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Crônicas e Artigos

Ano 8 - N° 373 - 27 de Julho de 2014

ORSON PETER CARRARA
orsonpeter92@gmail.com
Matão, São Paulo (Brasil)

 
 
 

Liberdade e Progresso


A propósito das manifestações de rua em 2013 e diante do momento difícil do país, permito trazer ao leitor algumas considerações:

a) Vivemos um processo de guerra. Não de armas, mas de ideias, de justas discordâncias e questionamentos oportunos. Objetivo final é a liberdade e o progresso, não há dúvidas, em toda expansão que as duas palavras permitem e alcançam;

b) Se pensarmos bem, cada um de nós traz consigo uma tarefa comum: instruirmo-nos mutuamente, ajudar no progresso coletivo e melhorar nossas variadas instituições;

c) A liberdade é o direito de proceder conforme nos pareça adequado com a ressalva de que esse direito não vá contra o direito alheio; também é a condição humana necessária para cada um construir seu destino, individual ou coletivamente;

d) O progresso, por sua vez, é o desenvolvimento, o movimento progressivo da civilização ou a marcha e movimento para diante, ou ainda a caminhada para um estado de coisas cada vez mais de acordo com a justiça e a razão. Ele também pode ser classificado como a aplicação das leis que realizem a maior soma de ordem, bem-estar, liberdade e fraternidade; podemos até defini-lo ainda como a extensão da liberdade.

e) Para sermos verdadeiramente coerentes, no uso do inevitável progresso, é preciso nos libertarmos da escravidão da ignorância e das baixas paixões ou apetites vulgares, educando-nos moralmente com a aquisição de virtudes, ou aprimorando-as. 

Estas considerações nos fazem pensar na justiça e oportunidade dos protestos e insatisfações nacionais em andamento, face à corrupção, a abusos morais de toda ordem num país de extensão continental, com um povo aberto e fraterno, solidário. O nível de amadurecimento da mentalidade humana já não aceita mais – e nem combina – a corrupção, a desonestidade, a omissão ou os desvios morais de toda ordem. Vivemos um novo tempo, de progresso e liberdade.

Afinal, desde que haja duas pessoas juntas, ambos têm direitos a respeitar e já não possuem liberdade absoluta. Por outro lado, sempre temos, individual ou coletivamente, o poder da escolha e somos sempre senhores da capacidade de ceder ou resistir às tentações de toda ordem e às paixões que desequilibram a individualidade ou a própria sociedade.

E há que se considerar que o dever – definido pelo dicionário como aquilo que precisa ser feito – convida-nos ao bem e ao progresso e esta atitude de agir e não permanecer na indiferença ou na omissão pode evitar o mal decorrente do não comprometimento com as boas causas – único objetivo da vida –, sobretudo aquele que poderia contribuir para um mal maior em prejuízos mais abrangentes para a coletividade.

O excesso do mal em andamento – em todos os sentidos, desde a corrupção, a violência ou omissão de governos e governados – faz compreender a necessidade do bem e das reformas nas leis, nos hábitos, nos costumes. 

Vamos percebendo com clareza que os maiores obstáculos ao progresso e, por consequência, da liberdade humana, são o orgulho e o egoísmo. Note-se a definição de ambos para constatar essa afirmação: a) orgulho: manifestação de alto apreço ou conceito que alguém se tem; b) amor exclusivo a si mesmo e aos interesses próprios, em detrimento de interesses alheios.

Já é tempo de despertar. O direito de questionar, de protestar é legítimo, justo. Mas ele não dá direito à violência, ao vandalismo, à agressividade. Tais comportamentos são absolutamente incompatíveis com a democracia e o novo tempo que desejamos construir.

Será de muita oportunidade ler novamente a letra do Hino Nacional, e cantá-lo, claro. A letra é inspiradíssima nesse ideal de paz e fraternidade que desejamos construir para o país. Inclusive, destacando o respeito que nos devemos uns aos outros. Estejamos nós como governados ou governantes. Não importa. Somos os mesmos seres humanos, necessitados todos da consciência de agir com bondade e justiça.

Tais considerações, de precisão cirúrgica para o atual momento do Brasil, estão baseadas em O Livro dos Espíritos, especialmente nos capítulos Lei de Liberdade e Lei do Progresso e também em Léon Denis. Impressionantes a precisão, clareza e atualidade das questões desses dois importantes capítulos da obra básica. Fizemos pequena adaptação das respostas dos Espíritos para compor a presente abordagem, mas a fonte das ideias lá está, clara e disponível para todos.

E já que estamos às vésperas das eleições, é preciso pensar como vamos usar o voto, diante das leis que nos dirigem: nos interesses pessoais ou no interesse coletivo da nação? Como eleitos ou eleitores, o dever não tem duas caras. Ele é a obrigação moral em favor próprio e em favor do próximo, como indica Lázaro em O Evangelho segundo o Espiritismo.

 
 


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita