Uma leitora de Curitiba
pergunta-nos se as
expressões “lei de causa e
efeito” e “lei de ação e
reação” são, na conceituação
espírita, equivalentes.
A resposta é sim. Trata-se
de expressões que têm o
mesmo significado e
sintetizam como funciona, em
verdade, a justiça divina.
Emmanuel revela em seus
textos clara preferência
pela primeira – “lei de
causa e efeito” –, o que é
fácil verificar compulsando
sua vasta obra.
J. Herculano Pires, um dos
autores espíritas mais
aclamados, prefere a
expressão “lei de ação e
reação”, com o mesmo sentido
da primeira. Curiosamente,
no cap. 20 do livro Na
Era do Espírito,
Herculano utiliza ambas as
expressões numa mesma frase.
Ei-la: “(...) como vemos na
mensagem de Emmanuel, o
Espiritismo só admite o
divórcio nos casos extremos,
ensinando que as obrigações
morais assumidas na vida
terrena têm a sanção da lei
divina de causa e efeito, de
ação e reação”.
A preferência pela expressão
“lei de ação e reação” é
visível também na obra de
André Luiz, que até a
aproveitou para título de um
de seus livros, Ação e
Reação, obra
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier e
publicada em 1957 pela
Federação Espírita
Brasileira.
No cap. 9 dessa obra,
comentando uma observação
feita por André Luiz, o
assistente Silas afirmou:
"Você tem razão, André, a
lei é de ação e reação...
A ação do mal pode ser
rápida, mas ninguém sabe
quanto tempo exigirá o
serviço da reação,
indispensável ao
restabelecimento da harmonia
soberana da vida, quebrada
por nossas atitudes
contrárias ao bem... Por
isso mesmo, recomendava
Jesus às criaturas
encarnadas: `reconcilia-te
depressa com o teu
adversário, enquanto te
encontras a caminho com
ele...' É que Espírito algum
penetrará o Céu sem a paz de
consciência, e, se é mais
fácil apagar as nossas
querelas e retificar nossos
desacertos, enquanto
estagiamos no mesmo caminho
palmilhado por nossas
vítimas na Terra, é muito
difícil providenciar a
solução de nossos criminosos
enigmas, quando já nos
achamos mergulhados nos
nevoeiros infernais".
(Ação e Reação, capítulo 9,
pp. 128 a 130.)
(Grifamos)
Eis alguns exemplos de uso
das expressões ora
examinadas:
1) “Todos precisamos de
misericórdia, mas a
misericórdia, como Deus nos
mostra em sua lei de ação
e reação, não é a
aprovação de erros e ilusões
– e sim a correção e o
esclarecimento.”
(J. Herculano Pires, em
Astronautas do Além, cap.
1.)
2) “As enfermidades
congênitas nada mais são que
reflexos da posição infeliz
a que nos conduzimos no
pretérito próximo,
reclamando-nos a internação
na esfera física, às vezes
por prazo curto, para
tratamento da desarmonia
interior em que fomos
comprometidos. Surgem,
porém, outras cambiantes dos
reflexos do passado na
existência do corpo, da
culpa disfarçada e dos
remorsos ocultos. São
plantações de tempo certo
que a lei de ação e
reação governa,
vigilante, com segurança e
precisão.”
(Emmanuel, em Pensamento e
Vida, cap. 14.)
3) “Efetivamente, amas aos
filhos adotivos com a mesma
abnegação com que te
empenhas a construir a
felicidade dos rebentos do
próprio sangue. Entretanto,
não lhes ocultes a realidade
da própria situação para que
não te oponhas à Lei de
Causa e Efeito que os
trouxe de novo ao teu
convívio, a fim de olvidarem
os desequilíbrios passionais
que lhes marcavam a conduta
em outro tempo.”
(Emmanuel, em Astronautas do
Além, cap. 4.)
4) “O parente que se te
instalou no caminho por
obstáculo dificilmente
transponível… Abençoa-o e
ampara-o, quanto puderes. As
leis de causa e efeito,
tanto quanto os princípios
de afinidade, não funcionam
sem razão.”
(Emmanuel, em Astronautas do
Além, cap. 24.)
5) “Nada acontece por acaso.
Tudo resulta da lei de
causa e efeito. E todo
efeito tem um sentido: o da
evolução. Todos somos
Espíritos faltosos e
sofremos as provas que
pedimos antes de encarnar.
Temos dívidas coletivas a
resgatar. Mas além do
resgate espera-nos a
liberdade, a paz, o
progresso. Os jovens que
morreram foram poupados de
sofrimentos futuros numa
vida em que a doença, a
velhice e a morte são o
salário de todos nós.”
(J. Herculano Pires, em Na
Era do Espírito, cap. 3.)
6) “Por outro lado, os
princípios de causa e
efeito dispõem da sua
própria penalogia ante a
Divina Justiça. Cada qual de
nós traz em si e consigo os
resultados das próprias
ações. Ninguém foge às leis
que asseguram a harmonia do
Universo.”
(Emmanuel, em Na Era do
Espírito, cap. 12.)
(Grifamos)
Embora Kardec não tenha
utilizado as expressões
citadas, o princípio que as
rege está claramente
colocado no seguinte texto
constante do cap. V d´O
Evangelho segundo o
Espiritismo:
“Todavia, por virtude do
axioma segundo o qual
todo efeito tem uma causa,
tais misérias são
efeitos que hão de ter uma
causa e, desde que se
admita um Deus justo, essa
causa também há de ser
justa. Ora, ao efeito
precedendo sempre a causa,
se esta não se encontra na
vida atual, há de ser
anterior a essa vida, isto
é, há de estar numa
existência precedente. Por
outro lado, não podendo Deus
punir alguém pelo bem que
fez, nem pelo mal que não
fez, se somos punidos, é que
fizemos o mal; se esse mal
não o fizemos na presente
vida, tê-lo-emos feito
noutra. É uma alternativa a
que ninguém pode fugir e em
que a lógica decide de que
parte se acha a justiça de
Deus.
O homem, pois, nem sempre é
punido, ou punido
completamente, na sua
existência atual; mas não
escapa nunca às
consequências de suas faltas.
A prosperidade do mau é
apenas momentânea; se ele
não expiar hoje, expiará
amanhã, ao passo que aquele
que sofre está expiando o
seu passado. O infortúnio
que, à primeira vista,
parece imerecido tem sua
razão de ser, e aquele que
se encontra em sofrimento
pode sempre dizer:
Perdoa-me, Senhor, porque
pequei.
Os sofrimentos devidos a
causas anteriores à
existência presente, como os
que se originam de culpas
atuais, são muitas vezes a
consequência da falta
cometida, isto é, o homem,
pela ação de uma rigorosa
justiça distributiva,
sofre o que fez sofrer aos
outros. Se foi duro e
desumano, poderá ser a seu
turno tratado duramente e
com desumanidade; se foi
orgulhoso, poderá nascer em
humilhante condição; se foi
avaro, egoísta, ou se fez
mau uso de suas riquezas,
poderá ver-se privado do
necessário; se foi mau
filho, poderá sofrer pelo
procedimento de seus filhos,
etc.
Assim se explicam pela
pluralidade das existências
e pela destinação da Terra,
como mundo expiatório, as
anomalias que apresenta a
distribuição da ventura e da
desventura entre os bons e
os maus neste planeta.
Semelhante anomalia,
contudo, só existe na
aparência, porque
considerada tão só do ponto
de vista da vida presente.
Aquele que se elevar, pelo
pensamento, de maneira a
apreender toda uma série de
existências, verá que a cada
um é atribuída a parte que
lhe compete, sem prejuízo da
que lhe tocará no mundo dos
Espíritos, e verá que a
justiça de Deus nunca se
interrompe.”
(O Evangelho segundo o
Espiritismo, cap. V, itens 6
e 7.)
(Grifamos)
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