JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
Brasília, DF (Brasil)
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A Era do Espírito
Os Espíritos têm dois
objetivos principais com
suas comunicações
mediúnicas: demonstrar,
com as provas possíveis,
sua sobrevivência após a
morte e contribuir com
nossa evolução
espiritual. O que vamos
fazer da certeza obtida
com isso cabe a cada um
de nós. É por isso que
os médiuns podem variar,
mas o estilo do Espírito
que se tornou famoso nas
artes quando encarnado,
continua o mesmo. E
Castro Alves está
presente no
condoreirismo e na
preocupação dos temas
sociais que tanto o
caracterizaram quando
encarnado. Confira num
dos seus poemas
mediúnicos abaixo:
Na era do Espírito
O caos invadira a França
− Olimpo do pensamento.
O ódio − lobo famulento,
Range as presas com
furor.
Nas ruas − Paris
descansa;
Em casa − chora em
segredo;
Gigante, arrosta, com
medo,
As iras do Imperador.
A Nação encarcerada
Lança em nota
clandestina
As safras da guilhotina
E explode: −
“Revolução!”
Recorda a Bastilha
irada,
Lê Rousseau, à luz da
vela,
Esmurra as grades da
cela,
Protesta rugindo em vão.
A crença herdada do
Cristo
Caíra no sorvedouro
− Turbilhão de pompa e
ouro −,
Dobrada ao tacão dos
reis.
Em tormento jamais
visto,
Nos frios templos, o
povo
Exorava aos Céus, de
novo,
Novos rumos, novas leis.
A Ciência − clava forte
−,
Contra as cadeias
medievais,
Partia os grilhões das
trevas
Em sarcástico festim,
A exprobrar de sul a
norte,
Por tirana revoltada:
− “Dominemos! Deus é
nada!”
A morte − o portal do
fim!”
Ninguém na fé
militante...
Mavorte, em fúria,
galopa
Nos campos de toda a
Europa!
Na África − a abjeção!
Na Austrália − o
progresso infante!
Na Ásia − o suor dos
párias
Rola em bagas
milenárias!
Na América − a
escravidão!
Mas o Espaço se
descerra!
Jesus, no esplendor dos
sóis,
Recruta gênios e heróis
A iluminar o porvir.
De polo a polo, na
Terra,
Flamejam etéreas lampas,
Mensagens brotam das
campas,
Ao toque de ressurgir!
Aos clarões da
Imensidade,
Kardec chega e inaugura
A Doutrina viva e pura
Da razão à luz do bem.
O Espírito de Verdade
Semeia Divina Messe,
O Evangelho reaparece
Nas Vozes do Grande
Além!
Falam tumbas, dançam
mesas,
Nascem livros, surgem
almas,
Luzem preces, chovem
palmas,
Hosanas aqui e ali!
Consciências dantes
presas
Rompem torva cidadela;
Pastor guiando a
procela,
Jesus conclama: −
“Servi!”
Ante a ribalta
terrestre,
O Direito renovado
Deixa, ao tropel do
passado,
Distinções de raça e
cor!
Em triunfo, volve o
Mestre,
E acende na mente
humana,
Desde o palácio à
choupana,
O facho do Eterno
Amor!...
O mundo voga num misto
De infortúnio e de
esperança,
Pranteia a sorrir e
avança
Nas Bênçãos do Excelso
Pai!
Kardec reflete o Cristo;
Desfralda, em bandeira à
frente,
O convite permanente:
− “Espíritas,
trabalhai!...”
(Médium: Waldo Vieira
(In: XAVIER, Francisco
Cândido; VIEIRA, Waldo.
Antologia dos Imortais.
4. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2002, p. 117.)
Como desdobramento
oportuno ao clamor de
Castro Alves para que
vençamos o mal com o
bem, nada melhor do que
a transcrição de trechos
da mensagem do Espírito
Joanna de Ângelis,
psicografada por Divaldo
Franco, a seguir:
“Ninguém tem coisa
alguma no mundo: nem
corpo, nem valores
amoedados, nem pessoas
sob domínio... A
incessante
transformação, vigente
no Cosmo, tudo altera a
cada instante, e o vivo
de agora estará morto
logo mais; o dominador
torna-se vítima; o corpo
se dilui; os objetos
passam de mãos...
Todo aquele que busca a
posse, o ter e reter,
permanece vazio de
sentimentos e, porque
nada é, enche-se de
artefatos e coisas
brilhantes, porém
mortas, prosseguindo
cheio de espaços e
abarrotado de
preocupações afligentes.
[...]
Ser consciente de si
mesmo é a meta
existencial, conseguindo
o autoamor que desdobra
a bondade, a compaixão,
a ação benéfica em favor
do próximo. [...]
Senhor do discernimento,
o homem descobre que
colhe de acordo com o
que semeia, e que tudo
quanto lhe acontece,
procede, não tendo
caráter castrador ou
punitivo. Sente-se
emulado a gerar novos
futuros efeitos, agindo
com consciência e
produzindo com equidade.
Tal conduta
proporciona-lhe a
alegria que provém da
tranquilidade da
realização, considerando
que sempre é tempo de
reparar, e postergação
é-lhe prejuízo para a
economia da sua
plenificação.
O homem que se conquista
supera os mecanismos de
fuga, de transferência
de responsabilidade, de
rejeição e outros, para
enfrentar-se sem
acusação, sem
justificação, sem
perdão.
Descobre a vida e que se
encontra vivo, que hoje
é o seu dia,
utilizando-o com
propriedade e sabedoria.
Não tem passado, nem
futuro, neste tempo
intemporal da
relatividade terrestre,
e a sua é uma
consciência atual,
fértil e rica de
aspirações, que busca a
integração Cósmica, que
já desfruta, vivendo-a
nas expressões do amor a
tudo e a todos
intensamente.
A conquista de si mesmo
é lograda mediante o
querer.
Jesus afirmou que se
poderia fazer tudo
quanto Ele fez,
se
se quisesse,
bastando empenhar-se e
entregar-se à
realização. Para tanto,
necessário seria a fé em
si mesmo, nos valores
intrínsecos, que seriam
desenvolvidos a partir
do momento da opção.
Francisco de Assis, o
santo, assim quis e o
conseguiu.
Apóstolos do Bem, da
Ciência e da Fé, do
pensamento e da ação
quiseram, e o lograram.
Homens e mulheres
anônimos entregaram-se
aos ideais que lhes
vitalizaram as
existências e,
superando-se,
autoconquistaram-se.
A conquista de si mesmo
está ao alcance do
querer
para
ser,
do
esforçar-se
para
triunfar,
do
viver
para jamais
morrer.”
(FRANCO, Divaldo P. /
Joanna de Ângelis. O ser
consciente. Salvador:
LEAL. Cap. 10.)
Atentemos para a beleza
desses convites,
emanados da
espiritualidade superior
e esforcemo-nos para que
o trabalho incessante no
bem nos proporcione a
felicidade só encontrada
por quem já entendeu, em
plenitude, a Boa-Nova do
Cristo.
Fomos criados para a
luz, mas o esforço de
superar as trevas das
paixões e dos vícios que
tanto nos atormentam na
Terra cabe a cada um de
nós. Isso se chama
livre-arbítrio.
Deus não tem pressa,
todavia, quanto mais nos
acomodamos na miséria
moral, menos avançamos
na verdadeira riqueza,
que é a espiritual.
Conheçamo-nos e
busquemos vigiar,
trabalhar no bem, sendo
úteis à sociedade, e
orar o tempo todo, para
que as tentações do
mundo não nos
impeçam alcançar a paz
do Cristo, que está
dentro de nós.
Nesse dia, o reino de
Deus estará
definitivamente
implantado no íntimo dos
seus filhos; e todos
compreenderão que o bem
feito ao seu irmão é o
que deseja para si.
Consequentemente, o mal
feito a qualquer
criatura viva é a origem
do mal ao seu causador.
Quando a maioria da
população
terrestre estiver na
condição elevada
superior de retribuir o
mal com o bem, teremos
chegado à era do
Espírito.