Organizações
humanas: alguns
sinais
alvissareiros
É extremamente
preocupante a
situação
climática do
planeta. Já não
se trata mais de
uma simples
suposição, mas
uma conclusão
alicerçada em
sólidas
evidências.
Enquanto em
alguns lugares
há predominância
de chuvas
diluviais,
tufões, furacões
e tornados
devastadores, em
outros
prevalecem as
mortificantes
secas e
inclementes
estiagens. Em
suma, o clima
está
completamente
descontrolado.
As precisas e
características
manifestações de
cada estação já
não são mais
observáveis. Em
alguns lugares
se fazem as
quatro estações
num único dia.
O quadro é tão
delicado que até
mesmo a ONU tem
promovido
constantes
encontros em
busca de
soluções
apropriadas. Num
deles, ocorrido
recentemente,
intitulado Pacto
Global de
Prefeitos – que
reúne, a
propósito, mais
de 2 mil cidades
de várias partes
do planeta,
inclusive a do
Rio de Janeiro
–, ficou
estabelecido o
compromisso de
se reduzir as
emissões de
gases de efeito
estufa para 454
megatoneladas
até 2020. Em
outras alianças
envolvendo
cidades, ficou
igualmente
acertada a meta
conjunta para
reduzir as
emissões anuais
de efeito estufa
em 8
gigatoneladas em
2050, isto é, o
equivalente a
50% do uso total
de carvão. Tais
decisões são
indispensáveis,
pois grande
parte das
pessoas vive
atualmente nas
grandes
metrópoles.
Desse modo, todo
esforço é
necessário e
bem-vindo diante
do crescente
número de
desabrigados no
mundo,
consequência,
aliás, dos
crescentes
prejuízos
gerados pelas
tragédias
climáticas.
As organizações
humanas, por sua
vez, são
diretamente
responsáveis por
esse quadro
caótico que se
instalou. De uma
maneira ou de
outra, elas
fomentam o
desequilíbrio
que grassa por
toda parte, seja
pela aquisição
de
matérias-primas
(insumos) não
renováveis, seja
por intermédio
de processos
obsoletos de
fabricação que
agridem o meio
ambiente, seja
pela sua própria
inconsciência.
Como bem observa
o confrade André
Trigueiro, os
ecologistas têm
reiteradamente
destacado o
risco de colapso
planetário que
enfrentamos para
suprir às
demandas de
matéria-prima e
energia.
No entanto, como
sabemos, é
destruindo o
materialismo que
o Espiritismo
contribui para
concepções mais
elevadas da vida.
E nelas não há
espaço para a
degradação, ou
desrespeito à
natureza e ao
meio ambiente,
ou ainda para o
lucro
inconsequente. A
Terra é uma das
incontáveis
casas celestiais
que abriga
bilhões de almas
e que dela
precisam
condições
adequadas para
evolução nos
dois planos da
vida. Preservar
a nossa “casa”,
portanto, é
primordial para
nos
desenvolvermos
no sentido mais
amplo. Para a
consecução de
tal objetivo se
faz necessário
que empreguemos
toda a nossa
inteligência e
conhecimento de
maneira benigna.
Nesse
particular, cabe
também destacar
a auspiciosa
iniciativa
tomada por um
conjunto de
quarenta
empresas, entre
elas as gigantes
Kellogg e
Nestlé, que
assinaram um
acordo
comprometendo-se
a reduzir o
corte de
florestas
tropicais pela
metade em 2020 e
interromper
totalmente tal
prática até
2030.
Como afirmou o
repórter Justin
Gillis do New
York Times,
as promessas das
corporações são
o ponto alto de
uma tendência em
desenvolvimento
na qual
virtualmente
toda empresa de
porte agora se
sente obrigada a
assumir
compromissos
relativos à
questão da
sustentabilidade
ambiental.
Evidentemente,
há inserido
ainda nessa
discussão
aspectos de
redução de
custos,
notadamente de
energia, entre
outras coisas.
Mas chamou-nos a
atenção em
particular o
esforço encetado
pela Unilever –
uma das
principais
fabricantes de
produtos de
consumo de massa
do planeta -,
que emprega
quase 180000
funcionários em
todo o mundo, e
que faturou no
ano passado mais
de 65,4 bilhões
de dólares. Seu
CEO, Paul Polman,
fez importantes
declarações a
respeito que
merecem ser
ecoadas até pela
dimensão da
referida
empresa.
Inicialmente, o
executivo
reconheceu que
os governos não
conseguem fazer
tudo sozinhos.
Desse modo, as
empresas
precisam ajudar
cumprindo a sua
parte.
Nesse sentido,
ele afirmou
inteligentemente
que “Precisamos
pensar como
tornar nossos
modelos mais
sustentáveis,
porque o custo
de deixar as
coisas como
estão tem um
peso alto [aliás,
estamos vendo a
conta subir dia
após dia por
causa das
tragédias
sucessivas que
ocorrem em todos
os cantos do
planeta].
Nossas unidades
de produção têm
de consumir
menos água,
menos pesticidas
e gerar menos
lixo. A Unilever
gasta anualmente
50 milhões de
euros para levar
seus resíduos
até aterros
sanitários, em
caminhões
[...]”.
Por outro lado,
ficamos bastante
impressionados
com os objetivos
anunciados pela
companhia:
“Queremos
melhorar a saúde
e o bem-estar de
1 bilhão de
pessoas, mas
sabemos que não
podemos fazer
isso em poucos
meses. Por isso,
estabelecemos no
passado um prazo
de dez anos. Em
quatro já
decorridos, a
parcela de
nossas
matérias-primas
de origem
sustentável
passou de 10%
para 48% do
total.
Queremos chegar
a 100%
[...]”.
Diante do
exposto,
parece-nos que a
empresa acima
vem demonstrando
considerável
maturidade para
lidar com os
problemas
aflitivos que
afetam o nosso
mundo na
atualidade. Tal
pensamento é
auspicioso
porque
certamente está
disparando uma
espiral de
tomada de
consciência que,
por sua vez,
culminará na
adoção de
medidas
empresariais
mais
responsáveis,
inclusive por
parte da sua
cadeia de
fornecedores. As
instituições, a
humanidade e o
planeta, enfim,
todos ganham.
Com efeito, o
chamado
triple bottom
line (people,
planet, and
profit -
pessoas, planeta
e lucro), como
vem sendo
amplamente
advogado, é um
objetivo
empresarial
perfeitamente
viável. Por fim,
conforme
sugerimos
recentemente num
artigo
científico, os
dilemas
empresariais
para este
milênio preveem,
na sua vertente
positiva, o foco
em ambos os
valores
materiais e não
materiais,
confiança,
lealdade,
sucesso,
diversidade,
satisfação,
felicidade,
atenção e lucro
como um meio de
promover
bem-estar geral.
Tomara,
portanto, que as
organizações
humanas não
hesitem mais em
seguir tal
direção.