Em mensagem publicada na
seção de Cartas desta mesma
edição, o leitor Gilson
Villa diz ter lido há muito
tempo em um dos livros de
Léon Denis uma estranha
informação segundo a qual um
Espírito teria reencarnado
em um corpo de menino vivo,
que contava então cerca de
sete ou nove anos. Dito
isso, o leitor pergunta-nos:
– Tem como vocês me
responderem se realmente eu
li corretamente isso ou
estou equivocado?
O leitor está, obviamente,
equivocado.
A reencarnação inicia-se na
concepção, portanto no
momento em que o corpo
começa a se formar. A
ligação entre o corpo da
criança e o perispírito que
reveste a alma processa-se
molécula a molécula e se
completa com o nascimento do
bebê.
Esse é o ensinamento firmado
nas obras de Allan Kardec, e
Léon Denis não pensava de
forma diferente.
Com efeito, lemos no seu
livro O Grande Enigma,
7ª edição, publicada pela
FEB:
“A união da alma e do corpo
começa com a concepção e só
fica completa na ocasião do
nascimento. No intervalo da
concepção ao nascimento, as
faculdades da alma vão,
pouco a pouco, sendo
aniquiladas pelo poder
sempre crescente da força
vital recebida dos
geradores, que diminui o
movimento vibratório do
perispírito. Esta diminuição
vibratória do envoltório
fluídico produz a perda da
lembrança das vidas
anteriores.”
(O Grande Enigma, págs. 192
e 193.)
Em O Livro
dos Espíritos,
a principal obra da doutrina
espírita, o assunto é
tratado com clareza na
questão seguinte:
344. Em que momento a alma
se une ao corpo?
“A união começa na
concepção, mas só é completa
por ocasião do nascimento.
Desde o instante da
concepção, o Espírito
designado para habitar certo
corpo a este se liga por um
laço fluídico, que cada vez
mais se vai apertando até ao
instante em que a criança vê
a luz. O grito que então
solta anuncia que ela se
conta no número dos vivos e
dos servos de Deus.”
(O Livro dos Espíritos,
questão 344.)
No mês de julho de 1860, a
Revista Espírita
publicou, da lavra de Allan
Kardec, a informação adiante
reproduzida, que reforça o
ensinamento a que nos
reportamos:
"Sabe-se que, no momento da
concepção, o Espírito
designado para habitar o
corpo que deve nascer é
tomado por uma perturbação,
que vai crescendo à medida
que os laços fluídicos, que
o unem à matéria, se
apertam, até as proximidades
do nascimento. Neste
momento, perde igualmente
toda a consciência de si
mesmo e não começa a
recobrar as ideias senão no
momento em que a criança
respira. Só então é que se
torna completa e definitiva
a união entre o Espírito e o
corpo."
(Revista Espírita de julho
de 1860.)
Correram os anos e em 1868,
com a publicação de A
Gênese, os Milagres e as
Predições segundo o
Espiritismo, Kardec
legou-nos uma explicação
mais detalhada e demorada
acerca do assunto:
"Logo que o Espírito deva se
encarnar num corpo humano em
via de formação, um laço
fluídico, que não é outro
senão uma expansão do
perispírito, o amarra ao
germe sobre o qual ele se
encontra lançado por uma
força irresistível desde o
momento da concepção. À
medida que o germe se
desenvolve, o laço se
aperta; sob a influência do
princípio vital material do
germe, o perispírito, que
possui certas propriedades
da matéria, une-se molécula
a molécula com o corpo que
se forma; de onde se pode
dizer que o Espírito, por
intermédio de seu
perispírito, toma, de alguma
forma, raiz neste germe,
como uma planta na terra.
Quando o germe está
inteiramente desenvolvido, a
união é completa e, então,
ele nasce à vida exterior."
(A Gênese, cap. XI, item
18.)
Sobre o tema sugerimos ao
leitor que leia também os
textos abaixo, ambos
publicados em nossa revista:
Especial: “A união da alma
com o corpo”
http://www.oconsolador.com.br/ano2/98/especial.html
O Espiritismo responde
http://www.oconsolador.com.br/ano4/167/oespiritismoresponde.html
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