ORSON PETER
CARRARA
orsonpeter92@gmail.com
Matão, São Paulo
(Brasil)
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Liberdade
e Progresso
A propósito das
manifestações de rua em
2013 e diante do momento
difícil do país, permito
trazer ao leitor algumas
considerações:
a) Vivemos um processo
de guerra. Não de armas,
mas de ideias, de justas
discordâncias e
questionamentos
oportunos. Objetivo
final é a liberdade e o
progresso, não há
dúvidas, em toda
expansão que as duas
palavras permitem e
alcançam;
b) Se pensarmos bem,
cada um de nós traz
consigo uma tarefa
comum: instruirmo-nos
mutuamente, ajudar no
progresso coletivo e
melhorar nossas variadas
instituições;
c) A liberdade é o
direito de proceder
conforme nos pareça
adequado com a ressalva
de que esse direito não
vá contra o direito
alheio; também é a
condição humana
necessária para cada um
construir seu destino,
individual ou
coletivamente;
d) O progresso, por sua
vez, é o
desenvolvimento, o
movimento progressivo da
civilização ou a marcha
e movimento para diante,
ou ainda a caminhada
para um estado de coisas
cada vez mais de acordo
com a justiça e a razão.
Ele também pode ser
classificado como a
aplicação das leis que
realizem a maior soma de
ordem, bem-estar,
liberdade e
fraternidade; podemos
até defini-lo ainda como
a extensão da liberdade.
e) Para sermos
verdadeiramente
coerentes, no uso do
inevitável progresso, é
preciso nos libertarmos
da escravidão da
ignorância e das baixas
paixões ou apetites
vulgares, educando-nos
moralmente com a
aquisição de virtudes,
ou aprimorando-as.
Estas considerações nos
fazem pensar na justiça
e oportunidade dos
protestos e
insatisfações nacionais
em andamento, face à
corrupção, a abusos
morais de toda ordem num
país de extensão
continental, com um povo
aberto e fraterno,
solidário. O nível de
amadurecimento da
mentalidade humana já
não aceita mais – e nem
combina – a corrupção, a
desonestidade, a omissão
ou os desvios morais de
toda ordem. Vivemos um
novo tempo, de progresso
e liberdade.
Afinal, desde que haja
duas pessoas juntas,
ambos têm direitos a
respeitar e já não
possuem liberdade
absoluta. Por outro
lado, sempre temos,
individual ou
coletivamente, o poder
da escolha e somos
sempre senhores da
capacidade de ceder ou
resistir às tentações de
toda ordem e às paixões
que desequilibram a
individualidade ou a
própria sociedade.
E há que se considerar
que o dever – definido
pelo dicionário como
aquilo que precisa ser
feito – convida-nos ao
bem e ao progresso e
esta atitude de agir e
não permanecer na
indiferença ou na
omissão pode evitar o
mal decorrente do não
comprometimento com as
boas causas – único
objetivo da vida –,
sobretudo aquele que
poderia contribuir para
um mal maior em
prejuízos mais
abrangentes para a
coletividade.
O excesso do mal em
andamento – em todos os
sentidos, desde a
corrupção, a violência
ou omissão de governos e
governados – faz
compreender a
necessidade do bem e das
reformas nas leis, nos
hábitos, nos costumes.
Vamos percebendo com
clareza que os maiores
obstáculos ao progresso
e, por consequência, da
liberdade humana, são o
orgulho e o egoísmo.
Note-se a definição de
ambos para constatar
essa afirmação: a)
orgulho: manifestação de
alto apreço ou conceito
que alguém se tem; b)
amor exclusivo a si
mesmo e aos interesses
próprios, em detrimento
de interesses alheios.
Já é tempo de despertar.
O direito de questionar,
de protestar é legítimo,
justo. Mas ele não dá
direito à violência, ao
vandalismo, à
agressividade. Tais
comportamentos são
absolutamente
incompatíveis com a
democracia e o novo
tempo que desejamos
construir.
Será de muita
oportunidade ler
novamente a letra do
Hino Nacional, e
cantá-lo, claro. A letra
é inspiradíssima nesse
ideal de paz e
fraternidade que
desejamos construir para
o país. Inclusive,
destacando o respeito
que nos devemos uns aos
outros. Estejamos nós
como governados ou
governantes. Não
importa. Somos os mesmos
seres humanos,
necessitados todos da
consciência de agir com
bondade e justiça.
Tais considerações, de
precisão cirúrgica para
o atual momento do
Brasil, estão baseadas
em O Livro dos
Espíritos,
especialmente nos
capítulos Lei de
Liberdade e Lei do
Progresso e também em
Léon Denis.
Impressionantes a
precisão, clareza e
atualidade das questões
desses dois importantes
capítulos da obra
básica. Fizemos pequena
adaptação das respostas
dos Espíritos para
compor a presente
abordagem, mas a fonte
das ideias lá está,
clara e disponível para
todos.
E já que estamos às
vésperas das eleições, é
preciso pensar como
vamos usar o voto,
diante das leis que nos
dirigem: nos interesses
pessoais ou no interesse
coletivo da nação? Como
eleitos ou eleitores, o
dever não tem duas
caras. Ele é a obrigação
moral em favor próprio e
em favor do próximo,
como indica Lázaro em O
Evangelho segundo o
Espiritismo.