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Estudando as obras de Manoel Philomeno de Miranda
Ano 8 - N° 401 - 15 de Fevereiro de 2015
THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br
 
Curitiba, Paraná (Brasil)  
 



Trilhas da Libertação

Manoel Philomeno de Miranda

(Parte 8)

Continuamos a apresentar o estudo metódico e sequencial do livro Trilhas da Libertação, obra de autoria de  Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco e publicada em 1995.

Questões preliminares

A. É verdade que o triunfo material pode tornar-se um grande empecilho para o progresso espiritual dos homens?

Sim. O triunfo mundano é, sem dúvida, um terrível adversário do homem de bem e grande empecilho para o seu progresso espiritual. É fato observável que o médium assoberbado por problemas e dificuldades dedica-se ao ministério do bem com mais fidelidade e renúncia. Por isso mesmo, não há como negar que entre as grandes provações do mundo estão incluídos o poder temporal, a fortuna, a beleza, a inteligência, porque do seu uso depende o futuro do Espírito. (Trilhas da Libertação. Comprometimentos negativos, pp. 66 e 67.)

B. Que recurso o plano espiritual utilizou para evitar que o médium Davi se comprometesse ainda mais devido à sua invigilância?

Primeiro, o dr. Hermann chamou o médium pelo nome. Este captou-lhe a onda mental e reagiu, negativamente, objetando que aqueles eram os seus momentos de prazer. Afinal, afirmava-se vivo e não desencarnado, portanto com necessidades humanas. Nesse momento, a moça arrastou-o para a pista de dança e, envolvendo-o em languidez, colou seu corpo ao dele. Os vapores alcoólicos tomaram a casa mental do invigilante, que, enquanto rodopiava com a parceira, sentiu aumentar a tontura que já o dominava. O dr. Hermann condensou, então, a energia psíquica e apareceu-lhe, repreendendo-o com veemência e disparando na sua direção uma onda vibratória que o atingiu, produzindo-lhe forte excitação, após o que ele deu um grito e tombou desmaiado. O local ficou tumultuado, mas, acudido pelos garçons e amigos, o infeliz despertou após haver vomitado, padecendo rude dor de cabeça e sem nada recordar do que lhe havia sucedido. Em seguida foi, de imediato, levado para casa, enquanto os demais lamentavam o lauto jantar que não pôde ser concluído. (Obra citada. Comprometimentos negativos, pp. 66 e 67.)

C. Que é mais importante no programa de uma Casa Espírita: prestar a caridade da cura de corpos ou objetivar a saúde espiritual das criaturas que a procuram?

A resposta a essa pergunta foi dada nesta obra pelo mentor da Sociedade em que Davi trabalhava. Em face dos lamentáveis acontecimentos a que nos referimos, na primeira oportunidade que apareceu, em uma reunião mediúnica de que participavam vários diretores da Sociedade, ele foi claro e direto: “Para o bem de todos, sugerimos que ainda este mês retornemos aos trabalhos de origem que motivaram a criação da nossa Instituição. Consideramos que a caridade das curas do corpo é de grande relevância, mas o nosso compromisso é com a saúde espiritual das criaturas. O nosso é o programa de iluminação das consciências, a fim de que nos não divorciemos da atividade primeira, que é a transformação moral dos homens para melhor...”. Em seguida, acrescentou: “Quem desejar cooperar conosco sob a égide de Jesus, que também curava, mas não se detinha nesse exclusivo mister, fá-lo-á através do programa da caridade plena sem qualquer retribuição, direta ou indiretamente. Amando todos, não teremos exceções, nem exclusivismos. Avançamos para os níveis elevados de libertação, e a nossa é a conquista dos altiplanos íntimos e nobres da vida”. (Obra citada. Serviços de desobsessão, pp. 68 e 69.)

Texto para leitura

29. O Benfeitor procura ajudá-lo, mas o médium titubeia e depois se esquiva – O Amigo espiritual, valendo-se do momento, acercou-se mais do médium e insuflou-lhe ideias positivas, afastando psiquicamente o adversário. Davi recordou-se, então, da genitora desencarnada, que foi atraída no momento, e ela – que o conduzira nos primeiros tentames da mediunidade –, tocando-lhe o centro da memória, levou-o a recordar-se das experiências cirúrgicas iniciais, quando ele se havia comprometido à ação da caridade com as mãos limpas no serviço do bem. Com as lembranças ativadas por sua mãe e por Ernesto, o Amigo referido, Davi volveu ao momento da primeira recompensa em dinheiro. Havia terminado o socorro a uma jovem de família rica, portadora de neoplasia maligna, que operara com excelente resultado. Ao despedir-se dos seus genitores, o pai, acostumado a tudo comprar, ofereceu-lhe um cheque de alto valor. Tentando recusá-lo, foi vencido pelo argumento cínico do pagante: “Este valor corresponde a algo mais do que você ganha em um ano... Que não receba nada dos pobres, está certo; porém, com este dinheiro, você terá tempo de atender mais, sem necessitar esfalfar-se no trabalho rotineiro que lhe rende uma ninharia... Para mim não é nada, mas para você... Que lhe parece?” Adelaide, a esposa, que acompanhara a cena, acatou o parecer do negociante, dizendo: “É justo! Quem pode, retribui, a fim de que você se dedique de corpo e alma aos que não podem recompensar”. Fora encontrado o argumento, a desculpa para a descida espiritual. As recordações fizeram-no titubear. Davi teve então desejo de retornar ao lar, livrar-se dos companheiros exploradores e até quis orar, mas o veículo em que estava chegara a seu destino – um hotel de luxo onde iriam jantar com algumas jovens acompanhantes e seus amigos. Como se despertasse de um letargo, sentiu-se estimular e, aguçado nos apetites, atraiu novamente o parceiro espiritual, vampirizador de suas energias. (O dr. Hermann e seus cooperadores, embora não primassem pelo equilíbrio espiritual e se sentissem na atividade mais por dever, não concordavam com os disparates do médium e o ameaçaram, mais de uma vez, de criar-lhe uma situação pública constrangedora, caso não adotasse uma conduta morigerada.)  Davi e seu grupo, recebidos no saguão do hotel pelas moças de encontros, foram envolvidos pelo entusiasmo reinante e entregaram-se às sensações que o ambiente propiciava, regalando-se no prazer, enquanto dr. Carneiro de Campos e Miranda ficaram a regular distância da mesa em que eles se encontravam. (Comprometimentos negativos, pp. 64 e 65.)

30. O triunfo mundano é grande empecilho para o progresso espiritual – Descoroçoado ante a reação de Davi, que não lhe aceitou a indução mental, Ernesto comentou: “O triunfo mundano, sem dúvida, é um terrível adversário do homem de bem e grande empecilho para o seu progresso espiritual. Constato que o médium, assoberbado por problemas e dificuldades, sempre se dedica ao ministério com mais fidelidade e renúncia. Por isso mesmo, não há como negar que entre as grandes provações do mundo estão incluídos o poder temporal, a fortuna, a beleza, a inteligência, porque do seu uso depende o futuro do Espírito”. “O nosso descuidado Davi – acrescentou o Amigo espiritual – necessita de uma advertência mais enérgica, embora desagradável, a fim de tentarmos despertá-lo.” Dito isto, afastou-se e, quase de imediato, deu entrada na sala de refeições o dr. Hermann, que relanceou o olhar pelo ambiente repleto e acercou-se do médium, no momento em que este ingeria mais uma dose de bebida, abraçado a uma moça atormentada pelo sexo, que já se encontrava estimulada pela bebida, em lastimável estado de parasitose obsessiva. Concentrando-se fortemente, dr. Hermann chamou o médium pelo nome. Este captou-lhe a onda mental e reagiu, negativamente, objetando que aqueles eram os seus momentos de prazer. Afinal, afirmava-se vivo e não desencarnado, portanto com necessidades humanas. Nesse momento, a moça arrastou-o para a pista de dança e, envolvendo-o em languidez, colou seu corpo ao dele. Os vapores alcoólicos tomaram a casa mental do invigilante, que, enquanto rodopiava com a parceira, sentiu aumentar a tontura que já o dominava. O dr. Hermann condensou, então, a energia psíquica e apareceu-lhe, repreendendo-o com veemência e disparando na sua direção uma onda vibratória que o atingiu, produzindo-lhe forte excitação, após o que ele deu um grito e tombou desmaiado. O local ficou tumultuado, mas, acudido pelos garçons e amigos, o infeliz despertou após haver vomitado, padecendo rude dor de cabeça e sem nada recordar do que lhe havia sucedido. Em seguida foi, de imediato, levado para casa, enquanto os demais lamentavam o lauto jantar que não pôde ser concluído. Em casa, uma outra surpresa o aguardava: o filho Demétrio, febril, estava quase delirante. Levado a uma clínica especializada, o pequeno – portador de uma virose não definida – ficou internado para observação. O Benfeitor e Miranda aplicaram-lhe recursos terapêuticos após a saída dos pais, que discutiam acaloradamente, recriminando-se um ao outro, ao saírem do estabelecimento. O infortúnio tomava, desse modo, corpo numa família que fora programada para a paz e o progresso, mas que a insensatez e a perturbação esfacelavam. (Comprometimentos negativos, pp. 66 e 67.)

31. Jesus também curava, mas não se detinha nesse exclusivo mister – O irmão Vicente, cientificado do que ocorrera a Davi, membro atuante da Casa que ele administrava espiritualmente, encontrou aí o motivo de que precisava para a tomada de saneadora decisão. Na primeira oportunidade, durante a reunião mediúnica da qual participavam vários diretores da Sociedade, ele foi explícito: “Para o bem de todos, sugerimos que ainda este mês retornemos aos trabalhos de origem que motivaram a criação da nossa Instituição. Consideramos que a caridade das curas do corpo é de grande relevância, mas o nosso compromisso é com a saúde espiritual das criaturas. O nosso é o programa de iluminação das consciências, a fim de que nos não divorciemos da atividade primeira, que é a transformação moral dos homens para melhor, permanecendo nos socorros aos efeitos da inadvertência, da desordem e do desrespeito às leis soberanas da vida. Quem desejar cooperar conosco sob a égide de Jesus, que também curava, mas não se detinha nesse exclusivo mister, fá-lo-á através do programa da caridade plena sem qualquer retribuição, direta ou indiretamente. Amando todos, não teremos exceções, nem exclusivismos. Avançamos para os níveis elevados de libertação, e a nossa é a conquista dos altiplanos íntimos e nobres da vida”. Ao fazer silêncio, um dos beneficiários das cirurgias mediúnicas, pedindo licença, interrogou o Amigo: “Teremos, então, que suspender os trabalhos realizados por Dr. Hermann? E se ele não concordar?” O bondoso Mentor respondeu: “Não pretendemos suspender qualquer atividade, senão volver ao programa inicial que abraçamos. As cirurgias continuarão, porém, de natureza psíquica, no corpo perispiritual, sem alarde, sem a presença dos pacientes, como sempre as houve, pois que o amor de Deus jamais se eximiu de socorrer-nos, mesmo quando a mediunidade ostensiva não realizava essas atividades”. “Quanto ao amigo Hermann não concordar conosco, ou o seu médium também discrepar, certamente eles tomarão providências fora do nosso recinto, que acataremos com prazer. Quando os dois companheiros chegaram aqui, buscando ajudar e ser ajudados, encontraram-nos a postos, de boa vontade, sem objeção. Desse modo, a decisão será deles, porquanto a nossa já está tomada.” Sem perda de tempo, o Diretor Espiritual prosseguiu, esclarecendo a respeito das novas metas a alcançar, enquanto diversos companheiros encarnados, que não concordavam com aquelas atividades cirúrgicas, sentiam-se aliviados, exultantes. (Serviços de desobsessão, pp. 68 e 69.)

32. Notificados da decisão de Vicente, Davi e dr. Hermann decidem fundar nova Casa – O incidente da véspera com o médium Davi ganhou corpo nos comentários maldosos, gerando mal-estar e abrindo mais o fosso da separação conjugal, porta alargada para mais lamentáveis ocorrências futuras. A resolução do irmão Vicente foi notificada a Davi pelo companheiro encarnado presente à reunião, que foi infeliz na forma de expor a questão. O médium, tomado de melindres, ao invés de meditar a respeito da sábia conduta, supondo-se expulso da Casa que o acolhera, sintonizou na faixa da vaidade ferida e aguardou o momento em que seria informado a respeito. Dr. Hermann, por sua vez, assumiu postura equivalente à do médium e inspirou-o à fundação de uma Entidade neutra, na qual pudessem ambos agir sem controle nem observação de outrem. Seriam os únicos responsáveis por ela em ambos os planos da vida, e, em face do livre-arbítrio de que dispunham, estabeleceram as bases para as realizações futuras. Davi considerou, junto a amigos a quem convidou para o tentame, que dinheiro e cooperadores não eram problemas. Não se recordou de referir-se à condição essencial, em empreendimento de tal monta, que é o respeito à vida em toda a sua magnitude, e este, sim, faltaria com certeza. Desse modo, quando os diretores da Casa notificaram ao amigo a decisão do Instrutor, foram surpreendidos pela sua arrogância e impetuosidade, quase os desacatando e esclarecendo que ali não mais retornaria. Ato contínuo, acompanhado por alguns poucos colaboradores, afastou-se ruidosamente, deixando os irmãos de crença aturdidos e apiedados da sua decisão. A clientela, conforme ele previra, mudou de endereço, em sua busca pelo miraculoso sem responsabilidade. Quando a ocasião lhe pareceu própria, Miranda inquiriu o dr. Carneiro de Campos: “Qual será o destino do médium, nessa nova Entidade?” O amigo sorriu e respondeu: “Conforme a direção que dê aos próprios passos, será levado à paz de consciência ou ao inferno das culpas. Cada caminho conduz a um tipo de objetivo. A eleição é do viajante. Caso, porém, persevere nas atitudes atuais, terá muitos problemas à frente”. Quanto ao inimigo desencarnado que o acompanhava, informou o Benfeitor: “Prosseguirá aguardando oportunidade para a agressão”. “Se as forças mediúnicas fossem canalizadas para a ação da caridade real, o exemplo moral do médium ajudaria o dr. Hermann a compreender melhor a finalidade do serviço que realiza, adquirindo as virtudes que lhe faltam, qual ocorre conosco, e estas envolvê-lo-iam em títulos de enobrecimento que sensibilizariam o inimigo, contribuindo para a pacificação de ambos.” (Serviços de desobsessão, pp. 70 a 72.) (Continua no próximo número.)


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita