A leitora Maria Cristina, de
Novo Hamburgo (RS), em carta
publicada nesta mesma
edição, pergunta-nos:
Em que difere a caridade da
solidariedade? Já busquei
textos para ver se
satisfazia essa dúvida e
nada encontrei, porque há
uma frase de Eduardo Galeano
que me perturba: - Prefiro a
solidariedade à caridade; a
primeira seria horizontal e
a segunda de baixo pra cima.
Essa frase andou nas redes
sociais na época das
passeatas no Brasil, mas,
por mais que eu pense, não
consigo ver esta diferença
que ele fala. Pra mim
caridade é amor em ação, e
quando tu te importas
comigo, tu estás sendo
solidário.
A frase que incomodou a
leitora baseia-se na falta
de compreensão do que
significa a palavra
caridade. Pelos mesmos
motivos, há quem critique
também a frase de Kardec
“Fora da caridade não há
salvação”, imaginando que o
autor dessa frase estivesse
referindo-se à esmola ou às
doações de caráter material.
Os materialistas têm razão
em pensar assim, mas os
cristãos e, sobretudo, os
espíritas não têm esse
direito, porque o conceito
de caridade está muito bem
definido no Evangelho e nas
cartas de Paulo e João.
Kardec reporta-se ao tema na
questão 886 d´O Livro dos
Espíritos e no cap. XV
d´O Evangelho segundo o
Espiritismo.
Eis o conteúdo da mencionada
questão:
886. Qual o verdadeiro
sentido da palavra caridade,
como a entendia Jesus?
“Benevolência para com
todos, indulgência para as
imperfeições dos outros,
perdão das ofensas.” Nota de
Kardec: O amor e a caridade
são o complemento da lei de
justiça, pois amar o próximo
é fazer-lhe todo o bem que
nos seja possível e que
desejáramos nos fosse feito.
Tal o sentido destas
palavras de Jesus: Amai-vos
uns aos outros como irmãos.
A caridade, segundo Jesus,
não se restringe à
esmola, abrange todas as
relações em que nos achamos
com os nossos semelhantes,
sejam eles nossos
inferiores, nossos iguais,
ou nossos superiores.
Ela nos prescreve a
indulgência, porque de
indulgência precisamos nós
mesmos, e nos proíbe que
humilhemos os
desafortunados,
contrariamente ao que se
costuma fazer. Apresente-se
uma pessoa rica e todas as
atenções e deferências lhe
são dispensadas. Se for
pobre, toda gente como que
entende que não precisa
preocupar-se com ela. No
entanto, quanto mais
lastimosa seja a sua
posição, tanto maior cuidado
devemos pôr em lhe não
aumentarmos o infortúnio
pela humilhação. O homem
verdadeiramente bom
procura elevar, aos seus
próprios olhos, aquele que
lhe é inferior,
diminuindo a distância que
os separa.
(Grifamos.)
Do cap. XV d´O Evangelho
segundo o Espiritismo
transcrevemos o seguinte
texto ali inserido pelo
Codificador do Espiritismo:
6. Ainda quando eu falasse
todas as línguas dos homens
e a língua dos próprios
anjos, se eu não tiver
caridade, serei como o
bronze que soa e um címbalo
que retine; - ainda quando
tivesse o dom de profecia,
que penetrasse todos os
mistérios, e tivesse
perfeita ciência de todas as
coisas; ainda quando tivesse
a fé possível, até o ponto
de transportar montanhas, se
não tiver caridade, nada
sou. - E, quando houver
distribuído os meus bens
para alimentar os pobres e
houvesse entregado meu corpo
para ser queimado, se não
tivesse caridade, tudo isso
de nada me serviria. A
caridade é paciente; é
branda e benfazeja; a
caridade não é invejosa; não
é temerária, nem
precipitada; não se enche de
orgulho; - não é desdenhosa;
não cuida de seus
interesses; não se agasta,
nem se azeda com coisa
alguma; não suspeita mal;
não se rejubila com a
injustiça, mas se rejubila
com a verdade; tudo
suporta, tudo crê, tudo
espera, tudo sofre. Agora,
estas três virtudes: a fé, a
esperança e a caridade
permanecem; mas, dentre
elas, a mais excelente é a
caridade (S. PAULO, 1ª
Epístola aos Coríntios, cap.
XIII, vv. 1 a 7 e 13.)
7. De tal modo compreendeu
S. Paulo essa grande
verdade, que disse: Quando
mesmo eu tivesse a linguagem
dos anjos; quando tivesse o
dom de profecia, que
penetrasse todos os
mistérios; quando tivesse
toda a fé possível, até ao
ponto de transportar
montanhas, se não tiver
caridade, nada sou. Dentre
estas três virtudes: a fé, a
esperança e a caridade, a
mais excelente é a caridade.
Coloca assim, sem equívoco,
a caridade acima até da fé.
É que a caridade está ao
alcance de toda gente: do
ignorante, como do sábio, do
rico, como do pobre, e
independe de qualquer crença
particular. Faz mais: define
a verdadeira caridade,
mostra-a não só na
beneficência, como também no
conjunto de todas as
qualidades do coração, na
bondade e na benevolência
para com o próximo. (O
Evangelho segundo o
Espiritismo, cap. XV, itens
6 e 7.)
(Grifamos.)
Diz-nos J. Herculano Pires
no cap. 1 do livro
Astronautas do Além que
“a caridade – que é o amor
em ação – deve eliminar as
arestas do nosso
personalismo, ensinando-nos
que todos somos importantes
na busca e na conquista da
verdade”.
Finalizando – e para que não
haja nenhuma dúvida da
leitora e de qualquer pessoa
a respeito do conceito
espírita de caridade –
sugerimos à leitora que leia
também o que Emmanuel
escreveu sobre o tema nas
obras seguintes
psicografadas pelo médium
Chico Xavier:
-
Pão Nosso, cap. 31
-
Pão Nosso, cap. 99
-
Vinha de Luz, cap. 116
-
Vinha de Luz, cap. 110
-
Palavras de Vida Eterna,
cap. 94.
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