Fatos Espíritas
William Crookes
(Parte 14)
Continuamos o
estudo metódico
e sequencial do
clássico
Fatos Espíritas,
de William
Crookes, obra
publicada em
1874, cujo
título no
original inglês
é Researches
in the phenomena
of the
spiritualism. |
Questões preliminares
A. Dentre os fenômenos mencionados no Relatório da comissão de
sábios, houve algum que
podemos considerar
inusitado, incomum?
Sim. Para terem certeza de que realmente estava em jogo uma mão
humana, os pesquisadores
fixaram na mesa, do lado
oposto ao da médium, uma
folha de papel
enegrecida com fumaça,
exprimindo o desejo de
que a mão materializada
deixasse nele uma
impressão, que a mão da
médium ficasse limpa e
que o preto da fumaça
fosse transportado para
uma das mãos dos sábios
presentes. Feita a
experiência e acesa a
luz, acharam no papel
várias impressões de
dedos e as costas da mão
do Sr. Du Prel
enegrecidas, enquanto
que as mãos da médium
estavam perfeitamente
limpas. A experiência
foi repetida três vezes,
com idêntico resultado.
(Fatos
Espíritas - Relatório da
comissão dos sábios -
Impressão de dedos
obtidos num papel
enfumaçado.)
B. Qual dos fenômenos os sábios consideraram dos mais importantes e
significativos?
Foi o fenômeno pelo qual ocorreu a elevação da médium sobre a mesa.
A experiência foi
efetuada duas vezes. A
médium, que estava
sentada à cabeceira da
mesa, foi levantada com
a cadeira e colocada com
ela sobre a mesa,
sentada na mesma
posição, tendo sempre as
mãos seguras e
acompanhadas pelos seus
vizinhos.
(Obra citada - Relatório da comissão dos sábios – Elevação da
médium sobre a mesa.)
C. Houve durante as experiências casos de contato entre a aparição
e os sábios presentes?
Sim, e tais contatos foram sentidos pelas pessoas colocadas fora do
alcance das mãos da
médium. Em duas ocasiões
distintas, os óculos do
Sr. Schiaparelli foram
tirados e colocados
sobre a mesa, diante de
outra pessoa. Esses
óculos estavam fixados
às orelhas por meio de
duas molas e seria
preciso certa atenção
para os tirar, mesmo
para quem opera em plena
claridade. Foram, no
entanto, tirados na
escuridão completa, com
tanta delicadeza e
prontidão, que o ilustre
sábio só percebeu quando
não mais sentiu o
contato habitual deles
sobre o nariz e as
orelhas e foi necessário
apalpar-se para ter
certeza da realidade do
fato. (Obra citada - Relatório da comissão dos sábios – Contatos.)
Texto para
leitura
246. Transporte de diferentes objetos enquanto as mãos e os pés
da médium estavam
amarrados aos dos seus
vizinhos – Para
terem certeza de que não
eram vítimas de uma
ilusão, ligaram-se as
mãos da médium às dos
seus dois vizinhos, por
meio de cordel de três
milímetros de diâmetro,
de maneira que os
movimentos das quatro
mãos se verificassem
reciprocamente. A
ligação foi feita da
maneira seguinte: ao
redor de cada punho da
médium deram-se três
voltas bem justas com o
cordel, apertadas a
ponto de doer, e em
seguida deu-se duas
vezes um nó simples.
247. Isso feito, foi colocada uma campainha sobre uma cadeira, à
direita da médium.
Estabeleceu-se a cadeia
e as mãos e os pés da
médium foram, além
disso, seguros como de
costume.
248. Fez-se escuridão e os sábios exprimiram o desejo de que a
campainha tocasse sem
demora. Imediatamente
eles ouviram a cadeira
virar, descrever uma
curva no soalho,
aproximar-se da mesa e
logo se colocar sobre
ela. A campainha tocou;
depois foi atirada sobre
a mesa.
249. Tendo-se feito bruscamente luz, verificou-se que os nós
estavam perfeitos. É
claro que o transporte
da cadeira não foi
produzido pelas mãos da
médium, durante essa
experiência, que durou,
no máximo, 10 minutos.
250. Impressão de dedos obtidos num papel enfumaçado – Para
terem certeza de que
realmente estava em jogo
uma mão humana, os
pesquisadores fixaram na
mesa, do lado oposto ao
da médium, uma folha de
papel enegrecida com
fumaça, exprimindo o
desejo de que a mão
materializada deixasse
nele uma impressão, que
a mão da médium ficasse
limpa e que o preto da
fumaça fosse
transportado para uma
das mãos dos
pesquisadores presentes.
As mãos da médium
estavam seguras pelas
dos Srs. Schiaparelli e
Du Prel.
251. Feita a cadeia e a escuridão, ouviram logo uma mão estranha
bater fracamente na mesa
e, na mesma ocasião, o
Sr. Du Prel anunciar que
a sua mão esquerda, que
segurava a direita do
Sr. Fínzi, sentia dedos
que a esfregavam.
252. Feita a luz, acharam no papel várias impressões de dedos e as
costas da mão do Sr. Du
Prel enegrecidas,
enquanto que as mãos da
médium estavam
perfeitamente limpas.
Essa experiência foi
repetida três vezes,
insistindo-se para se
ter uma impressão
completa; numa segunda
folha obtiveram-se cinco
dedos e numa terceira a
impressão de uma mão
esquerda quase inteira.
Depois disso, as costas
da mão do Sr. Du Prel
estavam completamente
enegrecidas,
permanecendo as mãos da
médium perfeitamente
limpas.
253. Aparição de mãos sobre um fundo ligeiramente iluminado
– Colocaram os sábios
sobre a mesa um cartão
embebido de substância
fosforescente (sulfureto
de cálcio) e outros
sobre cadeiras, em
diferentes pontos da
sala.
254. Nessas condições, todos viram muito bem um perfil de mão que
descansava sobre o
cartão da mesa e sobre o
fundo formado pelos
outros cartões; e viram
a sombra da mão passar e
perpassar ao redor dos
pesquisadores.
255. Na noite de 21 de setembro, um deles viu várias vezes, não
uma, porém duas mãos ao
mesmo tempo
projetarem-se sobre a
fraca luz de uma janela
fechada somente com
caixilhos (lá fora era
noite, mas a escuridão
não era absoluta). As
mãos agitavam-se com
rapidez, não tanto,
todavia, que não
pudessem distinguir
nitidamente o perfil.
Eram completamente
opacas e projetavam-se
sobre a janela, em
sombras absolutamente
negras. Não foi possível
ajuizar-se sobre os
braços, aos quais
estavam ligadas, porque
somente pequena parte
desses braços, junta ao
punho, se interpunha à
fraca claridade da
janela, no lugar em que
era possível observá-la.
256. Esses fenômenos de aparição simultânea de duas mãos são muito
significativos, porque
não podem ser explicados
pela hipótese de fraude
da médium, que não teria
conseguido, de nenhum
modo, tornar livre senão
uma das suas, graças à
vigilância dos seus
vizinhos. A mesma
conclusão se aplica ao
bater de duas mãos, uma
contra outra, o que foi
ouvido várias vezes no
ar, durante o curso das
experiências.
257. Elevação da médium sobre a mesa – Os sábios colocaram
entre os fatos mais
importantes e mais
significativos essa
elevação, que foi
efetuada duas vezes, em
23 de setembro e 3 de
outubro. A médium, que
estava sentada à
cabeceira da mesa,
soltando fortes gemidos,
foi levantada com a
cadeira e colocada com
ela sobre a mesa,
sentada na mesma
posição, tendo sempre as
mãos seguras e
acompanhadas pelos seus
vizinhos.
258. Na noite de 28 de setembro, a mesma médium, enquanto suas mãos
estavam seguras pelos
Srs. Richet e Lombroso,
queixava-se de mãos que
a seguravam por baixo
dos braços. Depois, em
transe, disse com voz
mudada, muito comum
nesse estado: “Agora vou
levar a médium para cima
da mesa”. Ao cabo de 2
ou 3 segundos, a
cadeira, com a médium
que nela se achava
sentada, foi levantada
sem precaução e colocada
em cima da mesa,
enquanto os Srs. Richet
e Lombroso asseveravam
não terem ajudado em
nada essa ascensão.
259. Depois de ter falado, sempre em estado de transe, a médium
anunciou a sua descida.
Nessa ocasião, o Sr.
Fínzi substituía o Sr.
Lombroso. A médium foi
depositada no chão com
inteira segurança e
precisão, e os Srs.
Richet e Fínzi
acompanhavam, sem a
ajudar em nada, os
movimentos das mãos e do
corpo e interrogavam-se
a cada instante sobre a
posição das mãos. Além
disso, durante a
descida, ambos sentiram,
por vezes repetidas, mão
estranha tocá-los
levemente na cabeça. Na
noite de 3 de outubro, o
mesmo fenômeno se
repetiu, em
circunstâncias bastante
semelhantes, estando os
Srs. Du Prel e Fínzi
colocados ao lado da
médium.
260. Contatos – Alguns merecem notados, particularmente, por
causa de uma
circunstância capaz de
fornecer alguma noção
interessante sobre sua
possível origem; e,
antes de tudo, é preciso
notar os contatos que
foram sentidos pelas
pessoas colocadas fora
do alcance das mãos da
médium.
261. No dia 6 de outubro, o Sr. Gerosa, que se achava à distância
de cerca de um metro da
médium, tendo elevado a
mão para que ela fosse
tocada, sentiu várias
vezes uma outra que
batia na sua para
baixá-la e, como ele
persistia, foi tocado
com uma trombeta, que
pouco antes tinha
produzido sons no ar.
262. Além disso, é preciso notar que os contatos constituem
operações delicadas, que
não podem ser executadas
na escuridão com a
precisão que os sábios
notaram. Duas vezes (16
e 21 de setembro), os
óculos do Sr.
Schiaparelli foram
tirados e colocados
sobre a mesa, diante de
outra pessoa. Esses
óculos estavam fixados
às orelhas por meio de
duas molas e seria
preciso certa atenção
para os tirar, mesmo
para quem opera em plena
claridade. Foram, no
entanto, tirados na
escuridão completa, com
tanta delicadeza e
prontidão, que o ilustre
sábio só percebeu quando
não mais sentiu o
contato habitual deles
sobre o nariz e as
orelhas e foi necessário
apalpar-se para ter
certeza da realidade do
fato.
263. Efeitos análogos resultaram de muitos outros contatos,
executados com excessiva
delicadeza, por exemplo,
quando um dos
assistentes sentiu
acariciarem-lhe os
cabelos e a barba. Em
todas as inumeráveis
manobras executadas por
mãos misteriosas, jamais
houve uma negligência ou
um choque, o que é
ordinariamente
inevitável com quem
opera na escuridão.
264. Contatos com uma figura humana – Tendo um dos
pesquisadores
manifestado o desejo de
ser beijado, sentiu
diante da própria boca o
estalido rápido de um
beijo, mas não
acompanhado de contato
de lábios: isso se
produziu duas vezes (21
de setembro e 1° de
outubro). Em três
ocasiões diferentes
aconteceu a um dos
assistentes pôr a mão em
uma figura humana que
tinha cabelos e barba. O
contato da pele era
absolutamente o do rosto
de um homem vivo, os
cabelos eram muito mais
ásperos e arrepiados do
que os da médium e a
barba, ao contrário,
parecia muito fina.
265. Experiências de Zöellner sobre a penetração de um sólido
através de outro sólido
– Os pesquisadores
ensaiaram sucessivamente
três das experiências de
Zöellner, a saber:
1°. O entrecruzamento de dois anéis sólidos (de madeira ou
papelão), antes
separados;
2°. A formação de um nó simples numa corda sem fim;
3°. A penetração de um objeto sólido numa caixa fechada, estando a
chave guardada.
266. Nenhuma dessas tentativas foi, porém, bem sucedida, dando-se o
mesmo com outra
experiência que teria
sido não menos
convincente – a do molde
da mão misteriosa na
parafina derretida.(Continua no
próximo número.)