Sobre o Dia dos
Vivos...
Permitam-me ir a
reboque do
artigo muito bem
elaborado de
autoria do amigo
e confrade
Wellington
Balbo, que
discorre a
respeito do Dia
de Finados, para
também tecer,
aqui, algumas
considerações na
mesma linha - no
sentido de que,
muito
provavelmente,
para quem já fez
a passagem para
a vida mais
liberta e
verdadeira, os
finados, na
realidade, somos
nós!
Vejamos...
Quem assistiu ao
filme Nosso
Lar, adaptado
da obra do
Espírito André
Luiz pela
psicografia de
Chico Xavier,
talvez se
recorde da cena
significativa do
personagem
Lísias chorando
sentidamente, ao
despedir-se, na
colônia
espiritual onde
residia, da mãe
que iria
reencarnar. E
não há dúvidas,
meus amigos, de
que, da
perspectiva mais
realística dos
fatos, é bem
assim que
acontece, em
relação aos
entes queridos
que deixamos nas
dimensões da
eternidade
durante os
períodos de
mergulho na
carne, para cada
nova jornada
confinados
consciencialmente
numa "caixa",
por assim dizer
- para, a grosso
modo, definir as
limitações do
corpo físico.
Uma veste
transitória
restritiva dos
sentidos que, na
liberdade maior
das dimensões
espirituais, não
tolhe os que
usufruem de
percepção muito
mais ampla da
totalidade da
vida!
Imersos no corpo
físico, na
duração de cada
reencarnação,
salvo os
indicativos
mediúnicos, ou
de certas
reminiscências
fugazes ou
tendências
inatas, perdemos
quase totalmente
a memória para o
nosso passado
milenar, em
obediência aos
dispositivos
sábios das Leis
Divinas que nos
proporcionam
esquecer,
temporariamente,
personagens e
fatos dolorosos
do pretérito,
para dispor de
maiores chances
de conviver
outras vezes com
desafetos e
inimigos das
experiências
dolorosas dos
séculos findos.
Isso atende a um
exercício mais
eficiente da
reconciliação e
realização da
harmonia e do
amor. Enquanto
que, onde se
demoram à nossa
espera, por sua
vez, nossos
afetos, dos
quais nos
distanciamos
transitoriamente,
se recordam de
tudo. Usufruem
em plenitude de
uma perspectiva
mais livre, mais
íntegra, dos
acontecimentos -
nada menos do
que de dentro
das certezas
inabaláveis do
se estar
mergulhado no
contexto da
eternidade, onde
se situa o nosso
verdadeiro Lar!
Tendo em vista
essas
considerações,
portanto, muito
comum será que,
no convencionado
Dia de Finados
terreno, quando
multidões das
mais variadas
origens,
tendências
religiosas e
histórias
familiares, se
encaminham aos
cemitérios na
intenção de
homenagear os
que já se foram
rumo à passagem
para esferas de
consciência que,
para muitos,
ainda representa
um mistério
insondável, em
verdade, eles
são os que vêm
ao nosso
encontro -,
respondendo, com
gratidão e
saudosismo, aos
que daqui lhes
levam flores e
lágrimas aos
túmulos, e
permanecem
imersos nas
limitações rudes
de um
entendimento que
permitiria maior
tranquilidade,
houvesse a base
clara da
convicção de que
os que amamos
simplesmente
prosseguem ainda
mais vivos do
que nós nos
achamos!
Mas, prosseguem
de que modo?
Como saber?
Muitos,
consumidos por
incertezas, se
angustiam frente
a estas dúvidas
transitoriamente
insanáveis.
A respeito
disso, deveremos
nos sustentar na
confiança de que
as leis que
regem a vida o
fazem com
justiça em todos
os níveis -
sobretudo,
porém, na esfera
da vida para
onde nossos
familiares e
afetos seguem,
porque se trata
da dimensão onde
prevalece a
essência, a
verdade primeira
de cada um de
nós. Acima das
necessárias
fachadas que
somos levados a
ostentar em cada
momento das
vivências na
matéria, meus
amigos!
Se, portanto,
pode-se afirmar
que aqui, na
materialidade,
já traçamos com
segurança nosso
destino, com
base em nossas
escolhas,
alinhavando
cenários a
respeito dos
quais apenas a
nós mesmos
devemos direitos
de autoria e
responsabilidade,
diferente não
acontece após a
passagem, onde
todos
encontraremos os
lugares,
situações e
pessoas
rigorosamente
afins ao que, de
fato, somos no
nosso atual
degrau
evolutivo!
A rigor, isso
corresponde ao
nosso retrato
interior mais
exato! Não às
roupagens,
títulos,
rótulos,
aparências de
conveniência aos
interesses que
direcionavam
muitos de nossos
passos no
período de uma
reencarnação.
Se, assim,
fomos, com
sinceridade de
intenções,
cordatos para
com a vida e o
nosso próximo,
durante a maior
parte do tempo;
se fizemos por
onde, de fato,
oferecer a nossa
colaboração de
harmonia de
convivência com
quem e o que nos
rodeava, dentro
e fora do
ambiente do lar
- sem
duplicidade de
interesses
ocultos nas
atitudes, como
muitas vezes
acontece a
indivíduos
adeptos às
conveniências do
ditado "faça o
que eu digo, mas
não faça o que
eu faço" -,
decerto, após a
passagem, iremos
de encontro a um
ambiente e a
seres gentis,
que se
compatibilizam,
por sintonia
natural, a um
correspondente
nível evolutivo
no modo de ser.
Há poucos dias,
o leitor de um
artigo no qual
abordei as
características
da vivência da
projeção lúcida
para fora do
corpo físico
enviou-me um
e-mail,
sugerindo que
aludisse não
apenas às
bem-aventuranças
de quem, nessas
vivências, ou
nas da passagem
definitiva para
o outro lado,
depara, por
merecimento,
paisagens
confortáveis,
para quem já
alcançou certas
condições de
permanecer em
lugares das
dimensões
espirituais mais
felizes,
diversamente do
que ainda
prevalece no
padrão
espiritual de
muitos
habitantes dos
círculos da
matéria. Porque,
afinal de
contas, existem
as regiões
umbralinas!
E é, este, o
grande temor dos
que se demoram
na matéria, em
relação a si
mesmos, tanto
quanto no que se
refere aos que
partem. Afinal,
como saber qual
a nossa condição
verdadeira? Será
que já
ultrapassamos a
necessidade da
permanência,
mesmo que
passageira,
naqueles lugares
de purgação e
sofrimento? E os
que amamos? Já
terão esta
condição?
Iremos, afinal,
para aquela
região "de
lama",
como já
comentava com
certo humor uma
conhecida do
meio
profissional,
depois de
assistir ao
aludido filme
baseado na obra
de André Luiz?
Mesmo em relação
a esses dilemas,
porém, amigos, o
que prevalece
sempre é a
colheita
rigorosa da
nossa semeadura,
pelas mesmas
razões expostas
acima!
Nenhum de nós -
ou ao menos
muito poucos -
pode já guardar
a certeza de
estar liberto da
totalidade das
sombras da alma,
das quais apenas
gradativamente
nos alijamos, a
partir do
passado de
enganos certos e
de aprendizado
evolutivo
difícil. Falhas
de caráter
eventuais,
fraquezas, ou
falhas de
julgamento para
com o próximo;
panes do orgulho
malferido,
instantes de
impaciência ou
irascibilidade,
eis o que ainda
compõe o mosaico
da maioria das
almas em jornada
planetária
lenta, em
direção aos
níveis mais
elevados de
compreensão da
vida.
Todavia, deve
nos encorajar a
certeza de que
cada
oportunidade de
reencarnar é uma
dádiva no
caminho, e de
que, em linhas
gerais, o que se
observa de cada
um enquanto
ainda por aqui
serve de
referência, até
certo ponto
segura, do que
nos aguardará de
futuro, após a
transição para a
continuidade no
mundo maior.
Se, portanto,
sabemos com
segurança, sobre
nós mesmos ou no
que se relaciona
aos nossos entes
queridos, que em
qualquer
contexto no qual
vivemos na
duração de uma
reencarnação
tentamos o
melhor para
vencer nossas
características
indesejáveis em
favor de um
mundo de maior
harmonia entre
todos os seres;
se, no dia a
dia,
sobrepusemos às
fraquezas a
tentativa do
perdão, da
conciliação, dos
impulsos do amor
para com o nosso
semelhante nos
instantes de
crise... Se,
verdadeiramente,
e não somente
por retórica
social
oportunista,
intimamente
ansiamos pela
harmonia, pela
paz de
convivência, por
sentimentos de
alegria,
conciliação e
compreensão para
com todos, assim
como o desejamos
para nós mesmos,
então, poderemos
confiar que,
mais ainda nas
dimensões livres
do Espírito,
como já aqui
acontece,
faremos jus à
colheita
adequada aos
nossos reais
anseios: em
locais do
infinito onde
nos sentiremos,
tão
simplesmente, em
casa - e na
companhia
daqueles que
mais nos dizem
ao coração, nos
ambientes
incontáveis de
nossa imensa
família cósmica!
Continuaremos,
na extensão mais
pura, simples, e
fiel de nós
mesmos:
Em nosso
verdadeiro Lar!