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Estudando as obras de Manoel Philomeno de Miranda
Ano 8 - N° 371 - 13 de Julho de 2014
THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br
 
Curitiba, Paraná (Brasil)  
 

 

Loucura e Obsessão

Manoel Philomeno de Miranda

(Parte 18)

Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial do livro Loucura Obsessão, sexta obra de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco e publicada em 1988.

Questões preliminares

A. O diálogo entre os participantes da atividade mediúnica é importante?

Sim. A respeito disso, D. Emerenciana disse conhecer instituições respeitáveis em que, mal terminam as reuniões, todos partem, como se desejassem fugir do recinto, e correm para programas antagônicos, com os quais se encharcam antes de dormir. Não se comentam as ocorrências ou as instruções, as conferências ou os estudos, os debates ou as sugestões, perdendo-se a oportunidade de um aprendizado valioso. Quase todos têm pressa, alguns porque firmam compromissos posteriores, nos quais anulam o que granjearam na reunião, e outros, por motivo nenhum, simplesmente porque acham que sabem tudo, ou não se interessam por sabê-lo.  (Loucura e Obsessão, cap. 12, pp. 151 e 152.)

B. O bem que promove quem o recebe, eleva aquele que o pratica? 

Evidentemente. Quando fazemos um bem ou um mal a alguém, estamos no contexto da ordem universal. O bem que promove quem o recebe, eleva aquele que o pratica. O mal ocorre no sentido inverso, sendo sempre pior para quem o abraça. Quando devemos a alguém, moral ou espiritualmente, o nosso desrespeito é ao Soberano Código do Amor. É necessário fazermos a paz com o nosso adversário, buscando-o com humildade para esse fim e fazendo-lhe o bem possível. Se, no entanto, ele se recusar, passa de vítima a algoz e tal não lhe é permitido. A sua teimosia no desforço retarda-lhe a marcha, mas isto não impede que o arrependido avance. Crescendo, um dia ele poderá voltar para auxiliar o outro. (Loucura e Obsessão, cap. 12, pp. 153 e 154.)

C. É comum os encarnados buscarem, no período do sono, ajuda à Casa espírita que frequentam? 

Sim. O fato foi observado por Manoel Philomeno de Miranda naquele reduto espiritual, aonde compareciam companheiros encarnados que vinham pedir ajuda, logo que se desprendiam do corpo pelo sono físico. Vinculados à Casa, eles para ali acorriam automaticamente, ou eram trazidos por seus Protetores, para receberem auxílio. Ao ali chegarem, eram distribuídos conforme as questões que os afligiam, recebendo  orientação e reconforto, para poderem desincumbir-se das provas e compromissos a que se encontravam submetidos. “O Amor – disse Felinto – sempre dispõe de recursos, e mais cresce quanto mais se doa. Este intercâmbio é-lhes muito salutar, porque ficam registrados no inconsciente os conselhos recebidos, que lhes afloram como sonhos mais ou menos claros, de acordo com a lucidez pessoal.” (Loucura e Obsessão, cap. 12, pp. 155 e 156.)

Texto para leitura

69. O perigo do formalismo e da indiferença – Não foram trazidas mensagens mais amplas ou feitas quaisquer considerações adicionais. Tratava-se de saudação, por parte de cada um dos Amigos desencarnados, com brevíssimas palavras de contentamento e gratidão a Deus pela oportunidade de agirem em favor do próximo. Em seguida, a Benfeitora também se comunicou, entretendo conversação mais demorada com os membros da Casa, e logo depois a reunião se encerrou. Os companheiros encarnados mais chegados ao labor reuniram-se numa sala interior, para ligeiro lanche e comentários em torno do trabalho, enquanto Emerenciana, dirigindo-se a Miranda, comentou: “Este encontro dos trabalhadores é muito útil para eles mesmos, tanto quanto para as nossas atividades. Não se aprofundando pelo estudo, na realidade e mecânica das Leis, ficam na periferia do fenômeno mediúnico, repetindo atos sem conhecer-lhes a função ou a estrutura, desarmados para ocorrências diferentes ou eventualidades inesperadas”. “Temo-los estimulado à conversação, porquanto, ainda sob a inspiração dos seus Protetores, logram penetrar, a pouco e pouco, no funcionamento das técnicas de que nos utilizamos, bem como na razão que nos leva a aplicá-las, adquirindo consciência de si mesmos e da finalidade superior da vida. Os mais esclarecidos opinam e sugerem, interrogam e discutem, abrindo espaços para o raciocínio que desperta e o interesse de saber que se lhes instala. É o primeiro passo para o estudo que oferece o conhecimento e a libertação da ignorância. Porque permanecem confiantes no recinto, absorvem maior dose de energias revitalizadoras e passam a amar a Casa, mantendo um laço de afeição que os une ao trabalho.” Emerenciana afirmou conhecer Instituições respeitáveis em que um outro tipo de ritual, mesmo onde dizem detestá-lo, vai tomando corpo e devorando a espontaneidade: o formalismo, que pode ser também chamado de indiferença ou desamor. Noutras Casas, mal terminam as reuniões, todos partem, como se desejassem fugir do recinto, e correm para programas antagônicos, com os quais se encharcam antes de dormir. Não se comentam as ocorrências ou as instruções, as conferências ou os estudos, os debates ou as sugestões, perdendo-se a oportunidade de um aprendizado valioso. Quase todos têm pressa, alguns porque firmam compromissos posteriores, nos quais anulam o que granjearam na reunião, e outros, por motivo nenhum, simplesmente porque acham que sabem tudo, ou não se interessam por sabê-lo.  (Loucura e Obsessão, cap. 12, pp. 151 e 152.) 

70. Um exemplo de diálogo edificante e instrutivo – Após as considerações de Emerenciana, esta propôs que ouvissem o que os trabalhadores da Casa conversavam. O tema girava em torno dos trabalhos realizados e como cada cooperador via o atendimento prestado. Uma senhora admitiu ter tido medo da luta entre os dois perseguidores de Carlos, enquanto outra, humildemente vestida, declarou não ter receado nada, primeiro porque confiava em Deus e, em segundo lugar, porque a Casa a que serviam estava edificada sobre os alicerces do amor e da caridade. “Como Jesus afirmou que a casa construída na rocha não seria derrubada pelos ventos nem pelas inundações, eu fiquei tranquila”, atestou a confreira. “Pois eu – contrapôs um jovem – vi logo que seria vantagem para o doente. Ele estava com dois inimigos. Ora, qualquer que fosse o resultado da luta, ele iria ficar só com um, portanto, já era uma vitória para ele, cujo trabalho de cura se iniciava, sem que soubesse, oferecendo-lhe vantagem.” “Bem, não é assim”, esclareceu um senhor de aspecto respeitável. “Pelo que conheço, a irmã, que aparentemente foi vencida, não está afastada do seu perseguido, porque ele lhe deve, e, como a Lei de Deus nos exige corrigir o que fizemos de errado, é justo que ele se reabilite perante a pobre ofendida, não parece?” “E se ela não o perdoar?”, indagou uma jovem. O outro disse então que nesse caso o problema já não será dele. “Eu penso – acrescentou o confrade – que nossos atos respeitam ou atentam contra as Leis de Deus. Quando fazemos um bem ou um mal a alguém, estamos no contexto da ordem universal. O bem que promove quem o recebe, eleva aquele que o pratica. O mal ocorre no sentido inverso, sendo sempre pior para quem o abraça. Quando devemos a alguém, moral ou espiritualmente, o nosso desrespeito é ao Soberano Código do Amor. É necessário fazermos a paz com o nosso adversário, buscando-o com humildade para esse fim e fazendo-lhe o bem possível. Se, no entanto, ele se recusar, passa de vítima a algoz e tal não lhe é permitido. A sua teimosia no desforço retarda-lhe a marcha, mas isto não impede que o arrependido avance.” Crescendo, um dia – lembrou o amigo – ele poderá voltar para auxiliar o outro... “A Justiça é, acima de tudo, amor que corrige e sabedoria que educa.” Todos aplaudiram o comentário, até mesmo Emerenciana, que completou: “Aí temos o exemplo do diálogo edificante, que instrui e anima”. Miranda percebeu, porém, que o homem que assim falara, embora esclarecido e dotado de bom senso, fora, na verdade, inspirado por Felinto. (Loucura e Obsessão, cap. 12, pp. 153 e 154.) 

71. O Amor mais cresce quanto mais se doa – Enquanto o diálogo ali prosseguia, Emerenciana pediu licença para dar instruções aos cooperadores desencarnados, sobre o prosseguimento do trabalho em curso. Miranda conta, então, que os Espíritos que não foram atendidos ficaram sob assistência própria, e os que conseguiram comunicar-se permaneciam, quase todos, a dormir, descarregando o psiquismo das altas tensões longamente mantidas. No recinto, indígenas e africanos desencarnados movimentavam-se em silêncio, desincumbindo-se dos misteres especiais de acordo com sua capacidade. Enquanto isso, mais criaturas chegavam à Casa, sendo logo encaminhadas a uma saleta próxima à entrada. Eram companheiros encarnados que vinham pedir ajuda, logo que se desprendiam do corpo pelo sono físico. Vinculados à Casa, para ali acorriam, automaticamente, ou eram trazidos por seus Protetores, para receberem auxílio. Felinto lembra-nos que o sono retém ao corpo os intoxicados por interesses mesquinhos ou os impele aos redutos de atração pessoal conforme a faixa mental de cada um. Os que buscavam a Casa eram distribuídos conforme as questões que os afligiam, recebendo ali orientação e reconforto, para poderem desincumbir-se das provas e compromissos a que se encontravam submetidos. “O Amor – asseverou Felinto – sempre dispõe de recursos, e mais cresce quanto mais se doa. Este intercâmbio é-lhes muito salutar, porque ficam registrados no inconsciente os conselhos recebidos, que lhes afloram como sonhos mais ou menos claros, de acordo com a lucidez pessoal.” Sem esse socorro, disse o amigo, eles tombariam em outros círculos, em que seriam submetidos a aflições e amarguras, que refletiriam sobre eles em forma de pesadelos perturbadores, ficando-lhes matrizes mentais para o pessimismo, a revolta e outras mazelas, como é muito comum. “O intercâmbio espiritual, conscientemente ou não, é resultado das afinidades morais e afetivas entre os Espíritos em ambos os planos da vida”, concluiu o amigo espiritual. (Loucura e Obsessão, cap. 12, pp. 155 e 156.) 

72. Antes da reunião, a sala foi convenientemente higienizada – Na sala destinada às orientações foram chegando os Espíritos liberados pelo sono físico. Os dois médiuns, a que Miranda se reportou, que serviram no atendimento aos Exus, apresentaram-se relativamente lúcidos, porque acostumados a esse mister. Outros cooperadores das tarefas mediúnicas, adestrados aos fenômenos de desdobramento, encontravam-se também presentes, na condição de auxiliares prestimosos. A sala estava isolada por uma barreira fluídica impeditiva a qualquer incursão de malfeitores interessados em perturbar a operação que se iria iniciar. Haviam sido tomadas providências para que os resíduos das ideoplastias que ali permanecessem fossem queimados, produzindo assim uma psicosfera agradável e renovadora. O relógio marcava 2h30 da madrugada quando Carlos, conduzido pelos vigilantes e seu pai, penetrou o recinto. Enleado pelos fluidos que ingeria e o envolviam, apesar das medidas socorristas tomadas em seu favor, Carlos apresentava-se inconsciente, em profundo sono, o que favoreceu o seu transporte. A reunião foi entregue ao venerável Dr. Bezerra, a fim de que ele a conduzisse. Emerenciana fez a prece de abertura, tendo a seu lado o jovem enfermo, cujo pai não ocultava sua emoção, por saber quanto aquele serviço significava para seu filho. Na prece, a Benfeitora, dirigindo-se a Jesus, pediu o amparo espiritual para as tarefas prestes a iniciar, lembrando ao Divino Amigo a condição de Espíritos enfermos, que todos somos, em busca da medicação que nos possa libertar do mal perturbador. (Loucura e Obsessão, cap. 13, pp. 157 e 158.) (Continua no próximo número.)


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita