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Crônicas e Artigos

Ano 7 - N° 355 - 23 de Março de 2014

ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, MG (Brasil)

 
 
 

Em torno das questões da fé
A luta é clima em que são forjados os verdadeiros heróis
 
 "O que duvida é semelhante à onda do mar que é  levada pelo vento e lançada de uma para outra parte." - Tiago, 1:6.

 
Escrevendo aos hebreus,
Paulo aconselhava a "não sujeitarmos a nossa confiança, que tem grande e avultado galardão”. (Hebreus, 10:35).

Se já optamos por Jesus como nosso "Modelo e Guia", fazem-se necessárias imensas mudanças de atitudes...  

Ele jamais Se deixou levar pelas aparências e Sua fé na conquista da meta foi sempre o farol que O norteou, porque estava confiantemente submetido aos desígnios Divinos. Não podemos, pois, rejeitar a fé porque a senda terrestre jaz eivada de sarças e espinheiros que ferem, insultando nossa sensibilidade com os quadros pavorosos e afligentes que decorrem da obtusidade humana.

O discípulo do Cristo não pode deixar-se vencer, descoroçoando ante os obstáculos e impedimentos. Por onde for, há que conduzir a Alma na qualidade de fonte inesgotável de compreensão e serviço! Há que lutar incansavelmente, trabalhando e realizando, guardando a certeza de que a indefectível Justiça Divina a ninguém desampara, permitindo, no futuro, a colheita dos frutos sazonados da cuidadosa sementeira de hoje.

Tomé não se encontrava presente quando o Divino Amigo veio ter com os Seus discípulos e, descrente, exigiu provas. Ora, o discípulo decidido jamais duvida e está sempre presente nas leiras dos deveres pelos quais se responsabiliza.

Até meados do século passado, quando as abendiçoadas claridades da Doutrina Espírita não haviam desvelado os horizontes espirituais para o homem encarnado, a fé era como um filete tênue de água correndo medrosa e debilmente entre vales escuros e profundos, apertado por um lado pelo paredão da incredulidade e da negação e, pelo outro lado, contido pela monolítica e inarredável parede dogmática.

Com o advento do Espiritismo postulando que "verdadeira só o é a fé que olha de frente a razão em todas as épocas da Humanidade", unindo sentimento e razão, podemos hoje beneficiar-nos das alcandoradas visões da fé raciocinada.

Assim, não é difícil entender - com Emmanuel[1] - que "(...) ter fé é guardar no coração a luminosa certeza em Deus, certeza que ultrapassou o âmbito da crença religiosa, fazendo o coração repousar numa energia constante de realização divina da personalidade.

Conseguir a fé é alcançar a possibilidade de não mais dizer: eu creio", mas afirmar: "eu sei", com todos os valores da razão tocados pela luz do sentimento. Essa fé não pode estagnar em nenhuma circunstância da vida e sabe trabalhar sempre, intensificando a amplitude de sua iluminação, pela dor ou pela responsabilidade, pelo esforço e pelo dever cumprido...

Traduzindo a certeza na assistência de Deus, ela exprime a confiança que sabe enfrentar todas as lutas e problemas, com a luz divina no coração, e significa a humildade redentora que edifica no íntimo do espírito a disposição sincera do discípulo, relativamente ao "faça-se no escravo a vontade do Senhor".   

A nobre mentora Joanna de Ângelis exora[2]: “(...) Bendize as horas de dor, que passam como passam os momentos de prazer, avançando na tua luta, caindo para levantar, chorando por amor ao ideal e sofrendo por servir. Para onde sigas, defrontarás a luta em nome do trabalho sulcando o solo da Humanidade.

A luta é clima em que são forjados os verdadeiros heróis e o sofrimento é a célula sublime que dá origem aos servidores verdadeiros”.

 

[1] - XAVIER, F. Cândido. O Consolador. 23. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2001, questão nº. 354.

[2] - FRANCO, Divaldo. Messe de amor. 7. ed. Salvador: LEAL, 2009, cap. 21, p. 73.

 

 


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita