A. Muitos médiuns foram
acusados de fraudes.
Daniel D. Home foi um
deles. Que é que William
Crookes disse a seu
respeito?
Crookes, aludindo a
Daniel D. Home,
declarou: “Jamais
observei o mínimo caso
que me pudesse fazer
supor que ele enganasse.
Era muito escrupuloso e
não desaprovava que se
tomassem precauções
contra a fraude. Muitas
vezes, mesmo, antes de
uma sessão, me dizia
ele: ‘Procedei como se
eu fosse um
prestidigitador,
disposto a enganar-vos;
tomai todas as
precauções que a meu
respeito puderdes
imaginar, e não vos
preocupeis com o meu
amor-próprio. Quanto
mais severas forem essas
precauções, mais
evidente se tornará a
realidade dos
fenômenos’.”
(No Invisível, 3ª Parte.
XXV - O martirológio dos
médiuns.)
B. Que palavras de
encorajamento Léon Denis
dirige, nesta obra, aos
médiuns?
Eis suas palavras:
“Caros médiuns, não
desanimeis; furtai-vos a
todo desfalecimento.
Elevai as vistas acima
deste mundo efêmero;
atraí os auxílios
divinos. Suplantai o
‘eu’; libertai-vos dessa
afeição demasiado viva
que sentimos por nós
mesmos. Viver para
outros – eis tudo! Tende
o espírito de
sacrifício. Preferi
conservar-vos pobres a
vos enriquecerdes com os
produtos da fraude e da
traição. Permanecei
obscuros, de
preferência, a
traficardes com os
vossos poderes. Sabei
sofrer, por amor ao bem
de todos e para vosso
progresso pessoal. A
pobreza, a obscuridade e
o sofrimento possuem seu
encanto, sua beleza e
magnitude: é por esse
meio que, lentamente,
através das gerações
silenciosas, se acumulam
tesouros de paciência,
de energia, de virtude,
e que a alma se
desprende das vaidades
materiais, se depura e
santifica, e adquire
intrepidez para galgar
os escabrosos cimos.”
(Obra citada, 3ª Parte.
XXV - O martirológio dos
médiuns.)
C. Quem são os gênios?
São homens como nós, com
suas fraquezas e
paixões. Padecem todas
as misérias da carne, as
doçuras, as
necessidades, os desejos
materiais. O que, porém,
os faz mais que homens,
o que neles constitui o
gênio, é essa acumulação
dos tesouros do
pensamento, essa lenta
elaboração da
inteligência e do
sentimento através de
inumeráveis existências,
tudo isso fecundado pelo
influxo, pela inspiração
do Alto, por uma assídua
comunhão com os planos
superiores do Universo.
O gênio, sob as mil
formas que reveste, é
uma colaboração com o
invisível, uma assunção
da alma humana à
Divindade.
(Obra citada, 3ª Parte.
XXVI - A mediunidade
gloriosa.)
Texto para leitura
1177. XXV - O
martirológio dos médiuns
- O médium é muitas
vezes uma vítima, e
quase sempre essa vítima
é uma mulher. A Idade
Média a havia
qualificado de
feiticeira e queimava-a.
A Ciência atual, menos
bárbara, contenta-se em
deprimi-la,
aplicando-lhe o epíteto
de histérica ou de
charlatã.
1178. Na origem do
Moderno Espiritualismo,
duas mocinhas, Catarina
e Margarida Fox, foram
as primeiras a
testemunhar as
manifestações, a receber
a mensagem reveladora da
imortalidade. Seu
testemunho foi o sinal
de uma perseguição
violenta. Cenas de
selvageria se
desenrolam, tempestades
de ameaças e injúrias se
desencadeiam em torno da
família Fox, o que não a
impediu de prosseguir
sua missão e afrontar as
assembleias mais hostis.
1179. Quando se fazem
necessárias grandes
dedicações para
reconduzir a Humanidade
ao caminho de seus
destinos, é na mulher
que elas se encontram
muitas vezes. O que
dizemos das irmãs Fox
poder-se-ia dizer dos
médiuns mais notáveis.
Joana d'Arc foi queimada
viva, por não ter
querido renegar as
aparições e vozes que
percebia. E não termina
com ela o martirológio
da mulher médium. Em
contraposição a algumas
que se têm deixado
seduzir pelas vantagens
materiais e recorrido à
fraude, quantas outras
não têm sacrificado a
própria saúde e
comprometido a
existência pela causa da
verdade!
1180. Se a mediunidade
psíquica é isenta de
perigos, quando
utilizada por Espíritos
adiantados, o mesmo não
se dá com as
manifestações físicas,
sobretudo com as
manifestações que,
repetidas e frequentes,
vêm ocasionar ao
sensitivo uma
considerável perda de
força e de vitalidade.
As irmãs Fox se
esgotaram com
experiências e se
extinguiram na miséria.
A “Revue Spirite” de
abril de 1902 noticiou
que os derradeiros
membros da família Fox
haviam sucumbido, em
janeiro, de frio e
privações.
1181. A Sra. Hauffe, a
célebre vidente de
Prévorst, foi tratada
com o máximo rigor por
seus próprios pais e
expirou aos 28 anos, ao
fim de inúmeras
tribulações. A Sra. d'Espérance
perdeu a saúde. Depois
de Home, Slade e
Eglinton, Eusápia
Paladino foi acusada de
fraudes voluntárias.
1182. Certos médiuns têm
sido submetidos a todas
as torturas morais
imagináveis, e isso sem
exame prévio, sem
investigação
verdadeiramente séria.
Home, por exemplo, foi
objeto das mais pérfidas
acusações, William
Crookes, porém, lhe fez
justiça, dizendo:
“Jamais observei o
mínimo caso que me
pudesse fazer supor que
ele enganasse. Era muito
escrupuloso e não
desaprovava que se
tomassem precauções
contra a fraude. Muitas
vezes, mesmo, antes de
uma sessão, me dizia
ele: ‘Procedei como se
eu fosse um
prestidigitador,
disposto a enganar-vos;
tomai todas as
precauções que a meu
respeito puderdes
imaginar, e não vos
preocupeis com o meu
amor-próprio. Quanto
mais severas forem essas
precauções, mais
evidente se tornará a
realidade dos
fenômenos’. Apesar de
tudo, aqueles que não
conheciam a absoluta
honestidade de Home o
consideravam um
charlatão, e os que nele
acreditavam eram
arguidos de loucos e
reputados suspeitos.”
1183. Em tempos mais
recentes, vimos uma
médium alemã perseguida
com uma sanha brutal e,
apesar de respeitáveis
testemunhos, sacrificada
às exigências de mais
tacanho espírito de
casta. Pretendia-se, ao
que nas mais altas rodas
se apregoava, “pôr um
freio a todas as
manifestações de um
espiritualismo rebelde
aos dogmas oficiais”.
Ana Rothe foi detida e
recolhida à prisão. A
detenção durou oito
meses. Durante esse
tempo, morreram-lhe o
marido e a filha, sem
que ela pudesse assistir
aos seus últimos
momentos. Permitiram-lhe
unicamente que fosse
ajoelhar sobre seus
túmulos, metida entre
dois policiais.
1184. Afinal, termina o
inquérito; instaura-se o
processo. Os
depoimentos favoráveis
afluem: o professor
Koessinger, o filólogo
Herman Eischacker e o
Dr. Langsdorff
presenciaram os fatos e
nenhuma fraude
conseguiram descobrir. O
Sr. George Sulzer,
presidente da Corte de
Apelação de Zurique,
atesta sua convicção na
inocência da Sra. Rothe.
O primeiro magistrado do
cantão de Zurique, na
ordem judiciária, não
receia expor à
publicidade suas crenças
íntimas, para com elas
beneficiar a acusada.
Outros magistrados
afirmam a autenticidade
dos transportes de
flores, que ela obtinha
em plena luz. Essas
testemunhas viam flores
ou frutos
desmaterializados
reconstituir-se em sua
presença, condensar-se
em matéria palpável,
como um floco de vapor
que pouco a pouco se
transforma e solidifica,
no estado de gelo. Esses
objetos moviam-se
horizontalmente e outras
vezes desciam lentamente
do forro da sala.
1185. O diretor da Casa
de Detenção, em que ela
passou os oito meses de
prisão preventiva,
declarou que o ensino
moral dado aos seus
detentos nunca se
aproximou, como efeito
produzido, da impressão
causada pelas
comovedoras práticas, do
caráter mais edificante,
feitas pela médium em
transe a suas irmãs
transviadas. Ana Rothe
não passava, entretanto,
de uma simples mulher do
povo, sem instrução, sem
cultura de espírito.
Depois de apaixonados
debates, que duraram
seis dias, a “médium de
flores” foi condenada a
18 meses de prisão.
Enganam-se, acreditando
destruir o Espiritismo
com tais processos.
Longe disso, ao atrativo
que ele exerce
acrescenta-se o
prestígio da
perseguição.
1186. No dia 9 de
outubro de 1861, o bispo
de Barcelona queimava,
na esplanada pública, no
lugar onde são
executados os
criminosos, trezentos
volumes e brochuras
espíritas, julgando
assim estigmatizar e
aniquilar a nova
doutrina. Esse
auto-de-fé provocou uma
verdadeira revolta na
opinião pública. Hoje,
os espíritas se contam
por milhares na Capital
da Catalunha. Possuem
revistas, bibliotecas,
grupos de estudo e
experimentação. O
movimento espírita
adquire dia a dia maior
importância e extensão
nesse país.
1187. Em sua maior
parte, os sábios,
médicos e psicólogos
consideram os médiuns
como histéricos,
desequilibrados,
enfermos, e não perdem
ocasião de o proclamar.
Estão habituados a
experimentar com
sensitivos retirados dos
hospitais e dos asilos
de alienados, com alguns
neuróticos, pelo menos,
e das observações
efetuadas nessas
defeituosas condições
cometem o erro de tirar
conclusões de ordem
geral.
1188. Certos literatos
não são mais amáveis. O
Sr. Júlio Bois não
hesita em mimosear todos
os médiuns com os
epítetos de “charlatães
prestidigitadores,
embusteiros
desequilibrados,
histéricos” etc. É de
admirar, depois disso,
que estes se retraiam e
só de má-vontade se
prestem a experiências
dirigidas por críticos
de tal modo prevenidos,
por juízes tão pouco
atenciosos? A presença
desses cépticos, com
seus eflúvios glaciais,
é uma causa de
indisposição e de
sofrimento para o
médium. Falta, em geral,
aos sábios a bondade;
aos espíritas, aos
médiuns, falta na
maioria das vezes a
ciência. Onde se
encontrará o traço de
união, a linha de
aproximação? No estudo
sincero, imparcial,
desinteressado!
1189. A ciência médica
está longe de ser
infalível em suas
opiniões; diagnósticos
tão célebres quão
errôneos o têm, em todos
os tempos, demonstrado.
Testemunhos formais
atestam que uma vez mais
se enganou ela,
considerando a
mediunidade uma tara.
1190. F. Myers o
declara, em relação à
Sra. Thompson: “A
impressão é de que são
tão naturais como o sono
ordinário. A Sra.
Thompson acredita que
esses transes têm
contribuído
poderosamente para
robustecer-lhe a saúde.”
O Sr. Flournoy,
insuspeito de
parcialidade a favor dos
médiuns, reconheceu o
mesmo fato a propósito
de Helena Smith, cuja
saúde nem de leve se
alterou com o uso de
suas faculdades
psíquicas; nisso, ao
contrário, a encontra
poderoso adjuvante para
o desempenho de sua
tarefa cotidiana.
Idênticas observações
têm sido feitas acerca
da Sra. Piper.
1191. O Sr. J. W.
Colville, médium inglês
muito conhecido, por sua
vez o atesta:
“É meu dever – diz ele
–, ao fim de 25 anos de
missões públicas, trazer
sem restrições meu
testemunho a respeito
dos benéficos resultados
que me produziu, em
todos os sentidos, a
mediunidade, tal como a
tenho exercido. Lucrei
de modo considerável,
tanto mental como
fisicamente, com o uso
desta faculdade e com
essas experiências, que
parecem não raro
perigosas, quando não
são suficientemente
estudadas. As indicações
que eu recebia de meus
auxiliares invisíveis
eram boas, elevadas e
dignas em suas mínimas
particularidades.”
1192. Eu próprio tenho
travado conhecimento com
grande número de médiuns
em todas as regiões da
França, na Bélgica, na
Suíça, na Espanha, e
pude sempre observar que
em geral gozavam
excelente saúde. Só a
mediunidade de efeitos
físicos, a que se presta
às materializações de
Espíritos e aos
transportes, é que
acarreta grande
dispêndio de força e de
vitalidade. Essas perdas
podem ser compensadas
com os socorros
prestados pelos
Espíritos protetores. Às
vezes, porém, como o
vimos a propósito das
irmãs Fox, de Slade,
Eglinton etc., as
exigências do público e
dos sábios são tais que
o médium se esgota
rapidamente; o abuso das
experiências lhes altera
a saúde e compromete a
vida.
1193. O médium é um
instrumento delicado e
sensível, de que muitos
julgam poder servir-se
como de um mecanismo. De
bom grado o utilizariam
como o faz a criança com
os brinquedos, que
despedaça para ver o que
neles se oculta. Não se
tem suficientemente em
consideração o trabalho
de desenvolvimento
reclamado pelas
faculdades que
desabrocham. Exigem-se
imediatamente fatos
concludentes e provas de
identidade. O médium,
impressionado pelos
pensamentos ambientes,
sofre; depois de haver
sido torturado
moralmente durante certo
número de sessões,
desgosta-se de uma
faculdade que o expõe a
tantos dissabores, e
termina por se retrair.
1194. Os médiuns terão
ainda por muito tempo
que sofrer pela verdade.
Os adversários do
Espiritismo continuarão
a difamá-los, a
lançar-lhes acusações;
procurarão fazê-los
passar por
desequilibrados enfermos
e por todos os meios
desviá-los de seu
ministério. Sabendo que
o médium é a condição
“sine qua non” do
fenômeno, esperam assim
causar a ruína do
Espiritismo em seus
fundamentos.
1195. Em caso de
necessidade farão surgir
médiuns exploradores e
fictícios. Cumpre
neutralizar essa tática
e, para esse fim,
proteger e animar os
bons médiuns, cercando
da necessária
fiscalização o exercício
de suas faculdades.
Magnífica é a sua
tarefa, ainda que
frequentes vezes
dolorosa. Quantos
esforços, quantos anos
de expectativa, de
provanças e de súplicas,
até chegarem a receber e
transmitir a inspiração
do Alto! São muitas
vezes recompensadas
unicamente com a
injustiça. Mas operários
de plano divino rasgaram
o sulco e nele
depositaram a semente
donde se há de erguer a
seara do futuro.
1196. Caros médiuns, não
desanimeis; furtai-vos a
todo desfalecimento.
Elevai as vistas acima
deste mundo efêmero;
atraí os auxílios
divinos. Suplantai o
“eu”; libertai-vos dessa
afeição demasiado viva
que sentimos por nós
mesmos. Viver para
outros – eis tudo! Tende
o espírito de
sacrifício. Preferi
conservar-vos pobres a
vos enriquecerdes com os
produtos da fraude e da
traição. Permanecei
obscuros, de
preferência, a
traficardes com os
vossos poderes. Sabei
sofrer, por amor ao bem
de todos e para vosso
progresso pessoal. A
pobreza, a obscuridade e
o sofrimento possuem seu
encanto, sua beleza e
magnitude: é por esse
meio que, lentamente,
através das gerações
silenciosas, se acumulam
tesouros de paciência,
de energia, de virtude,
e que a alma se
desprende das vaidades
materiais, se depura e
santifica, e adquire
intrepidez para galgar
os escabrosos cimos.
1197. No domínio do
Espírito, como no mundo
físico, nada se perde,
tudo se transforma. Toda
dor, todo sacrifício é
um desabrolhar do ser. O
sofrimento é o
misterioso operário que
trabalha nas profundezas
de nossa alma, e
trabalha por nossa
elevação. Aplicando o
ouvido, quase escutareis
o ruído de sua obra.
Lembrai-vos de uma
coisa: é no terreno da
dor que se constrói o
edifício de nossos
poderes, de nossa
virtude, de nossas
vindouras alegrias.
1198. XXVI - A
mediunidade gloriosa
- Os médiuns do nosso
tempo são muitas vezes
tratados com ingratidão,
desprezados,
perseguidos. Se,
entretanto, num golpe de
vista abrangermos a
vasta perspectiva da
História, veremos que a
mediunidade, em suas
várias denominações, é o
que há de mais
importante no mundo.
Quase todos os
privilegiados –
profetas, videntes,
missionários,
mensageiros de amor, de
justiça e de verdade –
foram médiuns, no
sentido de que se
comunicavam com o
invisível, com o
infinito.
1199. Bem se poderia,
sob muitos pontos de
vista, dizer que o gênio
é uma das formas de
mediunidade. Os homens
de gênio são inspirados,
na acepção fatídica e
transcendental dessa
palavra. São os
intermediários e
mensageiros do
pensamento superior. Sua
missão é imperativa. É
por eles que Deus
conversa com o mundo;
que incita e atrai a si
a Humanidade. Suas obras
são fanais que ele
acende pela extensa rota
dos séculos a fora.
1200. Devemos, por isso,
considerá-los meros
instrumentos, e não
terão eles direito algum
à nossa admiração? Assim
não o entendemos. O
gênio é antes de tudo
uma aquisição do
passado, o resultado de
pacientes estudos
seculares, de lenta e
penosa iniciação, que
vieram a desenvolver no
indivíduo aptidões
imensas, uma profunda
sensibilidade, que o
predispõe às influências
elevadas. Deus reserva a
luz unicamente àquele
que por muito tempo a
procurou, pediu e com
veemência a desejou.
1201. Schlegel, falando
dos gênios, formula esta
pergunta “São
verdadeiramente homens,
esses homens?” São
homens, sim, em tudo que
têm de terrestre, por
suas fraquezas e
paixões. Padecem todas
as misérias da carne, as
doçuras, as
necessidades, os desejos
materiais. O que, porém,
os faz mais que homens,
o que neles constitui o
gênio, é essa acumulação
dos tesouros do
pensamento, essa lenta
elaboração da
inteligência e do
sentimento através de
inumeráveis existências,
tudo isso fecundado pelo
influxo, pela inspiração
do Alto, por uma assídua
comunhão com os planos
superiores do Universo.
O gênio, sob as mil
formas que reveste, é
uma colaboração com o
invisível, uma assunção
da alma humana à
Divindade.
1202. Os homens de
gênio, os santos, os
profetas, os grandes
poetas, sábios,
artistas, inventores,
todos quantos têm
dilatado o domínio da
alma, são enviados do
Céu, executores dos
desígnios de Deus em
nosso mundo. Toda a
filosofia da História aí
se encerra. Haverá
espetáculo mais belo que
essa ininterrupta cadeia
mediúnica que liga os
séculos entre si, como
as páginas de um grande
livro da vida, e integra
todos os acontecimentos,
mesmo os mais
aparentemente
contraditórios, no plano
harmônico de solene e
majestosa unidade?
1203. A existência de um
homem de gênio é como um
capítulo vivo dessa
grandiosa Bíblia. Surgem
ao começo os grandes
iniciados do mundo
antigo, os próceres do
pensamento, aqueles que
viram o Espírito
fulgurar nos cimos ou se
revelar nos santuários
da iniciação sagrada:
Orfeu, Hermes, Krishna,
Pitágoras, Zoroastro,
Platão, Moisés; os
grandes profetas
hebreus: Isaías,
Ezequiel, Daniel. Virão
mais tarde João Batista,
o Cristo e toda a
plêiade apostólica, o
vidente de Patmos, até à
explosão mediúnica de
Pentecostes, que vai
iluminar o mundo,
segundo a palavra de
Joel; e ainda Hipatia, a
alexandrina, e Veleda, a
druidesa.
1204. É no augusto
silêncio das florestas e
das montanhas, pelo
desprendimento das
coisas sensíveis, na
prece e na meditação,
que o profeta, o vidente
e o inspirado se
preparam para sua
tarefa. O invisível só
se revela ao homem
solitário e recolhido.
Platão recebe suas
inspirações no cimo do
Himeto; Maomé no monte
Hira; Moisés no Sinai.
Jesus entra em comunhão
com o Pai, orando e em
lágrimas, no monte das
Oliveiras.
(Continua no próximo
número.)