A. Em face das fraudes
numerosas que estavam
sendo praticadas na
Europa por médiuns
profissionais, que
atitude foi tomada pelos
espíritas europeus?
O Congresso Espírita
realizado em maio de
1910 em Bruxelas aprovou
uma moção que solicitou
aos grupos de estudos e
experimentadores a só
admitirem sessões
obscuras ou à meia-luz
em condições de rigorosa
verificação e que,
nelas, as mãos e os pés
dos médiuns fossem
seguros por dois
assistentes
experimentados, enquanto
durasse a sessão, ou que
fosse isolado o médium
por meio de um fio tenso
e sem solução de
continuidade, ou ainda,
que fosse ele metido
numa jaula
cuidadosamente fechada,
ficando a chave em poder
de uma pessoa de
confiança. O Congresso
dirigiu, ainda, uma
exortação aos médiuns
honestos e
desinteressados
pedindo-lhes que
intensificassem o zelo
por bem servir,
lembrando-lhes que a
dedicação e a
sinceridade granjeiam a
estima e o
reconhecimento de todos,
bem como a assistência
das elevadas
Inteligências invisíveis
que velam pelo progresso
de nossas crenças neste
mundo.
(No Invisível, 3ª Parte.
XXIV - Abusos da
mediunidade.)
B. Para prevenir-nos
contra os abusos e as
mistificações, qual deve
ser a nossa atitude?
Léon Denis é enfático:
no domínio arriscado, e
tantas vezes obscuro, da
experimentação, cumpre
examinar e analisar as
coisas com sereno
critério e extrema
circunspeção, e só
admitir o que se
apresenta com um caráter
de autenticidade
perfeitamente definido.
(Obra citada, 3ª Parte.
XXIV - Abusos da
mediunidade.)
C. A mediunidade pode
ser exercida
profissionalmente?
Não. O exercício da
mediunidade não pode
constituir uma
profissão. A melhor
garantia de sinceridade
que pode um médium
oferecer é o
desinteresse e esse é o
meio mais seguro de se
obter o auxílio do Alto.
Para conservar seu
prestígio moral, para
produzir frutos de
verdade, deve a
mediunidade ser
praticada com elevação e
desprendimento, sem o
que se torna uma fonte
de abusos, instrumento
de contradição e
desordem, de que se
utilizarão as entidades
malfazejas.
(Obra citada, 3ª Parte.
XXIV - Abusos da
mediunidade.)
Texto para leitura
1155. No dia 18 de junho
de 1908, em casa do Sr.
David, no Boulevard des
Batignolles, estando
sentado o médium fora do
gabinete de
materializações, à
meia-luz, no círculo dos
assistentes, foi visto
formar-se um braço, que
parecia surgir de um
ângulo da sala.
Descreveu um movimento
circular e nos veio
tocar a cabeça, a mim e
ao reverendo Benezech,
pastor protestante,
sentado ao pé de mim. Do
soalho saiu um fantasma
vaporoso, que se ergueu
à vista de todos, e uma
voz se fez ouvir,
proferindo um nome bem
conhecido. Em seguida se
foi abaixando e
dissipou-se gradualmente
no soalho. O médium, bem
desperto, assinalava
esses fenômenos, ao
mesmo tempo em que se
produziam em lugares da
sala que não teria
podido alcançar.
1156. Na sessão de 12 de
julho, em casa da Sra.
Cornély, estava eu
colocado à entrada do
gabinete, em frente à
abertura das cortinas.
Um Espírito, com
estatura de criança,
desprezando essa
abertura, atravessou o
pano, à minha esquerda,
junto ao Sr. Debrus,
sentado atrás de mim, e
pronunciou estas
palavras: “Maria, Rosa”,
e em seguida: “papá,
mamã!” Tocou o Sr.
Debrus, e o seu lindo
braço roliço foi visto
alongar-se por cima da
sua e da minha cabeça. O
Sr. e a Sra. Debrus
ficaram convencidos de
ter visto a aparição de
sua própria filha,
falecida em Valence, a 4
de novembro de 1902, a
quem me referi em “O
Problema do Ser, do
Destino, e da Dor”. Em
semelhante caso, nos
pareceu impossível a
simulação, pois que o
médium jamais tinha
visto a menina.
1157. A autenticidade
desses fenômenos é
incontestável, por terem
sido produzidos em
excelentes condições de
verificação. O mesmo já
se não deu
posteriormente. Logo que
o médium se ocultava
atrás das cortinas e
fazia-se a obscuridade,
ouviam-se ruídos
significativos. No curso
de 11 sessões a que
assisti, pude adquirir a
certeza de que o médium
se despia, tirava os
sapatos e pintava o
rosto, para simular as
aparições. Numa das
sessões, efetuada em
casa da Sra. Nceggerath,
na Rua Milton, duas
senhoras favoravelmente
colocadas para bem
observar, estando eu
sentado mais distante,
viram distintamente o
médium despido, agachado
e, depois, estendido no
soalho, a erguer-se
pouco a pouco para
levantar a gaze
flutuante que lhe servia
para imitar os
fantasmas. As aludidas
senhoras, uma das quais
era a Sra. Nceggerath,
me comunicaram
separadamente suas
impressões, que
concordavam, antes de
conversarem acerca do
fato observado.
1158. No dia 9 de
setembro, o Sr. Drubay,
espírita íntegro e
convicto, ao desmanchar
o gabinete de
materializações, no dia
seguinte ao de uma
sessão efetuada em sua
casa, encontrou um
retalho de filó de seda,
muitíssimo fino, que
parecia despregado ou
arrancado de um pedaço
maior. Dias depois, na
sede da Sociedade de
Estudos Psíquicos, no
arrabalde de
Saint-Martin, apanhou
nas mesmas condições um
trapo negro, muito
comprido, fortemente
impregnado de um cheiro
de rosa e sândalo
combinados, que se fazia
sentir em certos
momentos nas sessões e
que o médium pretendia
ser proveniente dos
Espíritos. Mais de vinte
testemunhas, em resumo,
verificaram as fraudes,
em sessões ulteriores. O
compromisso formal que
haviam tomado de
observar o regulamento
foi o que unicamente as
impediu de desmascarar o
culpado.
1159. Tendo os “Annales
des Sciences Psychiques”
denunciado tais
artifícios, julguei
dever a meu turno
intervir, para salvar as
nossas responsabilidades
e a de uma causa
comprometida por essas
divulgações, com o que
pôde ficar o público
inteirado de que os
espíritas não se deixam
ludibriar e sabem
discernir a verdade da
impostura. Denunciar,
com efeito, as fraudes,
onde quer que se
produzam, é o meio mais
seguro de fazer
desacoroçoar os seus
autores.
1160. Procedendo como o
fiz, desempenhei uma
tarefa ingrata, mas
necessária, que me valeu
a aprovação das pessoas
honestas. Se, de um
lado, fui alvo de
críticas malévolas, do
outro recebi elevados e
calorosos aplausos. Um
eminente psiquista, que
ocupa saliente posição
na magistratura,
escreve-me a tal
respeito:
“Paris, 8 de abril de
1910.
Admirei vossa coragem no
incidente M., porque
adivinho quanto deveis
ter sofrido, sendo
obrigado a protestar.
Fizestes bem e vos
revelastes mais uma vez
o homem sincero e
honrado que de fato
sois. Sei que certos
grupos ficaram um tanto
descontentes convosco,
mas cumpristes um dever,
expelindo ‘os mercadores
do templo’. O que lança
o desprestígio no
movimento de que sois um
dos mais respeitáveis
chefes é justamente a
cegueira de certos
grupos que, com a sua
indiferença pela
sinceridade dos
fenômenos, favorecem os
médiuns fraudulentos e
os que se rejubilam com
tais fraudes.
No que me diz
pessoalmente respeito,
estou convosco. Desde as
primeiras sessões me foi
patente a fraude de M.,
e compreendi facilmente
os seus processos, que
são grosseiros. Nada
articulei publicamente,
em atenção às pessoas
que me acolhiam em sua
casa, tendo-me, ao
demais, M. prometido
sessões sérias. Mas não
cumpriu a promessa.”
