ANGÉLICA
REIS
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Londrina, Paraná
(Brasil) |
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Fatos Espíritas
William Crookes
(Parte 1)
Iniciamos nesta edição
o estudo
metódico e sequencial do
clássico Fatos
Espíritas, de
William Crookes,
obra publicada em 1874,
cujo
título no original
inglês é
Researches in the
phenomena of the
spiritualism.
Questões preliminares
A. Que contém esta obra?
Ela apresenta os fatos
espíritas que foram
examinados rigorosamente
à luz da ciência por
William Crookes, um dos
mais eminentes sábios do
século 19, e por
inúmeros outros
investigadores dos
fenômenos mediúnicos,
que, com justa razão,
devem encher de júbilo
os espiritualistas e
entristecer
profundamente todos
quantos, até então, só
acreditavam na força e
na matéria.
(Fatos Espíritas,
Prefácio de Oscar
D´Argonnel.)
B. Quais foram os
sábios, além de Crookes,
que pesquisaram os fatos
espíritas?
Os fenômenos espíritas
foram objeto de atenção
no século 19 dos sábios
mais ilustres do mundo,
tais como Gully,
Elliotson, Lodge,
Challis, Morgan,
Wallace, Varley,
Lombroso, Zöellner, Carl
du Prel, Charles Richet,
Aksakof, Rochas e muitos
outros. Físicos,
químicos, matemáticos,
astrônomos e
fisiologistas atestaram
a realidade dos fatos do
Espiritismo, o que
representou um golpe
mortal na escola
materialista. A
existência da alma, que
era apresentada como um
dogma de fé por todas as
religiões e que a
filosofia nos mostrava
por palavras, é hoje,
graças ao Espiritismo,
uma verdade científica.
(Obra citada, Prefácio
de Oscar D´Argonnel.)
C. Os médiuns deram a
William Crookes o
necessário apoio em suas
pesquisas?
Sim. Ele próprio a isso
se referiu seguinte
nota: “Para ser justo a
esse respeito, devo
estabelecer que, expondo
estes intentos a vários
espiritualistas
eminentes e a médiuns
entre os mais dignos de
confiança da Inglaterra,
eles manifestaram
perfeita confiança nos
êxitos da pesquisa, se
fosse lealmente
prosseguida do modo pelo
qual indiquei aqui,
oferecendo-se para me
ajudar com todo o poder
ao seu alcance e pondo à
minha disposição as suas
faculdades particulares.
Até ao ponto aonde
cheguei, posso
acrescentar que as
experiências
preliminares têm sido
satisfatórias.”
(Obra citada,
Introdução.)
Texto
para leitura
1. Observação
preliminar – Embora
esteja dito no
preâmbulo que o
livro que ora
estudamos é uma
tradução de "Researches
in the Phenomena
of Spiritualism",
essa informação
não é
inteiramente
exata. Em
verdade, ele
contém um
capítulo
inteiro, o
último da obra
de Crookes,
capítulo esse
intitulado
"Notes of an
Enquiry into the
Phenomena Called
Spiritual". Os
demais vêm de
outras fontes,
embora sejam
igualmente de
autoria de
Crookes. Como o
leitor verá, o
livro em exame
contém também
comentários de
diferentes
pesquisadores,
mas obedece a um
plano original
feito por seu
tradutor, Oscar
D´Argonnel, que
é, pois, não
somente tradutor
mas também o
organizador da
obra.
2. Prefácio
de Oscar
D´Argonnel –
Publicando este
livro temos em
vista tão
somente
tornarem-se
conhecidos aos
leitores de
língua
portuguesa os
fatos espíritas
examinados
rigorosamente à
luz da ciência
por um dos mais
eminentes sábios
do século –
William Crookes.
Deixamos de
apresentar os
rigorosos
processos
científicos
adotados pelo
ilustre
experimentador,
porque temos
certeza de que
as pessoas que
os desejarem
conhecer irão
lê-los na obra
original. Esses
admiráveis
fenômenos devem
encher de júbilo
os
espiritualistas
e entristecer
profundamente
todos quantos só
acreditavam na
força e na
matéria. |
3. Os fenômenos
espíritas têm sido
objeto de atenção dos
sábios mais ilustres do
mundo, tais como
Crookes, Gully,
Elliotson, Lodge,
Challis, Morgan,
Wallace, Varley,
Lombroso, Zöellner, Carl
du Prel, Charles Richet,
Aksakof, Rochas e muitos
outros. Como vemos, são
os mais distintos
físicos, químicos,
matemáticos, astrônomos,
fisiologistas,
criminalistas, etc., os
homens que atestam a
realidade dos fatos do
Espiritismo.
4. Essa atestação é um
golpe mortal vibrado na
escola materialista. A
existência da alma, que
era apresentada como um
dogma de fé por todas as
religiões e que a
filosofia nos mostrava
por palavras, é hoje,
graças ao Espiritismo,
uma verdade científica.
Atualmente os sábios
dizem que a alma existe
porque a veem e tocam,
conversam com ela e lhe
tiram o retrato.
5. A prova científica da
existência da alma e da
sua comunicação conosco
é o legado mais
brilhante que o século
19 vai deixar ao
vindouro.
6.
Introdução
– Antes de apresentar os
fatos espíritas
observados rigorosamente
à luz da ciência por
William Crookes,
julgamos necessário
fazer o leitor conhecer
quem é esse eminente
sábio que, estudando o
Espiritismo para saber
de que lado se achava a
verdade, se com os
espiritualistas ou com
os materialistas, não
temeu, achando-a com os
primeiros, tornar
públicas as suas
conclusões.
7. Para isso traduzimos
resumidamente as
seguintes palavras do
Doutor Paul Gibier(1):
“Aos 20 anos, Crookes
publicava interessantes
memórias sobre a luz
polarizada; depois, foi
um dos primeiros, na
Inglaterra, a estudar,
com o auxílio do
espectroscópio, as
propriedades dos
espectros solar e
terrestre. Deve-se a ele
sérios trabalhos sobre a
medida da intensidade da
luz e engenhosos
instrumentos: o
fotômetro de polarização
e o microscópico
espectral, por exemplo.
Os seus escritos sobre a
química geral foram
muito apreciados desde o
momento em que
apareceram”.
8. Eis outras
informações extraídas do
texto de Paul Gibier: É
ele o autor de um
tratado de análises
químicas (Méthodes
Choisies), hoje
clássico. Devem-se-lhe
numerosas pesquisas em
Astronomia e
principalmente sobre a
fotografia celeste. Em
1855-56, a Sociedade
Real de Londres, que o
admitiu no número de
seus membros ativos – em
primeira votação –
decretou-lhe um auxílio
monetário para
prosseguir em seus
trabalhos sobre a
fotografia da Lua. O
governo da Rainha o
enviou ultimamente a
Orara para observar um
eclipse.
9. Acrescentamos que
ele, além disso, se
ocupou de medicina e de
higiene, do que dão
testemunho os seus
trabalhos sobre a peste
bovina, entre outros.
Mas duas descobertas têm
sobretudo classificado
Crookes entre os mestres
da ciência moderna: o
ilustre sábio era já
distinto pela sua
descoberta de um
processo de amalgamação
com o auxílio do sódio,
processo que é empregado
hoje na Austrália, na
Califórnia e na América
do Sul pela indústria
metalúrgica do ouro,
quando fez conhecer um
novo corpo simples
metálico: o Tálio.
10. Aprecia-se o valor
de semelhante descoberta
quando se sabe que o
número de corpos simples
conhecidos na série dos
metais se elevava a
cerca de cinquenta. Ele
foi conduzido a essa
preciosa descoberta
pelos seus trabalhos
sobre a análise
espectral. Foi assim, de
fato, que foram
insulados o césio, o
rubídio e o índio.
11. A segunda descoberta
de Crookes vem
corroborar o que
avançamos; queremos
falar da matéria
radiante. A matéria
aparece aos nossos
sentidos sob três
estados bem diferentes:
sólido, líquido e
gasoso. Existe,
provavelmente, uma
infinidade de estados da
matéria, mas não
conhecemos senão três.
Crookes nos fez entrever
um quarto. Por uma série
de experiências, feitas
com rara exatidão,
demonstrou ele o estado
entrevisto por Faraday,
denominando-a matéria
radiante.
12. Não queremos fazer o
histórico dessas
experiências tão
importantes sob o ponto
de vista filosófico da
Química, da Física e do
estudo da matéria em
geral; em resumo,
resulta disso que a
matéria, em sua
essência, deve ser una e
que os corpos variados
que caem sob os nossos
sentidos imperfeitos não
são senão um
agrupamento, uma
estrutura molecular
especial da matéria,
segundo a opinião do
celebre químico
Boutlerow, de São
Petersburgo, que
confirmou o que pôde
verificar das
experiências de Crookes
sobre a força psíquica.
13. Crookes repetiu suas
experiências sobre a
matéria radiante em 1879
(setembro), no Congresso
da Associação Britânica
para o adiantamento das
ciências, e em 1880, na
Escola de Medicina de
Paris e no observatório,
a convite do Professor
Würtz e do Almirante
Mouchez. Os efeitos
produzidos pela matéria
nesse estado foram os
mais surpreendentes e de
uma força formidável,
valendo um grande êxito
para Crookes.
14. As poucas linhas
precedentes darão,
segundo esperamos, uma
ideia do alto valor
científico do homem que
não temeu enfrentar o
estudo dos fenômenos
espíritas. Por isso,
quando o ilustre membro
da Sociedade Real
anunciou no Quartely
Journal que se ia ocupar
dos fenômenos chamados
espíritas, foi um grito
geral: “Enfim! vamos
pois saber como havemos
de pensar”.
15. Mas desde os
primeiros artigos,
quando se viu Crookes
admitir a realidade dos
fenômenos e declarar que
os tinha observado,
pesado, medido,
registrado, etc., o caso
mudou de figura. Houve,
sem dúvida, grande
número de pessoas que
tinham o assunto como
julgado; mas nem todo o
mundo quis render-se e
palavras de reprovação
mais ou menos sinceras
se fizeram ouvir. Não
será esse um dos
incidentes menos
curiosos da história do
Espiritismo.
16. Crookes tinha,
entretanto, mostrado a
maior severidade na
série das suas
pesquisas; mas as
pessoas que se achavam
desconcertadas no
momento da digestão
tranquila dos seus
conhecimentos adquiridos
ficaram irritadas por
ver pronunciar-se contra
elas um juiz do qual
tinham antecipadamente
aceito as conclusões,
mas com a condição,
implicitamente
formulada, de que seriam
conformes com as suas
ideias.
17. Ver-se-á,
entretanto, que essas
pesquisas foram
empreendidas com
espírito verdadeiramente
científico:
“O espiritualista – diz
Crookes – fala de corpos
pesando 50 ou 100
libras, que se elevam ao
ar sem a intervenção de
força conhecida; mas o
químico está habituado a
fazer uso de uma balança
sensível a um peso tão
pequeno que seriam
necessários 10.000 deles
para perfazer um grão.
Ele tem base para pedir
a esse poder, que se diz
guiado por uma
inteligência que
suspende ao teto um
corpo pesado, que faça
mover, sob condições
determinadas, a sua
balança tão
delicadamente
equilibrada.
“O espiritualista fala
de pancadas que se
produzem nas diferentes
partes de um quarto,
quando duas ou mais
pessoas estão
tranquilamente sentadas
ao redor de uma mesa. O
experimentador
científico tem o direito
de pedir que essas
pancadas se produzam
sobre a membrana
esticada de seu
fonautógrafo.
“O espiritualista fala
de quartos e de casas
sacudidas por um poder
sobre-humano, mesmo até
a ponto de ficarem
danificadas. O homem de
ciência pede
simplesmente que um
pêndulo colocado sob uma
campânula de vidro e
repousando em sólida
alvenaria seja posto em
vibração.
“O espiritualista fala
de pesados trastes em
movimento de um aposento
a outro sem ação do
homem. Mas o sábio
construiu instrumentos
que dividem uma polegada
em um milhão de partes;
e tem, portanto, o
direito de duvidar da
exatidão das observações
efetuadas se a mesma
força é impotente para
fazer mover de um
simples grau o indicador
de seu instrumento.
“O espiritualista fala
de flores molhadas pelo
orvalho fresco, de
frutos, mesmo de seres
vivos, trazidos através
de janelas fechadas e
mesmo através de sólidas
muralhas de tijolo. O
investigador científico
pede, naturalmente, que
um peso adicional (ainda
que não tenha mais que a
milésima parte de um
grão) seja depositado em
uma das conchas da sua
balança quando a caixa
estiver fechada à chave.
E o químico pede que se
introduza a milésima
parte de um grão de
arsênico através das
paredes de um tubo de
vidro, no qual está água
pura hermeticamente
fechada.
“O espiritualista fala
das manifestações de uma
força equivalente a
milhares de libras e que
se produz sem causa
conhecida. O homem de
ciência, que crê
firmemente na
conservação da força e
que pensa que ela nunca
se produz sem um
esgotamento
correspondente de alguma
coisa para substituí-la,
pede que as ditas
manifestações se
produzam no seu
laboratório, onde ele as
poderá pesar, medir e
submeter a seus próprios
ensaios.”
18. Foi com esses
sentimentos que Crookes
enfrentou o estudo dos
fenômenos cujo exame, no
seu entender, se impunha
à ciência, sem que ela
pudesse protelar por
mais tempo.
19. Logo depois de ter
feito essa espécie de
profissão de fé
científica, o autor
acrescenta, em uma nota,
a observação seguinte:
“Para ser justo a esse
respeito, devo
estabelecer que, expondo
estes intentos a vários
espiritualistas
eminentes e a médiuns
entre os mais dignos de
confiança da Inglaterra,
eles manifestaram
perfeita confiança nos
êxitos da pesquisa, se
fosse lealmente
prosseguida do modo pelo
qual indiquei aqui,
oferecendo-se para me
ajudar com todo o poder
ao seu alcance e pondo à
minha disposição as suas
faculdades particulares.
Até ao ponto aonde
cheguei, posso
acrescentar que as
experiências
preliminares têm sido
satisfatórias.”
(Continua no próximo
número.)
(1)
O Espiritismo
(Faquirismo Ocidental),
tradução portuguesa.
Edição da Federação
Espírita Brasileira.
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