MARCUS
VINICIUS DE AZEVEDO
BRAGA
acervobraga@gmail.com
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)
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O tamanho das
coisas
Por vezes,
gastamos horas
amuados,
jururus,
macambúzios e
sorumbáticos,
consumindo a
nossa mente e as
nossas horas em
problemas
corriqueiros, em
coisas que não
saíram como
imaginávamos, em
sonhos
frustrados
parcialmente.
Iludidos
ficamos, focados
no ponto preto
em meio a um
grande quadro
branco.
Nesse sentido, o
poeta
mato-grossense
Manoel de Barros
trata, em um de
seus poemas, do
tamanho das
coisas, como no
trecho a seguir:
“Acho que o
quintal onde a
gente brincou é
maior do que a
cidade. A gente
só descobre isso
depois de
grande. A gente
descobre que o
tamanho das
coisas há que
ser medido pela
intimidade que
temos com as
coisas. Há de
ser como
acontece com o
amor. Assim, as
pedrinhas do
nosso quintal
são sempre
maiores do que
as outras pedras
do mundo. Justo
pelo motivo da
intimidade”.
A beleza da
poesia
pantaneira nos
serve de
inspiração para
refletirmos
sobre de que
forma lidamos
com os problemas
habituais em
nossa vida...
Probleminhas,
quando é do
outro.
Problemões,
quando são os
nossos...
Maximizamos os
nossos
obstáculos, pela
sua
“intimidade”, e
minimizamos os
problemas
alheios, pelo
nosso egoísmo.
Seguimos assim,
nos lamuriando
de nossas
cruzes, sem
enxergar os
martirizados à
nossa volta. Se
o gramado do
vizinho é mais
verde, a nossa
cruz certamente
será mais
pesada...
Os Espíritos não
se cansam de nos
avisar desta
realidade, onde
destacamos a
historieta
intitulada
“Aflitíssima”,
no Livro
“Bem-aventurados
os simples”
(Espírito
Valerium,
psicografia de
Waldo Vieira),
na qual a mulher
se vê aflita com
seus problemas,
com questões
comezinhas e
busca o amparo
de um dirigente
espírita, que a
consolava, ainda
que não
possuísse
braços.
Na fieira das
encarnações,
avançamos diante
de desafios
inúmeros e a
autocomiseração
e o melindre não
devem diminuir o
nosso ritmo no
enfrentamento
dos problemas –
chaves para a
nossa evolução.
O trabalho no
bem, como
terapia de
múltiplas
utilidades,
também nos leva
a conhecer
outras
realidades, de
modo a
mensurarmos, de
forma mais
realista, o
“tamanho das
coisas”, e
percebermos que
nossos fardos
são leves, pelo
acréscimo de
misericórdia
divina.
Falta-nos um
sentido amplo da
palavra
otimismo, em um
contexto no qual
a doutrina
espírita pode
nos ajudar
sobremaneira, a
partir do
momento que esta
nos mostra uma
visão ampla da
existência, uma
percepção
concreta da
eternidade, na
qual tudo passa.
E nos
lembraremos
desses fatos
dolorosos apenas
como uma
lembrança
alegre.
Necessitamos não
só ampliar a
visão em relação
ao outro, mas
também no que
concerne à
temporalidade.
Para o
Espiritismo a
eternidade não é
um dormir, em
uma
pseudoexistência,
e sim uma
sucedânea de
vidas nas quais
crescemos,
aprendemos e
superamos
desafios e
percebemos que a
pequena luta de
hoje se torna
menor ainda
amanhã.
Cabe registrar o
dito n’O
Evangelho
segundo o
Espiritismo, no
seu Capítulo
segundo: “Para
aquele que se
coloca, pelo
pensamento, na
vida espiritual,
que é infinita,
a vida corporal
não é mais do
que rápida
passagem, uma
breve
permanência num
país ingrato. As
vicissitudes e
as tribulações
da vida são
apenas
incidentes que
ele enfrenta com
paciência,
porque sabe que
são de curta
duração e devem
ser seguidos de
uma situação
mais feliz“.
O otimismo não
se confunde com
a inatividade de
uma vida
repousada apenas
na vida
espiritual ou na
depressão de
problemas
insolúveis no
plano terreno.
Na visão
espírita, o
otimismo nos
aponta uma
lógica de
oportunidades,
de superação
pelo perdão,
pelo amor, pela
reparação,
atuando sobre os
problemas que
julgamos
enormes, mas que
são ínfimos nos
portfólios de
almas que lutam
pela evolução na
crosta
terrestre.
Assim, pelo
prisma da vida
espiritual,
diante de nossos
problemas,
analisemos sua
dimensão frente
aos nossos
irmãos, em
outros espaços,
e a nossa
própria
existência, na
multiplicidade
das vidas
sucessivas, e
veremos que tudo
é pequeno, mas
não
insignificante,
indigno de nossa
tristeza e
merecedor de
nossa atenção.
O ponto de vista
espírita nos
enche de
otimismo,
afastando a
tristeza que nos
invade o
coração,
mostrando o real
tamanho das
causas de nossas
aflições e a
medida certa que
deve ser nossa
atitude: tristes
pela nossa
humanidade,
ativos pela
nossa
espiritualidade.
As coisas têm o
tamanho que a
ela atribuímos!
Sem sermos
desleixados pelo
nosso egoísmo,
sem sermos
melindrados pelo
nosso orgulho,
devemos sopesar
cada problema,
lembrando a
nossa condição
de Espíritos
imortais em
evolução com
outros irmãos de
jornada.
Assim, com o
olhar renovado,
nivelamos a vida
em alto astral,
na lição de que
o tempo
despendido em
lamentações tem
melhor uso se
convertido em
trabalho.