catarina que buscasse socorro espiritual. Ela relutou a princípio, mas, diante dos inúmeros exemplos que lhe trouxeram, resolveu consultar o medianeiro indicado, acompanhada de dedicada amiga, que também se dizia praticante do mesmo culto. (Loucura e Obsessão, cap. 1, pp. 19 a 21.) 

6. No recinto mediúnico - A casa modesta, situada em bairro afastado, transpirava agitação em ambos os planos da vida. A sala estava enfeitada com bandeirolas presas a fios esticados. Espíritos vadios se aglomeravam nas imediações, bulhentos e ociosos, enquanto outros, em grupos pequenos, demonstravam seus propósitos malfazejos, em conciliábulos a meia voz, exteriorizando a animosidade de que eram portadores. Odores de incenso e vela misturavam-se aos de ervas aromáticas que ardiam em vários recipientes com brasa, espalhados pelos diversos cômodos. Dr. Bezerra de Menezes advertira Miranda quanto à conduta mental que ali devia ser mantida, prevenindo as surpresas que, no entanto, se sucediam continuamente, em face do inusitado dos acontecimentos. Quando o relógio da casa assinalou vinte horas, houve breve rebuliço, logo acompanhado de um silêncio ansioso, e surgiu no recinto um cavalheiro de pouco mais de quarenta anos, visivelmente mediunizado, que convidou alguns circunstantes a que passassem à sala contígua, onde já se encontravam outros convidados e membros do grupo. Estes últimos e o senhor em transe trajavam bata e calças brancas, tanto quanto as senhoras se vestiam de trajes alvinitentes, sobre os quais se notavam colares de várias cores. Foi feito um círculo diante de um altar fartamente decorado, no qual se misturavam figuras da hagiolatria(2) católica com outras deidades desconhecidas e ardiam velas impassíveis. Música dolente foi entoada ao ritmo de instrumentos de percussão, um tanto ensurdecedores, e logo depois, a uma só voz, todos do círculo cantavam no mesmo tom hipnótico que os sons cadenciados impunham. Em seguida, o dirigente da reunião, após alguns contorções e estertores, deu início a outra música, saudado por palmas que passaram a acompanhar os pontos que se sucediam. (Loucura e Obsessão, cap.2, pp. 22 a 24.)

7. Para cada faixa de evolução há crenças e cultos próprios - Diversos médiuns começaram, então, a entrar em transe, em face do ambiente saturado pelas vibrações rítmicas e pelos movimentos que, automaticamente, se imprimiam aos corpos, dando início a uma dança característica, pelos meneios e evoluções típicos. Expressivo número de participantes, em razão dos fatores ali propelentes e condicionadores, experimentaram, então, o fenômeno anímico da sugestão, descontrolando-se alguns, em crises de natureza vária, no que foram atendidos pelo chefe do grupo e por outros auxiliares que se mantinham lúcidos e a postos para isso. Alguns fenômenos catalogados no quadro da histeria também se apresentaram, propiciando descargas emocionais que faziam o paciente afrouxar os nervos e diminuir as tensões sob riscos compreensíveis. Noutros, destacaram-se as explosões do inconsciente, em catarse(3) libertadora dos conflitos nele soterrados, e emergentes nos sintomas de várias enfermidades que os afligiam. Em muitos sensitivos, porém, era patente a incorporação mediúnica, algo violenta, controlada, no entanto, pelos participantes mais adestrados. O mentor explicou que se tratava, conforme os dispositivos da crença, de um labor de descarrego das forças negativas, de limpeza psíquica e espiritual, seguindo a tradição africanista já bastante depurada ante o processo de evolução do culto entre pessoas mais esclarecidas. Outros grupos – explicou o mentor – existem, mais primitivos e concordes com o estado espiritual das criaturas. Para cada faixa de evolução remanescem crenças e cultos próprios para as suas necessidades, o que é natural. Como o progresso é conquista de cada um, e a imposição rude não vige nos códigos divinos, é necessário que em toda parte se expresse o auxílio superior e que os mais esclarecidos estendam apoio e estímulo aos que permanecem na retaguarda do conhecimento. Em dado momento, enquanto prosseguia o culto, o medianeiro citado, acompanhado por dois auxiliares, dirigiu-se a um pequeno compartimento atrás do altar e sentou-se. A Entidade que o incorporava fora mulher na última existência e, apesar da aparência, que poderosa autoideoplastia lhe modelava, era possível perceber que se tratava de uma pessoa procedente da raça branca, assumindo postura e enunciando-se conforme as características ambientais. Iniciava-se então a parte dedicada às consultas. (Loucura e Obsessão, cap. 2, pp. 24 a 26.) 

8. O caso Antenor - O médium, em estado sonambúlico, encontrava-se semidesligado do corpo físico, que se fazia comandado pela comunicante. Dr. Bezerra explicou: “Antenor, o instrumento que nos chama a atenção, vem de um passado lastimável. Arbitrário, foi cruel senhor de escravos, aqui mesmo, no Brasil, proprietário de largos tratos de terra que cultivou com mãos de ferro, espoliando vidas compradas pelas infelizes moedas que possuía. Fez-se temido e detestado, granjeando inimigos a mancheias... A desencarnação fê-lo defrontar inúmeras das vítimas, que se lhe tornaram algozes tão inclementes quanto ele o fora, que o não pouparam a martírios demorados por mais de meio século, nas regiões inferiores, onde expungiu pela dor grande parte dos males antes perpetrados. Recambiado à reencarnação nos braços de uma antiga vítima, foi atirado fora com a maior indiferença. Mãos caridosas o recolheram, embora sem mais amplos recursos para o educar, movidas pelo sentimento da compaixão, que o tempo transformou em acendrado amor. Ao atingir a maioridade, perseguido pelos adversários, tombou em rude e penosa obsessão, da qual se recobrou a peso de muita aflição de sua parte e dedicação da genitora adotiva, que o levou a um Núcleo de atendimento espiritual, onde eram mais comuns as comunicações de ex-escravos, graças aos vínculos existentes entre os antigos senhores e estes, ora em intercâmbio de reabilitação”. Dr. Bezerra informou que não foi fácil a pugna para o obsesso, tomado por crises de loucura que o levavam a convulsões de aparência epiléptica, seguidas de apatia quase total, quando subjugado pelos cobradores. Após esclarecer que a obsessão “é virose de vasta gênese”, desconhecida entre os estudiosos da saúde física e mental, com sutilezas e variedades de manifestação muito difíceis de ser detectadas pelos homens, Dr. Bezerra prosseguiu: “Quando em lucidez, a mãezinha exortava Antenor ao bem, elucidada a respeito do mal que o afligia e da necessidade de ele dedicar-se à mediunidade benfazeja, resgatando, assim, os erros do passado, pelo amor e ajuda aos que deixara em aflição. A pouco e pouco, o moço se permitiu conscientizar da grave responsabilidade, e, orientado com carinho, entregou-se à prática do mediunismo”. Antenor, marceneiro de profissão, vivia do serviço honesto com o qual sustentava esposa e dois filhos, dedicando quatro noites por semana aos trabalhos que a fé o impelia a realizar, no que era auxiliado pela mãezinha desencarnada, que tanto o ajudou e ainda agora o ajudava. (Loucura e Obsessão, cap. 2, pp. 26 e 27.) (Continua no próximo número.)


(1)
Catatonia: tipo de esquizofrenia caracterizado por períodos de negativismo, excitação e atitudes ou atividades estereotipadas.

(2) Hagiolatria: adoração que se devota aos santos.

(3) Catarse: purgação, purificação, limpeza. Efeito salutar provocado pela conscientização de uma lembrança fortemente emocional e/ou traumatizante, até então reprimida. Evacuação, natural ou provocada, por qualquer via. O efeito moral e purificador da tragédia clássica.


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita