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Brasil
Ano 8 - N° 364 - 25 de Maio de 2014
PAULO SALERNO
pgfsalerno@gmail.com
Porto Alegre, RS (Brasil)
 


Divaldo Franco em Salvador

O conhecido orador reúne um público numeroso em três eventos realizados no início de maio na capital da Bahia
 

O dedicado e incansável Semeador de Estrelas, Divaldo Franco, esteve no dia 30 de abril no Centro Espírita Perseverança e em 1º de maio no Congresso Espírita da FEESP – Federação Espírita do Estado de São Paulo, em São Paulo. Com todo o seu dinamismo e vitalidade o Embaixador da Paz proferiu uma conferência, dentro da programação da FEESP, das 12h10min às 13h30min. Concluindo-a, deslocou-se para o Aeroporto de Guarulhos, embarcando no voo das 15h25min, demandando a Salvador, aonde chegou às 18h10min.
 

Um pouco antes das 20h Divaldo já se encontrava no Centro Espírita Caminho da Redenção, no bairro Pau da Lima, Salvador (BA) para proferir empolgante conferência abordando as questões da responsabilidade, do dever, do direito, os conflitos existenciais, e a eutanásia, retratada na bela história que envolveu o Dr. Tadeu Merlin, sua neta e o Dr. Tadeu

Johann Müller – o Dr. Manco -, que salvou a menina Bárbara, neta de Merlin.

Centro Espírita Caminho da Redenção, 1º de maio  

Essa comovente história real caracteriza com precisão o caminho do amor e seus opíparos frutos, aqui sinteticamente retratada. Tadeu Merlin, cursando o último ano de Medicina, em uma Universidade de Los Angeles nos Estados Unidos da América, nutria a preocupação com um mundo cheio de pessoas aleijadas e de doentes sem esperança de cura. Por essa razão, era partidário da eutanásia e da eliminação dos portadores de deficiência física.

Moço e irreverente, costumava travar calorosas discussões com os colegas que não concordavam com a eutanásia. Seus colegas sabiam que estudavam medicina para cuidar das pessoas, minorando, ou curando quando possível, as enfermidades. O acadêmico Merlin contrapunha afirmando que se nada pudesse ser feito em benefício do enfermo, o melhor para ele seria a morte.

No entanto, uma noite, quando prestava serviço no Hospital, cumprindo programa curricular do último ano do curso, Merlin foi chamado, em um dia de terrível tempestade, para assistir a uma parturiente, imigrante alemã, que morava num bairro miserável da cidade. Ao chegar no prédio de três pisos, subiu a escadaria, empurrou a porta do apartamento deparando-se com uma mulher visivelmente debilitada sobre uma cama de ferro em um colchão imundo. De acordo com informações da mulher idosa que assistia a parturiente – era uma parteira -, ficou sabendo das imensas dificuldades vividas por aquela família, cujo marido e pai das outras crianças havia abandonado o lar.

O jovem Tadeu Merlin olhou aquela senhora semidesmaiada, diagnosticando o seu estado de saúde como grave. Tomou as providências de emergência e ficou aguardando a resposta orgânica. A parteira, que até então permanecia junto, lhe disse que ia ao seu apartamento embaixo. Deveria atender à família, pois passara todo dia ali. Tadeu, enquanto aguardava os efeitos medicamentosos, acercou-se da janela, meditando...

A tarde entrava em seu período crepuscular, pela janela observou o desnível social. Torres de petróleo ao longe, e mais perto, os bairros ricos, contrastavam com aquela miséria e sofrimento. A tempestade havia amainado. Tadeu Merlin então foi tomado de uma certa angústia, e fez inevitavelmente uma autorreflexão. Lembrou-se de Deus e frente à mulher que estava próxima da morte, quase agonizando, exclamou orando: - se tu quiseres... se tu quiseres, tu podes salvá-los. Eu sei que tu podes salvá-los! Eu te peço, salva-os!

Notou, então, que a mulher gemeu, movimentou-se. Acercou-se. Percebeu que a criança estava posicionada. Ele começou a estimular a parturiente, aplicou-lhe uma substância para ajudar nas realizações orgânicas, as contrações. A mulher gemia, ele estimulava. Decorrido algum tempo ele erguia no ar, pelos pés, uma criança do sexo masculino. Havia vencido a luta contra a morte. Realizou os procedimentos médicos, seccionou a placenta, o cordão umbilical, assepsiou o recém-nascido. Atendeu a mulher, colocou o filhinho de encontro ao seu braço.

Tadeu Merlin transpirava. A emoção agora dominava-lhe o espírito. Ele abriu a maleta de instrumentos, retirou a caderneta para tomar apontamentos que iam fazer parte da ficha hospitalar do centro médico onde ele trabalhava. E então anotou a data, anotou a hora. A noite já descia sobre Los Angeles. Pegou a criança e calculou o peso. No momento que ia medi-la, ele recuou, estarrecido: a criança trazia uma anomalia congênita no pé direito. O pé era deformado, voltado para trás. Era uma anomalia desagradável, e ele agora saía do júbilo para a revolta.

Que desgraça, pensou. Esta criança vai ser profundamente infeliz. Desenvolverá um trauma, talvez se torne um bandido, e eu poderei evitar que essa criança seja infeliz. Na escola será vítima de chacota dos outros meninos que o chamarão manco. Para que hei de obrigá-lo a viver? O mundo nunca dará pela falta dele.  Imagine claudicando, as gargalhadas infantis, a zombaria... eu tenho agora o poder de Deus na minha mão. Vou aplicar a eutanásia.

Abriu a maleta de instrumentos, preparou uma substância letal, pegou o braço da criança e sentindo-se Deus preparou-se para aplicar o veneno. Não haveria testemunhas, ele diria que houve um problema de parto e a criança morreu. Claro que ninguém ia fazer a necropsia, aquela mulher não era gente, era uma imigrante abandonada, socialmente esquecida. Porém, no momento em que ele foi aplicar a dose venenosa, algo que havia de nobre dentro dele gritou: Que tens tu com isso? A tua tarefa é salvar, e não matar! Já te desincumbiste da tarefa. Deixa viver! Se essa criança vai ser coxa, o problema é dela, não teu! Deixe-a viver!

Tadeu Merlin surpreendeu-se. Jogou fora a substância, fechou a maleta e foi embora censurando o próprio procedimento. Pensando sobre a sua atitude, preservando a vida do menino, dizia para consigo mesmo: não posso compreender por que fiz isto! Como se não houvesse filhos demais naquele antro de miséria. Não entendo porque deixei viver mais aquele, e ainda por cima aleijado.

Decorridos alguns anos, já formado, o Dr. Tadeu consagrou-se como médico pediatra conquistando vasta clientela e posição socioeconômica elevada no Meio-Oeste americano. As ideias que sustentava na juventude mudaram. Agora ele se dedicava a salvar e conservar vidas. Casou-se. Tornou-se pai. Ficou rico. A sua filha, vinte e cinco anos depois, era médica. Estava casada com um colega médico. O jovem casal teve uma filha, Bárbara. A menina era uma neta muito amada, a alegria dos avós.

Quando Bárbara completou quatro anos, seus pais resolveram transferir-se para Los Angeles, em cuja universidade iam fazer o doutorado. O Dr. Tadeu sentia que não poderia viver longe da neta. A vida iria perder o sentido. Voltou a Los Angeles, às suas raízes, construiu duas belas mansões, uma para ele e a esposa, e próxima, para sua filha, o genro e Bárbara. A vida prosseguiu nesse mar de venturas, mas quando Bárbara completou cinco anos, qual houvera acontecido no passado, uma tempestade caiu sobre Los Angeles e logo depois a cidade entrou em calamidade pública.

Às três horas da manhã, o telefone tocou na casa do Dr. Tadeu. Pediam-lhe para ir ao necrotério do hospital da universidade. Informaram-lhe que havia acontecido um acidente numa pista de alta velocidade. O automóvel derrapou, bateu na amurada, uma faísca fez o tanque de gasolina explodir. No necrotério, dois cadáveres carbonizados. Ao erguer o lençol, reconheceu a sua filha e o seu genro, mortos no acidente.

O casal Merlin passou a dedicar-se a neta Bárbara, para preencher a ausência, a lacuna deixada pelos pais. Bárbara aos cinco anos perguntava se seus pais iriam voltar, sentia saudades. Os avós a confortavam. A criança chorava a saudade da mãe e do pai. Os avós despedaçados tentavam diminuir-lhe a angústia, sem palavras.

Quando Bárbara completou sete anos, frequentava o 1º grau. O Dr. Tadeu, muito rico, resolveu fazer um garden-party, uma festinha nos jardins, e naturalmente convidou todos os coleguinhas de Bárbara e suas mães. No dia da festa, pela manhã bem cedo, Bárbara começou a choramingar. Ele levantou-se apressado e foi vê-la. Estava febril. Ele atribuiu que fosse uma infecção gripal e aplicou-lhe um antitérmico. Às oito horas ela estava sem febre, mas com olheiras. Queixava-se de dores nas pequenas articulações. Estava muito trêmula. Ao meio-dia Bárbara voltou a ter febre. Era uma infecção virótica, por certo. Aplicou-lhe substâncias expressivas. Às três horas estava bem, embora com algumas manchas em diferentes partes do corpo. Dr. Tadeu ficou apreensivo.

Chegou a hora da festa. Os convidados presentes. Tudo estava preparado para ser um momento feliz, inesquecível. Porém, o Dr. Tadeu, cuidadoso, procurou Bárbara e não a viu. Saiu pelo jardim e foi encontrá-la sob um caramanchão tremendo de frio. Bárbara estava febril. Ele assustou-se. Levou a criança para o quarto. A festinha terminou rápido. Ele telefonou a um colega pediatra e os dois resolveram fazer alguns exames complementares. Concluída a análise laboratorial, o diagnóstico informava que Bárbara era portadora de uma virose. Uma virose desconhecida.

Era um vírus mórbido que atacava uma criança em um milhão. Por ser desconhecida não havia tratamento. No dia seguinte o périplo por inúmeras clínicas, inclusive a mais renomada da época, as Clínicas Mayo. O próprio Dr. Mayo atendeu-a. Ao examinar o resultado da pesquisa de laboratório, ele meneou a cabeça, especialmente quando percebeu na criança os hematomas, as manchas nas articulações, a debilidade e disse: - Ela vai morrer, e de uma maneira cruel. Esse vírus aloja-se nos tendões, nas articulações... e mata. Mata por asfixia. A criança vai perdendo a flexibilidade, e se lhe enrijecem todos os músculos e morre por falta de ar. É um tormento a morte de uma criança dessa forma. É uma tragédia para quem acompanha. Não há esperança, continuou o Dr. Mayo. Nós não sabemos como se dá essa infecção. Se fosse minha neta, eu aplicaria a eutanásia, para não a ver morrer em sofrimento.

- Mas, eutanásia? Na minha neta? Nunca! Eu sou um homem rico! O dinheiro compra tudo, pelo menos o que é possível. Mande-me a um especialista! Mande-me a um cientista! Bradou o Dr. Tadeu Merlin. O Dr. Tadeu reuniu vários neurologistas e todos foram unânimes em afirmar que não se conhecia medicamento e, muito menos, tratamento para aquela enfermidade. A busca por soluções levou o Dr. Tadeu a visitar, inclusive, clínicas especializadas na Europa.

Por insistir em novas recomendações, lhe foi informado que existia um médico no Meio-Oeste americano, homem moço, que havia escrito recentemente sobre o êxito que tem obtido em casos como este, observou um dos neurologistas. O Dr. Tadeu não teve dúvidas. Tomou a neta e se dirigiu para o hospital indicado. Era um lugar miserável, de alta temperatura, de mineradores de carvão, paupérrimo. Aquele lugar se apresentava como fantasmas dos velhos faroestes. A ambulância que veio buscar a menina estava petição de miséria, enfermeiros maltratados... ele arrependeu-se, o calor era sufocante!

Colocou a netinha na maca, entrou com ela e a esposa, e a ambulância correu pelas ruas empoeiradas. Quando chegou à clínica, a decepção foi maior. Não era uma clínica... Era um velho barracão de madeira. Quando ele saltou, a visão era desoladora. Ali estavam crianças aleijadas, paralíticas, crianças decepadas. Ele entrou, acercou-se da enfermeira e disse-lhe que estava vindo da Alemanha e que tinha uma entrevista marcada.

A enfermeira informou-lhe que o Dr. Müller estava esperando-o. O Dr. Müller era um jovem de trinta e cinco anos. Pediu que aguardasse um pouco, terminou de escrever. Bárbara foi colocada em uma mesa com rodinhas nos pés, gemia. Bárbara choramingava e o avô, ansioso, pegou a pilha de exames e apresentou-a ao jovem médico que redarguiu: - Não quero ler, não me induza no diagnóstico, eu tenho que fazer o meu próprio diagnóstico, ademais, não gosto de saber o que disseram os outros, vou examiná-la, disse-lhe o Dr. Müller.

Pediu que trouxessem a menina até perto, a enfermeira diligente atendeu-lhe, e utilizando-se de uma boa psicologia, conversando e examinando Bárbara, inclusive as manchas nas grandes articulações, informou:

- Não há dúvidas. O diagnóstico dela é arrasador. É um vírus. E é um vírus desconhecido, nem está nominado. Ela vai morrer.

- Mas Dr....

- Bem, o senhor queria um diagnóstico, aí está. E tenho a certeza que os meus colegas disseram isto.

Pegou os exames e conferiu. Ele estava certo.

- Mas não se pode fazer nada?

- Podemos tentar. Há 10 anos, eu estou pesquisando exatamente esse vírus, mas nunca tive uma cobaia humana, só encontrei cobaias animais, ratos e coelhos da índia, e até cheguei a desenvolver uma vacina de finalidade terapêutica, mas nunca experimentei em uma criança. Não posso garantir resultados, e é muito perigoso. Ela pode ter uma sequela fatal.

- Mas colega, pelo amor de Deus... pelo amor de Deus, ela vai morrer de qualquer forma, ela está morrendo! Tem que salvá-la, e se ela morrer será mártir e irá abrir espaço para salvar outras vidas. Pelo amor de Deus!

O Dr. Tadeu lembrou-se de Deus. Fazia muitos anos ele estava de mal com Deus. Nós somos muito soberbos. Na hora da felicidade nós nos libertamos de Deus. Na hora da angústia nós voltamos a Deus. Ele se recordou e deu um grito surdo:

- Se tu quiseres... se tu quiseres, salva-a. É tua. Tu me emprestaste a minha filha, meu genro, me tomaste de volta os dois, deixando-me com ela. Deixa-me um pouco mais... se tu quiseres...

O Dr. Müller chamou a enfermeira e disse-lhe para preparar a terapia imediatamente. A terapêutica inicial era muito simples: choques térmicos. A criança era mergulhada em uma piscina ao lado, de águas muito tépidas, e depois colocada em uma outra piscina com água a cinco graus, para choques de temperatura. O Dr. Müller recomendou que quando a terapia inicial estivesse concluída que o chamassem para aplicar a vacina em Bárbara.

Anunciado o término da terapia inicial, o Dr. Müller empurrou a sua mesa, levantando-se. Quando contornou na direção da porta, o Dr. Tadeu recuou. Estava à parede, abraçado à esposa, e olhou para o pé direito em uma bota ortopédica, aquele pé deformado, ele coxeava, tinha uma deformidade. O Dr. Tadeu olhou exatamente na hora em que o Dr. Müller olhou, notando a curiosidade.

- Está olhando o meu pé? Pois é. Sou coxo. Todo mundo aqui me chama Dr. Manco. Em realidade meu nome é Tadeu Johann Müller, mas eu sou tão aleijado quanto os meus pacientes. Aqui ninguém ri de ninguém, porque é aleijado o médico, é aleijado o paciente, é aleijado o enfermeiro...

- O colega foi vítima de um acidente? Indagou o Dr. Tadeu.

- Não, acidente da natureza. Imagine você, que eu sou o sétimo filho de uma imigrante alemã, nasci em Los Angeles, em uma noite pós-tempestade que só Los Angeles sabe dar. Mamãe estava a morrer. Eu sou teimoso. Quando ela me concebeu papai disse:

- Ou mata, aborta-o, ou eu abandono vocês. Então ela disse:

- Eu perco o marido, mas não perco o filho. - Ele se foi e ela ficou comigo, que era o sétimo filho. Ela estava fraca. Não tinha sequer as contrações, que são automáticas. Estávamos a morrer os dois. Uma vizinha, que era parteira e atendia mamãe naquele dia, telefonou ao hospital, e o hospital mandou um excelente médico para me salvar. Um médico notável, ele foi à minha casa, salvou-me, salvou a mamãe e foi embora. Procurando saber quem foi o médico benfeitor, mamãe foi ao hospital assim que se recuperou. Chegou lá, falou à enfermeira no serviço social:

- Eu quero saber o nome do médico que salvou a minha vida. Eu quero orar por ele, eu sou muito pobre, não tenho como agradecer. Quero saber o nome dele. A enfermeira disse:

- Senhora, é impossível! Nós somos proibidos de dar qualquer informação que possa identificar o médico. É segredo hospitalar.

Mamãe insistiu, conversou, suplicou. A enfermeira sensibilizada, mas sem quebrar o protocolo, deixou o prontuário sobre o balcão, dizendo que iria tomar um café e que se mamãe olhasse, não teria nada com aquilo. Mamãe olhou e leu: Dr. Tadeu Johann Merlin. Então ela em homenagem colocou meu nome: Tadeu Johann Müller. Mas eu nunca usei o meu nome. Tadeu é um nome muito importante. Todo mundo me chama de Dr. Manco. Dr. Tadeu olhou para ele, lembrou-se daquela noite, do momento em que pegou a ampola com a substância letal para mata-lo.

Dr. Tadeu exclamou: - Meu Deus! É melhor ser coxo do que cego como eu era.

O Dr. Müller continuou com os banhos termais em Bárbara, aplicou a injeção e dois meses depois Bárbara estava curada. E a partir daquele dia o vírus foi derrotado. Nunca mais morreu nenhuma criança com aquela terrível virose. Assim, o jovem Tadeu Johan Müller, o que puxava da perna, cuja vida foi salva no momento da eutanásia, se revelou o pesquisador da enfermidade e salvou todas as vidas do futuro.

A verdadeira felicidade, disse Divaldo Franco, é fazer o bem. O bem que nós fazemos é bem que nos faz bem. Desta forma, o Dr. Tadeu Merlin havia se realizado em salvar vidas e havia renunciado ao crime da eutanásia A vida deu voltas e porque salvou aquela vida, a do menino Müller, essa vida viria a salvar a da sua neta, e milhares de futuras vítimas. O amor é mais vantajoso para quem ama. O compromisso do indivíduo para com a vida é amar, frisou o Arauto do Evangelho.

Somente aquele que tomou a si a tarefa de amar o seu semelhante em tal grau pode desenvolver trabalho de tal magnitude, exigindo higidez mental e física, como vem fazendo Divaldo Franco há mais de sessenta e seis anos.

Centro Espírita Caminho da Redenção, 3 de maio
 

Divaldo Franco, com sua habitual fidalguia, recepcionou com um lauto lanche um pequeno grupo de amigos do Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. A conversa animada, recheada de informações preciosas, foi sendo desenvolvida enquanto era servido os acepipes pelas diligentes voluntárias da Mansão do Caminho.
 

Às 20h00min teve início o trabalho doutrinário no Centro Espírita Caminho da Redenção. Várias filhas e filhos adotivos de Divaldo Franco estavam presentes, bem como delegações de Santa Catarina, com cinquenta e três integrantes, de São Paulo, de Sergipe e outras várias cidades a quem o Embaixador da Paz devotou a sua gratidão.

   

Divaldo com filhos adotivos

O tema de cunho emocional, psíquico, foi embasado no encontro e nas orientações e seus desdobramentos transmitidos a Divaldo Franco pelo Espírito Jésus Gonçalves que se fez presente enquanto Divaldo orava no quintal de residência em que morava. Até então Divaldo não sabia de quem se tratava. O Espírito identificou-se como Jésus Gonçalves, desencarnado na Colônia de hansenianos em Pirapi-

tingui, em São Paulo. Disse que se conheciam desde há alguns séculos. Orientou Divaldo a visitar os internados na Colônia de Águas Claras, em Salvador/BA. Os internos eram portadores da hanseníase.

Como Divaldo tinha horror da lepra, disse-lhe que não iria lá, nunca. Ao que ele respondeu: - Tu preferes ir lá, ou ires para lá? Claro, nestas circunstâncias Divaldo concordou em ir visitar a Colônia Águas Claras. Desta forma, o Arauto do Evangelho, passou a visitar, após obter permissão, um grande número de colônias de leprosos no Brasil e no Exterior. Conheceu, também, pessoas abnegadas que já exerciam atividades de auxílio aos hansenianos, como Zaira Pitt, Eunice Weaver, Ninita, a viúva de Jésus Gonçalves, e tantos outros.

O pior leproso é o da alma, destacou Divaldo. Todos possuem compromissos de amor na Terra, são compromissos de diversas ordens. As dores possuem raízes, matrizes, em atos praticados em existências passadas. Cabe a cada indivíduo descobrir quais são os seus compromissos de amor. Mesmo que sejam compromissos de dor, devem ser compreendidos e vivenciados com resignação, propiciando construir-se melhor, mais harmônico, adquirindo saúde física, mental, psicológica.

Workshop: Compromissos de Amor

O Auditório Yemanjá, no Centro de Convenções da Bahia, estava lotado com quase duas mil pessoas ávidas por absorver o conhecimento necessário para libertar-se das amarras do passado, desejosos por construir um futuro de plenitude. Preparando a recepção e ambientando os participantes, Cássia Aguiar interpretou belas canções. Como Divaldo Franco está completando oitenta e sete anos, em cinco de maio, foi homenageado.

Antonio Cesar Perri de Carvalho, Presidente da Federação Espírita Brasileira – FEB -, enviou a Divaldo a mensagem intitulada Mensagem para Divaldo Pereira Franco, lida no palco. Após foi enaltecido o trabalho, a dedicação e o amor exemplificado pelo Arauto do Evangelho através da exposição de um texto e de fotos, reconhecendo a grandiosidade desse abnegado servidor do Cristo. Foi um gesto de gratidão e de reconhecimento pelo esforço que o nobre conferencista e médium baiano tem realizado em prol da humanidade, da paz e do cristianismo. Sua existência tem sido um hino de amor.

O workshop serviu como palco para o lançamento do livro Compromissos de Amor, uma obra rica e fascinante, ditada por diversos Espíritos interessados no bem de todas as criaturas. É um convite para o desenvolvimento da consciência sobre a responsabilidade espiritual e a aquisição de recursos capazes de atingir a vitória sobre as paixões primitivas. O sentido e o significado da existência terrena é proporcionar ao Espírito, no seu processo de reencarnação, as realizações dignificantes dos seus COMPROMISSOS DE AMOR, assevera a benfeitora Joanna de Ângelis.

O homenageado aniversariante, emocionado, recebeu com gratidão o carinho, a ternura e o estímulo nesta fase crepuscular de sua atual existência, transferindo a Allan Kardec o mérito da honraria. Apresentando um pequeno vídeo que retrata pequenos gestos e atitudes generosos, e que surtiram efeitos salutares, modificando aqueles panoramas da natureza, do animal e do homem, Divaldo, com isso, salientou que é possível a qualquer um que o deseje, realizar algo benéfico, desincumbindo-se de seus compromissos de amor, construindo um mundo melhor.

Fazendo um breve análise historicoarquetípica de Eros, Tanatos e Cupido, o fiel mensageiro da palavra do Cristo preparou as mentes e os corações para as importantes e estimuladoras mensagens que foram trabalhadas ao longo do workshop. Lúcidas informações sobre o homem psicológico foram apresentadas, destacando que a vida humana necessita de uma meta, de um sentido psicológico. Esse sentido psicológico da vida é alcançar o entendimento sobre a imortalidade, desenvolver o amor, desincumbir-se dos compromissos de amor.

Discorrendo sobre a vida de Francisco de Assis, desde o seu nascimento, o orador por excelência foi apresentando-a, fase a fase, aditando informações sobre o ego, o Self, os arquétipos, os conflitos íntimos, o encontro com si mesmo, as relações com Deus, a verdade. Todo aquele que busca renovar-se, passa por provas e crises. Desnudar-se do ego é encontrar o ser profundo, alinhar o eixo ego-Self. O propósito é dignificar a criatura humana, libertando-a do impositivo das atitudes perniciosas.

Jesus é o ícone do amor. Toda a Sua vida, desde o berço, é um hino à vida transcendental. Já Francisco de Assis é um hino de ternura que comove a humanidade. O homem, educado em bases de valores materiais, se esquece de sua origem espiritual e divina. Se afeiçoa mais à matéria do que ao Espírito. A predominância do ego impulsiona o indivíduo à competitividade, não a conquista de si mesmo. A notável lição de Francisco de Assis deve ser aplicada no dia a dia de cada um, extinguindo a guerra íntima para descobrir os valores divinos através dessa viagem interior.

Para que a relação com Deus se aprofunde, deve-se estabelecer uma relação profunda com si mesmo, com a própria alma, amando-se. A verdade deve ser revelada aos poucos, nem todos estão preparados para receber a verdade. Há uma tendência regressiva muito grande para todo e qualquer mudança. A vida física é fugaz, assim importa cuidar mais do Espírito do que da matéria. Viva de tal forma que deixes pegadas luminosas por onde passas. Quem deseja viver o homem novo, deve despir-se do homem velho.

O esforço não deve ser contra a ordem externa, mas aplicado na construção interna, da fortaleza necessária para construir uma nova ordem, sem colocar-se contra o mundo, sem submeter-se à sua forma doentia de ser. O propósito é dignificar a criatura humana, libertando-a do impositivo das atitudes perniciosas. Para amar em profundidade é necessário cuidar das chagas morais, nem sempre visíveis no corpo. O enfrentamento da sombra deve ser diário, pois muitas potencialidades encontram-se na área desconhecida. A sombra não deve ser negada, mas integrada.

Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro, desperta. Não espere reconhecimento se estás com o Cristo. Seguir o Cristo exige estar preparado a conduzir a própria cruz. O arquétipo cristão é a misericórdia, a caridade, a fraternidade, o amor. Quem ama vive. Os compromissos de amor permanecem e prosseguem. O homem somente alcançará a plenitude se vencer os seus inimigos internos. E vencer os inimigos internos é um dos compromissos de amor. Eis, assim, a exposição de algumas das ideias-força apresentadas e comentadas, com muita propriedade, pelo reconhecido orador espírita.

Finalizando, Divaldo rogou a Francisco de Assis, o Êmulo de Jesus, abençoar as dores internas e os hinos de alegria de cada um, que visam fundir o que se está hoje com o que se deseja no futuro, a plenitude. Ide em paz, ide. O Senhor nos espera, esse é um momento de libertação, assim se despediu Divaldo, visivelmente emocionado, de seu público que em gratidão o louvou com grande salva de palmas.


Nota do Autor:
 

As fotos que ilustram esta reportagem foram feitas por Jorge Moehlecke.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita