Na hora da crise
Na hora da crise, emudece os
lábios e ouve as vozes que falam
inarticuladas, no imo de ti
mesmo.
Perceberás, distintamente, o
conflito.
É o passado que teima em ficar e
o presente que anseia pelo
futuro.
É o cárcere e a libertação.
A sombra e a luz.
A dívida e a esperança.
É o que foi e o que deve ser.
Na essência, é o mundo e o
Cristo no coração.
Grita o mundo pelo verbo dos
amigos e dos adversários, na
Terra e além da Terra. Adverte o
Cristo, através da
responsabilidade que nos vibra
na consciência.
Diz o mundo: “acomoda-te como
puderes”. Pede o Cristo:
“levanta-te e anda”.
Diz o mundo: “faze o que
desejas”. Pede o Cristo: “não
peques mais”.
Diz o mundo: “destrói os
opositores”. Pede o Cristo: “ama
os teus inimigos”.
Diz o mundo: “renega os que te
incomodem”. Pede o Cristo: “aos
que te exija mil passos, caminha
com ele dois mil”.
Diz o mundo: “apega-te à posse”.
Pede o Cristo: “ao que te rogue
a túnica cede também a capa”.
Diz o mundo: “fere a quem te
fere”. Pede o Cristo: “perdoa
sempre”.
Diz o mundo: “descansa e goza”.
Pede o Cristo: “avança enquanto
tens luz”.
Diz o mundo: “censura como
quiseres”. Pede o Cristo: “não
condenes”.
Diz o mundo: “não repares os
meios para alcançar os fins”.
Pede o Cristo: “serás medido
pela medida que aplicares aos
outros”.
Diz o mundo: “aborrece aos que
te aborreçam”. Pede o Cristo:
“ora pelos que te perseguem e
caluniam”.
Diz o mundo: “acumula ouro e
poder para que te faças temido”.
Pede o Cristo: “provavelmente
nesta noite pedirão tua alma e o
que amontoaste para quem será?”.
Obsessão é também problema de
sintonia.
O ouvido que escuta reflete a
boca que fala.
O olho que algo vê assemelha-se,
de algum modo, à coisa vista.
Não precisas, assim, sofrer
longas hesitações nas horas de
tempestade.
Se realmente procuras caminho
justo, ouçamos o Cristo, e a
palavra dele, por bússola
infalível, traçar-nos-á rumo
certo.
Do livro Religião dos
Espíritos, obra mediúnica
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier.