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Espiritismo para crianças - Célia Xavier Camargo - Espanhol  Inglês
Ano 8 - N° 375 - 10 de Agosto de 2014

 
 

 

O dinheiro

 

Rogério estava todo contente. Entrou na sala e viu o pai que terminava uma conversa ao telefone. Seu pai, satisfeito, com largo sorriso lhe disse:
 

— Meu filho, eu acabei de realizar um bom negócio. Aqui está um dinheiro para você comprar algo que lhe agrade.

— Que bom, papai! Obrigado — disse o garoto, feliz.
 

Rogério enfiou a nota no bolso da calça e saiu,

pensando em tudo que poderia comprar: doces, chocolates, brinquedos, bolas, um jogo!... Afinal, aquela não era uma nota qualquer, era realmente valiosa! Sua imaginação corria solta.

Ele não se desgrudou mais da linda nota, nem para dormir. Às vezes, levava a mão no bolso para ter certeza de que ela estava ainda lá.

De manhã foi para a escola com a nota no bolso da calça. À hora do recreio, viu Maurício, colega com o qual vivia se desentendendo e, quando se encontravam na rua, o colega virava o rosto, mostrando não gostar dele.
 

Mas, nesse dia em especial, Maurício lhe pareceu muito triste. Apesar de tudo, Rogério desejou saber o que estava acontecendo com ele. Aproximou-se dele no recreio, sentou-se ao seu lado e perguntou-lhe por que estava tristonho.

O outro levantou a cabeça e Rogério viu-lhe os olhos úmidos. Maurício respondeu:

— É que minha mãe está doente e meu pai não tem dinheiro para comprar os remédios que o médico lhe receitou.

Nesse momento, Rogério sentiu a nota no bolso da calça. Teve o impulso de dar-lhe o dinheiro, mas algo o conteve. Lá no fundo ele pensou: Vou dar minha linda nota justo para ele que sempre me trata mal? Que não gosta de mim? Ah, não...

Rogério ficou calado, pensando, depois murmurou:

— Sinto muito, Maurício. Espero que sua mãe fique curada logo.

A campainha soou e voltaram para a classe. No término das aulas, Rogério saiu apressado. Queria voltar logo para casa. No fundo, ele não estava contente com sua atitude perante o colega. A consciência o acusava. Ele poderia ter ajudado Maurício e não o fizera. Por egoísmo.

Na hora do almoço a mãe notou-o calado e quis saber o que estava acontecendo. Rogério respondeu que não era nada; apenas que a mãe de Maurício estava doente.

— Ah! Meu filho, quem sabe nós podemos ajudar de alguma maneira? Vou procurar me informar.

Ao ouvir aquelas palavras, Rogério sentiu-se mais culpado ainda. Levantou-se da mesa e foi para seu quarto. A mãe foi atrás dele, sabendo que o filho não estava bem. Abriu a porta do quarto e viu que ele estava chorando.

— O que aconteceu, meu filho?

Então Rogério contou à mãezinha seu problema de consciência, desculpando-se:

— Mas também, mãe, Maurício nunca gostou de mim! Sempre me trata mal, briga comigo! Agora eu, que ganhei do meu pai uma linda nota de dinheiro, vou dar a ele? Não é justo!...

A mãe tomou-o nos braços, aconchegando-o ao peito, e disse com carinho:

— Entendo sua dificuldade, meu filho, e você tem o direito de agir como quiser. Afinal, o dinheiro é seu.

O menino olhou para a mãe com os olhos úmidos e interrogativos, e a mãe continuou:

— No entanto, justamente por esse colega ter raiva de você, sua ação seria mais importante. Jesus nos recomenda retribuir o mal com o bem. E sabe por quê? Se somente fizermos o bem aos que gostam de nós, qual o nosso mérito? Todas as pessoas, mesmo as que não são boas, fazem o mesmo. Então, Jesus mostra que nós, que acreditamos nele, temos que agir diferente das outras pessoas. E Deus, nosso Pai, ficará contente conosco, pois estaremos ajudando outro filho seu. Entendeu, Rogério?

O garoto mostrou que tinha entendido. Mais animado, levantou-se da cama e, enxugando os olhos, disse:

— Mamãe, vou até a casa do Maurício.

— Vá, meu filho. E que Deus o acompanhe! Depois, eu também irei saber como a mãe dele está — concordou, entendendo que o filho deveria ir sozinho.
 

Rogério abraçou-a e saiu correndo. Chegando à casa do colega, bateu palmas e ele veio atender. Ao ver Rogério, estranhou, mas recebeu-o bem. Rogério sorriu e disse:

— Maurício, eu vim trazer uma coisa para você. Tome! É sua! — e, tirando do bolso, entregou ao colega a linda nota.

— Tem certeza, Rogério? É muito dinheiro! Afinal, nunca fomos bons amigos... — disse ele, espantado.

— Tenho certeza absoluta, Maurício. Se nunca nos demos bem, isso não importa agora. O importante é o problema de sua mãe. Se esse dinheiro puder ser-lhe útil, fico contente.

Maurício estendeu os braços e abraçou o outro com gratidão:

— Você mostrou que é um verdadeiro amigo, Rogério. Obrigado, muito obrigado!

Naquele instante, ao receber o abraço do outro, Rogério sentiu que toda aquela carga negativa que havia entre eles havia desaparecido como que por encanto. Ambos estavam emocionados e Rogério pediu:

— Gostaria de conhecer sua mãe, Maurício. Posso entrar?

— Claro, meu amigo! Você será sempre bem-vindo nesta casa!  

                                                        MEIMEI 

(Recebida por Célia X. de Camargo, em 5/5/2014.)



                                                   
 


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