GEBALDO JOSÉ DE
SOUSA
gebaldojose@uol.com.br
Goiânia, Goiás
(Brasil)
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Destinação da
Terra. Causas
das misérias
humanas
“Muitos se
admiram de que
na Terra haja
tanta maldade e
tantas paixões
grosseiras,
tantas misérias
e enfermidades
de toda
natureza, e daí
concluem que a
espécie humana
bem triste coisa
é.” 1
No belíssimo e
comovente filme
“Dersu Uzalá”, o
cineasta Akira
Kurosawa conta a
história de
caçador mongol
que serviu de
guia à expedição
russa de
levantamento
topográfico na
Sibéria, em
inícios do
século 19.
Dersu, que
sempre viveu na
floresta, é
exemplo de
humildade e
sabedoria.
Oferece ao grupo
várias lições de
respeito aos
seres vivos, aos
recursos
naturais e à
preservação da
natureza.
Uma delas,
inesquecível,
ocorre sob
intensa chuva,
na passagem da
expedição por
rústica cabana
de caçadores.
Dersu Uzalá
procura grandes
cascas de
árvores e
recupera o
frágil local do
breve pouso,
tapando
goteiras.
No outro dia, ao
partirem, pede
alimentos (arroz
e sal) para
deixar no
modesto abrigo,
em pequena
prateleira ali
existente.
O chefe da
expedição
indaga-lhe:
– Voltaremos a
este local?
– Não, responde
o bom Dersu. –
Ao que o outro
retruca:
– Então, por que
deixar alimentos
na cabana?
– Para quem vier
depois, com
fome. Encontrará
comida...
Dersu Uzalá
pensa no
próximo, seja
ele quem for;
conhecido, ou
não, que virá
depois, cansado
e faminto,
àquelas paragens
inóspitas!
É uma das
preciosas lições
que nos
transmite, em
todo o filme, o
genial diretor
japonês!
Embora inusitado
para o
comandante, ele
atende ao pedido
do guia humilde.
*
Também na Terra,
desconhecemos os
que virão no
amanhã e que
precisarão de
meios para se
manterem.
Merecem respeito
e que
preservemos os
recursos
naturais.
A Doutrina
Espírita
ensina-nos que
voltamos a
encarnar,
inúmeras vezes,
e que o fato não
se dá só neste
orbe, mas em
quaisquer das
inúmeras moradas
da Casa do Pai.
Podemos, pois, a
ela retornar e,
certamente o
faremos,
queiramos ou
não.
Ainda que aqui
não voltássemos,
há que
preservá-la, não
só por amor à
nossa bela casa
planetária, mas
por amor a todos
que aqui serão
acolhidos, para
evoluir.
Jesus preceitua
que daremos
contas de tudo o
que nos é
confiado: “Dá
conta de tua
administração” –
Lucas, 16:2.
Em O
Evangelho
segundo o
Espiritismo
2,
Allan Kardec
fala da
destinação da
Terra e das
causas das
misérias
humanas.
Nossas
enfermidades
morais dão-lhe a
condição – por
enquanto – de
subúrbio,
hospital,
penitenciária ou
sítio malsão.
Essa a razão de
aqui ainda
proliferarem
maldades,
paixões
grosseiras,
misérias e
doenças de toda
ordem.
Mais graves as
de natureza
moral e que se
chamam egoísmo,
orgulho,
vaidade,
ingratidão,
ódio, maldade;
inveja;
injustiça;
vícios e
paixões,
geradoras de
todas as
enfermidades
físicas e
psíquicas.
Mas a humanidade
não está toda na
Terra. Apenas
pequena fração
dela vincula-se
ao nosso
planeta. É o que
lemos no texto
citado e que
Mentores
Espirituais
reafirmam a
Allan Kardec:
“São habitados
todos os globos
que se movem no
espaço? –
Sim, e o homem
terreno está
longe de ser,
como supõe, o
primeiro em
inteligência, em
bondade e em
perfeição.
(...).”
3
Em síntese, diz
ele que muitos
se admiram da
maldade, das
paixões
grosseiras, das
misérias e
enfermidades
aqui existentes.
Assim pensam os
que ignoram que
apenas parcela
da Humanidade
encontra-se na
Terra e que a
espécie humana
povoa os
inúmeros orbes
do Universo.
E prossegue,
textualmente:
“Ora, que é a
população da
Terra, em face
da população
total desses
mundos? Muito
menos que a de
pequena aldeia,
comparada à de
grande império.
A situação
material e moral
da Humanidade
terrena nada tem
que espante,
desde que se
leve em conta a
destinação da
Terra e a
natureza dos que
a habitam”.
Diz que faria
mau juízo da
população de uma
grande cidade,
quem se
limitasse à
visão daqueles
que habitam suas
regiões ínfimas
e sórdidas. Num
hospital,
encontram-se
doentes; num
presídio,
reúnem-se
torpezas e
vícios. Em
regiões não
saudáveis, os
que aí residem
são pálidos,
fracos e
doentes. Nossas
enfermidades
morais fazem
dela subúrbio;
hospital;
penitenciária;
sítio malsão.
Por isso, há
nela mais
aflições do que
alegrias:
“(...) não se
mandam para o
hospital os que
se acham com
saúde, nem para
as casas de
correção os que
nenhum mal
praticaram; nem
os hospitais e
as casas de
correção se
podem ter por
lugares de
deleite”.
A população de
uma cidade não
se acha toda em
hospitais e em
prisões, “(...)
também na Terra
não está a
Humanidade
inteira”.
No estágio
evolutivo em que
nos encontramos,
a Terra nos
acolhe como réus
que
transgredimos as
Leis de Deus, ou
seja, na
condição de
enfermos morais.
Esta, afinal,
sua destinação:
acolher enfermos
para que se
eduquem e se
curem
moralmente, nas
lições do
Evangelho.
Naquele texto,
conclui o
Codificador que
saem dos
hospitais os que
se curaram; e,
das prisões, os
que cumpriram
suas penas e que
“(...) o
homem deixa a
Terra, quando
está curado de
suas
enfermidades
morais”.
Mas ela é,
sobretudo,
preciosa Escola
– da qual o
Mestre
inigualável é
Jesus! Escola e
Mestre que,
lamentavelmente,
ainda não
aprendemos a
servir, a amar e
a valorizar!
Referências:
1.
KARDEC, Allan.
O Evangelho
segundo o
Espiritismo.
Trad. Evandro
Noleto Bezerra.
2. ed. Rio de
Janeiro: FEB,
2013.
Cap. III, it. 6,
p. 53.
2.
_____._____.
Cap. III,
itens 6 e 7, p.
53 e 54.
3.
KARDEC,
Allan. O
Livro dos
Espíritos.
Trad. Evandro
Noleto Bezerra.
1ª edição
Comemorativa do
Centenário. Rio
de Janeiro: FEB,
2006. Q.
55.