1161. Como epílogo
desses fatos, os
espíritas, reunidos no
Congresso Internacional
de Bruxelas, em maio de
1910, aprovaram a
seguinte moção:
“O Congresso Espírita de
Bruxelas, impressionado
com as fraudes numerosas
e repetidas que se têm
produzido nas sessões
efetuadas, na
obscuridade, por médiuns
profissionais,
impressionado com o
prejuízo moral que assim
causam à Doutrina:
Convida os grupos de
estudos e os
experimentadores que
procuram os fatos de
ordem física, os
transportes e os
fenômenos de
materialização, a só
admitirem sessões
obscuras ou à meia-luz
em condições de rigorosa
verificação;
Recomenda especialmente,
que sejam as mãos e os
pés dos médiuns seguros
por dois assistentes
experimentados, enquanto
durar a sessão, ou que
seja isolado o médium
por meio de um fio tenso
e sem solução de
continuidade; ou ainda,
que seja ele metido numa
jaula cuidadosamente
fechada e cuja chave
fique em poder de uma
pessoa de confiança;
As sessões à meia-luz
são muitíssimo
preferíveis, por serem
os fenômenos verificados
por todos os
assistentes. Com isso
deve contentar-se um
médium bem dotado, ao
passo que se torna
suspeito quando exige a
obscuridade, embora esta
aumente a força física,
porque pode fazer recear
que dela se aproveite
para fraudar, o que tem
ocorrido em certos
casos. Cumpre
satisfazer-se com
resultados menores,
porém mais seguros;
O Congresso dirige, além
disso, uma instante
exortação aos médiuns
honestos e
desinteressados.
Pede-lhes que
intensifiquem o zelo por
bem servir uma verdade
sagrada, verdade
comprometida por
desbriados simuladores,
e lhes recorda que, se a
fraude acarreta uma
justa e severa
reprovação, a dedicação
e a sinceridade, ao
contrário, lhes
granjeiam a estima e o
reconhecimento de todos,
bem como a assistência
das elevadas
Inteligências
invisíveis, que velam
pelo progresso de nossas
crenças neste mundo.”
1162. Há – dissemos –
fraudes inconscientes,
que se explicam pela
sugestão. Os médiuns são
extremamente sensíveis à
ação sugestiva, tanto
dos vivos como dos
desencarnados. O estado
de espírito das pessoas
que tomam parte nas
experiências reage sobre
eles e exerce uma
influência que os
médiuns não distinguem,
mas que é às vezes
considerável. Médiuns
perfeitamente honestos e
desinteressados
confessam que são
impelidos à fraude, em
certos meios, por uma
força oculta. Na maior
parte, resistem a tais
sugestões, prefeririam
renunciar ao exercício
de suas faculdades a se
deixarem arrastar por
esse resvaladouro.
Alguns cedem a essas
influências; e um
momento de fraqueza
bastará para levantar
dúvidas sobre todas as
experiências em que
houverem figurado.
1163. Certas fraudes,
verificadas com diversos
médiuns, podem ser
atribuídas a sugestões
exteriores, quer
humanas, quer espíritas.
Às vezes coincidem e se
combinam as duas
influências. Os cépticos
mal-intencionados são
secundados por
auxiliares do Além. E
então o poder sugestivo
será tanto mais
irresistível quanto mais
impressionável for o
médium e estiver mais
profundamente imerso no
transe e
insuficientemente
protegido. Vê-se a que
perigos está este
exposto; em certas
sessões, mal
constituídas, mal
dirigidas, pode
tornar-se vítima das
forças exteriores
combinadas. Não era esse
o caso do médium M., de
que acabamos de falar e
que consigo trazia o
filó e os outros objetos
necessários às
simulações. A
premeditação era nele
evidente; os artifícios
eram calculados,
previamente preparados.
1164. Acontece que o
médium, principalmente o
médium escrevente, se
sugestiona a si mesmo e,
num impulso automático,
escreve comunicações que
abusivamente atribui a
Espíritos desencarnados.
Essa autossugestão é uma
espécie de indução do
“ego” normal ao “ego”
subconsciente, que não é
um ser distinto, como
vimos precedentemente,
mas uma modalidade mais
extensa da
personalidade. Nesse
caso, com a mais
perfeita boa-fé, o
médium responde a suas
próprias perguntas;
exterioriza seus
pensamentos ocultos,
seus próprios
raciocínios, os produtos
de uma vida psíquica
mais intensa e profunda.
1165. Allan Kardec,
Davis, Hudson Tuttle,
Aksakof etc. ocuparam-se
em suas obras dessa
categoria de médiuns,
que o Sr. Delanne
denomina “automatistas”.
Diz ele:
“O automatismo da
escrita, o esquecimento
imediato das ideias
enunciadas, que incute
no escrevente a ilusão
de estar sob a
influência de uma
vontade estranha, a
personificação das
ideias, as noções que
jazem na memória
latente, as impressões
sensoriais
inconscientes, todos
esses fatos se
compreendem e têm sua
explicação em causas
reconhecidas no estudo
mais completo da
inteligência humana, e
de modo algum supõem a
necessidade de
intervenção dos
Espíritos.”
1166. A credulidade
ilimitada e a ausência
de todo princípio
elementar de
verificação, que
predominam em certos
meios, favorecem e
alimentam esses abusos.
Há, em diversos países,
grupos espíritas
ingênuos, em que
pseudomédiuns
automáticos escrevem
extensas elucubrações
sob a inspiração de
Santo Antônio de Pádua,
de S. José, da Virgem.
Ou ainda neles se
incorporam Sócrates e
Maomé, que em linguagem
vulgar vêm declarar mil
absurdos a ouvintes
extasiados,
proibindo-lhes ler e
instruir-se, a fim de os
subtrair a toda
influência esclarecida,
a toda averiguação
séria.
1167. Em tais meios já
não têm conta as
mistificações. Conheci
um jardineiro corajoso
que, a conselho de um
Espírito, ia cavar, à
meia-noite, num sítio
deserto, um enorme
buraco, à procura de um
imaginário tesouro. Uma
senhora de 55 anos,
muito devota, esposa de
um oficial reformado,
levava a ingenuidade a
ponto de preparar o
enxoval de uma criança
que ela devia dar à luz,
e que seria a
reencarnação do Cristo –
diziam seus instrutores
invisíveis. Uns veem por
toda parte a intervenção
dos Espíritos, até mesmo
nos fatos mais triviais.
Outros consultam os
invisíveis sobre as
menores particularidades
da vida, sobre seus
negócios comerciais e
suas operações na Bolsa.
1168. Atribuem-se
geralmente essas
aberrações a Espíritos
embusteiros. Sem dúvida,
as mistificações de
além-túmulo são
frequentes; explicam-se
facilmente pelo fato de
se perguntarem muitas
vezes aos Espíritos
coisas que eles não
podem ou não querem
dizer. Fazem do
Espiritismo um meio de
adivinhação e atraem,
com isso, Espíritos
levianos. Não raro,
porém, cabe à sugestão
mental uma grande parte
em tais embustes. É por
isso que no domínio
arriscado, e tantas
vezes obscuro, da
experimentação, cumpre
examinar, analisar as
coisas com sereno
critério e extrema
circunspeção, e só
admitir o que se
apresenta com um caráter
de autenticidade
perfeitamente definido.
1169. O nosso
conhecimento das
condições da vida
futura, como o próprio
Espiritismo, assenta
sobre os fenômenos
mediúnicos. Convém
estudar seriamente estes
e eliminar
inflexivelmente tudo o
que não traga o cunho de
uma origem extra-humana.
É preciso não
substituir, a pretexto
de progresso, a
incredulidade
sistemática por uma cega
confiança, por uma
credulidade ridícula,
mas separar com cuidado
o real do fictício.
Disso está dependendo o
futuro do Espiritismo.
1170. Abordemos agora
uma questão extremamente
delicada: a da
mediunidade
profissional. Pode a
mediunidade ser
retribuída? ou deve ser
exercida com
desinteresse absoluto?
1171. Notemos antes de
tudo que a faculdade
mediúnica é, por
natureza, variável,
inconstante,
intermitente. Não
estando os Espíritos às
ordens nem à mercê dos
caprichos de ninguém,
nunca se está de antemão
seguro do resultado das
sessões. Pode o médium
estar indisposto, mal
preparado, e a
assistência mal
composta, no ponto de
vista psíquico. Por
outro lado, a proteção
dos Espíritos adiantados
não se conforma de modo
algum com esse fato do
Espiritismo a preço
fixado. Por isso, o
médium profissional,
aquele que se habituou a
viver do produto das
sessões, está exposto a
muitas decepções. Como
fará ele dinheiro de uma
coisa cuja produção
jamais é certa? Como
satisfará os curiosos,
quando os Espíritos não
atenderem ao seu
chamado? Não será
tentado, mais dia menos
dia, quando forem
numerosos os assistentes
e sedutora a perspectiva
do ganho, a provocar
fraudulentamente os
fenômenos? Aquele que
uma vez resvalou por
esse declive
dificilmente conseguirá
voltar atrás. É levado a
empregar habitualmente a
fraude e cai pouco a
pouco no mais desbragado
charlatanismo.
1172. Os delegados
americanos ao Congresso
Espírita de 1900, em
Paris, entre outros, a
Sra. Addi-Balou,
declararam que
mediunidade profissional
e os embustes a que dá
ensejo têm sido há
alguns anos motivo de
retrogradação e
descrédito para o
Espiritismo nos Estados
Unidos. A melhor
garantia de sinceridade
que pode um médium
oferecer é o
desinteresse. É também o
meio mais seguro de
obter o auxílio do Alto.
1173. Para conservar seu
prestígio moral, para
produzir frutos de
verdade, deve a
mediunidade ser
praticada com elevação e
desprendimento, sem o
que se torna uma fonte
de abusos, instrumento
de contradição e
desordem, de que se
utilizarão as entidades
malfazejas. O médium
venal é como o mau
sacerdote, que introduz
no santuário suas
paixões egoísticas e
seus interesses
materiais. A comparação
não é destituída de
propriedade, porque
também a mediunidade é
uma espécie de
sacerdócio. Todo ser
humano distinguido com
esse dom deve
preparar-se para fazer
sacrifício de seu
repouso, de seus
interesses e mesmo de
sua felicidade
terrestre; mas, assim
procedendo, obterá a
satisfação de sua
própria consciência e se
aproximará de seus guias
espirituais.
1174. Mercadejar com a
mediunidade é dispor de
uma coisa de que se não
é dono; é abusar da
boa-vontade dos mortos,
pô-los ao serviço de uma
obra indigna deles e
desviar o Espiritismo do
seu fim providencial. É
preferível para o médium
procurar noutra parte os
meios de subsistência e
só consagrar às sessões
o tempo que lhe ficar
disponível. Com isso
ganhará em estima e
consideração.
1175. Cumpre, todavia,
reconhecer que médiuns
públicos e remunerados
têm prestado reais
serviços. As pessoas que
só dispõem de modestos
recursos pecuniários nem
sempre podem atender aos
convites dos sábios,
ausentar-se, empreender
viagens, como o exige o
interesse da causa que
servem. A esse respeito,
Stainton Moses, que foi
um experimentador
consciencioso e um
excelente juiz em tal
matéria, diz o seguinte:
“Alguns dentre os
médiuns públicos não
veem mais que os lucros
a auferir e nem sempre
recuam diante das
fraudes para alcançar
seus fins. Muitos há,
entretanto, dos quais só
se pode dizer bem e que
são muitíssimo úteis.
Nove vezes sobre dez, os
que em tão grande número
a eles se dirigem,
incapazes de compreender
e acompanhar uma
experiência científica,
unicamente exigem que em
troca dos dez francos
que pagam se lhes dê a
prova da imortalidade. A
multidão esgota
rapidamente as
faculdades do médium
que, para não fazer
fiasco, cede à tentação
de recorrer à fraude.
Apesar dessas
detestáveis condições,
fiquei muitas vezes
admirado dos resultados
obtidos e das magníficas
provas fornecidas”.
1176. Que deduzir de
tudo isso? É que haja
uma justa medida, que o
médium consciencioso,
esclarecido acerca do
valor de sua missão,
pode facilmente
observar. Se, em certos
casos, é obrigado a
aceitar uma indenização
pelo tempo consumido e
as excursões efetuadas,
que o seja em limites de
não comprometer sua
dignidade neste mundo e
sua situação no outro. O
uso da mediunidade deve
ser sempre um ato grave
e religioso, isento de
todo caráter mercantil,
de tudo que a possa
amesquinhar e deprimir.
(Continua no próximo
número.)