Fatos Espíritas
William Crookes
(Parte 8)
Continuamos
o estudo
metódico e sequencial do
clássico Fatos
Espíritas, de
William Crookes,
obra publicada em 1874,
cujo
título no original
inglês é
Researches in the
phenomena of the
spiritualism.
Questões preliminares
A. Antes de ser
examinada por William
Crookes, a mediunidade
da Srta. Florence Cook
havia sido contestada?
Sim. Em carta datada de
3 de fevereiro de 1874,
publicada em vários
jornais espiritualistas,
Crookes referiu-se ao
fato e deu seu
testemunho em favor de
Florence Cook, que ele
entendia estava sendo
injustamente acusada. Na
carta, pediu aos que
julgavam severamente a
médium que suspendessem
seu juízo até que ele
pudesse apresentar uma
prova cabal que, na sua
visão, seria suficiente
para resolver a questão.
(Fatos Espíritas –
Mediunidade da Srta.
Florence Cook.)
B. Além de William
Crookes, alguém se
manifestou em favor da
idoneidade da médium e
da veracidade dos
fenômenos?
Parece que não, porque
Crookes diz ter tido
esperança de que alguns
dos amigos da Srta. Cook,
que acompanharam as suas
sessões quase desde o
começo e que parecem ter
sido altamente
favorecidos nas provas
que receberam, tivessem
dado, antes dele,
testemunhos em seu
favor. Como isso não
ocorreu, ele decidiu
então expor em sua carta
um fato verificado na
primeira sessão de que
participou, a convite da
própria Srta. Cook, do
qual saiu bastante
impressionado.
(Obra citada –
Mediunidade da Srta.
Florence Cook.)
C. Crookes se convenceu
de que a Srta. Florence
Cook e a forma
materializada de Katie
King eram duas
personalidades
distintas?
Sim. Para ele, Katie e a
Srta. Cook eram dois
seres materiais
distintos. “Considero-me
feliz por dizer que
obtive, enfim, a prova
cabal de que falava na
carta supramencionada”,
declarou em uma carta
posterior à primeira,
publicada igualmente em
vários jornais
espiritualistas. Ele se
referia, então, a uma
sessão realizada no dia
12 de março em sua casa.
(Obra citada – Formas de
Espíritos.)
Texto para leitura
146.
Mediunidade da Srta.
Florence Cook
– Em carta datada de 3
de fevereiro de 1874,
publicada em vários
jornais espiritualistas,
Crookes escreveu sobre
as controvérsias em
torno da mediunidade da
Srta. Florence Cook.
Eis, nos itens
seguintes, um resumo da
carta.
147. Inicialmente diz a
missiva: “Esforcei-me o
mais que pude para
evitar toda
controvérsia, escrevendo
ou falando sobre assunto
tão apaixonável quanto
os fenômenos chamados
espíritas. A não ser em
muito pequeno número de
casos, onde a eminente
posição dos meus
adversários poderia
emprestar ao meu
silêncio outros motivos
que não os verdadeiros,
não repliquei jamais os
ataques e as falsas
interpretações que a
minha ligação a essa
causa ocasionou contra
mim”.
148. Prossegue a carta:
“O caso é outro,
entretanto, quando
algumas linhas de minha
parte puderem, talvez,
afastar uma injusta
suspeita atirada sobre
alguém; e quando esse
alguém é uma mulher,
moça sensível e
inocente, cumpre-me o
dever especial de
empregar a autoridade do
meu testemunho em favor
dela, que creio
injustamente acusada”.
Ele está se referindo a
Florence Cook.
149. Disse então o
eminente pesquisador que
entre todos os
argumentos apresentados
de um e outro lado,
relativamente aos
fenômenos obtidos pela
mediunidade da Srta.
Cook, viu poucos fatos
estabelecidos de maneira
a conduzir o leitor
desprevenido a dizer:
“Enfim, eis uma prova
absoluta!”
150. O que ele via eram
fortes asserções, muita
exageração não
intencional, conjeturas
e suposições sem fim,
não poucas insinuações
de fraude, um pouco de
gracejo vulgar, mas
ninguém se apresentava
com afirmações
positivas, baseadas na
evidência dos seus
próprios sentidos, de
que, quando a forma que
se denomina Katie King
está na sala, o corpo da
Srta. Cook está nesse
mesmo momento no
gabinete.
151. Crookes tinha
esperança de que alguns
dos amigos da Srta. Cook,
que acompanharam as suas
sessões quase desde o
começo e que parecem ter
sido altamente
favorecidos nas provas
que receberam, tivessem
dado, antes dele,
testemunhos em seu
favor. Mas, na falta das
testemunhas que seguiram
esses fenômenos desde o
seu começo, havia cerca
de três anos, decidiu
expor um fato verificado
em uma sessão para a
qual ele fora convidado,
a pedido da Srta. Cook,
e que se realizou alguns
dias depois do
desagradável
acontecimento que deu
origem às controvérsias
a que ele se reportara.
152. Eis
como William Crookes
relatou os fatos:
“A sessão
realizava-se na casa do
Sr. Luxmoore e o
gabinete era uma sala
afastada, separada por
uma cortina da sala da
frente onde se achavam
os assistentes.
Tendo sido preenchida a
formalidade ordinária de
examinar a sala e as
fechaduras, a Srta. Cook
penetrou o gabinete.
Pouco tempo depois, a
forma de Katie apareceu
ao lado da cortina, mas
retirou-se logo, dizendo
que o fazia porque
haveria perigo em se
afastar do seu médium
visto que este não se
achava bem e não poderia
ser lançado em sono
suficientemente
profundo.
Eu estava colocado a
alguns pés da cortina,
atrás da qual a Srta.
Cook se achava sentada,
tocando-a quase, e podia
frequentemente ouvir os
seus gemidos e suspiros,
como se ela sofresse.
Esse mal-estar continuou
por intervalos, durante
quase toda a sessão, e
uma vez, quando a forma
de Katie estava diante
de mim, na sala, ouvi
distintamente o som de
um suspiro doloroso,
idêntico aos que a Srta.
Cook tinha feito ouvir,
por intervalos, durante
todo o tempo da sessão e
que vinha de trás da
cortina onde ela devia
estar sentada.
Confesso que a figura
era surpreendente na sua
aparência de vida e de
realidade, e tanto
quanto eu podia ver, à
luz um pouco fraca, os
seus traços
assemelhavam-se aos da
Srta. Cook; mas,
entretanto, a prova
positiva, dada por um
dos meus sentidos, pois
que o suspiro vinha da
Srta. Cook, no gabinete,
enquanto a figura estava
fora dele, esta prova é
muito forte para ser
destruída por simples
suposição do contrário,
mesmo bem sustentada.
Os leitores conhecem-me,
e naturalmente crerão,
espero, que não adotarei
precipitadamente uma
opinião, nem que lhes
pedirei para estarem de
acordo comigo,
apresentando eu uma
prova insuficiente. É
talvez muita ousadia
pensar que o pequeno
incidente que mencionei
tenha para eles o mesmo
valor que teve para mim;
entretanto, pedirei
isto: Que aqueles que se
inclinam a julgar
severamente a Srta. Cook
suspendam o seu juízo
até que eu apresente uma
prova cabal que,
acredito, será
suficiente para resolver
a questão.
Presentemente, a Srta.
Cook consagra-se
exclusivamente a uma
série de sessões
particulares, às quais
não assistem senão um ou
dois dos meus amigos e
eu; essas sessões se
prolongarão
provavelmente durante
alguns meses e tenho a
promessa de que toda
prova, que eu desejar,
me será dada. Essas
sessões não se vêm
realizando senão há
algumas semanas, mas já
as houve suficientes
para me convencerem
plenamente da
sinceridade e da
honestidade perfeita da
Srta. Cook, e para me
darem todo o fundamento
de acreditar que as
promessas que Katie tem
feito, tão livremente,
serão cumpridas.
Agora, o que peço é que
os leitores não presumam
precipitadamente que
tudo o que à primeira
vista parece duvidoso
importe necessariamente
numa decepção e que
suspendam o seu juízo
até que eu lhes fale de
novo a respeito desses
fenômenos.”
(William Crookes, 3 de
fevereiro de 1874.)
153.
Formas de Espíritos
– Em uma carta posterior
à reproduzida no item
anterior, Crookes lembra
aos leitores dos jornais
que a publicaram ter
pedido naquela
oportunidade que as
pessoas suspendessem o
seu juízo sobre a
mediunidade da Srta.
Florence Cook até que
ele lhes apresentasse
uma prova cabal,
suficiente para resolver
a questão.
154. Ele afirmou então
que naquela carta havia
descrito um incidente
que, em sua opinião, era
muito próprio para o
convencer de que Katie e
a Srta. Cook eram dois
seres materiais
distintos. E declarou:
“Considero-me feliz por
dizer que obtive, enfim,
a prova cabal de que
falava na carta
supramencionada”.
155. Por enquanto ele
não se referiria à maior
parte das provas que
Katie lhe havia
fornecido nas sessões
realizadas em sua casa,
mas descreveria somente
uma ou duas das sessões
que se realizaram
recentemente.
156. Desde algum tempo –
disse Crookes – fazia
ele experiências com uma
lâmpada fosforescente,
que consistia em uma
garrafa de 6 ou 8 onças
que continha um pouco de
óleo fosforado e estava
solidamente arrolhada.
Ele tinha razões para
esperar que, à luz dessa
lâmpada, alguns dos
misteriosos fenômenos do
gabinete pudessem
tornar-se visíveis e
Katie King também
esperava obter o mesmo
resultado.
157. No dia 12 de março,
durante uma sessão em
sua casa e depois de
Katie ter andado entre
as pessoas presentes e
ter falado durante algum
tempo, ela se retirou
para trás da cortina que
separava o seu
laboratório, onde os
assistentes estavam
sentados, de sua
biblioteca, que
temporariamente servia
de gabinete.
158. Um momento depois
ela reapareceu à cortina
e chamou-o, dizendo:
“Entre no aposento e
levante a cabeça da
médium; ela escorregou
para o chão”. Katie
estava então em pé,
diante de mim, trajada
com seu vestido branco
habitual e trazia um
turbante. Imediatamente
ele dirigiu-se à
biblioteca para levantar
a Srta. Cook, e Katie
deu alguns passos de
lado para o deixar
passar.
159. Com efeito, a Srta.
Cook tinha escorregado
um pouco de cima do
canapé e sua cabeça
pendia em uma posição
muito penosa. Ele tornou
a pô-la no canapé e
fazendo isso teve,
apesar da escuridão, a
viva satisfação de
verificar que a Srta.
Cook não estava trajada
com o vestuário de Katie,
visto que trazia sua
vestimenta ordinária de
veludo preto e se achava
em profunda letargia.
Não decorreu mais que
três segundos entre o
momento em que ele viu
Katie de vestido branco
diante dele e aquele em
que colocou a Srta. Cook
no canapé, tirando-a da
posição em que se
achava.
160. Assim que Crookes
voltou ao seu posto de
observação, Katie
apareceu de novo e disse
que pensava poder
mostrar-se a ele, ao
mesmo tempo em que a sua
médium. Abaixou-se o gás
e ela lhe pediu a
lâmpada fosforescente.
Depois de ter-se
mostrado à claridade
durante alguns segundos,
restituiu-a, dizendo:
“Agora, entre e venha
ver a minha médium”.
(Continua no próximo
número.)