O leitor Geovani da Silva,
em carta dirigida a esta
revista, escreveu o
seguinte:
– Gostaria que vocês me
respondessem, se possível,
quando se iniciou o mundo
primitivo na Terra, e seu
término. Quando se iniciou o
mundo de provas e expiações
na Terra? Quais as
características do mundo de
regeneração?
Para responder às perguntas
propostas pelo leitor,
recorremos à obra A
Caminho da Luz, de
Emmanuel, psicografada por
Francisco Cândido Xavier em
1938, e ao livro O
Evangelho segundo o
Espiritismo, de Allan
Kardec.
No tocante especificamente
ao homem e seus
antepassados, Emmanuel assim
se manifestou:
O reino animal experimenta
as mais estranhas transições
no período terciário, sob as
influências do meio e em
face dos imperativos da lei
de seleção. Mas, o nosso
raciocínio ansioso procura
os legítimos antepassados
das criaturas humanas, nessa
imensa vastidão do proscênio
da evolução anímica.
Onde está Adão com a sua
queda do paraíso? Debalde
nossos olhos procuram,
aflitos, essas figuras
legendárias, com o propósito
de localiza-las no Espaço e
no Tempo. Compreendemos,
afinal, que Adão e Eva
constituem uma lembrança dos
Espíritos degredados na
paisagem obscura da Terra,
como Caim e Abel são dois
símbolos para a
personalidade das criaturas.
Examinada, porém, a questão
nos seus prismas reais,
vamos encontrar os primeiros
antepassados do homem
sofrendo os processos de
aperfeiçoamento da Natureza.
No período terciário a que
nos reportamos, sob a
orientação das esferas
espirituais notavam-se
algumas raças de
antropoides, no Plioceno
inferior. Esses antropoides,
antepassados do homem
terrestre, e os ascendentes
dos símios que ainda existem
no mundo, tiveram a sua
evolução em pontos
convergentes, e daí os
parentescos sorológicos
entre o organismo do homem
moderno e o do chimpanzé da
atualidade.
(A Caminho da Luz, cap. II –
A vida organizada.)
O período terciário é uma
unidade de tempo utilizada
para demarcar um período
específico de
desenvolvimento da Terra e
da vida nela contida. Embora
considerado hoje um conceito
defasado, o terciário
consiste no espaço de tempo
que vai de 65 milhões até
2,6 milhões de anos atrás. É
difícil, portanto, como se
vê, determinar em que
momento exato o ser humano
iniciou na Terra sua romagem
evolutiva.
Os milênios passaram e um
dia a Terra recebeu uma leva
de Espíritos estranhos ao
nosso orbe que aqui chegaram
na condição de Espíritos em
caráter expiatório. Para
alguns estudiosos espíritas
iniciava-se com isso um novo
período em nosso planeta,
que o caracterizaria, a
partir de então, como mundo
de provas e expiações.
Emmanuel assim relatou esses
fatos:
Há muitos milênios, um dos
orbes da Capela, que guarda
muitas afinidades com o
globo terrestre, atingira a
culminância de um dos seus
extraordinários ciclos
evolutivos. As lutas finais
de um longo aperfeiçoamento
estavam delineadas, como ora
acontece convosco,
relativamente às transições
esperadas no século XX,
neste crepúsculo de
civilização.
Alguns milhões de Espíritos
rebeldes lá existiam, no
caminho da evolução geral,
dificultando a consolidação
das penosas conquistas
daqueles povos cheios de
piedade e virtudes, mas uma
ação de saneamento geral os
alijaria daquela humanidade,
que fizera jus à concórdia
perpétua, para a edificação
dos seus elevados trabalhos.
As grandes comunidades
espirituais, diretoras do
Cosmos, deliberam, então,
localizar aquelas entidades,
que se tornaram pertinazes
no crime, aqui na Terra
longínqua, onde aprenderiam
a realizar, na dor e nos
trabalhos penosos do seu
ambiente, as grandes
conquistas do coração e
impulsionando,
simultaneamente, o progresso
dos seus irmãos inferiores.
Foi assim que Jesus recebeu,
à luz do seu reino de amor e
de justiça, aquela turba de
seres sofredores e
infelizes. Com a sua palavra
sábia e compassiva, exortou
essas almas desventuradas à
edificação da consciência
pelo cumprimento dos deveres
de solidariedade e de amor,
no esforço regenerador de si
mesmas. Mostrou-lhes os
campos imensos de luta que
se desdobravam na Terra,
envolvendo-as no halo
bendito da sua misericórdia
e da sua caridade sem
limites. Abençoou-lhes as
lágrimas santificadoras,
fazendo-lhes sentir os
sagrados triunfos do futuro
e prometendo-lhes a sua
colaboração cotidiana e a
sua vinda no porvir.
Aqueles seres angustiados e
aflitos, que deixavam atrás
de si todo um mundo de
afetos, não obstante os seus
corações empedernidos na
prática do mal, seriam
degredados na face obscura
do planeta terrestre;
andariam desprezados na
noite dos milênios da
saudade e da amargura;
reencarnariam no seio das
raças ignorantes e
primitivas, a lembrarem o
paraíso perdido nos
firmamentos distantes. Por
muitos séculos não veriam a
suave luz da Capela, mas
trabalhariam na Terra
acariciados por Jesus e
confortados na sua imensa
misericórdia.
(A Caminho da Luz, cap. III
– As raças adâmicas.)
Cabe-nos explicar que
enquanto para os exilados de
Capela o orbe era de provas
e expiações, para outros que
já viviam aqui a Terra
continuava sendo um mundo
primitivo, como aliás ocorre
ainda em nossos dias.
Santo Agostinho a isso se
referiu no cap. III d´O
Evangelho segundo o
Espiritismo:
(...) nem todos os Espíritos
que encarnam na Terra vão
para aí em expiação. As
raças a que chamais
selvagens são formadas de
Espíritos que apenas saíram
da infância e que na Terra
se acham, por assim dizer,
em curso de educação, para
se desenvolverem pelo
contacto com Espíritos mais
adiantados. Vêm depois as
raças semicivilizadas,
constituídas desses mesmos
Espíritos em via de
progresso. São elas, de
certo modo, raças indígenas
da Terra, que aí se elevaram
pouco a pouco em longos
períodos seculares, algumas
das quais hão podido chegar
ao aperfeiçoamento
intelectual dos povos mais
esclarecidos.
Os Espíritos em expiação, se
nos podemos exprimir dessa
forma, são exóticos na
Terra; já estiveram noutros
mundos, donde foram
excluídos em consequência da
sua obstinação no mal e por
se haverem constituído, em
tais mundos, causa de
perturbação para os bons.
Tiveram de ser degredados,
por algum tempo, para o meio
de Espíritos mais atrasados,
com a missão de fazer que
estes últimos avançassem,
pois que levam consigo
inteligências desenvolvidas
e o gérmen dos conhecimentos
que adquiriram. Daí vem que
os Espíritos em punição se
encontram no seio das raças
mais inteligentes. Por isso
mesmo, para essas raças é
que de mais amargor se
revestem os infortúnios da
vida. É que há nelas mais
sensibilidade, sendo,
portanto, mais provadas
pelas contrariedades e
desgostos do que as raças
primitivas, cujo senso moral
se acha mais embotado.
(O Evangelho segundo o
Espiritismo, cap. III, item
14.)
No tocante aos mundos
regeneradores, foi ainda
Santo Agostinho quem melhor
os definiu, como o leitor
pode ver no texto seguinte:
Os mundos regeneradores
servem de transição entre os
mundos de expiação e os
mundos felizes. A alma
penitente encontra neles a
calma e o repouso e acaba
por depurar-se. Sem dúvida,
em tais mundos o homem ainda
se acha sujeito às leis que
regem a matéria; a
Humanidade experimenta as
vossas sensações e desejos,
mas liberta das paixões
desordenadas de que sois
escravos, isenta do orgulho
que impõe silêncio ao
coração, da inveja que a
tortura, do ódio que a
sufoca.
Em todas as frontes, vê-se
escrita a palavra amor;
perfeita equidade preside às
relações sociais, todos
reconhecem Deus e tentam
caminhar para Ele,
cumprindo-lhe as leis.
Nesses mundos, todavia,
ainda não existe a
felicidade perfeita, mas a
aurora da felicidade. O
homem lá é ainda de carne e,
por isso, sujeito às
vicissitudes de que libertos
só se acham os seres
completamente
desmaterializados. Ainda tem
de suportar provas, porém
sem as pungentes angústias
da expiação. Comparados à
Terra, esses mundos são
bastante ditosos e muitos
dentre vós se alegrariam de
habitá-los, pois que eles
representam a calma após a
tempestade, a convalescença
após a moléstia cruel.
Contudo, menos absorvido
pelas coisas materiais, o
homem divisa, melhor do que
vós, o futuro; compreende a
existência de outros gozos
prometidos pelo Senhor aos
que deles se mostrem dignos,
quando a morte lhes houver
de novo ceifado os corpos, a
fim de lhes outorgar a
verdadeira vida. Então,
liberta, a alma pairará
acima de todos os
horizontes. Não mais
sentidos materiais e
grosseiros; somente os
sentidos de um perispírito
puro e celeste, a aspirar as
emanações do próprio Deus,
nos aromas de amor e de
caridade que do seu seio
emanam.
(O Evangelho segundo o
Espiritismo, cap. III, item
17.)
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