Intercâmbio entre Educadores Espíritas do Brasil e de Portugal deixa saldo positivo

 
Entre as muitas ações praticadas por Allan Kardec, todas elas essenciais para a elaboração da Doutrina Espírita dentro dos padrões estabelecidos pelo Codificador e pela equipe de Espíritos Superiores que coordenaram a tarefa ao lado do professor lionês, as viagens se mostraram essenciais em muitos aspectos.

Elas inauguraram a troca de informações e de experiências entre os adeptos do Espiritismo, ressaltaram a oratória como forma de divulgação de ideias doutrinárias e  demonstraram a necessidade do respeito e do afeto entre os espíritas.

Kardec detectou a importância desses encontros pessoais – lembremos que à época as cartas eram os meios mais utilizados para que os espíritas se correspondessem – a ponto de utilizar o período que lhe serviria de descanso para percorrer longas distâncias, em meios de transportes precários, a fim de  se encontrar com outras lideranças.

O tempo passou e esse tipo de ação continuou a ser muito utilizado no meio espírita, impulsionando o crescimento do movimento espírita e a melhoria na prática do trabalho dentro das Casas Espíritas – um dos benefícios provenientes observados quando essa troca se concretiza.

Foi com base nisso que nos dias 29 e 30 de agosto de 2014 Educadores Espíritas Infantojuvenis do Brasil atravessaram o oceano para se encontrar com tarefeiros da mesma área de atuação em Portugal. 

O Grupo Espírita Batuíra de Portugal surgiu em 1997 

O ponto de encontro foi o Grupo Espírita Batuíra (GEB), fundado por Orlando Santos de Carvalho, português que morou por 15 anos em São Paulo, onde conheceu o Espiritismo e passou a trabalhar na seara espírita, tanto no Brasil como em sua terra natal, para onde voltou em 1991. Orlando Carvalho é, além de fundador, o dirigente da instituição.

O Grupo Espírita Batuíra (GEB) de Portugal surgiu no dia 8 de julho de 1997, seguindo a recomendação espiritual do próprio Batuíra, transmitida por meio de Chico Xavier.

Situado em Algés, uma freguesia portuguesa do concelho de Oeiras, próxima de Lisboa, o GEB pretende ser uma extensão da casa do mesmo nome que tem sede em São Paulo; por isso, todas as atividades do GEB em Portugal são realizadas de acordo com o modelo adotado no Grupo Espírita Batuíra de São Paulo, embora numa escala muito mais modesta.⁽¹⁾

Dedica-se à difusão do Espiritismo Cristão, sendo o seu lema: “trabalho, trabalho e mais trabalho” (o mesmo do seu Mentor, Batuíra), suas bandeiras: “Jesus, Kardec e Chico Xavier” e suas características: “Fraternidade e Amor”, visto que todos esses valores sempre fizeram parte da personalidade de Batuíra e o Grupo deseja segui-los e mantê-los.

O GEB possui amplo trabalho na área de assistência social oferecendo gêneros alimentícios e vestuário a família credenciadas e pessoas necessitadas em geral. Oferece, ainda, assistência a gestantes e crianças de 0 a 2 anos de idade.

Em 2001 a sociedade criou a editora e distribuidora espírita “Verdade e Luz”. Possuindo um catálogo com mais de 1.500 títulos, trata-se da maior editora/distribuidora espírita portuguesa. 

O GEB tem dado grande atenção ao público infantojuvenil 

No ano de 2005, visando ampliar o alcance da mensagem espírita em Portugal, o GEB criou a revista bimestral “Verdade e Luz”, que possui conteúdo e visual bastante apurados.

A instituição se preocupa também com o estudo doutrinário e tem dado bastante atenção ao público infantojuvenil. “Acredito que as crianças e os jovens devem ser prioridade dentro das Casas Espíritas. Eles são o futuro do movimento e, com base na mensagem espírita, poderão ser pessoas muito melhores”, diz Orlando Carvalho.

Diferenças e similaridades da tarefa nos dois países

Os Educadores Espíritas dos dois países tiveram, nesse encontro, um momento exclusivo para troca de experiências, ocasião em que discutiram as dificuldades e as necessidades enfrentadas pelos que atuam junto ao público infantojuvenil, quando ficaram evidentes as diferenças e as similaridades da tarefa em cada um dos países.

Uma das diferenças é o tamanho do movimento espírita existente em cada um dos países e o nível de aceitação da Doutrina Espírita em cada território. Em Portugal muitos espíritas preferem manter-se discretos com relação à sua crença, evitando o preconceito que ainda é muito forte com relação aos adeptos do Espiritismo.

A similaridade, entre outros, fica por conta da presença dos autores espíritas brasileiros (ao lado das obras de Allan Kardec, obviamente), do forte trabalho na área assistencial, na estrutura organizacional e nas atividades doutrinárias oferecidas ao público (palestras, seminários, grupos de estudo etc.).

A apresentação da metodologia de trabalho da equipe brasileira abordou os objetivos da atividade e os envolvidos no processo de educação espírita infantojuvenil. O planejamento de temas para aulas e das atividades no geral, os recursos didáticos, a elaboração de aulas, a estruturação do departamento, a distribuição de tarefas, as dicas de como trabalhar com os pais e como integrar o setor na estrutura da Casa Espírita foram alguns dos temas enfocados.

Para Patrícia Oliveira, Educadora Espírita brasileira que atua no GEB, “receber essas informações é uma oportunidade excelente por nos ofertar conteúdo de qualidade, mas acima de tudo, por oferecer uma ‘lufada de ar fresco’ a todos nós”.

Seminário de encerramento reuniu cerca de 150 pessoas

Ainda nessa etapa de discussões, surgiu uma reflexão importante sobre a Literatura Espírita Infantojuvenil e seu papel e importância na disseminação das ideias espíritas aos mais novos, formação de leitores, benefícios da leitura, como montar uma Biblioteca Infantojuvenil na Casa Espírita, cuidados na seleção de livros etc. O tema despertou tanto interesse que será realizada uma Oficina, via internet, para a equipe portuguesa.

Finalizando o intercâmbio, realizou-se um seminário que reuniu cerca de 150 pessoas e ressaltou os objetivos da tarefa, o papel dos dirigentes e dos pais no desenvolvimento da atividade, bem como a importância de os Centros Espíritas receberem adequadamente as crianças e os jovens e os benefícios provenientes do contato com a Doutrina Espírita desde a mais tenra idade.

Mesclando teoria (pautada na base kardequiana) e exemplos práticos, a apresentação tocou fundo grande parte dos participantes, sendo possível “ler a emoção” nos semblantes de muitos dos presentes.

Exemplos de como a mensagem espírita, aliada ao amor e à atenção do Educador para com o Educando, pode modificar a vida de um ser em reinício de caminhada ilustraram com precisão quão transformador pode ser o trabalho e como ele pode levar à construção de relações duradouras, transformando a convivência entre Educador e Educando em algo sublime e rico.

Uma das organizadoras do intercâmbio, Nancy Noblea, também Educadora Espírita, confidenciou com os olhos marejados que “além das dicas maravilhosas, esse intercâmbio trouxe mais esperança e reacendeu nossa fé e vontade em continuar a trabalhar, lutando sempre para que a tarefa esteja cada vez mais integrada às demais atividades da Casa Espírita”.

O saldo da iniciativa não poderia ser mais positivo, superando a troca de experiências entre trabalhadores dos dois países e demonstrando, uma vez mais, como é importante os adeptos do Espiritismo apoiarem-se mutuamente.

⁽¹⁾  O GEB - Grupo Espírita Batuíra Portugal está localizado no Largo Almirante Pedroso, 9  (Estrada das Romeiras, à altura do nº 14), em Algés. Para mais informações, consulte o site da instituição: http://geb-portugal.org/geb/quem-somos/