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Joias da poesia contemporânea
Ano 8 - N° 379 - 7 de Setembro de 2014

 
 
 

Alma e corpo 

Antero de Quental

  

Disse a Alma, chorando, ao Corpo aflito:

– Por que me prendes, triste barro escuro,

Se busco o Espaço imenso, se procuro

O império resplendente do infinito?

 

Por que me deste a dor por sambenito(1)

No caminho terrestre áspero e duro?

Por que me algemas a sinistro muro,

O coração cansado, ermo e proscrito?

 

Mas o Corpo exclamou: - Cala-te e ama!

Eu sou, na Terra, a cruz de cinza e lama

Que te serve de ninho, templo e grade...

 

Mas dos meus braços partirás, um dia,

Para a glória celeste da alegria,

Nos castelos de luz da eternidade!...

 

(1) Sambenito - hábito de baeta amarela e verde, que os penitentes vestiam pela cabeça à moda de saco e trajavam nos autos-de-fé.


Do livro Relicário de Luz, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita