O que dissemos semanas atrás
foi, obviamente, confirmado:
o uso da crase é mesmo um
tormento na vida de muitas
pessoas obrigadas a
escrever.
Lendo o texto publicado
nesta seção na edição
passada, um leitor disse-nos
ter entendido perfeitamente
que nomes de cidades como
Lisboa, Roma, Londrina,
Curitiba e Madri não aceitam
o artigo definido e,
portanto, afastado está,
antes deles, o sinal
indicador de crase:
-
Vim de Lisboa. Vou a
Lisboa.
-
Estive em Curitiba. Vou
a Curitiba.
-
Voltei de Roma. Fui a
Roma.
-
Morava em Londrina. Irei
a Londrina.
-
Estava em Madri. Vou a
Madri.
Pergunta-nos, porém, por que
consideramos correta a frase
seguinte:
- Dez anos depois, voltou à
Europa e foi a Roma, a
Lisboa e à Madri das
touradas.
Argumenta o leitor: Se Madri
rejeita o artigo definido,
como aparece a crase no
trecho “à Madri das
touradas”?
A mesma dúvida poderia ser
levantada com relação às
frases abaixo:
- Sonhei e pensei que tinha
ido à Roma dos césares.
- Bem-vindo à bela Curitiba.
- Fomos à Florianópolis das
42 praias.
- Ele se referiu à Brasília
das mordomias oficiais.
Notemos que nos casos
citados o nome da cidade
apresenta-se modificado por
um elemento restritivo ou
qualificativo, quando então
o artigo definido é
perfeitamente cabível e,
portanto, o uso da crase
está correto.
No tocante aos nomes das
unidades federativas do
Brasil, em resposta a
pergunta do mesmo leitor,
lembramos que apenas dois
nomes admitem a crase:
Paraíba e Bahia:
- Vim da Paraíba. Irei à
Paraíba.
- Estive na Bahia. Fui à
Bahia.