PAULO DA SILVA NETO SOBRINHO
paulosnetos@gmail.com
Belo Horizonte,
MG (Brasil)
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Kardec nunca foi João
Evangelista
No Jornal da
Mediunidade n° 37,
de
outubro/novembro/dezembro
de 2013, uma publicação
da Livraria Espírita
Edições “Pedro e Paulo”
- LEEPP, Uberaba, MG, há
um artigo assinado pelo
articulista Nuno
Emmanuel, no qual ele
afirma que uma
psicografia de Chico
Xavier – uma poesia de
Casimiro Cunha –
confirma a “revelação”
de que Kardec foi João
Evangelista.
Transcrevemos este
trecho do artigo:
MANDATO DE AMOR – AOS
ESPÍRITAS
Capítulo II – A Doutrina
em Versos
AOS ESPÍRITAS
Se queres viver à luz
Do Espiritismo Cristão,
Guarda o Discípulo Amado
No templo do coração.
Ele foi o Mensageiro
Do Espírito da Verdade,
Unindo a Ciência e a Fé
Nas lutas da Humanidade.
Imita o seu sacrifício
Nas oficinas da Luz,
Praticando o ensinamento
Do Evangelho de Jesus.
Suporta a calúnia, o
apodo,
O ridículo, o tormento,
Sem fugir à tua fé,
Nos dias do sofrimento.
Lembra o Discípulo e o
Mestre,
Nosso Mestre e Salvador,
E farás do teu caminho
Um sacerdócio de Amor.
Casimiro Cunha
(Poema psicografado por
Francisco Cândido
Xavier, no dia 31 de
março de 1938, em
solenidade realizada
pela União Espírita
Mineira.)
Do Livro “Mandato de
Amor” – Geraldo Lemos
Neto, Itens: “SÉCULO XX
– AOS ESPÍRITAS”,
Editora UEM – União
Espírita Mineira:
www.uemmg.org.br/,
Livro:
www.vinhadeluz.com.br/site/produto.php?n=32.
O Discípulo Amado de
Jesus, João Evangelista,
foi o Mensageiro do
Espírito da Verdade,
Allan Kardec!
(Jornal da
Mediunidade nº 37,
p. 2, grifo do
original.)
A bem da verdade, para
quase tudo aquilo que
acreditamos sempre
encontraremos alguma
coisa para sustentar,
mesmo que isso não
esteja claro para a
maioria das outras
pessoas ou que busquemos
nas “entrelinhas” de um
artigo, isso é normal em
quase todos nós, seres
humanos; não há que se
condenar quem assim age,
porquanto vale a
assertiva de Jesus: “atire
a primeira pedra aquele
que não tiver pecados”.
Nós já fizemos várias
pesquisas sobre a
possibilidade de Chico
Xavier ter sido Allan
Kardec em nova
reencarnação, mas ainda
não encontramos nenhum
suporte para tal tese.
Entre as possíveis
reencarnações do
Codificador constam,
entre outras
personalidades, Platão e
João Evangelista. O
primeiro ponto que vem
conflitar é que ambos,
ou seja, Platão e João
Evangelista, assinam o
“Prolegômenos” em O
Livro dos Espíritos,
o que não faz sentido se
fossem um só Espírito.
Cada assinatura
representa uma
individualidade
distinta, isso para nós
é fato.
Ademais, é importante
relembrar que na
Revista Espírita há
registros de mensagens
assinadas pelo filósofo
Platão: a) na sessão
realizada em 18 de
novembro de 1859
(KARDEC, 1993e, p. 358);
b) na de 20 de janeiro
de 1860 (KARDEC, 2000a,
p. 39); c) na sessão 03
de fevereiro de 1860,
assinada em conjunto com
Moisés e Julien (KARDEC,
2000a, p. 68).
Mas voltemos o nosso
foco para João
Evangelista. Encontramos
informações que, a nosso
ver, derrubam a hipótese
dele ter sido Kardec. A
coisa é bem simples,
pois temos o próprio
Codificador presente
numa reunião na qual, a
seu pedido, evocou-se o
Espírito João
Evangelista, o que se
pode comprovar na
Revista Espírita 1861,
no relato da ata da
reunião na Sociedade
Espírita de Paris do dia
14 de dezembro de 1860;
do qual destacamos este
trecho:
“3º)
Fato pessoal ao Sr.
Allan Kardec e que pode
ser considerado uma
prova de identidade do
Espírito de um
personagem antigo. A
Senhorita J... teve
várias comunicações de
João Evangelista, e
cada vez com uma escrita
muito caracterizada e
muito diferente da sua
escrita normal. A seu
pedido, o Sr. Allan
Kardec, tendo
evocado esse Espírito,
pela senhora Costel,
achou que a escrita
tinha exatamente o mesmo
caráter da senhorita
J..., embora o novo
médium dela não tivesse
nenhum conhecimento;
além do mais, o
movimento da mão tinha
uma doçura
desacostumada, o que era
ainda uma semelhança;
enfim, as respostas
concordavam em todos os
pontos com aquelas
feitas pela senhorita
J... e nada na linguagem
que não estivesse à
altura do Espírito
evocado. (KARDEC, 1993f,
p. 5, grifo nosso.)
Não temos dúvidas de que
as “várias comunicações
de João Evangelista”,
tendo como médium a
Senhorita J...,
ocorreram em reuniões na
Sociedade Espírita de
Paris, o que nos remete
à possibilidade de que
todas elas foram
presididas por Kardec,
uma vez que ele exercia
a função de Presidente
dessa Instituição.
Podemos acrescentar uma
outra ocorrência da
manifestação de João
Evangelista. Em 2 de
novembro de 1864, a
Sociedade Espírita de
Paris se reuniu “com o
objetivo de oferecer uma
piedosa lembrança aos
seus colegas e aos seus
irmãos em Espiritismo,
falecidos” (Revista
Espírita 1864, 1993h, p.
353). Após a locução de
Kardec, abriu-se espaço
para possível
manifestação dos
Espíritos. Vários se
manifestaram entre eles
João Evangelista, que
deu uma bela mensagem
através da médium
Senhora Costel. (Revista
Espírita 1864,
1993h, p. 362-363.)
Como já dissemos
alhures, aqui temos um
fato inusitado, caso
persista a hipótese de
João Evangelista ser
Kardec, pois não há nada
de lógico em evocar a si
mesmo. A manifestação de
um vivo só ocorre nos
momentos em que o seu
corpo esteja inativo (ou
em êxtase), uma vez que,
segundo Kardec, essa é a
condição necessária para
que seu Espírito se
emancipe.
Além disso, voltamos a
insistir, cabe aos
defensores dessa tese
que provem (o ônus da
prova cabe a quem
afirma) que todas as
vezes que o Espírito
Kardec se manifestou
quando Chico Xavier
estava vivo, este estava
dormindo, para que seu
Espírito pudesse
emancipar e se
manifestar como Kardec.
Acho que isso vai ser
muito difícil, já que
Chico Xavier, segundo se
sabe, geralmente ia
dormir lá pela madrugada
adentro.
Referências
bibliográficas:
KARDEC, A. O Livro
dos Espíritos. Rio
de Janeiro: FEB, 2007a.
KARDEC, A. Revista
Espírita 1859.
Araras, SP: IDE, 1993e.
KARDEC, A. Revista
Espírita 1860.
Araras, SP: IDE, 2000a.
KARDEC, A. Revista
Espírita 1861.
Araras, SP: IDE, 1993f.
KARDEC, A. Revista
Espírita 1864.
Araras, SP: IDE, 1993h.
Jornal da Mediunidade
nº 37. Uberaba, MG:
LEEPP, out/nov/dez/2013.