Lá vem coisa!
O título desse artigo se
explica pela notícia
estampada na página 35
da revista VEJA,
em sua edição de número
2410 de 28 de janeiro de
2015. Vamos a ela: “O
médium – com uma tiragem
de 40.000 exemplares, e
escrita pela jornalista
Ana Landi, será lançada
em fevereiro a biografia
do sucessor de Chico
Xavier, o médium Divaldo
Franco, um baiano de 87
anos que diz se
comunicar com os
Espíritos desde os 4
anos, já psicografou 300
livros, e adotou 700
crianças e jovens”.
Analisando os dizeres da
notícia como está na
citada revista, a autora
desse livro O médium
não deve ser espírita.
Primeiro, porque cada
Espírito missionário
traz sua tarefa. Cada
Espírito que vem nos
socorrer executa o seu
trabalho. Não há
substituição de um pelo
outro, mas sim tarefas
que vão se
complementando para
ensinar aos homens sobre
a verdadeira realidade
do que seja a Vida.
Prova disso é que Chico
e Divaldo coexistiram.
Se um fosse sucessor do
outro, o sucessor teria
que vir após, e não ao
mesmo tempo. Quem será
que substituiu Francisco
de Assis? Quem teria
sido a substituta de
Teresa de Ávila? De
Vicente de Paulo? Quem
foi o sucessor de
Antonio de Pádua? Quem
foi a sucessora de Clara
de Assis, a fundadora da
ordem das Clarissas
à época de Francisco, o
de Assis? Quem sucedeu a
Mahatma Ghandi? Ou a
Albert Schweitzer, homem
que se dedicou a cuidar
de leprosos na
localidade de Lambarené,
no continente africano?
Quem foi o sucessor de
Martin Luther King? São
figuras humanas que
estão acima da evolução
dos homens comuns. Vêm
ao mundo, deixam suas
mensagens de vida e não
são sucedidos por
alguém. O que acontece é
que surgem outras
pessoas que têm amor
suficiente para
continuarem a trabalhar
no campo do amor ao
próximo sem a pretensão
ou a preocupação de
suceder seja a quem for.
Esses Espíritos
superiores se alternam
no campo do bem ao
semelhante, cada um
realizando a sua tarefa.
O segundo motivo pelo
qual acredito que essa
escritora não seja
espírita é a sua
afirmação contida na
revista mencionada de
que Divaldo diz se
comunicar com Espíritos.
Se ela fosse espírita,
não teria colocado essa
realidade na
condicional. Ela teria a
certeza absoluta.
Divaldo tem o mérito de
interagir com os
Espíritos pelos seus
valores morais duramente
conquistados nas lutas,
nas provas e expiações
ao longo de sua
existência como Espírito
imortal. Aí vem a
dúvida: se não é
espírita, como irá
abordar o assunto? Terá
conhecimento de causa
suficiente para não
escrever, como já
aconteceu em reportagens
de pessoas que não eram
espíritas, colocações
que não representam o
pensamento realmente da
Doutrina Espírita? Outro
problema: agora não se
trata de uma reportagem,
mas de um livro com
tiragem inicial de
40.000 exemplares (!)
que terá, diga-se de
passagem, grande
vendagem, principalmente
entre os simpatizantes
da doutrina, creio eu.
Por isso, esperemos que
o livro faça justiça a
esse grande trabalhador
e divulgador do
Espiritismo, mas que é
sempre bom ficar com um
pé atrás, em minha
opinião. É pelo que já
tenho lido na imprensa
leiga sobre espíritas e
Espiritismo.
O terceiro motivo pelo
qual julgo que a
escritora não seja
espírita é o número
apontado de crianças e
jovens que Divaldo teria
adotado: 700. O que será
que ela quis dizer com o
termo adoção? Se
significar amparar, o
número é imensamente
maior. Estão vendo como
as coisas vão se
colocando de maneira
enviesada, diríamos
assim.
O quarto motivo que me
faz pensar que a
escritora não seja
espírita é a redução de
um Espírito que vivencia
o amor em toda a sua
amplitude, ao referir-se
a ele como se fosse
simplesmente um
médium! Se a
mediunidade
transformasse alguém em
um Divaldo ou em um
Chico, como o mundo
estaria melhor! Nós,
espíritas, sabemos que a
mediunidade não é
propriedade e nem
identificação de quem
sabe amar
incondicionalmente.
Vivenciar o amor
ultrapassa muito longe o
ato de ser intermediário
dos Espíritos. Jesus
possuía uma mediunidade
enciclopédica, mas amava
com um Amor Universal. A
primeira, a mediunidade,
era um componente do
todo, o Amor. Guardadas
as devidas proporções,
assim também enxergamos
o Espírito de Chico e de
Divaldo. Vamos torcer
para que o livro
ultrapasse o médium
e revele a todos aqueles
de boa vontade e que não
andem de mãos dadas com
o preconceito, a
quantidade e a
intensidade que esse
Espírito de Divaldo já é
capaz de amar. No meio
espírita existem aqueles
que, com todo o direito,
pensam que é sempre bom
a imprensa leiga falar
sobre o espírita ou
sobre o Espiritismo, que
seria dessa forma
divulgado. Se é bom,
melhor ainda é quando se
fala ou se escreve
corretamente sobre o
assunto que custou a
Allan Kardec uma soma
enorme de lutas e
sacrifícios ainda não
bem compreendidos em
toda a sua totalidade
pelos próprios
espíritas, que se dirá,
então, daqueles que não
o são?
Lá vêm coisas! Torcemos
muito para que sejam
boas, verdadeiras e
justas!
PS: A quem terá
Emmanuel, já
reencarnado, de
substituir?