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Crônicas e Artigos

Ano 8 - N° 389 - 16 de Novembro de 2014

ARÍSIO FONSECA JUNIOR
arisiofonsecajr@gmail.com
Juiz de Fora, MG (Brasil)

 
 

A construção do Reino


Em 1946, José Herculano Pires publicou um livreto intitulado “O Reino”, pela Editora Lake.(1) Naquele momento, tratava-se da forma escrita e ampliada da tese “O Espiritismo e a Construção de um Novo Mundo – Estabelecimento do Reino de Deus na Terra”, defendida por ele no I Congresso Espírita da Alta Paulista. Utilizado e referenciado de modo equivocado pelos membros do Movimento Universitário Espírita de Campinas na década de 1.960, o livro sofreu profunda transformação, conferindo o autor à obra nova perspectiva, desta vez de caráter mais doutrinário. Esta segunda edição, publicada em 1.967 pela Editora Edicel, também intitulada “O Reino”, é aquela que iremos considerar neste texto.

De uma edição para a outra a extensão do livro não sofreu alteração sensível. Manteve-se um livreto, mas apenas no formato, visto que, no conteúdo, podemos compará-lo a um grande tratado acerca das coisas do Alto. Conforme diz Herculano, “este livrinho não é um manual do Reino, mas uma reflexão sobre o Reino, um estudo dos meios pelos quais podemos atingi-lo”. Desde agora é possível perceber que obter o Reino é tarefa e, por isso, exige ação, ou, nas palavras do autor, “o Reino é uma Graça e uma Conquista. Vivem na ilusão os que se esquecem daquelas palavras: Busca primeiro o Reino de Deus e a sua Justiça... Porque pensam que o Reino é dado a troco de palavras, de crenças, de sacramentos, de símbolos e sinais exteriores. E se enganam a si mesmos”. A graça, neste sentido, não é de graça, não é gratuita; deve-se merecê-la por meio da lapidação e do progresso de cada ser. O Reino não vem sem esforço, unindo-se, aqui, tanto os desígnios de Deus quanto a vontade dos Espíritos.

O enredo do livro, traspassado por um estilo inspirador e suave, combina a história de encontros entre o narrador e um Mensageiro do Reino com reflexões filosóficas do autor acerca de um grande número de assuntos que tocam o Reino. Uma das reflexões mais importantes contidas na obra refere-se à indispensável relação entre meios e fins, ou melhor, à estreita implicação que a finalidade de se implantar o Reino de Deus tem sobre os caminhos a serem percorridos. Segundo as meditações de Herculano Pires, impossível se chegar ao Reino utilizando-nos de atalhos, ideologias e violências reais ou simbólicas. O Reino é fundamentado em Deus, Justiça e Amor, e os meios para se obter o Reino devem estar de acordo com esses fundamentos. Após a proclamação do Reino pelo Jovem Carpinteiro de Nazaré, quando este abriu o livro de Isaías na sinagoga local e afirmou ter-se cumprido aquela antiga profecia, ele saiu a exemplificar o Reino. “O Jovem Carpinteiro veio mostrar-nos o caminho pelo seu próprio exemplo”, mas “o exemplo do Reino era tão estranho como um pesadelo. O Mundo o via, mas não entendia. João, o evangelista, escreveria mais tarde: ‘A luz resplandeceu nas trevas, mas as trevas não a compreenderam’. Apesar disso, o exemplo ali estava. Era possível viver no Reino, em plena treva do Mundo.”

“O Reino é do Céu, mas o Jovem Carpinteiro o trouxe para a Terra, a fim de que a Justiça se faça através do Amor. Há dois mil anos os homens admiram a grandeza do Reino, desejam atingi-lo, mas não jogam fora o fardo terreno que os impede de chegar a ele”. Com falas desta dimensão, Herculano Pires chama a atenção para a inevitável relação entre o Reino na Terra e o Reino do Céu. O homem, ser interexistente, vive no mundo e no mundo mesmo pode implantar e criar o Reino de Deus; contudo, mais sintonizado com os afazeres terrenos, o homem esquece-se muito frequentemente dos “antivalores do cristianismo”, daqueles instrumentos que permitem a todos os homens e mulheres, que desejam o Reino, romperem as malhas que os prendem aos equivocados valores do mundo. Este livramento não é fácil nem rápido, afirma o autor, “porque os Filhos do Reino têm de sofrer para sustentar o Amor e a Justiça diante do ódio e da injustiça”.

 A luz do Reino deve brilhar diante dos homens para a glória de Deus, conforme o próprio Jovem Carpinteiro havia dito em seu sermão no monte. Ao contrário de um pensamento eminentemente individual apenas, Herculano aponta que a transformação no mundo em busca do Reino de Deus é fundamentada na reciprocidade, envolve tanto iluminação das almas quanto a iluminação da sociedade. O “objetivo é a revolução espiritual. Transformar o mundo pela transformação do homem e transformar o homem pela transformação do mundo. Eis a dialética do Reino”. Vemos, assim, que apenas uma bandeira há de carregar o verdadeiro cristão: a do Amor e da Justiça. “O cristão possui a ideologia do Evangelho e o Manifesto do Reino.” Por meio dessas ideias, a atuação dos que desejam o Reino de Deus deve sempre se pautar pelos meios adequados aos fins do próprio Reino. Não cabe aos Filhos do Reino se imiscuir nos assuntos do mundo enlameando-se nas trevas do mundo, porque "os filhos do Reino não devem fugir do Mundo nem renegá-lo, pois seu dever é estabelecer o Reino no Mundo. Mas não devem nem podem se entregar ao Mundo". Mas compete a todos e a cada um querer e agir em busca da implantação do Reino na Terra, cujo “destino é a grandeza universal, a glória do Infinito, a riqueza inumerável do Céu”.

Não se espante com essas palavras aquele que pensa que o Reino é composto por pobres e esfarrapados. Não; porém também não é dos pessoalmente ricos. “Os mundos mais próximos de Deus são de maravilhosa riqueza, transbordantes de cintilações. O Reino é rico, mas a riqueza do Reino é abundante e impessoal. O que faz a pobreza é a riqueza pessoal.” Uma vez que existe um caruncho na alma, o egoísmo, tentar solucionar o problema da distribuição dos frutos da terra passa pela necessária modificação da forma de ver o mundo. Os atalhos teóricos das ciências dos homens, embora confluam na tese do Reino, não se mostram verdadeiramente adaptados aos caminhos que se devem tomar para se chegar ao Reino. As lutas contra as desigualdades sociais são batalhas contra o egoísmo nas almas e a favor do Amor e da Justiça.

Conforme entende Herculano com base no que pregou e exemplificou o Jovem Carpinteiro, “o Reino de Deus está acima da sociedade de classes, do mundo injusto de ricos e pobres, das competições políticas e econômicas. O Reino de Deus está dentro de nós, na aspiração Divina da Justiça e do Amor, que é o próprio Reflexo de Deus na Consciência Humana. E estando em nós está acima de nós, como um arquétipo Divino das Almas, arrebatando-as para uma vida superior, elevando-as para Deus. O Cristianismo em Espírito e Verdade não se deixa prender nas tenazes de nenhum dilema da lógica humana. Ele é, em si mesmo, a resposta a todas as nossas inquietações e a todas as perplexidades dos séculos”.

Ao final de tantas reflexões sobre o Reino, algumas que deixamos passar propositalmente para aguçar a curiosidade do leitor em buscar conhecer a obra, Herculano Pires nos brinda com o Decálogo do Reino, apresentando as palavras que o Mensageiro entregou para servir de guia para aqueles “que quiserem entrar para as fileiras dos Trabalhadores do Reino”. Cientes de perder toda a beleza do Decálogo, passamos a expor sucintamente as ideias nele contidas: 1- pense no Reino; 2- aja pelo Reino; 3- agradeça a Deus; 4- reafirme a humildade; 5- seja sereno; 6- confie na verdade; 7- busque a pureza; 8- seja abundante no amor; 9- não roube; 10- trabalhe com amor, desapego e pureza.


(1)
Todas as palavras e expressões apresentadas entre aspas foram retiradas da obra “O Reino”, de José Herculano Pires, 2ª edição, segundo a informação contida no texto.




 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita