Em carta dirigida a esta
revista, publicada na seção
de Cartas desta edição, o
leitor Isaias Fernandes
escreveu:
–
Gostaríamos da opinião de O
Consolador a respeito da
obra "A Vida de Jesus
ditada por Ele mesmo". São
vários os comentários que
exaltam a alta qualidade
moral de suas páginas. Será
que poderíamos realmente
considerá-la como uma
comunicação do próprio
Cristo Jesus?
O livro mencionado pelo
leitor foi escrito
originariamente em francês.
O texto de que dispomos é a
14ª edição brasileira
publicada pela Editora e
Distribuidora 33.
São muito poucas em nosso
meio as referências à obra
A Vida de Jesus ditada
por Ele mesmo. Uma
dessas referências o leitor
encontra no livro O Corpo
Fluídico, de Wilson
Garcia, edições Correio
Fraterno, em que Wilson
Garcia reproduz um texto
assinado por Jorge Rizzini,
do qual extraímos as
palavras que se seguem:
Entre as obras mediúnicas
que pretendem fazer
revelações crísticas, mas
que foram transmitidas por
espíritos mistificadores,
duas se nos afiguram as mais
tenebrosas. São elas: "A
Vida de Jesus ditada por ele
mesmo" e "Os Quatro
Evangelhos" organizados por
J.-B. Roustaing.
"A Vida de Jesus ditada por
ele mesmo" foi psicografada
por uma mulher, no sul da
França, na cidade de Avinhão.
A primeira e única edição
francesa foi feita em 1885
pela revista
"Anti-Materialista", editada
em Avinhão e dirigida por
René Caillé. Na Itália,
traduzida por um capitão do
exército, Ernesto Volpi, que
a editou por conta própria,
teve, também, uma só edição.
Dessa edição italiana Ovídio
Rebaudi, médico paraguaio,
residente em Buenos Aires,
fez a tradução para o
castelhano, mas, note-se,
acrescentou à obra,
tranquilamente, uma segunda
parte por ele mesmo
psicografada... E atribuiu-a
a Jesus! A que nos leva a
vaidade ... Isto (Rebaudi é
quem o confessa) depois de
haver sido procurado em
certa noite pelo Cristo, a
quem viu e com quem
conversou de igual para
igual... É evidente que o
vaidoso médico não leu as
obras de Allan Kardec, tão
amplamente divulgadas na
Argentina. Eis o que ele
também confessa no prefácio:
"... como espiritualista
independente, não estou
preso a nenhum credo ou
religião, aceitando o que me
parece justo e verdadeiro,
de onde quer que ele venha".
Quer dizer: a edição que
circula na Argentina é feita
de dupla mistificação e
apresenta mensagens
apócrifas com a assinatura
não somente de Jesus, mas de
Maria, Barnabé, Sara,
Mateus, João, Paulo de
Tarso...
Como amostra das aberrações
que a obra contém (obra que
é, antes de tudo, fruto da
vaidade dos que a
psicografaram) citemos esta
observação maquiavélica do
falso Cristo a respeito de
mediunidade (pág. 255
da edição brasileira):
"As honras da mediunidade
não se adquirem sem causar
transtornos ao organismo
humano e esses transtornos
determinam frequentemente o
desequilíbrio das faculdades
mentais".
Quer dizer: os médiuns ficam
doentes do corpo (...) e a
doença física, ou seja, no
organismo, poderá levá-los à
loucura! E, assim, a
cavilosa entidade,
fazendo-se de Cristo e
escamoteando "O Livro dos
Médiuns", publicado vinte e
quatro anos antes, afasta os
leitores das sessões
mediúnicas e do possível
interesse pelo estudo da
Doutrina Espírita. A obra
monstruosa tem mais de
quatrocentas páginas, mas as
aberrações estão em quase
todas. Vejamos mais esta
(pág. 250) quando a entidade
zombeteira faz a maior
confusão entre alma e
espírito:
"A morte desprende a alma da
matéria e liga-a
estreitamente ao espírito,
de maneira que o espírito
torna-se invulnerável por
meio da alma".
O texto umbralino parece
redigido por um débil
mental. Inútil o leitor
relê-lo. Não tem sentido.
Mas, a intenção, como a de
todo o resto da obra, é
patente: perturbar a mente
do leitor com tendência ao
fanatismo, levando-o à
obsessão.
"A Vida de Jesus ditada por
ele mesmo” foi lançada no
Brasil em 1935 em tradução
feita da segunda edição em
espanhol datada de 1909. Há
quase cinquenta anos entre
nós, a obra do anticristo
teve, até agora, apenas seis
edições – as seis vendidas,
é inegável, fora do
movimento espírita, não
obstante a editora também
apresentá-la, perfidamente,
como "um compêndio didático
do Espiritismo"... Vale a
pena, ainda, registrar que
um dos prefácios é de
autoria do português
Diamantino Coelho Fernandes,
então residente no Rio de
Janeiro. Ele foi,
inconscientemente, devido ao
seu misticismo cego, um
corruptor da literatura
mediúnica. Estimulado pela
obra do anticristo,
psicografou com as trevas
livros que atribuiu a Paulo
de Tarso, Maria e outras
personalidades ligadas a
Jesus. Diamantino Coelho
Fernandes desencarnou,
tragicamente, em um
desastre. (O Corpo
Fluídico, de Wilson Garcia,
edições Correio Fraterno,
pp. 11 e segtes.)
Cremos que as observações
acima feitas por Jorge
Rizzini dizem o suficiente
para que não percamos tempo
com obras como a citada, que
nunca fez nem faz parte do
corpo doutrinário do
Espiritismo.
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