JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
Brasília, DF (Brasil)
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Para servir com Jesus...
Seguindo com Jesus, nada
temas. Trabalha.
Não te omitas. Ajuda.
Não te perturbes. Ama.
Não condenes. Ampara.
Não te ofendas. Esquece.
Não te queixes. Caminha.
Não depredes. Constrói.
Não critiques. Instrui.
Não pares, serve sempre
[...].
(Chico Xavier/Emmanuel.
Hora certa. GEEM.)
Quem ainda não aprendeu
a servir pelo prazer de
ser útil, os ambiciosos
pelo poder estão sempre
inconformados com seu
papel secundário na
instituição em que
trabalham ou em qualquer
setor da sociedade. Se
cada um trabalhasse
unido aos que,
temporariamente, estão
no comando, procurando
auxiliá-los na correção
de decisões, e se estes
buscassem sempre, com
humildade, corrigir suas
atitudes equivocadas,
conscientes de que nada
é para sempre, em cada
uma de nossas
existências físicas, com
certeza, todos se
beneficiariam.
O que ocorre, todavia, é
a disputa pessoal, em
que todos querem ter
razão e poucos apelam
para o bom senso. Em
geral, com poucas
exceções, ainda não
aprendemos a servir com
Jesus, abnegadamente,
com devotamento ao bem
incansável.
Como exemplo, citemos a
situação de um papa que
deseje "reformar sua
igreja", por observar a
inconveniência, para
seus seguidores, de
alguns conceitos
ultrapassados. Se está
convencido de que a
reencarnação é uma
realidade
inquestionável, terá de
superar inúmeros
adversários da verdade,
até incorporá-la à
Doutrina Católica, ou
então aguardar que o
tempo amadureça as
consciências dos
refratários a essa Lei
divina, o que pode levar
séculos. Isso porque
contrariar interesses
imediatistas de quem já
possui ideias
preconcebidas, ainda que
irracionais, é muito
difícil, num mundo em
que a maioria das
pessoas, mesmo as
religiosas, vive pela e
para a matéria.
Imaginemos que esse papa
conheça bem seus bispos
e auxiliares maduros na
avaliação de uma obra
escrita que prove
cientificamente a
reencarnação. À parte
esses, grande número de
religiosos, mesmo diante
da certeza do retorno à
vida corporal do
Espírito, valer-se-á das
teorias mais esdrúxulas
para contrapor-se a essa
ideia, rejeitada pela
Igreja há dois milênios,
embora alguns dos seus
mais destacados
teólogos, como Orígenes
e Santo Agostinho,
admitissem sua
realidade, segundo Léon
Denis (2013, p. 247). É
por isso que Allan
Kardec afirmava que uma
Doutrina como a Espírita
não podia ser examinada
por nenhum pesquisador
sério com ideias
preconcebidas.
Agora, imaginemos que a
citada obra tenha sido
escrita por alguém que
tenha por inimigo outrem
com consideráveis
conhecimentos gerais
sobre a Bíblia, mas que
desconheça a lei da
reencarnação. Se essa
pessoa for, de fato,
evangelizada, e não
submeter o conteúdo lido
exclusivamente ao que
faz parte de seu
conteúdo mental, vai ler
a obra e assimilar os
conceitos novos
aprendidos, com
humildade, como o fez
Allan Kardec ao
perguntar aos Espíritos
superiores:
166. Como pode a alma,
que não alcançou a
perfeição durante a vida
corpórea, acabar de
depurar-se? — Sofrendo a
prova de uma nova
existência.
a)
Como realiza essa nova
existência? Será pela
sua transformação como
Espírito? —
Depurando-se, a alma
indubitavelmente
experimenta uma
transformação, mas para
isso necessária lhe é a
prova da vida corporal.
b) A alma passa então
por muitas existências
corporais? — Sim, todos
contamos muitas
existências. Os que
dizem o contrário
pretendem manter-vos na
ignorância em que eles
próprios se encontram.
Esse o desejo deles.
c) Parece resultar desse
princípio que a alma,
depois de haver deixado
um corpo, toma outro,
ou, então, que reencarna
em novo corpo. É assim
que se deve entender? —
Evidentemente (KARDEC,
1994, p. 120).
Quanta sabedoria!
Entretanto, se Allan
Kardec se deixasse levar
pelo orgulho, pelas
conveniências pessoais e
pela intolerância
preconceituosa, teria
parado na primeira
resposta e criaria uma
teoria própria para
dizer que essa nova
existência seria a da
transformação espiritual
da criatura
desencarnada. Ao
contrário disso, foi
estabelecendo, pari
passu, novos
questionamentos, até não
lhe restar dúvida alguma
sobre a ideia dos
Espíritos a respeito do
assunto.
Por ser o "bom senso
encarnado", na opinião
de Camille Flamarion,
Kardec acatou,
imediatamente, as
informações provindas
dos Espíritos
superiores, não sem
antes refletir sobre sua
perfeita compatibilidade
com a ideia de um Deus
justo, e do próprio
Cristo, que nos
asseverou: "A cada um
segundo as suas obras"
(Mateus, 16: 27).
O leitor que não
prescinde de seus
próprios conceitos, ou
mal-intencionado, não
colabora no entendimento
razoável de um texto,
pois adota um
posicionamento mental
preconcebido. Desse
modo, tudo que lê
submete às suas ideias
próprias, nem sempre
bem-intencionadas. Não
busca interagir com o
autor do texto, até
mesmo porque não é isso
que deseja, pois,
intencionando a
evidência pessoal, tudo
faz para tentar
influenciar outras
pessoas, buscando
cúmplices em seu mau
intento.
O verdadeiro cristão é
aquele que busca servir
pelo prazer de ser útil,
sem segundas intenções.
A teoria só tem valor,
em nosso adiantamento
moral, quando buscamos
utilizá-la na prática,
não nos considerando
melhor do que ninguém,
mas procurando, conforme
a recomendação de Jesus,
fazer a outrem o que
desejaríamos que ele nos
fizesse.
Pietro Ubaldi, em sua
obra Cristo
(1985, p. 152),
esclarece-nos que "O
evoluído, exatamente por
este seu aproximar-se
evolutivamente do S
(Deus), e deste fazendo
o escopo da sua vida,
começa a sentir a
presença da Lei
(divina), viva e em
funcionamento nele e em
tudo em torno dele"
(parênteses nossos). Por
isso, recomendou-nos
Jesus que nos amemos
tanto quanto ele nos
amou (João, 15:12).
Ora, como seguir esse
mandamento se, ao invés
de nos amarmos,
nos armamos uns
contra os outros? A
vida, na Terra ou no
Além, é um eterno vir a
ser, que só tem sentido
quando aprendemos a
servir ao Cristo e a ser
útil à humanidade. É por
isso que aquele que se
mantém preso aos
interesses inferiores da
vida, à luta pelo poder,
ainda que espiritual
sobre seus irmãos de
ideal, ainda não
entendeu os objetivos da
evolução. E, como disse
Jesus: "Tudo o que vós
quereis que os homens
vos façam, fazei-lhes
também vós, porque esta
é a lei e os profetas"
(Mateus, 7:12).
Quando compreendermos
que os ensinamentos,
parábolas e sermões de
Jesus não são apenas
belas máximas para serem
pregadas ao próximo,
mas, sobretudo, para
serem vivenciadas por
nós, quando entendermos
que toda a vida do
Cristo foi voltada para
o amor e o serviço à
humanidade, quando nos
libertarmos da mentira,
do egoísmo, da
animalidade e
trabalharmos
diuturnamente no
exercício da verdade, do
altruísmo e da
espiritualidade,
buscando servir,
humildes e
incansavelmente,
estaremos realizando o
que é necessário à nossa
evolução, que se traduz
no vir a ser
decorrente do servir
(ser vir/vir a ser).
Isso significa estar
sempre em ação no bem,
corrigindo com amor
nossas falhas no
processo incessante da
evolução e
autoiluminação.
Somente assim
compreenderemos as
palavras dos Espíritos
superiores que, por bem
entenderem a mensagem de
Jesus Cristo, não buscam
o poder e as glórias
humanas, porém a
felicidade de servir
sempre, como nos propôs
o Messias divino:
"Assim, resplandeça a
vossa luz diante dos
homens, para que vejam
as vossas boas obras e
glorifiquem a vosso Pai,
que está nos céus"
(Mateus, 5:16).
Para finalizar, propomos
ao leitor amigo nossa
reflexão sobre as
palavras do elevado
Espírito que foi Pietro
Ubaldi: "A minha meta é
construir; nunca me
verão aqui acusar,
agredir, demolir. O meu
escopo é o bem, é
unificar e não semear
dissensões, irritações e
antagonismos,
polemizando. O meu
método tem de ser,
necessariamente, o
método de Cristo – o
sacrifício, o perdão, o
amor" (UBALDI, 1983, p.
222).
Referências:
BÍBLIA Sagrada. Tradução
de João Ferreira de
Almeida. Rio de Janeiro:
Sociedade Bíblica do
Brasil, 1969.
DENIS, Léon.
Cristianismo e
Espiritismo. 17. ed.
Brasília: FEB, 2013.
KARDEC, Allan. O
Livro dos Espíritos.
Tradução de Guillon
Ribeiro. 75. ed.
Brasília: FEB, 1994.
UBALDI, Pietro.
Cristo. Campos dos
Goytacases, RJ: Fundápu,
1985.
______. Ascese
mística. 3. ed. Rio
de Janeiro: Fundação
Pietro Ubaldi, 1983.
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